EXPRESSO: País

13-07-2002
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Monteiro avança com movimento O ex-líder do PP será o primeiro presidente da associação «Por uma Europa Nova», que se propõe intervir sobre o futuro da UE Alberto Frias Manuel Monteiro: a pensar nas eleições europeias de 2004? MANUEL Monteiro e um conjunto de personalidades ligadas à política, ao meio empresarial, à comunidade científica e à vida académica vão lançar este mês um movimento cívico. Cerca de 50 nomes compõem o núcleo fundacional do «Movimento por uma Europa Nova», que envolve desde militantes do CDS/PP e do PSD a muitos independentes. MANUEL Monteiro e um conjunto de personalidades ligadas à política, ao meio empresarial, à comunidade científica e à vida académica vão lançar este mês um movimento cívico. Cerca de 50 nomes compõem o núcleo fundacional do «Movimento por uma Europa Nova», que envolve desde militantes do CDS/PP e do PSD a muitos independentes. Luís Bigode Chorão, que foi chefe de gabinete do ministro da Justiça Mário Raposo, Filipe Jardim Gonçalves, empresário, Miguel Félix António, secretário-geral do grupo Entreposto, Nuno Montenegro e Pedro Nunes - ambos professores na Faculdade de Medicina do Porto -, José Fernando Gonçalves, professor na Faculdade de Engenharia do Porto, José Manuel Paixão, vice-presidente do Instituto Politécnico de Tomar, Jorge Seabra, presidente do Conselho de Administração da Coelima, José Silva, presidente da Caixa de Crédito Agrícola da Área Metropolitana do Porto, Margarida Sá Costa, advogada, Baltasar Aguiar, advogado, Tomé Fernandes, empresário, Miguel Sardinha, advogado, Pedro Lacerda, da Universidade Lusíada do Porto, Vítor Ávila, empresário da construção civil, e o mediático empresário Manuel Serrão são alguns dos fundadores desta associação que será lançada até ao fim deste mês. A estes juntam-se muitos dos fiéis apoiantes de longa data de Manuel Monteiro, como Girão Pereira, Fernandes Thomaz, Jorge Ferreira, Gonçalo Ribeiro da Costa, Helena Santo, Nuno Correia da Silva, Posser de Andrade, Salvador Correia de Sá, Manuel Pinto Machado, Ricardo Vieira e Simões Dias. O movimento - que pretende intervir ao nível do debate sobre as reformas dos tratados comunitários no tempo que ainda falta até às eleições europeias (em Junho de 2004) -encontra-se na fase final de discussão e aprovação dos estatutos e de elaboração da sua carta de princípios. Sendo que a escritura da constituição do movimento será ainda este mês. Mandatos limitados Um dos princípios assumidos pelo movimento - que irá funcionar numa «lógica de complementaridade do trabalho dos partidos e não de substituição» - é o da limitação de mandatos. Nesse sentido, a liderança da organização será rotativa, sendo que no primeiro ano irá estar a cargo de Manuel Monteiro. Segundo o EXPRESSO apurou, um dos objectivos do movimento é ir ao encontro do desafio lançado pela própria Comissão Europeia no sentido de que os cidadãos dos países europeus criassem movimentos e associações para discutir a evolução institucional europeia face ao alargamento. E, por outro lado, esperam conseguir uma partilha de experiências entre pessoas que já tiveram responsabilidades máximas na direcção de partidos e outras cuja actividade política se limitou ao exercício do direito de voto. Na opinião de um dos fundadores do movimento, «a Europa, ao caminhar para um modelo social europeu único, que se traduz em políticas comunitárias cada vez mais únicas, priva as comunidade nacionais do seu próprio espaço de liberdade». E, como consequência, «transforma os órgãos políticos nacionais em supérfluos». Para este conjunto de personalidades, o que está em causa é a «recusa do nacionalismo» - que «é hoje a bandeira daqueles que são contra a UE e contra os tratados europeus» - «e a defesa da afirmação nacional», que passa pela defesa da soberania política e dos valores de competição das próprias comunidades nacionais no espaço europeu. Também nesse sentido, e partindo do pressuposto de que a Europa é constituída por comunidades nacionais politicamente organizadas, o núcleo fundacional deste movimento entende que deve haver uma «inversão da lógica da subsidiariedade». Ou seja, os órgãos comunitários devem ser chamados apenas para resolver os problemas quando os órgãos políticos nacionais não o conseguirem. Os fundadores do «Movimento por uma Europa Nova» vão solicitar uma audiência ao Presidente da República para lhe apresentarem formalmente a organização. E está em aberto a possibilidade de o virem a fazer junto do primeiro-ministro e do presidente da Assembleia da República.

Sofia Rainho

COMENTÁRIOS

3 comentários 1 a 3

14 de Junho de 2002 às 01:33

Luke Skywalker

... eis algo em que poderíamos aliarmo-nos: concordo com a sua análise e a sua opção - em frente pela federação!

