EXPRESSO: Vidas

15-07-2002
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GENTE

Indignação — Causada nos Estados Unidos com a descoberta de que o INS (Serviço de Imigração e Naturalização) comunicou, há cerca de 15 dias, a uma escola de aviação da Florida, que ia alterar o estatuto de dois dos terroristas que participaram nos atentados de 11 de Setembro. O INS informava, seis meses depois dos ataques, que concedia vistos permanentes aos alunos Mohammed Atta e Marwan Al-Shehhi para que pudessem receber instrução para pilotar aviões comerciais. O escândalo rebentou quando a escola passou esta informação à imprensa. O INS argumentou em sua defesa que desconhecia os vínculos dos dois homens a grupos terroristas. Esta desculpa — serem os únicos no país a não saber o nome dos participantes no atentado — provocou a revolta dos parlamentares republicanos e democratas e do próprio Presidente George Bush, que classificou o facto de «inaceitável». O Congresso decidiu desmantelar o INS e criar em seu lugar dois novos departamentos: um para tratar de vistos e outro para vigiar as fronteiras.

Denúncia — Da actriz Pamela Anderson contra o ex-marido, o músico rock Tommy Lee, de que este a contaminou com hepatite C, por terem partilhado a mesma agulha durante uma sessão de tatuagem. A actriz, que se tornou famosa graças à série televisiva «Marés Vivas», afirma que o ex-marido, enquanto estiveram casados, nunca lhe disse que padecia da doença potencialmente fatal.

Proposta — Feita pela «Playboy» às desempregadas da recentemente falida empresa petrolífera norte-americana Enron. A revista erótica de Hugh Hafner propõe às ex-trabalhadoras a oportunidade de começar uma nova carreira, posando nuas para a «Playboy». As interessadas em participar no concurso «Miss Enron» terão apenas de enviar uma foto de corpo inteiro em biquini.

Marcação — Do casamento do antigo Beatle, Sir Paul McCartney, e da ex-modelo Heather Mills, para o dia 6 de Junho. A cerimónia terá lugar na antiga casa dos Beatles em East Hampton, no estado de Nova Iorque. Entre os convidados, vão estar Ringo Starr e os filhos de McCartney, Stella, Mary, James e Heather.

Bibá Pitta no Canal 18 Coordenação de Pedro Andrade

Aquele estranho canal que emite na TV Cabo com o ambíguo nome Viver/Vivir recebeu recentemente uma mudança de visual - à imagem da RTP de Emídio Rangel - com direito a novo logótipo. Da nova grelha ressalta «Estilos», programa na senda de «Mundo VIP», «Jet-Set» ou «Lux». E ninguém melhor do que uma figura do social como Bibá Pitta para apresentar o dito. Aquele estranho canal que emite na TV Cabo com o ambíguo nome Viver/Vivir recebeu recentemente uma mudança de visual - à imagem da RTP de- com direito a novo logótipo. Da nova grelha ressalta «Estilos», programa na senda de «Mundo VIP», «Jet-Set» ou «Lux». E ninguém melhor do que uma figura do social comopara apresentar o dito. Promete a empresa liderada por Graça Bau que Bibá, «uma cara conhecida do jet-set nacional», vai «revelar quinta-feira à noite tudo o que queria saber» sobre os «famosos portugueses e espanhóis». GENTE esclarece que «Estilos» é emitido às 21h30, antes de um programa denominado «Festa Brava». E antes de outras «touradas» do Canal 18, está bom de ver.

