Sócrates foi aconselhado mas recusou mostrar filhos

04-02-2005
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Sócrates Foi Aconselhado mas Recusou Mostrar Filhos

Quinta-feira, 03 de Fevereiro de 2005

Santana diminuiu a exposição pública desde que é primeiro-ministro

Esta semana, a ex-sogra de José Sócrates, pintora, inaugurou uma exposição. José Sócrates combinou aparecer numa sessão onde estariam também a sua ex-mulher e os seus dois filhos. À última hora, depois de saber que uma estação de televisão e um semanário se preparavam para cobrir o acontecimento, decidiu não ir.

Este episódio é relatado para exemplificar o quanto o secretário-geral do PS preserva a sua vida privada, nunca tendo aceite dar entrevistas em "revistas do coração" ou abrir a porta de sua casa e mostrar os quadros favoritos a estações de televisão. No fim-de-semana passado, foi aconselhado a aparecer com os dois filhos (de nove e 11 anos) no encerramento do Fórum Novas Fronteiras, mas recusou. Nunca foi fotografado com os filhos e não aceitou a sugestão, aventada no interior do Partido Socialista, para que as crianças aparecessem nos tempos de antena.

Mesmo durante o tempo em que foi casado e já ocupava funções governamentais, não se lhe conhecem fotografias ou reportagens com a família. A vários acontecimentos públicos "a Sofia [Fava, ex-mulher de Sócrates] não ia com ele. Foi sempre uma decisão dos dois", diz uma amiga de José Sócrates.

Pedro Silva Pereira, porta-voz do PS, considera que o facto de o candidato não ser casado "já não é determinante" para uma campanha eleitoral, admitindo que "tenha mais importância em eleições presidenciais porque, embora a função de primeira dama não tenha existência institucional, existe de facto". "Ele, no passado, antes da separação, participou em acções políticas relevantes e nunca utilizou a imagem de pai de família com a esposa pelo braço", diz Silva Pereira.

Sobre os boatos que circulam pelo país, os socialistas consideram que foram condenados e desmentidos na entrevista que José Sócrates deu à RTP. E consideram que não devem ser feitos mais esclarecimentos. "A campanha tem como objectivo denegrir os homossexuais", defendem.

Santana Lopes, primeiro-ministro, divorciado, que nunca se coibiu de expor as suas variadas relações sentimentais nas "revistas do coração", diminuiu a exposição pública nesta área nos últimos tempos, ainda antes de se tornar primeiro-ministro. Aos acontecimentos públicos em que fazia falta "uma mulher", o primeiro-ministro fazia-se acompanhar da sua chefe de gabinete, Ana Costa Almeida. A questão de Santana Lopes ser divorciado nunca foi um problema: "Nas visitas oficiais, os primeiros-ministros estrangeiros, como sabiam que ele é divorciado, nunca traziam as mulheres", afirma Inês Dentinho, assessora de Santana Lopes. O único momento em que o facto de não fazer parte de uma família tradicional ameaçou constituir um problema foi quando Santana Lopes ambicionou candidatar-se à Presidência da República. Nessa altura, admitiu que, se fosse eleito Presidente e durante a campanha eleitoral, poderia fazer-se acompanhar pela filha.

Luís Bernardo, que durante anos foi assessor de imprensa do primeiro-ministro António Guterres, admite que "existe a noção de que a mulher de um candidato pode ajudar no sentido de humanizar a personalidade política", mas que é uma ideia "copiada dos Estados Unidos da América", em que se esquecem as diferenças existentes na Europa. "Ceder ao facilitismo de utilizar os filhos e a mulher na campanha eleitoral parece mediaticamente positivo e humanista, mas é um terreno que facilmente foge ao controlo", diz.

João Tocha, especialista em marketing político responsável pela recente campanha eleitoral do PS-Açores, onde Luísa César era uma figura de cartaz quase ao mesmo nível do candidato Carlos César, defende que pode ser positivo se um candidato tiver mulher "para participar em alguns eventos que têm componentes sociais", mas considera que "os tempos evoluíram, há novos valores e que a família tradicional deixou de ser determinante". "O que é preciso é não criar uma imagem que não corresponda à verdade", afirma. A.S.L.

