Suplemento Mil Folhas

08-10-2002
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Sábado, 5 de Outubro de 2002

Antero na IN-CM: Sonetos, poesia e filosofia

"A forma completa do lirismo puro" e "forma superior do lirismo" são duas expressões que Antero de Quental usa para qualificar o soneto no prefácio à primeira (e parcial) edição dos seus "Sonetos", em 1861. O facto é que o poeta viria, na sua maturidade, a adoptar esta forma fixa como veículo quase exclusivo da sua poesia. O leitor pode revisitá-la num volume recentemente editado pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda que reúne "toda a produção anteriana conhecida neste género poético". Intitula-se "Sonetos" e foi organizado, prefaciado e anotado por Nuno Júdice.

A mesma editora acaba de publicar também "Antero de Quental, Uma Visão Moral do Mundo", um volume que reúne seis ensaios de Leonel Ribeiro dos Santos, professor catedrático de Filosofia da Faculdade de Letras de Lisboa. Embora tenham sido escritos "para responder a diferentes solicitações", une-os um tema essencial, o das relações entre poesia e filosofia em Antero, e "deles ressalta o quanto de positivo conseguiu realizar um homem que, apesar de muito haver sofrido física, psicológica e moralmente, foi sempre impulsionado por uma incessante demanda de sentido, que se traduziu em obra poética, em obra de pensamento e em generosos projectos de revolução social e cultural".

João Lúcio: A desocultação de um poeta

Jorge de Sena chamou-lhe (depreciativamente?) "o Pascoaes de Olhão". E se, na verdade, o grande Teixeira de Pascoaes foi o primeiro a reconhecê-lo como seu par, nem por isso o poeta João Lúcio (1880-1918) é hoje menos ignorado e oculto. Do que resulta ser a publicação, pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda, das "Poesias Completas" de João Lúcio uma literal revelação. Isso mesmo sublinha António Cândido Franco, o organizador desta edição, ao notar que, exceptuando uma discreta "edição local" por ocasião da centenário do nascimento do poeta, os seus quatro livros não tinham conhecido, até agora, uma reedição. Mas mais estimulante e provocadora é a releitura que António Cândido Franco faz da poesia portuguesa dos últimos 100 anos e do lugar que nela atribui a João Lúcio, sobrepondo-o a Cesário e Pessanha e entroncando nele a "surrealidade de poetas como Mário Cesariny, António Maria Lisboa ou Herberto Helder".

Biografia e fotobiografia:Júlio Dinis e José Régio

Romancista tão popular quanto relativamente menorizado pela crítica e pela história literárias, Júlio Dinis (1839-1971) é uma velha paixão do poeta e ensaísta Liberto Cruz (n. 1935) que desde há mais de 30 anos se vem interessando pelo autor de "As Pupilas do Senhor Reitor" e de "Uma Família Inglesa". O resultado desse interesse continuado é a biografia "Júlio Dinis" que a editora Quetzal acaba de publicar. O que é de saudar, até pelo facto de a biografia não ser, propriamente, um género literário muito afortunado em português.

O mesmo não se pode dizer, em tempos recentes, do género fotobiográfico, que vem conhecendo crescente apetite editorial. Um dos últimos exemplos disso mesmo é o álbum "José Régio - Itinerário Fotobiográfico", de Isabel Cadete Novais, publicado pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda em colaboração com a Câmara Municipal de Vila do Conde. Dele diz Eugénio Lisboa: "Rigorosamente, não era preciso este Itinerário para se saber o que são (ou foram) os mundos de Régio [...] Mas destapar, como agora se faz, de modo tão explícito, o pano de fundo humano que presidiu à elaboração de 'Mas Deus É Grande', do 'Jogo da Cabra Cega' ou das 'Histórias de Mulheres' pode ainda surpreender e até, nalguns casos, assombrar os que, nestas coisas, sofrem do mal da desatenção."

