PP acusa PS e PSD de inconstitucionalidade

09-02-2001
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PP Acusa PS e PSD de Inconstitucionalidade

Por SÃO JOSÉ ALMEIDA

Quinta-feira, 1 de Fevereiro de 2001

EXECUTIVOS HOMOGÉNEOS ABREM PORTA AO SISTEMA MAIORITÁRIO

Projecto de lei eleitoral autárquica do PP mantém duas listas e proporcionalidade directa

O deputado e dirigente do CDS-PP Narana Coissoró acusou ontem o PS e o PSD de, numa lógica de Bloco Central, estarem a dar "um salto para o sistema [eleitoral] maioritário" no novo modelo de lei eleitoral autárquica que propõem à discussão pela Assembleia da República no próximo dia 7 de Fevereiro.

Narana sustentou mesmo que a adopção de executivos homogéneos de um só partido, como são defendidos na proposta do Governo, é uma medida inconstitucional, pois trata-se de "uma grave distorção do método proporcional" imposto pela Constituição.

Narana Coissoró considerou ainda que as propostas do PS e do PSD "são preto no branco o Bloco Central" a entrar em acção. Sem hesitar, este histórico do CDS acusou os socialistas e os sociais-democratas de adulterarem o sistema político: "O regime adoptado leva à bipolarização. (...) Estas propostas são para o bipartidarismo." E frisou que a Constituição foi feita para garantir que todas as forças que tenham um número mínimo de votos elegem representantes, logo o seu espírito é contrário às soluções agora defendidas pelo PS e pelo PSD.

Assim, para fazer face às propostas do PS e do PSD, o CDS-PP decidiu avançar ele também com um projecto de lei - refira-se que o PCP já apresentou e que o Bloco de Esquerda apresentará o seu hoje. Estreando-se como líder da bancada, Basílio Horta, que ontem também foi eleito, procedeu à apresentação das propostas do PP que se dividem em dois projectos: um sobre a lei eleitoral autárquica e outro sobre o regime jurídico do funcionamento dos órgãos autárquicos.

PP quer limitar mandatos

Do regime proposto pelo PP destaque-se o facto de ser introduzida a limitação de mandatos. Enquanto o PSD e o PS não falam sequer desta questão, o PP defende que haja um limite de 12 anos, ou seja, que qualquer ocupante de um cargo executivo autárquico só o possa exercer durante três mandatos. Basílio Horta advogou mesmo que, pela ética, "os órgãos de Estado com funções executivas e mandato certo devem ter limite" e lembrou que na Assembleia da República não há poder executivo e que os membros do Governo não têm mandato certo, podem sair a qualquer momento, daí não haver nestes casos limitação de mandato.

Outro ponto de honra do PP - que aqui se opõe mais uma vez ao PS e ao PSD, aproximando-se do defendido pelo PCP - é a manutenção de duas listas separadas para a câmara e para a assembleia, ou seja, no prosseguimento do regime em vigor. Nessa tradição, defende o PP que os vereadores continuem a ser eleitos em lista encabeçada pelo presidente e por proporcionalidade directa. Mas para aumentar a representatividade partidária e combater o bipartidarismo defendem que os executivos municipais sejam aumentados em dois vereadores, não remunerados mas que funcionem como fiscalizadores.

Na crítica que fez à proposta de executivos homogéneos ou para-homogéneos - com o presidente a escolher a sua equipa entre os membros da assembleia municipal, isto é com os vereadores a não serem eleitos directamente como vereadores pelos cidadãos -, Basílio Horta sustentou mesmo: "As maiorias corrompem, as maiorias absolutas corrompem mais e as maiorias unipessoais corrompem absolutamente."

Por último, refira-se que o PP também contempla as listas de cidadãos independentes, mas sustenta que qualquer alteração ao sistema eleitoral autárquico não deve vigorar nas próximas eleições autárquicas, mas apenas nas de 2005.

PP Acusa PS e PSD de Inconstitucionalidade

Por SÃO JOSÉ ALMEIDA

Quinta-feira, 1 de Fevereiro de 2001

EXECUTIVOS HOMOGÉNEOS ABREM PORTA AO SISTEMA MAIORITÁRIO

Projecto de lei eleitoral autárquica do PP mantém duas listas e proporcionalidade directa

O deputado e dirigente do CDS-PP Narana Coissoró acusou ontem o PS e o PSD de, numa lógica de Bloco Central, estarem a dar "um salto para o sistema [eleitoral] maioritário" no novo modelo de lei eleitoral autárquica que propõem à discussão pela Assembleia da República no próximo dia 7 de Fevereiro.

Narana sustentou mesmo que a adopção de executivos homogéneos de um só partido, como são defendidos na proposta do Governo, é uma medida inconstitucional, pois trata-se de "uma grave distorção do método proporcional" imposto pela Constituição.

Narana Coissoró considerou ainda que as propostas do PS e do PSD "são preto no branco o Bloco Central" a entrar em acção. Sem hesitar, este histórico do CDS acusou os socialistas e os sociais-democratas de adulterarem o sistema político: "O regime adoptado leva à bipolarização. (...) Estas propostas são para o bipartidarismo." E frisou que a Constituição foi feita para garantir que todas as forças que tenham um número mínimo de votos elegem representantes, logo o seu espírito é contrário às soluções agora defendidas pelo PS e pelo PSD.

Assim, para fazer face às propostas do PS e do PSD, o CDS-PP decidiu avançar ele também com um projecto de lei - refira-se que o PCP já apresentou e que o Bloco de Esquerda apresentará o seu hoje. Estreando-se como líder da bancada, Basílio Horta, que ontem também foi eleito, procedeu à apresentação das propostas do PP que se dividem em dois projectos: um sobre a lei eleitoral autárquica e outro sobre o regime jurídico do funcionamento dos órgãos autárquicos.

PP quer limitar mandatos

Do regime proposto pelo PP destaque-se o facto de ser introduzida a limitação de mandatos. Enquanto o PSD e o PS não falam sequer desta questão, o PP defende que haja um limite de 12 anos, ou seja, que qualquer ocupante de um cargo executivo autárquico só o possa exercer durante três mandatos. Basílio Horta advogou mesmo que, pela ética, "os órgãos de Estado com funções executivas e mandato certo devem ter limite" e lembrou que na Assembleia da República não há poder executivo e que os membros do Governo não têm mandato certo, podem sair a qualquer momento, daí não haver nestes casos limitação de mandato.

Outro ponto de honra do PP - que aqui se opõe mais uma vez ao PS e ao PSD, aproximando-se do defendido pelo PCP - é a manutenção de duas listas separadas para a câmara e para a assembleia, ou seja, no prosseguimento do regime em vigor. Nessa tradição, defende o PP que os vereadores continuem a ser eleitos em lista encabeçada pelo presidente e por proporcionalidade directa. Mas para aumentar a representatividade partidária e combater o bipartidarismo defendem que os executivos municipais sejam aumentados em dois vereadores, não remunerados mas que funcionem como fiscalizadores.

Na crítica que fez à proposta de executivos homogéneos ou para-homogéneos - com o presidente a escolher a sua equipa entre os membros da assembleia municipal, isto é com os vereadores a não serem eleitos directamente como vereadores pelos cidadãos -, Basílio Horta sustentou mesmo: "As maiorias corrompem, as maiorias absolutas corrompem mais e as maiorias unipessoais corrompem absolutamente."

Por último, refira-se que o PP também contempla as listas de cidadãos independentes, mas sustenta que qualquer alteração ao sistema eleitoral autárquico não deve vigorar nas próximas eleições autárquicas, mas apenas nas de 2005.

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