Sócrates Foi Aconselhado mas Recusou Mostrar Filhos

Quinta-feira, 03 de Fevereiro de 2005

Santana diminuiu a exposição pública desde que é primeiro-ministro

Esta semana, a ex-sogra de José Sócrates, pintora, inaugurou uma exposição. José Sócrates combinou aparecer numa sessão onde estariam também a sua ex-mulher e os seus dois filhos. À última hora, depois de saber que uma estação de televisão e um semanário se preparavam para cobrir o acontecimento, decidiu não ir.

Este episódio é relatado para exemplificar o quanto o secretário-geral do PS preserva a sua vida privada, nunca tendo aceite dar entrevistas em "revistas do coração" ou abrir a porta de sua casa e mostrar os quadros favoritos a estações de televisão. No fim-de-semana passado, foi aconselhado a aparecer com os dois filhos (de nove e 11 anos) no encerramento do Fórum Novas Fronteiras, mas recusou. Nunca foi fotografado com os filhos e não aceitou a sugestão, aventada no interior do Partido Socialista, para que as crianças aparecessem nos tempos de antena.

Mesmo durante o tempo em que foi casado e já ocupava funções governamentais, não se lhe conhecem fotografias ou reportagens com a família. A vários acontecimentos públicos "a Sofia [Fava, ex-mulher de Sócrates] não ia com ele. Foi sempre uma decisão dos dois", diz uma amiga de José Sócrates.

Pedro Silva Pereira, porta-voz do PS, considera que o facto de o candidato não ser casado "já não é determinante" para uma campanha eleitoral, admitindo que "tenha mais importância em eleições presidenciais porque, embora a função de primeira dama não tenha existência institucional, existe de facto". "Ele, no passado, antes da separação, participou em acções políticas relevantes e nunca utilizou a imagem de pai de família com a esposa pelo braço", diz Silva Pereira.

Sobre os boatos que circulam pelo país, os socialistas consideram que foram condenados e desmentidos na entrevista que José Sócrates deu à RTP. E consideram que não devem ser feitos mais esclarecimentos. "A campanha tem como objectivo denegrir os homossexuais", defendem.

Santana Lopes, primeiro-ministro, divorciado, que nunca se coibiu de expor as suas variadas relações sentimentais nas "revistas do coração", diminuiu a exposição pública nesta área nos últimos tempos, ainda antes de se tornar primeiro-ministro. Aos acontecimentos públicos em que fazia falta "uma mulher", o primeiro-ministro fazia-se acompanhar da sua chefe de gabinete, Ana Costa Almeida. A questão de Santana Lopes ser divorciado nunca foi um problema: "Nas visitas oficiais, os primeiros-ministros estrangeiros, como sabiam que ele é divorciado, nunca traziam as mulheres", afirma Inês Dentinho, assessora de Santana Lopes. O único momento em que o facto de não fazer parte de uma família tradicional ameaçou constituir um problema foi quando Santana Lopes ambicionou candidatar-se à Presidência da República. Nessa altura, admitiu que, se fosse eleito Presidente e durante a campanha eleitoral, poderia fazer-se acompanhar pela filha.

Luís Bernardo, que durante anos foi assessor de imprensa do primeiro-ministro António Guterres, admite que "existe a noção de que a mulher de um candidato pode ajudar no sentido de humanizar a personalidade política", mas que é uma ideia "copiada dos Estados Unidos da América", em que se esquecem as diferenças existentes na Europa. "Ceder ao facilitismo de utilizar os filhos e a mulher na campanha eleitoral parece mediaticamente positivo e humanista, mas é um terreno que facilmente foge ao controlo", diz.

João Tocha, especialista em marketing político responsável pela recente campanha eleitoral do PS-Açores, onde Luísa César era uma figura de cartaz quase ao mesmo nível do candidato Carlos César, defende que pode ser positivo se um candidato tiver mulher "para participar em alguns eventos que têm componentes sociais", mas considera que "os tempos evoluíram, há novos valores e que a família tradicional deixou de ser determinante". "O que é preciso é não criar uma imagem que não corresponda à verdade", afirma. A.S.L.

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