O odioso comércio de escravos

13-08-2004
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O Odioso Comércio de Escravos

Sábado, 12 de Junho de 2004

%Jorge heitor

Há 130 anos ainda Portugal era considerado um país esclavagista, incapaz de se colocar a par de um Reino Unido ou de outras sociedades consideradas mais civilizadas, que entretanto haviam decidido acabar com o comércio de seres humanos.

Em 1875 ou 1880 os governantes portugueses eram alvo de campanhas de humanitaristas, no sentido de demonstrar que não tinham qualquer direito a administrar territórios na África ou até talvez mesmo noutras paragens. Londres não perdoava ao velho aliado que lhe fizesse qualquer espécie de sombra na sua ânsia de domínio universal.

Ora, a verdade é que Portugal não iniciou nada que muito antes do Infante D. Henrique não fosse já conhecido em terras africanas e europeias, como muito bem nos recorda o historiador João Pedro Marques, que trabalha no Instituto de Investigação Científica Tropical.

Havia uma predisposição de chefes tradicionais africanos para fornecer escravos, sem que os descobridores da Guiné e do Congo lhos fossem lá exigir, como algo de verdadeiramente novo, que nunca se tivesse conhecido por aquelas paragens.

Os portugueses apenas adaptaram a novas circunstâncias e exigências uma prática que já existia há muitos séculos e que continuou a haver no mundo muito depois do fim do século XIX e da adesão de Lisboa às práticas mais avançadas do convívio multiracial.

"O tráfico praticava-se em África independentemente da presença europeia", sublinha esta reflexão sobre a tendência de se atribuir ao povo lusitano a principal responsabilidade no "odioso comércio" que há dois ou três séculos se fazia para as Américas.

Os africanos "especializaram-se na guerra de rapina e na produção de pessoas", se bem que a dada altura a escravatura tivesse sido fundamentalmente um assunto das comunidades portuguesas fixadas no Brasil e na costa africana. Mas tudo isto pode ser muito ambíguo, não sendo fácil dizer com toda a clareza onde estão os bons e onde se encontram os maus.

Actualmente ainda existem 27 milhões de escravos, segundo o sociólogo norte-americano Kevin Bales, uma das maiores autoridades mundiais na matéria, consultor das Nações Unidas.

O Odioso Comércio de Escravos

Sábado, 12 de Junho de 2004

%Jorge heitor

Há 130 anos ainda Portugal era considerado um país esclavagista, incapaz de se colocar a par de um Reino Unido ou de outras sociedades consideradas mais civilizadas, que entretanto haviam decidido acabar com o comércio de seres humanos.

Em 1875 ou 1880 os governantes portugueses eram alvo de campanhas de humanitaristas, no sentido de demonstrar que não tinham qualquer direito a administrar territórios na África ou até talvez mesmo noutras paragens. Londres não perdoava ao velho aliado que lhe fizesse qualquer espécie de sombra na sua ânsia de domínio universal.

Ora, a verdade é que Portugal não iniciou nada que muito antes do Infante D. Henrique não fosse já conhecido em terras africanas e europeias, como muito bem nos recorda o historiador João Pedro Marques, que trabalha no Instituto de Investigação Científica Tropical.

Havia uma predisposição de chefes tradicionais africanos para fornecer escravos, sem que os descobridores da Guiné e do Congo lhos fossem lá exigir, como algo de verdadeiramente novo, que nunca se tivesse conhecido por aquelas paragens.

Os portugueses apenas adaptaram a novas circunstâncias e exigências uma prática que já existia há muitos séculos e que continuou a haver no mundo muito depois do fim do século XIX e da adesão de Lisboa às práticas mais avançadas do convívio multiracial.

"O tráfico praticava-se em África independentemente da presença europeia", sublinha esta reflexão sobre a tendência de se atribuir ao povo lusitano a principal responsabilidade no "odioso comércio" que há dois ou três séculos se fazia para as Américas.

Os africanos "especializaram-se na guerra de rapina e na produção de pessoas", se bem que a dada altura a escravatura tivesse sido fundamentalmente um assunto das comunidades portuguesas fixadas no Brasil e na costa africana. Mas tudo isto pode ser muito ambíguo, não sendo fácil dizer com toda a clareza onde estão os bons e onde se encontram os maus.

Actualmente ainda existem 27 milhões de escravos, segundo o sociólogo norte-americano Kevin Bales, uma das maiores autoridades mundiais na matéria, consultor das Nações Unidas.

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