PS tenciona apresentar orçamento rectificativo se ganhar eleições

11-12-2004
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PS Tenciona Apresentar Orçamento Rectificativo Se Ganhar Eleições

Por JOÃO PEDRO HENRIQUES

Segunda-feira, 06 de Dezembro de 2004

Se ganhar as próximas eleições legislativas, o PS tenciona apresentar um orçamento rectificativo ao que hoje será aprovado no Parlamento. "É a consequência natural de votarmos contra este orçamento", disse ontem ao PÚBLICO o porta-voz do partido, Pedro Silva Pereira.

Para já, a única garantia quanto ao conteúdo do documento a apresentar pelo PS é que impedirá o fim as auto-estrada Scut (sem custos para o utilizador), fim esse preconizado pelo actual Governo.

As Scut foram criadas logo no primeiro Governo de António Guterres, sendo João Cravinho (então ministro das Obras Públicas) o seu principal arquitecto. Trata-se de um sistema aplicado em sete auto-estradas do país. As portagens são grátis mas o dinheiro acaba por chegar aos concessionários através de contratos estabelecidos com o Estado.

E o IRS, volta a aumentar?

Ao acabar com as Scut o Governo de Santana Lopes pretendia libertar-se desse encargo. Contudo, os estudos de impacto económico encomendados pelo ministro António Mexia estão longe de estar concluídos.

No debate do Orçamento do Estado, o PS insurgiu-se, pela voz do próprio José Sócrates, contra a baixa do IRS anunciada pelo Governo. Tal anúncio torna agora legítimo que se pergunte se o PS tenciona, ou não, aumentar o imposto caso consiga conquistar o poder. Mas a pergunta é eleitoralmente desconfortável e, portanto, por agora, os socialistas decidiram não responder: "Não é o momento para discutir outro orçamento que não seja o actual", responde Pedro Silva Pereira.

A mesma dúvida coloca-se em relação a outra proposta constante no Orçamento que hoje se vota: a eliminação dos benefícios fiscais para os planos-poupança, algo que o PS vê, nas palavras de José Sócrates, como um "ataque à classe média".

Também aqui a resposta é, para já, não dar resposta nenhuma - embora neste caso não se aplique nenhum receio eleitoral, porque o que PS defende é a reposição dos tais benefícios fiscais. Acontece que a proposta do Governo implica mais receita para os cofres do Fisco e todas as receitas fazem neste momento toda a falta, quanto mais não seja para permitir que os números do défice público se mantenham dentro das exigências do Pacto de Estabilidade e Crescimento, ou seja, abaixo de três por cento do Produto Interno Bruto.

Repôr os beneficíos - e prometê-lo na campanha - dará lucros eleitorais. E tem uma outra vantagem: é bem vista pela banca, que vende os seus planos de poupança tendo como principal atractivo os benefícios oferecidos aos clientes em sede de IRS. Mas implicará, a ser prometida a promessa, um rombo importante no capítulo das receitas do Orçamento, o qual não se vê como possa ser compensado no capítulo das despesas. "Em face da situação veremos", adianta apenas Pedro Silva Pereira.

PS Tenciona Apresentar Orçamento Rectificativo Se Ganhar Eleições

Por JOÃO PEDRO HENRIQUES

Segunda-feira, 06 de Dezembro de 2004

Se ganhar as próximas eleições legislativas, o PS tenciona apresentar um orçamento rectificativo ao que hoje será aprovado no Parlamento. "É a consequência natural de votarmos contra este orçamento", disse ontem ao PÚBLICO o porta-voz do partido, Pedro Silva Pereira.

Para já, a única garantia quanto ao conteúdo do documento a apresentar pelo PS é que impedirá o fim as auto-estrada Scut (sem custos para o utilizador), fim esse preconizado pelo actual Governo.

As Scut foram criadas logo no primeiro Governo de António Guterres, sendo João Cravinho (então ministro das Obras Públicas) o seu principal arquitecto. Trata-se de um sistema aplicado em sete auto-estradas do país. As portagens são grátis mas o dinheiro acaba por chegar aos concessionários através de contratos estabelecidos com o Estado.

E o IRS, volta a aumentar?

Ao acabar com as Scut o Governo de Santana Lopes pretendia libertar-se desse encargo. Contudo, os estudos de impacto económico encomendados pelo ministro António Mexia estão longe de estar concluídos.

No debate do Orçamento do Estado, o PS insurgiu-se, pela voz do próprio José Sócrates, contra a baixa do IRS anunciada pelo Governo. Tal anúncio torna agora legítimo que se pergunte se o PS tenciona, ou não, aumentar o imposto caso consiga conquistar o poder. Mas a pergunta é eleitoralmente desconfortável e, portanto, por agora, os socialistas decidiram não responder: "Não é o momento para discutir outro orçamento que não seja o actual", responde Pedro Silva Pereira.

A mesma dúvida coloca-se em relação a outra proposta constante no Orçamento que hoje se vota: a eliminação dos benefícios fiscais para os planos-poupança, algo que o PS vê, nas palavras de José Sócrates, como um "ataque à classe média".

Também aqui a resposta é, para já, não dar resposta nenhuma - embora neste caso não se aplique nenhum receio eleitoral, porque o que PS defende é a reposição dos tais benefícios fiscais. Acontece que a proposta do Governo implica mais receita para os cofres do Fisco e todas as receitas fazem neste momento toda a falta, quanto mais não seja para permitir que os números do défice público se mantenham dentro das exigências do Pacto de Estabilidade e Crescimento, ou seja, abaixo de três por cento do Produto Interno Bruto.

Repôr os beneficíos - e prometê-lo na campanha - dará lucros eleitorais. E tem uma outra vantagem: é bem vista pela banca, que vende os seus planos de poupança tendo como principal atractivo os benefícios oferecidos aos clientes em sede de IRS. Mas implicará, a ser prometida a promessa, um rombo importante no capítulo das receitas do Orçamento, o qual não se vê como possa ser compensado no capítulo das despesas. "Em face da situação veremos", adianta apenas Pedro Silva Pereira.

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