Sopa de Nabos: maio 2004 Archives

11-10-2004
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ESTE GOVERNO

"Antes de ser criada a Justiça, o mundo era injusto."

Celeste Cardona "A Segurança Social assegura o direito à enfermidade colectiva."

Bagão Félix

"O objectivo de uma Sociedade Anónima é ter muitas fabricas desconhecidas."

Tavares Moreira "Os estuários e os deltas foram os primitivos habitantes da Mesopotâmia."

Isaltino de Morais "Na Grécia, a democracia funcionava muito bem porque os que não estavam de acordo envenenavam-se."

Paulo Portas

"As múmias tinham um profundo conhecimento de anatomia."

Luís Filipe Pereira "A diferença entre o Romantismo e o Realismo é que os românticos escrevem romances e os realistas nos mostram como está a situação do país."

Pedro Roseta

"A arquitectura gótica notabilizou-se por fazer edifícios verticais."

José António Saraiva

"A febre amarela foi trazida da China por Marco Polo."

Durão Barroso "A harpa é uma asa que toca."

Marques Mendes "O problema fundamental do terceiro mundo é a superabundância de necessidades."

João de Deus Pinheiro "Péricles foi o principal ditador da democracia Grega."

Telmo Correia

"Os Egípcios antigos desenvolveram a arte funerária para que os mortos pudessem viver melhor."

Pedro Santana Lopes "O Sol dá-nos luz, calor e turistas."

José Manuel Fernandes

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 03:58 PM

BLOCO DE ESQUERDA

Começa hoje a campanha eleitoral para o Parlamento europeu.

O blogue SOPA DE NABOS, coerentemente com as posições que tem assumido, está com o BLOCO DE ESQUERDA.

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 11:12 AM

POEMA DO DIA

ANTIMEMÓRIA COM FUNCHAL

ao Manuel Freire

havia asas pelo corpo sobre os mapas do mar

e a coberto da ilha e da espada cravada

no mais distante rochedo de qualquer praia

de súbito matou a sua primeira gaivota

a guerra aproximava-se do fim era junho

e nunca mais colaria à casa submersa

persianas corridas rendas de latas verdes

que o homem da música lhe traria numa caixa

morria-se de dentes podres deslizando montes

alguns silêncios se descobriam pelas mãos

e os olhos adoeciam noutra costa distante

de barcos e de redes de rostos encardidos

sem saudade nem reconhecimento do luto

moviam-se as raízes sobre as águas lodas

suposto país que se formara no profundo

e aí reinava o inventado el-dom sebastião

JOSÉ VIALE MOUTINHO (1945)

(in "As Portas Entreabertas», prefácio de João Rui de Sousa, 1991) *

José Viale Moutinho, escritor e jornalista, com vasta obra publicada nos mais diversos géneros literários, nasceu no Funchal,em 1945. Antigo «grande repórter» no Porto, na redacção do «Diário de Notícias» de Lisboa, deixou a profissão para dedicar-se à literatura em exclusividade, tendo conquistado diversos e prestigiados prémios dentro e fora de Portugal.

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 10:31 AM

BENFICA !

OITO ANOS DEPOIS, O BENFICA CONQUISTA UMA TAÇA!

DEPOIS DE TANTA SECURA E DE TANTOS JOGOS TÃO MAL JOGADOS,

REAPARECE UM SLB QUE, OXALÁ, POSSA DIGNIFICAR O FUTEBOL PORTUGUÊS,

COMO O FC DO PORTO O TEM FEITO, POR ESSA EUROPA FORA! A TODOS OS BENFIQUISTAS, UMA SAUDAÇÃO E UM ABRAÇO DE SOFRIMENTO,

PELA MORTE DE FÉHER E DE BRUNO PAIXÃO. Comentários: (1) Posted by sopadenabos1 at 03:33 PM

POEMA DO DIA

POEMA DA VIAGEM AINDA POR FAZER

Devia ir por aí, na frente do sol,

levar-te uma mensagem, um rebuçado

de funcho, um livro com poemas de viajantes,

de marinheiros ou de eremitas urbanos,

contando o silêncio das pedras das ruas,

dos tempos esquecidos das cidades de bruma,

construídas bem juntinho à espuma cansada

do mar, ao calhau preto do vulcão adormecido.