Embora infelizmente acredite muito pouco que isso jamais venha a concretizar-se, e pense que o cenário mais realista é o de Albatroz/Blair. Por que a Alemanha tem os seus próprios planos para Leste onde é rival da França, e por que, sabendo-o, já anda a defender a "subsidariedade", que o mesmo é dizer "que cada um trate de si"...

9 de Junho de 2002 às 09:42

Zé Luiz

Começo a compreender e a aceitar os argumentos de Albatroz: de facto (e perdoe-me se por erro de leitura o deturpo), a UE só pode ser uma de três coisas: ou um império franco-alemão; ou uma federação verdadeira, o que implicaria no mínimo um orçamento federal representando uma grande percentagem do PIB comunitário - e, acrescento eu, ao nível político, uma segunda câmara do parlamento em que os estados federados estivessem representados em pé de igualdade; ou uma simples área de comércio livre, como a EFTA.

Albatroz preferiria, pelo que já tem aqui escrito, a terceira alternativa; eu preferiria a segunda; mas estou de acordo com ele em que a primeira não é aceitável, como não é aceitável a manutenção das coisas na indefinição (propositada?) em que se encontram.

8 de Junho de 2002 às 10:14

Albatroz

Aparentemente este grupo vai defender um equívoco para fazer face a uma fraude. A União Europeia é hoje uma fraude, na medida em que se serve de uma linguagem comunitária ou até federalista para esconder propósitos hegemónicos ou imperiais por parte dos países maiores - nomeadamente a França e a Alemanha. O novo movimento quer uma afirmação nacional sem tocar nos fundamentos de um projecto que só pode conduzir à dependência face a esses grandes países. A solução para este equívoco só pode ser ou uma federalização real da Europa, numa base de igualdade das partes, e de uma prática inequívoca da solidariedade apoiada num orçamento federal representando cerca de 20% do PIB comunitário, ou pela transformação da UE numa simples área de comércio livre, sem políticas comuns, a não ser para aqueles países que o desejem. No primeiro caso acabam-se as tendências hegemónicas dos grandes, pela criação de uma verdadeira democracia política e económica à escala europeia. No segundo caso cada estado recupera a sua soberania sem sacrificar as vantagens da criação de um grande mercado comum. Pelo perfil dos participantes, parece que este novo movimento se devia aproximar desta última solução. Mas, dada a falta de percepção das realidades, vão acabar por se preocupar com o acidental, em vez de se preocparem com o essencial.

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Monteiro avança com movimento O ex-líder do PP será o primeiro presidente da associação «Por uma Europa Nova», que se propõe intervir sobre o futuro da UE Alberto Frias Manuel Monteiro: a pensar nas eleições europeias de 2004? MANUEL Monteiro e um conjunto de personalidades ligadas à política, ao meio empresarial, à comunidade científica e à vida académica vão lançar este mês um movimento cívico. Cerca de 50 nomes compõem o núcleo fundacional do «Movimento por uma Europa Nova», que envolve desde militantes do CDS/PP e do PSD a muitos independentes. MANUEL Monteiro e um conjunto de personalidades ligadas à política, ao meio empresarial, à comunidade científica e à vida académica vão lançar este mês um movimento cívico. Cerca de 50 nomes compõem o núcleo fundacional do «Movimento por uma Europa Nova», que envolve desde militantes do CDS/PP e do PSD a muitos independentes. Luís Bigode Chorão, que foi chefe de gabinete do ministro da Justiça Mário Raposo, Filipe Jardim Gonçalves, empresário, Miguel Félix António, secretário-geral do grupo Entreposto, Nuno Montenegro e Pedro Nunes - ambos professores na Faculdade de Medicina do Porto -, José Fernando Gonçalves, professor na Faculdade de Engenharia do Porto, José Manuel Paixão, vice-presidente do Instituto Politécnico de Tomar, Jorge Seabra, presidente do Conselho de Administração da Coelima, José Silva, presidente da Caixa de Crédito Agrícola da Área Metropolitana do Porto, Margarida Sá Costa, advogada, Baltasar Aguiar, advogado, Tomé Fernandes, empresário, Miguel Sardinha, advogado, Pedro Lacerda, da Universidade Lusíada do Porto, Vítor Ávila, empresário da construção civil, e o mediático empresário Manuel Serrão são alguns dos fundadores desta associação que será lançada até ao fim deste mês. A estes juntam-se muitos dos fiéis apoiantes de longa data de Manuel Monteiro, como Girão Pereira, Fernandes Thomaz, Jorge Ferreira, Gonçalo Ribeiro da Costa, Helena Santo, Nuno Correia da Silva, Posser de Andrade, Salvador Correia de Sá, Manuel Pinto Machado, Ricardo Vieira e Simões Dias. O movimento - que pretende intervir ao nível do debate sobre as reformas dos tratados comunitários no tempo que ainda falta até às eleições europeias (em Junho de 2004) -encontra-se na fase final de discussão e aprovação dos estatutos e de elaboração da sua carta de princípios. Sendo que a escritura da constituição do movimento será ainda este mês. Mandatos limitados Um dos princípios assumidos pelo movimento - que irá funcionar numa «lógica de complementaridade do trabalho dos partidos e não de substituição» - é o da limitação de mandatos. Nesse sentido, a liderança da organização será rotativa, sendo que no primeiro ano irá estar a cargo de Manuel Monteiro. Segundo o EXPRESSO apurou, um dos objectivos do movimento é ir ao encontro do desafio lançado pela própria Comissão Europeia no sentido de que os cidadãos dos países europeus criassem movimentos e associações para discutir a evolução institucional europeia face ao alargamento. E, por outro lado, esperam conseguir uma partilha de experiências entre pessoas que já tiveram responsabilidades máximas na direcção de partidos e outras cuja actividade política se limitou ao exercício do direito de voto. Na opinião de um dos fundadores do movimento, «a Europa, ao caminhar para um modelo social europeu único, que se traduz em políticas comunitárias cada vez mais únicas, priva as comunidade nacionais do seu próprio espaço de liberdade». E, como consequência, «transforma os órgãos políticos nacionais em supérfluos». Para este conjunto de personalidades, o que está em causa é a «recusa do nacionalismo» - que «é hoje a bandeira daqueles que são contra a UE e contra os tratados europeus» - «e a defesa da afirmação nacional», que passa pela defesa da soberania política e dos valores de competição das próprias comunidades nacionais no espaço europeu. Também nesse sentido, e partindo do pressuposto de que a Europa é constituída por comunidades nacionais politicamente organizadas, o núcleo fundacional deste movimento entende que deve haver uma «inversão da lógica da subsidiariedade». Ou seja, os órgãos comunitários devem ser chamados apenas para resolver os problemas quando os órgãos políticos nacionais não o conseguirem. Os fundadores do «Movimento por uma Europa Nova» vão solicitar uma audiência ao Presidente da República para lhe apresentarem formalmente a organização. E está em aberto a possibilidade de o virem a fazer junto do primeiro-ministro e do presidente da Assembleia da República.

