Sócrates propôs a Fertuzinhos lugar não elegível pelo distrito de Braga

20-01-2005
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Sócrates Propôs a Fertuzinhos Lugar Não Elegível pelo Distrito de Braga

Por MARIA JOSÉ OLIVEIRA

Sexta-feira, 07 de Janeiro de 2005

Manuel Alegre, Augusto Santos Silva, Helena Roseta e Maria da Luz Rosinha contestaram, anteontem à noite, na reunião da comissão política do PS, a colocação de Sónia Fertuzinhos em 12º lugar pelo círculo eleitoral de Braga.

A discussão e aprovação da lista de candidatos a deputados por este distrito foi relegada para o final da reunião, visto que a inclusão de Fertuzinhos, presidente do Departamento Nacional das Mulheres Socialistas (DNMS), num lugar não elegível havia já provocado o protesto de alguns dirigentes socialistas.

Uma das intervenções mais contundentes foi a de Alegre, que classificou a situação como vergonhosa e adiantou uma explicação: Fertuzinhos é uma das dirigentes que mais tem defendido a despenalização do aborto. Este argumento não é alheio ao facto de o terceiro lugar da lista de Braga ser ocupado por Teresa Venda, do Movimento Humanismo e Democracia.

Também Helena Roseta defendeu Fertuzinhos, afirmando aos jornalistas, no final da reunião, que "há uma lógica perversa na escolha dos candidatos". Classificando como "inadmíssivel" a atribuição do 12º lugar à presidente do DNMS, Roseta alertou ainda para a necessidade de o processo de elaboração das listas ser "revisto no futuro", de forma a evitar que "pessoas com actividades relevantes na sociedade civil" sejam saneadas pelas federações.

Sócrates culpa distrital de Braga

Ontem à tarde, no final de um encontro com todos os cabeças de lista, José Sócrates, quando confrontado com o caso de Fertuzinhos, respondeu que o lugar que lhe foi atribuído deveu-se a uma opção da distrital de Braga. O processo que resulta na eventual exclusão de Sónia Fertuzinhos do Parlamento teve início quando a deputada comunicou ao eurodeputado Capoulas Santos, coordenador da elaboração das listas, que a concelhia de Guimarães (pela qual tem vindo a ser indicada) não estava disponível para propôr o seu nome. Isto porque a concelhia entendia que Fertuzinhos seria colocada num lugar elegível através da quota pessoa do líder socialista (30 por cento dos candidatos).

Quando confrontado com esta situação, Capoulas afirmou que a presidente do DNMS teria obrigatoriamente de ser indicada pela distrital, dando a entender que ela não teria lugar na quota do secretário-geral. José Sócrates propôs, então, a Fertuzinhos o 12º lugar da lista. Ou seja, um posto não elegível. A deputada recusou e perante isto Sócrates insistiu, por diversas vezes, para que ela aceitasse a proposta.

Na comissão política do partido, realizada na sede do PS, em Lisboa, Fertuzinhos pediu a palavra e, dirigindo-se ao líder, confrontou-o com as dificuldades de explicar publicamente o que acontecera. Até porque as anteriores presidentes do DNMS foram sempre eleitas pela quota da direcção. Sublinhando que o 12º lugar seria desprestigiante para a responsável máxima pelo DNMS, Fertuzinhos disse ainda que na vida política há que diferenciar o que é mesquinho e o que é o interesse do partido. Nesta altura, já o secretário-geral do PS tinha nas mãos três alternativas: colocá-la no 12º lugar, no último lugar ou excluí-la da lista. Sócrates escolheu a primeira e Sónia Fertuzinhos aceitou depois da insistência de diversos dirigentes socialistas para manter o seu nome na lista.

À saída da reunião, Fertuzinhos foi parca em palavras, mas deixou uma crítica implícita à escolha da direcção do partido: "Quem está na vida política por convicções não interessa se vai mais à frente ou atrás. Cada um fará a leitura que entender e o que eu tinha a dizer já o disse na comissão política."

Confrontado com a contradição de ter relevado a paridade explícita nas listas e, simultaneamente, ter colocado a presidente do DNMS num lugar não elegível, Sócrates foi lacónico: "Trata-se de um bom compromisso entre o que foi proposto pela federação e pela direcção nacional". "É uma boa solução", declarou.

Listas aprovadas

Na reunião de anteontem à noite, a comissão política aprovou por unanimidade 12 das 22 listas de candidatos a deputados, tendo sido registados votos contra nos círculos de Lisboa (três), Braga (quatro), Leiria (um) e Fora da Europa (dois).

A noite ficou também assinalada pela definitiva exclusão das listas de Medeiros Ferreira, Helena Roseta (ver caixa) e Artur Penedos.

Sobre o facto de Medeiros Ferreira não ter sido proposto pela quota da direcção do PS (o deputado havia anunciado que não pretendia integrar a lista pelos Açores), o presidente do Governo Regional açoriano, Carlos César, limitou-se a responder que não pertence à direcção do partido. Não deixou, porém, de frisar a "estima pessoal" que tem pelo deputado socialista.