Precisaria de coragem para ir, agarrado

à madeira rija dos barcos antigos, nas mãos

do vento agreste, orientado pelas estrelas

saltitantes dos navegadores de outrora,

obrigatoriamente proibido de olhar para trás,

para o lugar onde construiram as pontes,

abriram estradas, montaram as paredes

das casas rumorejantes, onde as noites

se acolhem, nos abraços dos amantes.

Mas não tenho. Não posso partir. Ainda.

A terra prende-me aos seus sulcos, ao cheiro

das ervas, ao canto dos ribeiros, às sombras

das encostas, ao apelo das montanhas,

aos desenhos coloridos da infância, aos luares

que me bateram à janela, ao roçar dos galhos

das anoneiras nas vidraças. E então sento-me

no muro com vista para as falésias distantes,

com as bandeiras da tarde crepuscular

a decorar o azul das escarpas e da babugem,

a me prender para sempre a pele ao esqueleto

da ilha, no cume exacto onde se encontram

as aves que me conhecem desde os primeiros

olhares que lhes dei, sobre a penedia, lendo

a poesia dos canaviais, com a sua música

verdejante. E adormeço, de novo, calmamente,

por aqui, onde o mundo olvidou a necessidade

prosaica de um dia me procurar, em busca de novas.

José António Gonçalves (inédito. 16.5.04)

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 06:35 PM

"ARBEIT MACHT FREI"

A Exposição de Nuno Nunes-Ferreira, na Galeria Jorge Shirley, no Largo Hintze Ribeiro (à Rua de S. Bento), tranporta-nos para um universo de cinza(s), como se entrássemos num espelho ao contrário de Alice: um espelho para a secura, para a cremação. Nestas obras,onde a beleza tem a leveza do tempo parado,a floresta deixa ver as árvores, aqui e ali povoadas por signos e presenças,como se a memória nunca se extinguisse e estivesse sempre indelevelmente presente. Estamos perante uma narrativa que vive de uma grande metáfora: podemos, facilmente, substituir o "campo" pela floresta ou as árvores pelos "cremados" no Holocausto. E, neste "campo", onde "o trabalho liberta",vivem as imagens do pós-incêndio. Esta é uma pintura de grandes silêncios. Como se o Universo se calasse para podermos entrar no interminável poço da memória. Porque também é de um manifesto que se trata: "Esquecer? Nunca mais!" Até 19 de Junho, há um espaço para este encontro com a memória. Vale a pena entrar na floresta.Ou neste labiríntico campo onde os pontos de fuga vivem das alturas. Como as nuvens. Ou os lugares do fumo. Ou dos olhos. Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 03:38 PM

VIALE MOUTINHO

5 POEMAS DE

«O AMOROSO»

sentas-te

no meu colo

recebes

silenciosa a arte

dentro de ti

a palavra

cresce

*

entre os lábios

a frase

articula-se

prepara-se

para falar

da ascensão

*

na palma da mão

a ponta de um seio

achado no calor

da nudez

abandonado

*

na tua boca

fica

o fundo

da minha vida

uma

e outra vez

*

beijando-lhe

a nuca

com as unhas

desenha

o mais profundo sonho

(in «O Amoroso», Editora Ausência, 2004)

JOSÉ VIALE MOUTINHO (1945)