Sofia Rainho

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14 de Junho de 2002 às 01:33

Luke Skywalker

... eis algo em que poderíamos aliarmo-nos: concordo com a sua análise e a sua opção - em frente pela federação!

Embora infelizmente acredite muito pouco que isso jamais venha a concretizar-se, e pense que o cenário mais realista é o de Albatroz/Blair. Por que a Alemanha tem os seus próprios planos para Leste onde é rival da França, e por que, sabendo-o, já anda a defender a "subsidariedade", que o mesmo é dizer "que cada um trate de si"...

9 de Junho de 2002 às 09:42

Zé Luiz

Começo a compreender e a aceitar os argumentos de Albatroz: de facto (e perdoe-me se por erro de leitura o deturpo), a UE só pode ser uma de três coisas: ou um império franco-alemão; ou uma federação verdadeira, o que implicaria no mínimo um orçamento federal representando uma grande percentagem do PIB comunitário - e, acrescento eu, ao nível político, uma segunda câmara do parlamento em que os estados federados estivessem representados em pé de igualdade; ou uma simples área de comércio livre, como a EFTA.

Albatroz preferiria, pelo que já tem aqui escrito, a terceira alternativa; eu preferiria a segunda; mas estou de acordo com ele em que a primeira não é aceitável, como não é aceitável a manutenção das coisas na indefinição (propositada?) em que se encontram.

8 de Junho de 2002 às 10:14

Albatroz

Aparentemente este grupo vai defender um equívoco para fazer face a uma fraude. A União Europeia é hoje uma fraude, na medida em que se serve de uma linguagem comunitária ou até federalista para esconder propósitos hegemónicos ou imperiais por parte dos países maiores - nomeadamente a França e a Alemanha. O novo movimento quer uma afirmação nacional sem tocar nos fundamentos de um projecto que só pode conduzir à dependência face a esses grandes países. A solução para este equívoco só pode ser ou uma federalização real da Europa, numa base de igualdade das partes, e de uma prática inequívoca da solidariedade apoiada num orçamento federal representando cerca de 20% do PIB comunitário, ou pela transformação da UE numa simples área de comércio livre, sem políticas comuns, a não ser para aqueles países que o desejem. No primeiro caso acabam-se as tendências hegemónicas dos grandes, pela criação de uma verdadeira democracia política e económica à escala europeia. No segundo caso cada estado recupera a sua soberania sem sacrificar as vantagens da criação de um grande mercado comum. Pelo perfil dos participantes, parece que este novo movimento se devia aproximar desta última solução. Mas, dada a falta de percepção das realidades, vão acabar por se preocupar com o acidental, em vez de se preocparem com o essencial.

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