Suplemento Economia

26-12-2002
marcar artigo

Segunda-feira, 23 de Dezembro de 2002

Definitivamente, os Governos dão-se mal com a divulgação de informação sobre Finanças Públicas. À beira da recessão de 1993, Braga de Macedo suspendeu a sua divulgação e foi só quando, por portas travessas, os números apareciam na imprensa que passou a divulgar os dados mensalmente. O PS no poder ia congelando os dados quando traziam más notícias. No final do reinado de Guterres, Oliveira Martins decidiu publicar os dados no dia 15 de cada mês, mas tornou os quadros não comparáveis com o passado. O PSD/PP manteve a data de divulgação, alterou critérios e usa uma arte chinesa: a de desesperar a comunicação social. Invariavelmente, divulga-as às 18-19horas desse dia. Mas no passado dia 16 atingiu os limites. Sob o argumento de que o secretário de Estado do Orçamento se atrasara numa reunião e estava incapacitado de as autorizar enquanto estava lá, os números foram libertados apenas às 21h30. Às 20h45, a nota estava pronta para sair, mas levou 45 minutos a sair na internet. Transparência e rigor é o que mais se vê nos governos...

Os deputados pelam-se por criar desvios aos temas importantes, apenas pela graça de provocar uns sorrisos. Vem isto a propósito da sessão parlamentar da comissão de Trabalho que ouviu, na passada semana, Monteiro Fernandes, ex-presidente da comissão de análise e sistematização da legislação laboral sobre a proposta de Código do Trabalho. Monteiro Fernandes falava da legislação actual, do seu elevado grau de incumprimento, e designou-a como "uma vaca sagrada que se tornou rodeada de uma aura de intangibilidade", repleta de "valores simbólicos, mas desprovida de valor social". A questão da vaca sagrada tilintou nos ouvidos dos deputados. Patinha Antão do PSD frisou a ideia da intangibilidade, da inutilidade até porque, foi lembrado por alguém, "não se come". Rui Cunha do PS, preferiu lembrar que "o problema não é das vacas sagradas, mas das vacas leiteiras" lembrando a questão da agricultura na Europa. Um outro deputado do PSD quis até afirmar que, "sem comparar empresas a estábulos, descobriu-se que as vacas leiteiras dão mais leite se ouvirem Mozart" e José António Vieira da Silva do PS quis dar uma outra visão : "As vacas não se comem porque são sagradas, mas são sagradas porque não se comem". A pilhéria descontraiu os presentes. Mas no final, os deputados tinham falado duas horas e o convidado uma hora. Ele há umas vacas sagradas...

Segunda-feira, 23 de Dezembro de 2002

Definitivamente, os Governos dão-se mal com a divulgação de informação sobre Finanças Públicas. À beira da recessão de 1993, Braga de Macedo suspendeu a sua divulgação e foi só quando, por portas travessas, os números apareciam na imprensa que passou a divulgar os dados mensalmente. O PS no poder ia congelando os dados quando traziam más notícias. No final do reinado de Guterres, Oliveira Martins decidiu publicar os dados no dia 15 de cada mês, mas tornou os quadros não comparáveis com o passado. O PSD/PP manteve a data de divulgação, alterou critérios e usa uma arte chinesa: a de desesperar a comunicação social. Invariavelmente, divulga-as às 18-19horas desse dia. Mas no passado dia 16 atingiu os limites. Sob o argumento de que o secretário de Estado do Orçamento se atrasara numa reunião e estava incapacitado de as autorizar enquanto estava lá, os números foram libertados apenas às 21h30. Às 20h45, a nota estava pronta para sair, mas levou 45 minutos a sair na internet. Transparência e rigor é o que mais se vê nos governos...

Os deputados pelam-se por criar desvios aos temas importantes, apenas pela graça de provocar uns sorrisos. Vem isto a propósito da sessão parlamentar da comissão de Trabalho que ouviu, na passada semana, Monteiro Fernandes, ex-presidente da comissão de análise e sistematização da legislação laboral sobre a proposta de Código do Trabalho. Monteiro Fernandes falava da legislação actual, do seu elevado grau de incumprimento, e designou-a como "uma vaca sagrada que se tornou rodeada de uma aura de intangibilidade", repleta de "valores simbólicos, mas desprovida de valor social". A questão da vaca sagrada tilintou nos ouvidos dos deputados. Patinha Antão do PSD frisou a ideia da intangibilidade, da inutilidade até porque, foi lembrado por alguém, "não se come". Rui Cunha do PS, preferiu lembrar que "o problema não é das vacas sagradas, mas das vacas leiteiras" lembrando a questão da agricultura na Europa. Um outro deputado do PSD quis até afirmar que, "sem comparar empresas a estábulos, descobriu-se que as vacas leiteiras dão mais leite se ouvirem Mozart" e José António Vieira da Silva do PS quis dar uma outra visão : "As vacas não se comem porque são sagradas, mas são sagradas porque não se comem". A pilhéria descontraiu os presentes. Mas no final, os deputados tinham falado duas horas e o convidado uma hora. Ele há umas vacas sagradas...

marcar artigo