O novo Edgar Cardoso ANA BAIÃO Cavaco Silva ficou no imaginário dos portugueses por muitas das coisas que fez bem - e algumas mal - ao longo de dez anos à frente do país. Mas uma que ninguém esquece foi aquela tentativa de acabar com o feriado de terça-feira de Carnaval. Terá sido, aliás, nesse dia que começou verdadeiramente a queda do cavaquismo. António Guterres (na foto, a votar nas legislativas), ao contrário, aprendeu depressa a lição. E, assim, Portugal passou a ser o país europeu com maior número de feriados e respectivas pontes da Europa. Onde se dava meio dia de tolerância, passou a dar-se o dia. Onde se dava o dia, passou-se a permitir dois. E por aí fora. O exemplo mais recente é o desta quinta-feira. Era tradicional que o Governo concedesse aos funcionários públicos tolerância na quinta-feira à tarde. Pois bem: embora de saída, Guterres não deixou os créditos por mãos alheias. Vai daí, decretou que os funcionários públicos estão dispensados do serviço durante todo o dia de quinta-feira. Para um país com problemas de produtividade, a coisa vem mesmo a calhar... Deve ser, aliás, por isso, que Guterres é comparado cada vez mais a Edgar Cardoso, o genial engenheiro criador de algumas das mais bonitas pontes do país. Só que Guterres é conhecido pelo Edgar Cardoso das pontes... administrativas - aquelas que não custam nada a fazer. Cavaco Silva ficou no imaginário dos portugueses por muitas das coisas que fez bem - e algumas mal - ao longo de dez anos à frente do país. Mas uma que ninguém esquece foi aquela tentativa de acabar com o feriado de terça-feira de Carnaval. Terá sido, aliás, nesse dia que começou verdadeiramente a queda do cavaquismo.(na foto, a votar nas legislativas), ao contrário, aprendeu depressa a lição. E, assim, Portugal passou a ser o país europeu com maior número de feriados e respectivas pontes da Europa. Onde se dava meio dia de tolerância, passou a dar-se o dia. Onde se dava o dia, passou-se a permitir dois. E por aí fora. O exemplo mais recente é o desta quinta-feira. Era tradicional que o Governo concedesse aos funcionários públicos tolerância na quinta-feira à tarde. Pois bem: embora de saída, Guterres não deixou os créditos por mãos alheias. Vai daí, decretou que os funcionários públicos estão dispensados do serviço durante todo o dia de quinta-feira. Para um país com problemas de produtividade, a coisa vem mesmo a calhar... Deve ser, aliás, por isso, que Guterres é comparado cada vez mais a, o genial engenheiro criador de algumas das mais bonitas pontes do país. Só que Guterres é conhecido pelo Edgar Cardoso das pontes... administrativas - aquelas que não custam nada a fazer.

A hora do «relax» A onda de calor da semana passada, que arrastou os portugueses às praias, também apanhou o primeiro-ministro cessante, António Guterres, e levou-o à Arrifana. Os poucos turistas nacionais que por lá paravam ficaram pasmos quando viram o ainda chefe do Governo, de ar descontraído, mangas arregaçadas e a ajeitar a melena, olhando para o oceano com uma tranquilidade que não transparecia há muito - e com o alívio de quem já se livrou de um futuro cor-de-rosa... Apesar do melhor aspecto, António Guterres não ousou cometer a loucura de se descalçar e saltar para a areia, e muito menos se aventurou no mar picado. A seu lado, inseparável, estava Catarina Vaz Pinto, alheia ao sururu despertado, e mais informal nas vestes de veraneante. Seriam um casal como qualquer outro, nesse sábado quente, não tivessem aparecido com o guarda-costas no pesado e protocolar carro oficial, que o motorista habilmente manobrou para não raspar nos outros automóveis nem derrapar nas apertadas curvas que fazem o caminho até à praia. O mesmo ar que os trouxe levou-os, e apenas ficaram os comentários dos turistas e gentes da terra, estarrecidos com a visita-relâmpago.

O pequeno timoneiro GENTE percebeu agora a razão de ser da maioria absoluta de deputados que Marques Mendes conseguiu em Aveiro para o PSD, destronando (e trucidando...) João Cravinho e levando, até, Paulo Portas a baixar a votação do PP. É que nos chegou às mãos um CD da campanha distrital do PSD, com um hino a Mendes que faz inveja aos melhores cânticos revolucionários do nosso (e de outros) PRECs. Não só pela cristalina voz de Isabel Simões Pinto, uma jovem aveirense da JSD, mas sobretudo pelo refrão galvanizador: «Marques Mendes por Aveiro / És o nosso timoneiro / Na cidade do moliceiro /És quem nós queremos primeiro». Mendes é ainda descrito como «Homem de leme e vela» que «Tem arte no pensamento / Engenho e talento». Tudo a fazer lembrar o culto de outros «grandes timoneiros». Neste caso, será um pequeno-grande timoneiro. Que até tem um grupo de fãs de Ílhavo, auto-intituladas «As Nóias», a acompanhá-lo nas suas navegações políticas distritais. GENTE percebeu agora a razão de ser da maioria absoluta de deputados queconseguiu em Aveiro para o PSD, destronando (e trucidando...)e levando, até,a baixar a votação do PP. É que nos chegou às mãos um CD da campanha distrital do PSD, com um hino a Mendes que faz inveja aos melhores cânticos revolucionários do nosso (e de outros) PRECs. Não só pela cristalina voz de Isabel Simões Pinto, uma jovem aveirense da JSD, mas sobretudo pelo refrão galvanizador:. Mendes é ainda descrito comoque. Tudo a fazer lembrar o culto de outros «grandes timoneiros». Neste caso, será um pequeno-grande timoneiro. Que até tem um grupo de fãs de Ílhavo, auto-intituladas «As Nóias», a acompanhá-lo nas suas navegações políticas distritais.