Setembro:Festa de Aniversário da Livraria Fonte de Letras

Para festejar o seu segundo aniversário, a Livraria Fonte de Letras, em Montemor-o-Novo, no Alentejo, convidou todos os autores que por lá passaram ao longo destes dois anos a participarem no livro "Setembro", a publicar pela livraria, numa edição especial. "Setembro" é um álbum com contos, crónicas, ilustrações, fotografias e afectos de nomes como Alface, Ana Hatherly, António Manuel Venda, Casimiro de Brito, Catarina Oliveira, Fernando Campos, Fernando Pinto do Amaral, Filipa Melo, Francisco José Viegas, Joel Neto, José Manuel Fajardo, Luís Carmelo, Mafalda Ivo Cruz, Nuno Artur Silva, Pedro Mexia, Rui Zink, bem como Conceição Almeida, Gilles Kalisvaert, João Francisco Vilhena, José Manuel Rodrigues, José Miguel Ribeiro, Manuel João Ramos, Pedro Proença e Vasco Monteiro. A apresentação desta edição comemorativa será feita por Carlos Pinto Coelho, na presença dos autores, e terá lugar hoje no largo dos Paços do Concelho, em frente da livraria, a partir das 20h00. Um concerto de Maria João e Mário Laginha fará o encerramento da festa.

No dia 24 de Setembro, às 18h00, vai lá ser lançado o romance "Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra" do escritor moçambicano Mia Couto, com a presença do autor. O livro será apresentado pelo escritor José Eduardo Agualusa.

"As Revoluções Contemporâneas":Noel Parker em Lisboa

O historiador Noel Parker, especialista em política europeia cuja obra de referência "As Revoluções e a História" foi recentemente publicada em Portugal pela Temas e Debates, dará uma conferência, hoje, em Lisboa. A conferência, intitulada "Da Revolução à Tecnocracia e ao Eurocepticismo", está integrada no XII Curso de Verão do Instituto de História Contemporânea, este ano subordinado ao tema "As Revoluções Contemporâneas".

"Os Surfistas":Rui Zink traduzido na Alemanha

"Os Surfistas", o último romance publicado por Rui Zink (que foi publicado sob forma de boletim informativo na Internet entre 4 de Junho e 31 de Agosto de 2001: aos leitores eram dadas várias opções e, no final de cada capítulo, Rui Zink era obrigado a seguir o resultado decidido por votação) e ilustrado por Manuel João Ramos, foi traduzido em alemão sob o título "Afghanistan!", pela chancela da editora Deuticke.

Sábado, 5 de Outubro de 2002

Antero na IN-CM: Sonetos, poesia e filosofia

"A forma completa do lirismo puro" e "forma superior do lirismo" são duas expressões que Antero de Quental usa para qualificar o soneto no prefácio à primeira (e parcial) edição dos seus "Sonetos", em 1861. O facto é que o poeta viria, na sua maturidade, a adoptar esta forma fixa como veículo quase exclusivo da sua poesia. O leitor pode revisitá-la num volume recentemente editado pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda que reúne "toda a produção anteriana conhecida neste género poético". Intitula-se "Sonetos" e foi organizado, prefaciado e anotado por Nuno Júdice.

A mesma editora acaba de publicar também "Antero de Quental, Uma Visão Moral do Mundo", um volume que reúne seis ensaios de Leonel Ribeiro dos Santos, professor catedrático de Filosofia da Faculdade de Letras de Lisboa. Embora tenham sido escritos "para responder a diferentes solicitações", une-os um tema essencial, o das relações entre poesia e filosofia em Antero, e "deles ressalta o quanto de positivo conseguiu realizar um homem que, apesar de muito haver sofrido física, psicológica e moralmente, foi sempre impulsionado por uma incessante demanda de sentido, que se traduziu em obra poética, em obra de pensamento e em generosos projectos de revolução social e cultural".

João Lúcio: A desocultação de um poeta

Jorge de Sena chamou-lhe (depreciativamente?) "o Pascoaes de Olhão". E se, na verdade, o grande Teixeira de Pascoaes foi o primeiro a reconhecê-lo como seu par, nem por isso o poeta João Lúcio (1880-1918) é hoje menos ignorado e oculto. Do que resulta ser a publicação, pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda, das "Poesias Completas" de João Lúcio uma literal revelação. Isso mesmo sublinha António Cândido Franco, o organizador desta edição, ao notar que, exceptuando uma discreta "edição local" por ocasião da centenário do nascimento do poeta, os seus quatro livros não tinham conhecido, até agora, uma reedição. Mas mais estimulante e provocadora é a releitura que António Cândido Franco faz da poesia portuguesa dos últimos 100 anos e do lugar que nela atribui a João Lúcio, sobrepondo-o a Cesário e Pessanha e entroncando nele a "surrealidade de poetas como Mário Cesariny, António Maria Lisboa ou Herberto Helder".

