"Pormenores técnicos" podem adiar obras do aeroporto de Beja

04-08-2002
marcar artigo

"Pormenores Técnicos" Podem Adiar Obras do Aeroporto de Beja

Por CARLOS DIAS

Quinta-feira, 1 de Agosto de 2002

Força Aérea está reticente

Abertura ao tráfego no segundo semestre de 2003 posta em causa

O presidente da Empresa de Desenvolvimento do Aeroporto de Beja (EDAB), Manuel dos Santos Nicolau, admitiu ontem, aos microfones da rádio local Pax, que o arranque das obras da nova unidade aeroportuária ainda este ano poderá "estar posto em causa", devido a "pequenos problemas de ordem técnica" relacionados com a instalação da componente comercial e civil na Base Aérea 11.

A ideia é utilizar a pista e a torre de controle da base aérea para fins civis, construindo vários equipamentos para acolher o novo aeroporto em terrenos fora do perímetro militar.

O presidente da empresa afirmou que o início dos trabalhos "continua dependente de um entendimento" com a Força Aérea. E salientou o atraso na conclusão do plano director do novo aeroporto, que devia estar concluído "na segunda quinzena de Junho", mas que "problemas técnicos surgidos na sequência das negociações com a Força Aérea" não permitiram ainda terminar.

Contudo, o presidente da empresa acredita que "o contencioso" possa ser "rapidamente ultrapassado, para que obras comecem até ao final do ano".

"A situação complicou-se porque estamos exactamente no limite temporal para alcançar um tal objectivo", acrescenta Santos Nicolau. A aquisição de cerca de 300 hectares de terrenos a particulares, apesar de se encontrar "em fase adiantada de negociação", pode implicar expropriações, "se as dificuldades neste domínio não forem ultrapassadas". Por outro lado, a Força Aérea terá de disponibilizar uma pequena área afecta à base, por onde será feita a ligação à pista, mas a decisão também ainda não foi tomada.

Se estes obstáculos não forem rapidamente superados, poderá estar posta em causa a garantia dada, há menos de um mês, pelo primeiro-ministro, Durão Barroso, de que o novo aeroporto ficará operacional no segundo semestre de 2003.

Em Março Santos Nicolau anunciou que os trabalhos de construção do aeroporto se iniciariam em Junho, mas tal não veio a acontecer. Depois foi dada a garantia que arrancariam até ao final de 2002 - possibilidade que neste momento está posta em causa.

O ministro das Obras Públicas, Valente de Oliveira, acompanhado do secretário de Estado da Defesa, deslocou-se no início do mês à base aérea, para tentar ultrapassar os problemas. Mas até ao momento Santos Nicolau continua sem luz verde para avançar com as obras.

O porta-voz de Valente de Oliveira diz existirem, "de facto, limitações da pista para aviões de determinado porte, se esta fosse sujeita a intensa utilização". Mas acrescenta que, na reunião realizada na base, estas questões foram equacionadas, "não parecendo que as dificuldades entre a EDAB e a Força Aérea fossem insolúveis". O PÚBLICO tentou ouvir a Força Aérea até à hora de fecho desta página, mas tal não foi possível.

Deputados questionam ministro

O deputado do PS pelo círculo de Beja, Rui Cunha, ex-secretário de Estado das Obras Públicas - que liderou este processo quando esteve no Governo - diz ter "sérias dúvidas que o aeroporto tenha condições para operar em 2003". E defende uma intervenção dos ministros das Obras Públicas e da Defesa para ultrapassar o diferendo.

Por seu turno, o deputado comunista pelo círculo de Beja Rodeia Machado diz que questionou há dias Valente de Oliveira na comissão parlamentar de Obras Públicas, porque a Força Aérea estaria a levantar algumas dificuldades à instalação do novo aeroporto. O governante terá argumentado que responsáveis da Força Aérea lhe teriam apontado dificuldades "do ponto de vista técnico, na utilização da pista por aviões de carga". Informações oficiais apresentam-na como uma das três melhores pistas da Europa, onde podem operar aviões civis e de carga. Pode aqui aterrar o maior avião de carga do mundo, o Airbus A-380.

O secretário de Estado das Obras Públicas teria recebido entretanto, instruções, para levantar a questão junto do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, relata Rodeia Machado. C.D.