Mas isto pega-se? No «Diário de Notícias» de sábado passado, surge com destaque uma entrevista da escritora e jornalista Maria Teresa Horta à escritora e ex-jornalista Margarida Rebelo Pinto. Teresa conduz a entrevista com o objectivo de apurar se Margarida faz parte da corrente «light» da literatura e se - ao fim e ao cabo - escreve escorreitamente em português. O problema é que a escrita é como a moeda: a má expulsa a boa e parece contagiosa. Por exemplo, Margarida fala de «instrospecção»; Teresa pergunta-lhe pela «imponidade»; Margarida acha que os críticos não devem «jugar»; Teresa adverte-a para uma «roptura» na escrita. E por aí adiante, num autêntico festival macarrónico, onde se descobrem mais de 20 erros e incongruências. Obviamente, tanto Teresa como Margarida sabem escrever bastante melhor do que isto, pelo que vamos convenientemente admitir que a culpa... é do revisor!

Evidências... No jornalismo, aprende-se que os factos devem ser confirmados. Ora, por vezes, os jornalistas seguem com tal cegueira esta regra que publicam evidências crassas e brindam os leitores com preciosas asneiras - umas mais subtis do que outras. Foi o caso de uma breve na secção «Passeio das Estrelas», na última edição da revista «VIP». A notícia destinava-se a desmentir o «desagradável boato» segundo o qual Marco Paulo teria morrido de «overdose». Num impulso de zelo, a «VIP» quis verificar os factos e contactou o cantor. Este, simpaticamente, segundo a revista, «negou a veracidade deste rumor». E assim, após o desmentido em pessoa, se ficou a saber que Marco Paulo não tinha, felizmente, morrido. GENTE, como é óbvio, adorou a notícia. No jornalismo, aprende-se que os factos devem ser confirmados. Ora, por vezes, os jornalistas seguem com tal cegueira esta regra que publicam evidências crassas e brindam os leitores com preciosas asneiras - umas mais subtis do que outras. Foi o caso de uma breve na secção «Passeio das Estrelas», na última edição da revista «VIP». A notícia destinava-se a desmentir osegundo o qualteria morrido de «overdose». Num impulso de zelo, a «VIP» quis verificar os factos e contactou o cantor. Este, simpaticamente, segundo a revista,. E assim, após o desmentido em pessoa, se ficou a saber que Marco Paulo não tinha, felizmente, morrido. GENTE, como é óbvio, adorou a notícia.

A «guerra» dos Nobel José Saramago provocou uma tempestade em Israel, e não só, ao comparar o bloqueio israelita da cidade palestiniana de Ramallah aos campos de morte nazis. O Nobel da Literatura de 1998 fazia uma visita aos territórios palestinianos integrado numa delegação do Parlamento Internacional de Escritores. Na segunda-feira, Saramago disse que «o que está a acontecer na Palestina é um crime que pode ser colocado ao mesmo nível do que aconteceu em Auschwitz e Buchenwald, é a mesma coisa». Diante das observações dos jornalistas israelitas de que os nazis tentaram aniquilar todo um povo, que exterminaram seis milhões de judeus e que não há câmaras de gás na Cisjordânia, Saramago respondeu: «Não há câmaras de gás ainda, mas isso não significa que nunca haverá câmaras de gás». Os protestos começaram a chover contra estas declarações e um dos mais veementes foi feito pelo escritor israelita Amos Oz, também ele um Nobel da Literatura. Oz, que é um pacifista contrário à ocupação, referindo-se ao autor de «Ensaio sobre a Cegueira», afirmou: «José Saramago dá mostras de uma terrível cegueira moral. Quem não distingue os diversos graus do mal torna-se num servidor do mal». Reconhecendo que «a ocupação israelita é injusta», Oz entende que compará-la aos crimes nazis «equivale a comparar Saramago a Estaline», aludindo ao facto de o escritor ser militante do PCP. Oz, que defende uma paz negociada, acrescentou: «A comparação dos males da ocupação aos crimes nazis é, de facto, um apelo à destruição de Israel, tal como os Aliados destruíram os nazis».