*

José Viale Moutinho nasceu no Funchal, em 1945. É jornalista desde 1966. Actualmente vive da sua condição de escritor, em exclusividade, tendo já publicados mais de cinco dezenas de títulos. Com Cenas da vida de um Minotauro (2002) obteve o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco, da Associação Portuguesa de Escritores, e o Prémio Literário Orlando Gonçalves. Com No Pasarán! (2ª ed., 1998), sobre a Guerra Civil de Espanha, foi-lhe atribuído o Prémio Norberto Lopes, da Casa da Imprensa de Lisboa. Entre outras prestigiadas publicações em que participou, incluindo antologias (que também organizou, como recentemente "Saudades da Ilha - Evocações Poéticas da Ilha da Madeira", Asa, 2002), destacam-se as colectâneas dirigidas por José António Gonçalves, "Ilha 3" (CMF, 1991) e "Ilha 4" (CMF, 1994) e o opúsculo "Poemas Tristes", na Colecção "Livros de Cordel", (CMF, nº. 8, 2001). Grande parte das suas obras está publicada em castelhano, alemão, italiano, russo, búlgaro, asturiano, galego, catalão e húngaro. É autor de livros para crianças: Fernando Pessoa (2ª ed., 2000), O Cavaleiro de Tortalata (2001) e 365 Tradições Populares Portuguesas (Asa, 2002). Na ASA publicou o livro de poemas E Se a Manhã Fosse Outra? (2002), No País das Lágrimas e outros Contos (2003). Note-se que em 2003 venceu também o prémio "Edmundo de Bettencourt", atribuído pela Câmara Municipal do Funchal ao seu livro de contos "Já os Galos Pretos Cantam", já editado sob a chancela da "Caminho", repetindo em 2004 a repetir a proeza, desta feita com um volume de poemas. Entretanto, na «Ausência», acaba de lançar a obra «O Amoroso» (2004).

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 03:54 PM

MALDELSTAM, UM POETA PRESO

Se for preso pelos nossos inimigos,

Se as pessoas não falarem comigo,

Se de tudo e de todos for privado:

Do direito a respirar e abrir as portas,

Do direito a afirmar que haverá vida

E que, como juiz o povo julga -

Se me tratarem como a um animal,

Se me atirarem a comer prò chão -,

A dor não amordaço, não me calo,

Mas o que for de desenhar, desenho,

E ao abalar o sino nu dos muros,

Ao despertar o canto escuro inimigo,

Vou atrelar dez bois à minha voz

E no escuro o arado enterro e guio -

E nas profundezas da noite, noite alerta,

Olhos se acendem para a terra fértil,

E pois na hoste de fraternos olhos apertado,

Co peso de toda a colheita eu cairei,

De impetuoso juramento é a seara -

E romperá de anos ardentes uma alcateia,

Como tempestade madura vai Lenine

Murmurar. Não haverá putrefacção na terra,

Assassinará razão e vida o Estaline.

Fevereiro-Março de 1937

OSSIP MANDELSTAM (1891-1938) (Bruce Chatwin refere Ossip Mandelstam no seu "Que Faço Eu Aqui" (Ed.Quetzal), falando desses que caminhavam para os campos de morte stalinistas e que eram transportados em "vagões de gado".

Foram milhões. Ossip Mandelstam entre eles.

Este poema foi escrito um ano antes da morte, aos 47 anos. Com a mesma idade de Fernando Pessoa e,apenas, três anos depois da morte do autor da "Mensagem".

Nasceu em 15 de Dezembro de 1891 e morreu num campo siberiano, em 27 de Dezembro de 1938.

Mais um sagitário que conheceu o frio e que morreu no tempo do frio mais frio.

Preso,a mando de Staline, em 16 de Maio de 1934.

Há 70 anos.)

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 01:38 PM

AINDA, A TORTURA

A vergonha continua. Envergonha-nos a todos, seres humanos cansados com a violência gratuita. As mesmas prisões onde os carrascos de Saddam Hussein torturavam e matavam, apenas mudaram de mãos e de gente. A mesma escumalha: os carrascos. Agora, americanos ou ingleses. Mudaram as vítimas. A democracia exportada à bomba dá mais este desenrolar de crimes infames. Onde estão os "catitinhas das guerras", na expressão de Mário de Carvalho, vestidos como os vendedores de automóveis e, alguns, directores de jornais? E os cronistas delgados? E os comentadores desempregados? E os putos do Forte de São Julião da Barra? E os lambe-botas? E os acríticos? E os inimigos da Liberdade e da Democracia, cometendo os maiores crimes em seu nome? Onde estão os democratas que não têm coragem de reconhecer que se enganaram? Onde estão os defensores dos Direitos Fundamentais dos Cidadãos? E quem se lembra dos presos de Guantánamo, sem quaisquer direitos, nem sequer o direito a um advogado? Como é possível haver, ainda, gente a defender o indefensável, em nome da pilhagem, da tortura e da morte?

