Portugueses querem ser empresários, mas não sabem como e têm medo de falhar

04-02-2005
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Empreendedorismo

Portugueses Querem Ser Empresários, mas Não Sabem como e Têm Medo de Falhar

Segunda-feira, 24 de Janeiro de 2005

Uma sondagem Eurobarómetro apurou que há mais "espírito empresarial" nos EUA que na Europa

Pedro Ribeiro

Os portugueses gostavam de ser os seus próprios patrões, mas têm receio de abrir a sua própria empresa. Entre os 25 países membros da União Europeia (UE), Portugal é onde há mais vontade de ser empresário - mas é também onde se encontram mais razões para não seguir a via empresarial.

Estes dados resultam de um estudo Eurobarómetro, realizado em 29 países (os 25 da UE, outras três nações europeias e os EUA) em Abril do ano passado. A sondagem confirma o estereótipo de que os norte-americanos têm mais "espírito empresarial" de que os europeus.

Mas, talvez surpreendentemente, entre os membros da UE é em Portugal que se encontram mais potenciais empresários; 62 dos portugueses inquiridos disseram que preferiam ser trabalhadores independentes (contra uma maioria de europeus que preferem ser trabalhadores por conta de outrem), e 78 por cento destes gostariam de ter a sua própria empresa.

No entanto, a quase dois terços dos portugueses nunca ocorreu a ideia de criar a sua própria empresa (contra 57 por cento da média UE 25 e apenas 44 por cento dos americanos). Os portugueses não são só quem mais gostaria de ser empresário na Europa - também são quem encontra mais razões para não o ser.

Entre os europeus, são os portugueses que mais têm receio de que uma empresa sua falhasse; que temem a má conjuntura económica; que mencionam as dificuldades de acesso ao crédito, a falta de informação e a burocracia.

Ou seja: os portugueses querem, mas acham que não podem ser empresários. "Ter só intenção não chega", comentou ao PÚBLICO Pedro Vilarinho, director de projectos da COTEC Portugal (Associação Empresarial para a Inovação). "Depois há a questão de colocarmos barreiras em tudo. Por exemplo, o capital de risco não financia. O problema é tanto do lado da banca de investimentos como dos potenciais empresários."

"Treinadores de bancada"

Ricardo Gonçalves Pereira, director-geral do PMElink.pt, disse ao PÚBLICO (por e-mail) que, na sua opinião, "a cultura portuguesa actual não é favorecedora da tomada de riscos": "Temos muitos 'treinadores de bancada', quem se arrisca a construir alguma coisa também se arrisca normalmente a ser fortemente criticado."

"A realidade é que ainda existem muitos entraves ao lançamento de novos projectos", continua o director da PMElink.pt. "Mais uma vez, trata-se de uma questão cultural, neste caso essencialmente visível nas entidades da Administração Pública, tanto central como local. Embora existam excepções (...) a generalidade dos organismos o que faz é colocar entraves e novas obrigações, sendo o empreendedor obrigado a gastar grande parte do seu tempo e esforço em formalismos processuais em vez de se poder dedicar ao negócio propriamente dito."

O inquérito do Eurobarómetro foi elaborado na sequência do Livro Verde da Comissão Europeia para o espírito empresarial. O objectivo é dinamizar a cultura empresarial europeia, sobretudo através do apoio às pequenas e médias empresas.

Empreendedorismo

Portugueses Querem Ser Empresários, mas Não Sabem como e Têm Medo de Falhar

Segunda-feira, 24 de Janeiro de 2005

Uma sondagem Eurobarómetro apurou que há mais "espírito empresarial" nos EUA que na Europa

Pedro Ribeiro

Os portugueses gostavam de ser os seus próprios patrões, mas têm receio de abrir a sua própria empresa. Entre os 25 países membros da União Europeia (UE), Portugal é onde há mais vontade de ser empresário - mas é também onde se encontram mais razões para não seguir a via empresarial.

Estes dados resultam de um estudo Eurobarómetro, realizado em 29 países (os 25 da UE, outras três nações europeias e os EUA) em Abril do ano passado. A sondagem confirma o estereótipo de que os norte-americanos têm mais "espírito empresarial" de que os europeus.

Mas, talvez surpreendentemente, entre os membros da UE é em Portugal que se encontram mais potenciais empresários; 62 dos portugueses inquiridos disseram que preferiam ser trabalhadores independentes (contra uma maioria de europeus que preferem ser trabalhadores por conta de outrem), e 78 por cento destes gostariam de ter a sua própria empresa.

No entanto, a quase dois terços dos portugueses nunca ocorreu a ideia de criar a sua própria empresa (contra 57 por cento da média UE 25 e apenas 44 por cento dos americanos). Os portugueses não são só quem mais gostaria de ser empresário na Europa - também são quem encontra mais razões para não o ser.

Entre os europeus, são os portugueses que mais têm receio de que uma empresa sua falhasse; que temem a má conjuntura económica; que mencionam as dificuldades de acesso ao crédito, a falta de informação e a burocracia.

Ou seja: os portugueses querem, mas acham que não podem ser empresários. "Ter só intenção não chega", comentou ao PÚBLICO Pedro Vilarinho, director de projectos da COTEC Portugal (Associação Empresarial para a Inovação). "Depois há a questão de colocarmos barreiras em tudo. Por exemplo, o capital de risco não financia. O problema é tanto do lado da banca de investimentos como dos potenciais empresários."

"Treinadores de bancada"

Ricardo Gonçalves Pereira, director-geral do PMElink.pt, disse ao PÚBLICO (por e-mail) que, na sua opinião, "a cultura portuguesa actual não é favorecedora da tomada de riscos": "Temos muitos 'treinadores de bancada', quem se arrisca a construir alguma coisa também se arrisca normalmente a ser fortemente criticado."

"A realidade é que ainda existem muitos entraves ao lançamento de novos projectos", continua o director da PMElink.pt. "Mais uma vez, trata-se de uma questão cultural, neste caso essencialmente visível nas entidades da Administração Pública, tanto central como local. Embora existam excepções (...) a generalidade dos organismos o que faz é colocar entraves e novas obrigações, sendo o empreendedor obrigado a gastar grande parte do seu tempo e esforço em formalismos processuais em vez de se poder dedicar ao negócio propriamente dito."

O inquérito do Eurobarómetro foi elaborado na sequência do Livro Verde da Comissão Europeia para o espírito empresarial. O objectivo é dinamizar a cultura empresarial europeia, sobretudo através do apoio às pequenas e médias empresas.

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