GENTE

Indignação — Causada nos Estados Unidos com a descoberta de que o INS (Serviço de Imigração e Naturalização) comunicou, há cerca de 15 dias, a uma escola de aviação da Florida, que ia alterar o estatuto de dois dos terroristas que participaram nos atentados de 11 de Setembro. O INS informava, seis meses depois dos ataques, que concedia vistos permanentes aos alunos Mohammed Atta e Marwan Al-Shehhi para que pudessem receber instrução para pilotar aviões comerciais. O escândalo rebentou quando a escola passou esta informação à imprensa. O INS argumentou em sua defesa que desconhecia os vínculos dos dois homens a grupos terroristas. Esta desculpa — serem os únicos no país a não saber o nome dos participantes no atentado — provocou a revolta dos parlamentares republicanos e democratas e do próprio Presidente George Bush, que classificou o facto de «inaceitável». O Congresso decidiu desmantelar o INS e criar em seu lugar dois novos departamentos: um para tratar de vistos e outro para vigiar as fronteiras.

Denúncia — Da actriz Pamela Anderson contra o ex-marido, o músico rock Tommy Lee, de que este a contaminou com hepatite C, por terem partilhado a mesma agulha durante uma sessão de tatuagem. A actriz, que se tornou famosa graças à série televisiva «Marés Vivas», afirma que o ex-marido, enquanto estiveram casados, nunca lhe disse que padecia da doença potencialmente fatal.

Proposta — Feita pela «Playboy» às desempregadas da recentemente falida empresa petrolífera norte-americana Enron. A revista erótica de Hugh Hafner propõe às ex-trabalhadoras a oportunidade de começar uma nova carreira, posando nuas para a «Playboy». As interessadas em participar no concurso «Miss Enron» terão apenas de enviar uma foto de corpo inteiro em biquini.

Marcação — Do casamento do antigo Beatle, Sir Paul McCartney, e da ex-modelo Heather Mills, para o dia 6 de Junho. A cerimónia terá lugar na antiga casa dos Beatles em East Hampton, no estado de Nova Iorque. Entre os convidados, vão estar Ringo Starr e os filhos de McCartney, Stella, Mary, James e Heather.

Bibá Pitta no Canal 18 Coordenação de Pedro Andrade

Aquele estranho canal que emite na TV Cabo com o ambíguo nome Viver/Vivir recebeu recentemente uma mudança de visual - à imagem da RTP de Emídio Rangel - com direito a novo logótipo. Da nova grelha ressalta «Estilos», programa na senda de «Mundo VIP», «Jet-Set» ou «Lux». E ninguém melhor do que uma figura do social como Bibá Pitta para apresentar o dito. Aquele estranho canal que emite na TV Cabo com o ambíguo nome Viver/Vivir recebeu recentemente uma mudança de visual - à imagem da RTP de- com direito a novo logótipo. Da nova grelha ressalta «Estilos», programa na senda de «Mundo VIP», «Jet-Set» ou «Lux». E ninguém melhor do que uma figura do social comopara apresentar o dito. Promete a empresa liderada por Graça Bau que Bibá, «uma cara conhecida do jet-set nacional», vai «revelar quinta-feira à noite tudo o que queria saber» sobre os «famosos portugueses e espanhóis». GENTE esclarece que «Estilos» é emitido às 21h30, antes de um programa denominado «Festa Brava». E antes de outras «touradas» do Canal 18, está bom de ver.