Comentários: (1) Posted by sopadenabos1 at 10:43 PM

CHU HSI

SOL DE PRIMAVERA

Deixo a brisa de leste banhar-me a face

A primavera resplandece de norte a sul

Com dez mil tons de vermelho

e dez mil tons de azul

CHU HSI

(Séc. IX)

(in «Rosa do Mundo - 2001 Poemas para o Futuro",

tradução de Jorge Sousa Braga)

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 03:13 PM

DIREITOS DO HOMEM

Já escrevemos sobre as torturas no Iraque. E temo-lo, lancinante ainda, em muitos países do mundo. Como a pena de morte nos EUA, na China, em Cuba e em muitos países do planeta. E a repressão. A perda dos Direitos Fundamentais. E os presos políticos ou de consciência. E a ocupação da casa livre dos homens, seja na Palestina ou no Afeganistão.

E vamos visitá-los. E sofremos com eles.

Hoje, com cinza por todo o lado, vamos a CUBA e vamos pensar nos presos de consciência. Para não estarmos sós.

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 02:18 PM

PICASSO

"Muchacho con Pipa" ( "Rapaz com Cachimbo") transforma-se no quadro mais caro da história: 85,6 milhões de euros, batendo o recorde de Van Gogh. Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 04:26 AM

FCP

Duas fotos para motivar a leitura dos "posts" anteriores.

A Sopa de Nabos está quentinha, com a modinha bem no fundo. Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 10:16 AM

CORUNHA

Há fotografias que marcam um tempo

que ultrapassam o banal quotidiano Esta não me deixa dormir, mesmo aqui,

num hotel galego de terceira, a cem metros do mar E houve futebol e festa, palavras no diminutivo

carregadas de afectos e morrinha, essa chuva que corre a longuíssima marginal e chega do Sul

como quem quer cruzar as cores para fazer um barco Firmino Mendes

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 03:09 AM

STOPTORTURE.ORG

Como não chorar, quando há milhares de seres humanos vítimas de torturas? Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 12:28 PM

PARA NÃO ESQUECER

Ontem, ali, contra o "social-fascismo"! Hoje, aqui, contra Portugal e o seu povo, ao lado dos falcões que promovem a guerra e o saque, que ocupam, matam e torturam, à custa de mentiras e sem vergonha na cara.

Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 11:50 AM

ESTE GOVERNO

"Antes de ser criada a Justiça, o mundo era injusto."

Celeste Cardona "A Segurança Social assegura o direito à enfermidade colectiva."

Bagão Félix

"O objectivo de uma Sociedade Anónima é ter muitas fabricas desconhecidas."

Tavares Moreira "Os estuários e os deltas foram os primitivos habitantes da Mesopotâmia."

Isaltino de Morais "Na Grécia, a democracia funcionava muito bem porque os que não estavam de acordo envenenavam-se."

Paulo Portas

"As múmias tinham um profundo conhecimento de anatomia."

Luís Filipe Pereira "A diferença entre o Romantismo e o Realismo é que os românticos escrevem romances e os realistas nos mostram como está a situação do país."

Pedro Roseta

"A arquitectura gótica notabilizou-se por fazer edifícios verticais."

José António Saraiva

"A febre amarela foi trazida da China por Marco Polo."

Durão Barroso "A harpa é uma asa que toca."

Marques Mendes "O problema fundamental do terceiro mundo é a superabundância de necessidades."

João de Deus Pinheiro "Péricles foi o principal ditador da democracia Grega."

Telmo Correia

"Os Egípcios antigos desenvolveram a arte funerária para que os mortos pudessem viver melhor."

Pedro Santana Lopes "O Sol dá-nos luz, calor e turistas."

José Manuel Fernandes

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BLOCO DE ESQUERDA

Começa hoje a campanha eleitoral para o Parlamento europeu.

O blogue SOPA DE NABOS, coerentemente com as posições que tem assumido, está com o BLOCO DE ESQUERDA.