Biografia e fotobiografia:Júlio Dinis e José Régio

Romancista tão popular quanto relativamente menorizado pela crítica e pela história literárias, Júlio Dinis (1839-1971) é uma velha paixão do poeta e ensaísta Liberto Cruz (n. 1935) que desde há mais de 30 anos se vem interessando pelo autor de "As Pupilas do Senhor Reitor" e de "Uma Família Inglesa". O resultado desse interesse continuado é a biografia "Júlio Dinis" que a editora Quetzal acaba de publicar. O que é de saudar, até pelo facto de a biografia não ser, propriamente, um género literário muito afortunado em português.

O mesmo não se pode dizer, em tempos recentes, do género fotobiográfico, que vem conhecendo crescente apetite editorial. Um dos últimos exemplos disso mesmo é o álbum "José Régio - Itinerário Fotobiográfico", de Isabel Cadete Novais, publicado pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda em colaboração com a Câmara Municipal de Vila do Conde. Dele diz Eugénio Lisboa: "Rigorosamente, não era preciso este Itinerário para se saber o que são (ou foram) os mundos de Régio [...] Mas destapar, como agora se faz, de modo tão explícito, o pano de fundo humano que presidiu à elaboração de 'Mas Deus É Grande', do 'Jogo da Cabra Cega' ou das 'Histórias de Mulheres' pode ainda surpreender e até, nalguns casos, assombrar os que, nestas coisas, sofrem do mal da desatenção."

Setembro:Festa de Aniversário da Livraria Fonte de Letras

Para festejar o seu segundo aniversário, a Livraria Fonte de Letras, em Montemor-o-Novo, no Alentejo, convidou todos os autores que por lá passaram ao longo destes dois anos a participarem no livro "Setembro", a publicar pela livraria, numa edição especial. "Setembro" é um álbum com contos, crónicas, ilustrações, fotografias e afectos de nomes como Alface, Ana Hatherly, António Manuel Venda, Casimiro de Brito, Catarina Oliveira, Fernando Campos, Fernando Pinto do Amaral, Filipa Melo, Francisco José Viegas, Joel Neto, José Manuel Fajardo, Luís Carmelo, Mafalda Ivo Cruz, Nuno Artur Silva, Pedro Mexia, Rui Zink, bem como Conceição Almeida, Gilles Kalisvaert, João Francisco Vilhena, José Manuel Rodrigues, José Miguel Ribeiro, Manuel João Ramos, Pedro Proença e Vasco Monteiro. A apresentação desta edição comemorativa será feita por Carlos Pinto Coelho, na presença dos autores, e terá lugar hoje no largo dos Paços do Concelho, em frente da livraria, a partir das 20h00. Um concerto de Maria João e Mário Laginha fará o encerramento da festa.

No dia 24 de Setembro, às 18h00, vai lá ser lançado o romance "Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra" do escritor moçambicano Mia Couto, com a presença do autor. O livro será apresentado pelo escritor José Eduardo Agualusa.

"As Revoluções Contemporâneas":Noel Parker em Lisboa

O historiador Noel Parker, especialista em política europeia cuja obra de referência "As Revoluções e a História" foi recentemente publicada em Portugal pela Temas e Debates, dará uma conferência, hoje, em Lisboa. A conferência, intitulada "Da Revolução à Tecnocracia e ao Eurocepticismo", está integrada no XII Curso de Verão do Instituto de História Contemporânea, este ano subordinado ao tema "As Revoluções Contemporâneas".

"Os Surfistas":Rui Zink traduzido na Alemanha

"Os Surfistas", o último romance publicado por Rui Zink (que foi publicado sob forma de boletim informativo na Internet entre 4 de Junho e 31 de Agosto de 2001: aos leitores eram dadas várias opções e, no final de cada capítulo, Rui Zink era obrigado a seguir o resultado decidido por votação) e ilustrado por Manuel João Ramos, foi traduzido em alemão sob o título "Afghanistan!", pela chancela da editora Deuticke.

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