Jóias não voltaram a sair do país e estão a ser estudadas

06-12-2003
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Jóias Não Voltaram a Sair do País e Estão a Ser Estudadas

Por ALEXANDRA LUCAS COELHO

Sábado, 29 de Novembro de 2003 Desde o roubo de há um ano, em Haia, não saíram de Portugal jóias reais da colecção do Palácio Nacional da Ajuda, garantiu ontem ao PÚBLICO a directora da instituição, Isabel Silveira Godinho: "A última exposição em que saíram jóias foi a de Haia." Segundo esta responsável, ao longo de 2003 foram recebidos dois pedidos para empréstimo de jóias, um para uma exposição em Newark, EUA, que acabou por ser adiada, outro para o Japão. Este último foi recusado por iniciativa do ministro da Cultura Pedro Roseta. "O senhor ministro é que está com esse pelouro", ressalva Silveira Godinho. Quanto ao estudo das jóias da colecção, foi "intensificado" no último ano, diz Rui Galopim de Carvalho, o gemólogo que o Palácio da Ajuda convidou para esse trabalho. "Em 2003 foram fotografadas ao microscópio, individualmente, muitas centenas de pedras", num total "de mais de 1200 imagens". A encomenda de estudo feito a este especialista em pedras preciosas vem de antes do roubo das jóias. Tem origem em 2000, de acordo com Isabel Silveira Godinho. "Fomos contactados por um geólogo francês, Huber Bari, que ia organizar uma exposição para o Museu de História Natural de Paris. Veio ver as nossas peças e disse que aparentemente o diamante em bruto [de 135 quilates] era um topázio." A directora do Palácio da Ajuda desafiou então Galopim de Carvalho a examinar o diamante e, posteriormente, outras peças que tinham sido pedidas para a exposição de Paris. O especialista português confirmou que os diamantes de 135 e de 35 quilates que fazem parte da colecção eram mesmo diamantes. Mas, sublinha, tratou-se de uma simples identificação, não de um estudo gemológico completo. Estes dois diamantes vieram a ser emprestados depois para a exposição de Haia. O de 135 quilates foi roubado (os ladrões deixaram ficar o mais pequeno). Entretanto, entre 2000 e 2002, "com interregnos", Galopim de Carvalho iniciara o estudo de outras peças. Mas só depois do roubo o estudo entrou numa fase mais rápida, com o levantamento fotográfico. Neste momento, adianta Isabel Silveira Godinho, estão estudadas 10 jóias (algumas com centenas de pedras). Mas em relação a metade, o estudo ainda não está concluído, adverte Galopim de Carvalho. Assim, completamente estudadas estão cinco: colar de 55 diamantes, pulseira de 18 diamantes, colar de estrelas da Rainha Maria Pia, alfinete-laço e caixa de tabaco de D. José. Parcialmente estudadas, três: diadema de estrelas, dez botões de diamante e insígnia do tosão de ouro. É com os dois diamantes - apenas identificados, insiste Galopim de Carvalho - que se perfaz o total de 10. A fotografia em raios ultra-violeta - de que tanto se falou depois do roubo, porque é o estudo que dá o "bilhete de identidade" de uma jóia com diamantes, permitindo a sua reconstituição, caso seja desfeita -, alerta o gemólogo, não é relevante quanto aos diamantes em bruto. O que se poderá fazer a diamantes é a topografia de Raio X. Mas além desta técnica não existir em Portugal aplicável a pedras, só pode ser feita em diamantes soltos de pequena dimensão (um ou dois quilates). No caso dos dois diamantes emprestados para Haia, garante Galopim de Carvalho, não havia qualquer estudo que permitisse a sua recuperação, caso fossem relapidados. "Com as tecnologias conhecidas, não há forma de conseguir saber que determinada pedra lapidada vem de determinada peça em bruto." Quanto às outras cinco jóias roubadas, ainda "não tinham sido estudadas, infelizmente". Aí, sim, um estudo gemológico completo teria feito diferença, em caso de terem sido desmanchadas mas não relapidadas. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Ministério da Cultura faz lista de tesouros nacionais

Uma sublista para catástrofes e guerras

Alguns tesouros nacionais

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As seis jóias roubadas

Inquérito sobre o roubo ainda não terminou

B.I. do roubo

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