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POEMA DO DIA

ANTIMEMÓRIA COM FUNCHAL

ao Manuel Freire

havia asas pelo corpo sobre os mapas do mar

e a coberto da ilha e da espada cravada

no mais distante rochedo de qualquer praia

de súbito matou a sua primeira gaivota

a guerra aproximava-se do fim era junho

e nunca mais colaria à casa submersa

persianas corridas rendas de latas verdes

que o homem da música lhe traria numa caixa

morria-se de dentes podres deslizando montes

alguns silêncios se descobriam pelas mãos

e os olhos adoeciam noutra costa distante

de barcos e de redes de rostos encardidos

sem saudade nem reconhecimento do luto

moviam-se as raízes sobre as águas lodas

suposto país que se formara no profundo

e aí reinava o inventado el-dom sebastião

JOSÉ VIALE MOUTINHO (1945)

(in "As Portas Entreabertas», prefácio de João Rui de Sousa, 1991) *

José Viale Moutinho, escritor e jornalista, com vasta obra publicada nos mais diversos géneros literários, nasceu no Funchal,em 1945. Antigo «grande repórter» no Porto, na redacção do «Diário de Notícias» de Lisboa, deixou a profissão para dedicar-se à literatura em exclusividade, tendo conquistado diversos e prestigiados prémios dentro e fora de Portugal.

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BENFICA !

OITO ANOS DEPOIS, O BENFICA CONQUISTA UMA TAÇA!

DEPOIS DE TANTA SECURA E DE TANTOS JOGOS TÃO MAL JOGADOS,

REAPARECE UM SLB QUE, OXALÁ, POSSA DIGNIFICAR O FUTEBOL PORTUGUÊS,

COMO O FC DO PORTO O TEM FEITO, POR ESSA EUROPA FORA! A TODOS OS BENFIQUISTAS, UMA SAUDAÇÃO E UM ABRAÇO DE SOFRIMENTO,

PELA MORTE DE FÉHER E DE BRUNO PAIXÃO. Comentários: (1) Posted by sopadenabos1 at 03:33 PM

POEMA DO DIA

POEMA DA VIAGEM AINDA POR FAZER

Devia ir por aí, na frente do sol,

levar-te uma mensagem, um rebuçado

de funcho, um livro com poemas de viajantes,

de marinheiros ou de eremitas urbanos,

contando o silêncio das pedras das ruas,

dos tempos esquecidos das cidades de bruma,

construídas bem juntinho à espuma cansada

do mar, ao calhau preto do vulcão adormecido.

Precisaria de coragem para ir, agarrado

à madeira rija dos barcos antigos, nas mãos

do vento agreste, orientado pelas estrelas

saltitantes dos navegadores de outrora,

obrigatoriamente proibido de olhar para trás,

para o lugar onde construiram as pontes,

abriram estradas, montaram as paredes

das casas rumorejantes, onde as noites

se acolhem, nos abraços dos amantes.

Mas não tenho. Não posso partir. Ainda.

A terra prende-me aos seus sulcos, ao cheiro

das ervas, ao canto dos ribeiros, às sombras

das encostas, ao apelo das montanhas,

aos desenhos coloridos da infância, aos luares

que me bateram à janela, ao roçar dos galhos

das anoneiras nas vidraças. E então sento-me

no muro com vista para as falésias distantes,

com as bandeiras da tarde crepuscular

a decorar o azul das escarpas e da babugem,

a me prender para sempre a pele ao esqueleto

da ilha, no cume exacto onde se encontram

as aves que me conhecem desde os primeiros

olhares que lhes dei, sobre a penedia, lendo

a poesia dos canaviais, com a sua música

verdejante. E adormeço, de novo, calmamente,

por aqui, onde o mundo olvidou a necessidade

prosaica de um dia me procurar, em busca de novas.

José António Gonçalves (inédito. 16.5.04)

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"ARBEIT MACHT FREI"

A Exposição de Nuno Nunes-Ferreira, na Galeria Jorge Shirley, no Largo Hintze Ribeiro (à Rua de S. Bento), tranporta-nos para um universo de cinza(s), como se entrássemos num espelho ao contrário de Alice: um espelho para a secura, para a cremação. Nestas obras,onde a beleza tem a leveza do tempo parado,a floresta deixa ver as árvores, aqui e ali povoadas por signos e presenças,como se a memória nunca se extinguisse e estivesse sempre indelevelmente presente. Estamos perante uma narrativa que vive de uma grande metáfora: podemos, facilmente, substituir o "campo" pela floresta ou as árvores pelos "cremados" no Holocausto. E, neste "campo", onde "o trabalho liberta",vivem as imagens do pós-incêndio. Esta é uma pintura de grandes silêncios. Como se o Universo se calasse para podermos entrar no interminável poço da memória. Porque também é de um manifesto que se trata: "Esquecer? Nunca mais!" Até 19 de Junho, há um espaço para este encontro com a memória. Vale a pena entrar na floresta.Ou neste labiríntico campo onde os pontos de fuga vivem das alturas. Como as nuvens. Ou os lugares do fumo. Ou dos olhos. Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 03:38 PM