Sócrates Propôs a Fertuzinhos Lugar Não Elegível pelo Distrito de Braga

Por MARIA JOSÉ OLIVEIRA

Sexta-feira, 07 de Janeiro de 2005

Manuel Alegre, Augusto Santos Silva, Helena Roseta e Maria da Luz Rosinha contestaram, anteontem à noite, na reunião da comissão política do PS, a colocação de Sónia Fertuzinhos em 12º lugar pelo círculo eleitoral de Braga.

A discussão e aprovação da lista de candidatos a deputados por este distrito foi relegada para o final da reunião, visto que a inclusão de Fertuzinhos, presidente do Departamento Nacional das Mulheres Socialistas (DNMS), num lugar não elegível havia já provocado o protesto de alguns dirigentes socialistas.

Uma das intervenções mais contundentes foi a de Alegre, que classificou a situação como vergonhosa e adiantou uma explicação: Fertuzinhos é uma das dirigentes que mais tem defendido a despenalização do aborto. Este argumento não é alheio ao facto de o terceiro lugar da lista de Braga ser ocupado por Teresa Venda, do Movimento Humanismo e Democracia.

Também Helena Roseta defendeu Fertuzinhos, afirmando aos jornalistas, no final da reunião, que "há uma lógica perversa na escolha dos candidatos". Classificando como "inadmíssivel" a atribuição do 12º lugar à presidente do DNMS, Roseta alertou ainda para a necessidade de o processo de elaboração das listas ser "revisto no futuro", de forma a evitar que "pessoas com actividades relevantes na sociedade civil" sejam saneadas pelas federações.

Sócrates culpa distrital de Braga

Ontem à tarde, no final de um encontro com todos os cabeças de lista, José Sócrates, quando confrontado com o caso de Fertuzinhos, respondeu que o lugar que lhe foi atribuído deveu-se a uma opção da distrital de Braga. O processo que resulta na eventual exclusão de Sónia Fertuzinhos do Parlamento teve início quando a deputada comunicou ao eurodeputado Capoulas Santos, coordenador da elaboração das listas, que a concelhia de Guimarães (pela qual tem vindo a ser indicada) não estava disponível para propôr o seu nome. Isto porque a concelhia entendia que Fertuzinhos seria colocada num lugar elegível através da quota pessoa do líder socialista (30 por cento dos candidatos).

Quando confrontado com esta situação, Capoulas afirmou que a presidente do DNMS teria obrigatoriamente de ser indicada pela distrital, dando a entender que ela não teria lugar na quota do secretário-geral. José Sócrates propôs, então, a Fertuzinhos o 12º lugar da lista. Ou seja, um posto não elegível. A deputada recusou e perante isto Sócrates insistiu, por diversas vezes, para que ela aceitasse a proposta.

Na comissão política do partido, realizada na sede do PS, em Lisboa, Fertuzinhos pediu a palavra e, dirigindo-se ao líder, confrontou-o com as dificuldades de explicar publicamente o que acontecera. Até porque as anteriores presidentes do DNMS foram sempre eleitas pela quota da direcção. Sublinhando que o 12º lugar seria desprestigiante para a responsável máxima pelo DNMS, Fertuzinhos disse ainda que na vida política há que diferenciar o que é mesquinho e o que é o interesse do partido. Nesta altura, já o secretário-geral do PS tinha nas mãos três alternativas: colocá-la no 12º lugar, no último lugar ou excluí-la da lista. Sócrates escolheu a primeira e Sónia Fertuzinhos aceitou depois da insistência de diversos dirigentes socialistas para manter o seu nome na lista.

À saída da reunião, Fertuzinhos foi parca em palavras, mas deixou uma crítica implícita à escolha da direcção do partido: "Quem está na vida política por convicções não interessa se vai mais à frente ou atrás. Cada um fará a leitura que entender e o que eu tinha a dizer já o disse na comissão política."

Confrontado com a contradição de ter relevado a paridade explícita nas listas e, simultaneamente, ter colocado a presidente do DNMS num lugar não elegível, Sócrates foi lacónico: "Trata-se de um bom compromisso entre o que foi proposto pela federação e pela direcção nacional". "É uma boa solução", declarou.

Listas aprovadas

Na reunião de anteontem à noite, a comissão política aprovou por unanimidade 12 das 22 listas de candidatos a deputados, tendo sido registados votos contra nos círculos de Lisboa (três), Braga (quatro), Leiria (um) e Fora da Europa (dois).

A noite ficou também assinalada pela definitiva exclusão das listas de Medeiros Ferreira, Helena Roseta (ver caixa) e Artur Penedos.

Sobre o facto de Medeiros Ferreira não ter sido proposto pela quota da direcção do PS (o deputado havia anunciado que não pretendia integrar a lista pelos Açores), o presidente do Governo Regional açoriano, Carlos César, limitou-se a responder que não pertence à direcção do partido. Não deixou, porém, de frisar a "estima pessoal" que tem pelo deputado socialista.

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