"Pormenores Técnicos" Podem Adiar Obras do Aeroporto de Beja

Por CARLOS DIAS

Quinta-feira, 1 de Agosto de 2002

Força Aérea está reticente

Abertura ao tráfego no segundo semestre de 2003 posta em causa

O presidente da Empresa de Desenvolvimento do Aeroporto de Beja (EDAB), Manuel dos Santos Nicolau, admitiu ontem, aos microfones da rádio local Pax, que o arranque das obras da nova unidade aeroportuária ainda este ano poderá "estar posto em causa", devido a "pequenos problemas de ordem técnica" relacionados com a instalação da componente comercial e civil na Base Aérea 11.

A ideia é utilizar a pista e a torre de controle da base aérea para fins civis, construindo vários equipamentos para acolher o novo aeroporto em terrenos fora do perímetro militar.

O presidente da empresa afirmou que o início dos trabalhos "continua dependente de um entendimento" com a Força Aérea. E salientou o atraso na conclusão do plano director do novo aeroporto, que devia estar concluído "na segunda quinzena de Junho", mas que "problemas técnicos surgidos na sequência das negociações com a Força Aérea" não permitiram ainda terminar.

Contudo, o presidente da empresa acredita que "o contencioso" possa ser "rapidamente ultrapassado, para que obras comecem até ao final do ano".

"A situação complicou-se porque estamos exactamente no limite temporal para alcançar um tal objectivo", acrescenta Santos Nicolau. A aquisição de cerca de 300 hectares de terrenos a particulares, apesar de se encontrar "em fase adiantada de negociação", pode implicar expropriações, "se as dificuldades neste domínio não forem ultrapassadas". Por outro lado, a Força Aérea terá de disponibilizar uma pequena área afecta à base, por onde será feita a ligação à pista, mas a decisão também ainda não foi tomada.

Se estes obstáculos não forem rapidamente superados, poderá estar posta em causa a garantia dada, há menos de um mês, pelo primeiro-ministro, Durão Barroso, de que o novo aeroporto ficará operacional no segundo semestre de 2003.

Em Março Santos Nicolau anunciou que os trabalhos de construção do aeroporto se iniciariam em Junho, mas tal não veio a acontecer. Depois foi dada a garantia que arrancariam até ao final de 2002 - possibilidade que neste momento está posta em causa.

O ministro das Obras Públicas, Valente de Oliveira, acompanhado do secretário de Estado da Defesa, deslocou-se no início do mês à base aérea, para tentar ultrapassar os problemas. Mas até ao momento Santos Nicolau continua sem luz verde para avançar com as obras.

O porta-voz de Valente de Oliveira diz existirem, "de facto, limitações da pista para aviões de determinado porte, se esta fosse sujeita a intensa utilização". Mas acrescenta que, na reunião realizada na base, estas questões foram equacionadas, "não parecendo que as dificuldades entre a EDAB e a Força Aérea fossem insolúveis". O PÚBLICO tentou ouvir a Força Aérea até à hora de fecho desta página, mas tal não foi possível.

Deputados questionam ministro

O deputado do PS pelo círculo de Beja, Rui Cunha, ex-secretário de Estado das Obras Públicas - que liderou este processo quando esteve no Governo - diz ter "sérias dúvidas que o aeroporto tenha condições para operar em 2003". E defende uma intervenção dos ministros das Obras Públicas e da Defesa para ultrapassar o diferendo.

Por seu turno, o deputado comunista pelo círculo de Beja Rodeia Machado diz que questionou há dias Valente de Oliveira na comissão parlamentar de Obras Públicas, porque a Força Aérea estaria a levantar algumas dificuldades à instalação do novo aeroporto. O governante terá argumentado que responsáveis da Força Aérea lhe teriam apontado dificuldades "do ponto de vista técnico, na utilização da pista por aviões de carga". Informações oficiais apresentam-na como uma das três melhores pistas da Europa, onde podem operar aviões civis e de carga. Pode aqui aterrar o maior avião de carga do mundo, o Airbus A-380.

O secretário de Estado das Obras Públicas teria recebido entretanto, instruções, para levantar a questão junto do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, relata Rodeia Machado. C.D.

marcar artigo