ambio: TSU, os impostos, a sustentabilidade e a esquerda

20-05-2011
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Ontem vi o debate entre Louçã e Sócrates.Uma boa parte do debate foi à volta da taxa social única, sendo que Louçã é contra a sua diminuição e Sócrates, aceitando-a quando escreve a pedir dinheiro emprestado, é contra em campanha eleitoral.O argumento dos dois é que reduzir a taxa social única (um imposto sobre os salários que é pago pelos empregadores) e em compensação aumentar o IVA, como propõe o PSD, é retirar dinheiro das famílias para o entregar às empresas.Não vou comentar a falta de consistência do PSD que agora defende mexidas nas taxas de IVA aplicável a cada produto depois de ter feito a birrinha da alteração do IVA do leite com chocolate numa discussão anterior.Nem vou perder muito tempo com a falácia de considerar compartimentos estanques o dinheiro das empresas e das famílias, como se não fossem as empresas que remunerassem o trabalho que alimenta o rendimento das famílias.O que acho curioso, para quem como eu vem da esquerda, é ver esta esquerda actual a defender a taxação do trabalho e da produção de riqueza fugindo da txação do consumo.Eu não reconheço a minha origem política nesta esquerda populista e consumista.Do estrito ponto de vista da sustentabilidade e de uma agenda política ambiental, há muito que o movimento ambientalista defende a diminuição ou eliminação da taxação do trabalho, compensada pelo aumento da taxação da energia, como aliás acontece na proposta do PSD, defendida de forma pusilânime pelo próprio PSD, visto que está previsto o aumento do IVA da electricidade dos actuais (e do ponto de vista da sustentabilidade, incompreensíveis) 6% para qualquer coisa que ainda não percebi (se 13%, se 23%, eu defenderia esta última, claro).E há muito que a pedra de toque da actuação do movimento ambientalista é o combate ao consumo excessivo das sociedades mais avançadas.Parece por isso evidente que trocar taxação do trabalho por taxação do consumo deveria merecer um forte aplauso do movimento ambientalista.Como aliás acontece com várias de outras medidas constantes do acordo de financiamento do Estado Português, a racionalidade económica caminha com frequência no sentido da sustentabilidade, ao contrário das tretas propagadas por muitos adversários de uma lógica sustentável no uso dos recursos.A questão para a esquerda é que existe uma dificuldade intrínseca em conciliar os objectivos clássicos da esquerda - distribuir melhor mas também produzir mais para que todos possam ter um nível de consumo elevado - com a lógica da sustentabilidade - racionalizar o uso do recurso através da eficiência produtiva, mas também diminuir o consumo.Parece-me que valia a pena o movimento ambientalista não fugir desta discussão difícil, porque anti-popular, procurando definir melhor que agenda política caracteriza a procura de sustentabilidade.henrique pereira dos santosPS Pela Helena Matos no Público de hoje fiquei a saber que o PS propõe usar áreas de regadio sub aproveitadas para a produção de eucaliptos de regadio. Confesso que não acreditei e fui verificar. E no ponto 5 do programa "Apoiar o crescimento da economia e do emprego", nas medidas concretas para a fileira florestal, lá está com todas as letras na alínea b) apostar na floresta irrigada para garantir o aumento da matéria-prima para a indústria da madeira e do papel. Eu sei que os programas eleitorais são uma ficção a que ninguém liga, em Portugal, e sei também que esta proposta é um pormenor. Mas fico atento à tradicional leitura que o movimento ambientalista faz dos programas eleitorais. E já que estava com a mão na massa fui ver o que diz o PS das áreas protegidas. Divertido, é o que vos digo. Investimento em conservação, zero (mesmo no programa eleitoral que são promessas assinadas em papel molhado), porque as áreas protegidas são entendidas apenas, reforço o apenas, como áreas de lazer.


Ontem vi o debate entre Louçã e Sócrates.Uma boa parte do debate foi à volta da taxa social única, sendo que Louçã é contra a sua diminuição e Sócrates, aceitando-a quando escreve a pedir dinheiro emprestado, é contra em campanha eleitoral.O argumento dos dois é que reduzir a taxa social única (um imposto sobre os salários que é pago pelos empregadores) e em compensação aumentar o IVA, como propõe o PSD, é retirar dinheiro das famílias para o entregar às empresas.Não vou comentar a falta de consistência do PSD que agora defende mexidas nas taxas de IVA aplicável a cada produto depois de ter feito a birrinha da alteração do IVA do leite com chocolate numa discussão anterior.Nem vou perder muito tempo com a falácia de considerar compartimentos estanques o dinheiro das empresas e das famílias, como se não fossem as empresas que remunerassem o trabalho que alimenta o rendimento das famílias.O que acho curioso, para quem como eu vem da esquerda, é ver esta esquerda actual a defender a taxação do trabalho e da produção de riqueza fugindo da txação do consumo.Eu não reconheço a minha origem política nesta esquerda populista e consumista.Do estrito ponto de vista da sustentabilidade e de uma agenda política ambiental, há muito que o movimento ambientalista defende a diminuição ou eliminação da taxação do trabalho, compensada pelo aumento da taxação da energia, como aliás acontece na proposta do PSD, defendida de forma pusilânime pelo próprio PSD, visto que está previsto o aumento do IVA da electricidade dos actuais (e do ponto de vista da sustentabilidade, incompreensíveis) 6% para qualquer coisa que ainda não percebi (se 13%, se 23%, eu defenderia esta última, claro).E há muito que a pedra de toque da actuação do movimento ambientalista é o combate ao consumo excessivo das sociedades mais avançadas.Parece por isso evidente que trocar taxação do trabalho por taxação do consumo deveria merecer um forte aplauso do movimento ambientalista.Como aliás acontece com várias de outras medidas constantes do acordo de financiamento do Estado Português, a racionalidade económica caminha com frequência no sentido da sustentabilidade, ao contrário das tretas propagadas por muitos adversários de uma lógica sustentável no uso dos recursos.A questão para a esquerda é que existe uma dificuldade intrínseca em conciliar os objectivos clássicos da esquerda - distribuir melhor mas também produzir mais para que todos possam ter um nível de consumo elevado - com a lógica da sustentabilidade - racionalizar o uso do recurso através da eficiência produtiva, mas também diminuir o consumo.Parece-me que valia a pena o movimento ambientalista não fugir desta discussão difícil, porque anti-popular, procurando definir melhor que agenda política caracteriza a procura de sustentabilidade.henrique pereira dos santosPS Pela Helena Matos no Público de hoje fiquei a saber que o PS propõe usar áreas de regadio sub aproveitadas para a produção de eucaliptos de regadio. Confesso que não acreditei e fui verificar. E no ponto 5 do programa "Apoiar o crescimento da economia e do emprego", nas medidas concretas para a fileira florestal, lá está com todas as letras na alínea b) apostar na floresta irrigada para garantir o aumento da matéria-prima para a indústria da madeira e do papel. Eu sei que os programas eleitorais são uma ficção a que ninguém liga, em Portugal, e sei também que esta proposta é um pormenor. Mas fico atento à tradicional leitura que o movimento ambientalista faz dos programas eleitorais. E já que estava com a mão na massa fui ver o que diz o PS das áreas protegidas. Divertido, é o que vos digo. Investimento em conservação, zero (mesmo no programa eleitoral que são promessas assinadas em papel molhado), porque as áreas protegidas são entendidas apenas, reforço o apenas, como áreas de lazer.

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