VIALE MOUTINHO

5 POEMAS DE

«O AMOROSO»

sentas-te

no meu colo

recebes

silenciosa a arte

dentro de ti

a palavra

cresce

*

entre os lábios

a frase

articula-se

prepara-se

para falar

da ascensão

*

na palma da mão

a ponta de um seio

achado no calor

da nudez

abandonado

*

na tua boca

fica

o fundo

da minha vida

uma

e outra vez

*

beijando-lhe

a nuca

com as unhas

desenha

o mais profundo sonho

(in «O Amoroso», Editora Ausência, 2004)

JOSÉ VIALE MOUTINHO (1945)

*

José Viale Moutinho nasceu no Funchal, em 1945. É jornalista desde 1966. Actualmente vive da sua condição de escritor, em exclusividade, tendo já publicados mais de cinco dezenas de títulos. Com Cenas da vida de um Minotauro (2002) obteve o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco, da Associação Portuguesa de Escritores, e o Prémio Literário Orlando Gonçalves. Com No Pasarán! (2ª ed., 1998), sobre a Guerra Civil de Espanha, foi-lhe atribuído o Prémio Norberto Lopes, da Casa da Imprensa de Lisboa. Entre outras prestigiadas publicações em que participou, incluindo antologias (que também organizou, como recentemente "Saudades da Ilha - Evocações Poéticas da Ilha da Madeira", Asa, 2002), destacam-se as colectâneas dirigidas por José António Gonçalves, "Ilha 3" (CMF, 1991) e "Ilha 4" (CMF, 1994) e o opúsculo "Poemas Tristes", na Colecção "Livros de Cordel", (CMF, nº. 8, 2001). Grande parte das suas obras está publicada em castelhano, alemão, italiano, russo, búlgaro, asturiano, galego, catalão e húngaro. É autor de livros para crianças: Fernando Pessoa (2ª ed., 2000), O Cavaleiro de Tortalata (2001) e 365 Tradições Populares Portuguesas (Asa, 2002). Na ASA publicou o livro de poemas E Se a Manhã Fosse Outra? (2002), No País das Lágrimas e outros Contos (2003). Note-se que em 2003 venceu também o prémio "Edmundo de Bettencourt", atribuído pela Câmara Municipal do Funchal ao seu livro de contos "Já os Galos Pretos Cantam", já editado sob a chancela da "Caminho", repetindo em 2004 a repetir a proeza, desta feita com um volume de poemas. Entretanto, na «Ausência», acaba de lançar a obra «O Amoroso» (2004).

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MALDELSTAM, UM POETA PRESO

Se for preso pelos nossos inimigos,

Se as pessoas não falarem comigo,

Se de tudo e de todos for privado:

Do direito a respirar e abrir as portas,

Do direito a afirmar que haverá vida

E que, como juiz o povo julga -

Se me tratarem como a um animal,

Se me atirarem a comer prò chão -,

A dor não amordaço, não me calo,

Mas o que for de desenhar, desenho,

E ao abalar o sino nu dos muros,

Ao despertar o canto escuro inimigo,

Vou atrelar dez bois à minha voz

E no escuro o arado enterro e guio -

E nas profundezas da noite, noite alerta,

Olhos se acendem para a terra fértil,

E pois na hoste de fraternos olhos apertado,

Co peso de toda a colheita eu cairei,

De impetuoso juramento é a seara -

E romperá de anos ardentes uma alcateia,

Como tempestade madura vai Lenine

Murmurar. Não haverá putrefacção na terra,

Assassinará razão e vida o Estaline.

