Soluções do PS e do PSD não se excluem

12-01-2005
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Soluções do PS e do PSD Não Se Excluem

Por ANA FERNANDES

Terça-feira, 21 de Dezembro de 2004 A queima de resíduos industriais perigosos nas cimenteiras, defendida por José Sócrates, não exclui, necessariamente, o tratamento previsto nos centros integrados de recuperação, valorização e eliminação de resíduos perigosos (CIRVER), a solução proposta pelo PSD. Tanto a reciclagem como o tratamento físico-químico e biológico e a deposição em aterro não dão solução para todos os lixos, sobrando uma fatia de cerca de dez por cento que teria de ser enviada para queima no estrangeiro. "Há uns milhares de toneladas que não tem sentido colocar em aterro e que devem ser tratados ou valorizados por incineração ou co-incineração", diz Francisco Ferreira, da Quercus. "Os CIRVER contemplam esta componente através da exportação", acrescenta. Os ambientalistas não excluem a queima destes resíduos nas cimenteiras em Portugal, desde que seja co-incinerado apenas o que não pode ser tratado de outra forma. "Nós nunca dissemos que a co-incineração era destinada para todos os resíduos industriais, sempre esteve definida só para uma parte", disse, por seu lado, Pedro Silva Pereira, porta-voz do PS. No entanto, para a Quercus, das palavras de Sócrates depreende-se que a co-incineração seria a solução principal e não complementar aos CIRVER e à regeneração de óleos e solventes, um cenário que rejeitam. Há, porém, um problema: os resíduos que têm elevadas concentrações de cloro ou mercúrio não podem ser queimados em cimenteiras por causa das emissões que geram, devendo ser canalizados para um incinerador dedicado. Um problema que, no âmbito da solução da co-incineração, era resolvido através da exportação. Actualmente, não se sabe, porém, quais as quantidades que estão em causa, pois tudo depende das soluções que forem apresentadas pelos consórcios que estão a concorrer ao concurso público para a construção e exploração dos CIRVER. No passado dia 22 de Novembro foram apresentadas as propostas destes consórcios, que totalizam oito, para os centros integrados a instalar na Chamusca e Marco de Canavezes. Apesar de não haver uma decisão tomada, o facto de já terem sido entregues os projectos pode abrir a porta a pedidos de indemnização caso o futuro Governo decida anular este concurso. Uma hipótese que o actual ministro do Ambiente, Nobre Guedes, critica: "Sócrates está a colocar-se contra toda a gente no ambiente já que os CIRVER são uma solução unanimente aceite, estão em fase final e constituem uma alternativa à co-incineração". Também Rui Berkemeier, da Quercus, considera urgente que se avencem com estes centros. Até porque só com uma solução no terreno é que se sabe o que sobra para tratamento térmico. Pedro Silva Pereira não quis adiantar se o PS, caso ganhe as eleições, porá em causa todo o processo dos CIRVER. Mas criticou que tanto o actual Governo como a Quercus digam que o assunto está em fase adiantada, já que "não tem estudo de impacto ambiental, não tem licenciamento, não tem obras feitas." O PÚBLICO tentou contactar as cimenteiras mas não foi possível obter comentários ao anúncio feito por Sócrates de retomar a co-incineração. Carlos Abreu, da Secil, recusou-se também a pronunciar-se sobre o interesse que as cimenteiras possam ter em resíduos que não incluem óleos e solventes. Estes dois materiais estão a ser tratados de forma autónoma, existindo já uma unidade instalada para regenerar os solventes e estando-se a constituir uma entidade gestora para os óleos usados. Acontece que estes resíduos são os que têm o maior poder calorífico, pelo que seriam os que mais interessavam às cimenteiras como alternativa ao combustível que habitualmente utilizam. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Co-incineração essencial para a imagem de José Sócrates

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Por ANA FERNANDES

Terça-feira, 21 de Dezembro de 2004 A queima de resíduos industriais perigosos nas cimenteiras, defendida por José Sócrates, não exclui, necessariamente, o tratamento previsto nos centros integrados de recuperação, valorização e eliminação de resíduos perigosos (CIRVER), a solução proposta pelo PSD. Tanto a reciclagem como o tratamento físico-químico e biológico e a deposição em aterro não dão solução para todos os lixos, sobrando uma fatia de cerca de dez por cento que teria de ser enviada para queima no estrangeiro. "Há uns milhares de toneladas que não tem sentido colocar em aterro e que devem ser tratados ou valorizados por incineração ou co-incineração", diz Francisco Ferreira, da Quercus. "Os CIRVER contemplam esta componente através da exportação", acrescenta. Os ambientalistas não excluem a queima destes resíduos nas cimenteiras em Portugal, desde que seja co-incinerado apenas o que não pode ser tratado de outra forma. "Nós nunca dissemos que a co-incineração era destinada para todos os resíduos industriais, sempre esteve definida só para uma parte", disse, por seu lado, Pedro Silva Pereira, porta-voz do PS. No entanto, para a Quercus, das palavras de Sócrates depreende-se que a co-incineração seria a solução principal e não complementar aos CIRVER e à regeneração de óleos e solventes, um cenário que rejeitam. Há, porém, um problema: os resíduos que têm elevadas concentrações de cloro ou mercúrio não podem ser queimados em cimenteiras por causa das emissões que geram, devendo ser canalizados para um incinerador dedicado. Um problema que, no âmbito da solução da co-incineração, era resolvido através da exportação. Actualmente, não se sabe, porém, quais as quantidades que estão em causa, pois tudo depende das soluções que forem apresentadas pelos consórcios que estão a concorrer ao concurso público para a construção e exploração dos CIRVER. No passado dia 22 de Novembro foram apresentadas as propostas destes consórcios, que totalizam oito, para os centros integrados a instalar na Chamusca e Marco de Canavezes. Apesar de não haver uma decisão tomada, o facto de já terem sido entregues os projectos pode abrir a porta a pedidos de indemnização caso o futuro Governo decida anular este concurso. Uma hipótese que o actual ministro do Ambiente, Nobre Guedes, critica: "Sócrates está a colocar-se contra toda a gente no ambiente já que os CIRVER são uma solução unanimente aceite, estão em fase final e constituem uma alternativa à co-incineração". Também Rui Berkemeier, da Quercus, considera urgente que se avencem com estes centros. Até porque só com uma solução no terreno é que se sabe o que sobra para tratamento térmico. Pedro Silva Pereira não quis adiantar se o PS, caso ganhe as eleições, porá em causa todo o processo dos CIRVER. Mas criticou que tanto o actual Governo como a Quercus digam que o assunto está em fase adiantada, já que "não tem estudo de impacto ambiental, não tem licenciamento, não tem obras feitas." O PÚBLICO tentou contactar as cimenteiras mas não foi possível obter comentários ao anúncio feito por Sócrates de retomar a co-incineração. Carlos Abreu, da Secil, recusou-se também a pronunciar-se sobre o interesse que as cimenteiras possam ter em resíduos que não incluem óleos e solventes. Estes dois materiais estão a ser tratados de forma autónoma, existindo já uma unidade instalada para regenerar os solventes e estando-se a constituir uma entidade gestora para os óleos usados. Acontece que estes resíduos são os que têm o maior poder calorífico, pelo que seriam os que mais interessavam às cimenteiras como alternativa ao combustível que habitualmente utilizam. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Co-incineração essencial para a imagem de José Sócrates

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