Fevereiro-Março de 1937

OSSIP MANDELSTAM (1891-1938) (Bruce Chatwin refere Ossip Mandelstam no seu "Que Faço Eu Aqui" (Ed.Quetzal), falando desses que caminhavam para os campos de morte stalinistas e que eram transportados em "vagões de gado".

Foram milhões. Ossip Mandelstam entre eles.

Este poema foi escrito um ano antes da morte, aos 47 anos. Com a mesma idade de Fernando Pessoa e,apenas, três anos depois da morte do autor da "Mensagem".

Nasceu em 15 de Dezembro de 1891 e morreu num campo siberiano, em 27 de Dezembro de 1938.

Mais um sagitário que conheceu o frio e que morreu no tempo do frio mais frio.

Preso,a mando de Staline, em 16 de Maio de 1934.

Há 70 anos.)

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AINDA, A TORTURA

A vergonha continua. Envergonha-nos a todos, seres humanos cansados com a violência gratuita. As mesmas prisões onde os carrascos de Saddam Hussein torturavam e matavam, apenas mudaram de mãos e de gente. A mesma escumalha: os carrascos. Agora, americanos ou ingleses. Mudaram as vítimas. A democracia exportada à bomba dá mais este desenrolar de crimes infames. Onde estão os "catitinhas das guerras", na expressão de Mário de Carvalho, vestidos como os vendedores de automóveis e, alguns, directores de jornais? E os cronistas delgados? E os comentadores desempregados? E os putos do Forte de São Julião da Barra? E os lambe-botas? E os acríticos? E os inimigos da Liberdade e da Democracia, cometendo os maiores crimes em seu nome? Onde estão os democratas que não têm coragem de reconhecer que se enganaram? Onde estão os defensores dos Direitos Fundamentais dos Cidadãos? E quem se lembra dos presos de Guantánamo, sem quaisquer direitos, nem sequer o direito a um advogado? Como é possível haver, ainda, gente a defender o indefensável, em nome da pilhagem, da tortura e da morte?

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CHU HSI

SOL DE PRIMAVERA

Deixo a brisa de leste banhar-me a face

A primavera resplandece de norte a sul

Com dez mil tons de vermelho

e dez mil tons de azul

CHU HSI

(Séc. IX)

(in «Rosa do Mundo - 2001 Poemas para o Futuro",

tradução de Jorge Sousa Braga)

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DIREITOS DO HOMEM

Já escrevemos sobre as torturas no Iraque. E temo-lo, lancinante ainda, em muitos países do mundo. Como a pena de morte nos EUA, na China, em Cuba e em muitos países do planeta. E a repressão. A perda dos Direitos Fundamentais. E os presos políticos ou de consciência. E a ocupação da casa livre dos homens, seja na Palestina ou no Afeganistão.

E vamos visitá-los. E sofremos com eles.

Hoje, com cinza por todo o lado, vamos a CUBA e vamos pensar nos presos de consciência. Para não estarmos sós.

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PICASSO

"Muchacho con Pipa" ( "Rapaz com Cachimbo") transforma-se no quadro mais caro da história: 85,6 milhões de euros, batendo o recorde de Van Gogh. Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 04:26 AM

FCP

Duas fotos para motivar a leitura dos "posts" anteriores.

A Sopa de Nabos está quentinha, com a modinha bem no fundo. Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 10:16 AM

CORUNHA

Há fotografias que marcam um tempo

que ultrapassam o banal quotidiano Esta não me deixa dormir, mesmo aqui,

num hotel galego de terceira, a cem metros do mar E houve futebol e festa, palavras no diminutivo

carregadas de afectos e morrinha, essa chuva que corre a longuíssima marginal e chega do Sul

como quem quer cruzar as cores para fazer um barco Firmino Mendes

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STOPTORTURE.ORG

Como não chorar, quando há milhares de seres humanos vítimas de torturas? Comentários: (0) Posted by sopadenabos1 at 12:28 PM

PARA NÃO ESQUECER

Ontem, ali, contra o "social-fascismo"! Hoje, aqui, contra Portugal e o seu povo, ao lado dos falcões que promovem a guerra e o saque, que ocupam, matam e torturam, à custa de mentiras e sem vergonha na cara.

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