O novo Edgar Cardoso ANA BAIÃO Cavaco Silva ficou no imaginário dos portugueses por muitas das coisas que fez bem - e algumas mal - ao longo de dez anos à frente do país. Mas uma que ninguém esquece foi aquela tentativa de acabar com o feriado de terça-feira de Carnaval. Terá sido, aliás, nesse dia que começou verdadeiramente a queda do cavaquismo. António Guterres (na foto, a votar nas legislativas), ao contrário, aprendeu depressa a lição. E, assim, Portugal passou a ser o país europeu com maior número de feriados e respectivas pontes da Europa. Onde se dava meio dia de tolerância, passou a dar-se o dia. Onde se dava o dia, passou-se a permitir dois. E por aí fora. O exemplo mais recente é o desta quinta-feira. Era tradicional que o Governo concedesse aos funcionários públicos tolerância na quinta-feira à tarde. Pois bem: embora de saída, Guterres não deixou os créditos por mãos alheias. Vai daí, decretou que os funcionários públicos estão dispensados do serviço durante todo o dia de quinta-feira. Para um país com problemas de produtividade, a coisa vem mesmo a calhar... Deve ser, aliás, por isso, que Guterres é comparado cada vez mais a Edgar Cardoso, o genial engenheiro criador de algumas das mais bonitas pontes do país. Só que Guterres é conhecido pelo Edgar Cardoso das pontes... administrativas - aquelas que não custam nada a fazer. Cavaco Silva ficou no imaginário dos portugueses por muitas das coisas que fez bem - e algumas mal - ao longo de dez anos à frente do país. Mas uma que ninguém esquece foi aquela tentativa de acabar com o feriado de terça-feira de Carnaval. Terá sido, aliás, nesse dia que começou verdadeiramente a queda do cavaquismo.(na foto, a votar nas legislativas), ao contrário, aprendeu depressa a lição. E, assim, Portugal passou a ser o país europeu com maior número de feriados e respectivas pontes da Europa. Onde se dava meio dia de tolerância, passou a dar-se o dia. Onde se dava o dia, passou-se a permitir dois. E por aí fora. O exemplo mais recente é o desta quinta-feira. Era tradicional que o Governo concedesse aos funcionários públicos tolerância na quinta-feira à tarde. Pois bem: embora de saída, Guterres não deixou os créditos por mãos alheias. Vai daí, decretou que os funcionários públicos estão dispensados do serviço durante todo o dia de quinta-feira. Para um país com problemas de produtividade, a coisa vem mesmo a calhar... Deve ser, aliás, por isso, que Guterres é comparado cada vez mais a, o genial engenheiro criador de algumas das mais bonitas pontes do país. Só que Guterres é conhecido pelo Edgar Cardoso das pontes... administrativas - aquelas que não custam nada a fazer.

A hora do «relax» A onda de calor da semana passada, que arrastou os portugueses às praias, também apanhou o primeiro-ministro cessante, António Guterres, e levou-o à Arrifana. Os poucos turistas nacionais que por lá paravam ficaram pasmos quando viram o ainda chefe do Governo, de ar descontraído, mangas arregaçadas e a ajeitar a melena, olhando para o oceano com uma tranquilidade que não transparecia há muito - e com o alívio de quem já se livrou de um futuro cor-de-rosa... Apesar do melhor aspecto, António Guterres não ousou cometer a loucura de se descalçar e saltar para a areia, e muito menos se aventurou no mar picado. A seu lado, inseparável, estava Catarina Vaz Pinto, alheia ao sururu despertado, e mais informal nas vestes de veraneante. Seriam um casal como qualquer outro, nesse sábado quente, não tivessem aparecido com o guarda-costas no pesado e protocolar carro oficial, que o motorista habilmente manobrou para não raspar nos outros automóveis nem derrapar nas apertadas curvas que fazem o caminho até à praia. O mesmo ar que os trouxe levou-os, e apenas ficaram os comentários dos turistas e gentes da terra, estarrecidos com a visita-relâmpago.

O pequeno timoneiro GENTE percebeu agora a razão de ser da maioria absoluta de deputados que Marques Mendes conseguiu em Aveiro para o PSD, destronando (e trucidando...) João Cravinho e levando, até, Paulo Portas a baixar a votação do PP. É que nos chegou às mãos um CD da campanha distrital do PSD, com um hino a Mendes que faz inveja aos melhores cânticos revolucionários do nosso (e de outros) PRECs. Não só pela cristalina voz de Isabel Simões Pinto, uma jovem aveirense da JSD, mas sobretudo pelo refrão galvanizador: «Marques Mendes por Aveiro / És o nosso timoneiro / Na cidade do moliceiro /És quem nós queremos primeiro». Mendes é ainda descrito como «Homem de leme e vela» que «Tem arte no pensamento / Engenho e talento». Tudo a fazer lembrar o culto de outros «grandes timoneiros». Neste caso, será um pequeno-grande timoneiro. Que até tem um grupo de fãs de Ílhavo, auto-intituladas «As Nóias», a acompanhá-lo nas suas navegações políticas distritais. GENTE percebeu agora a razão de ser da maioria absoluta de deputados queconseguiu em Aveiro para o PSD, destronando (e trucidando...)e levando, até,a baixar a votação do PP. É que nos chegou às mãos um CD da campanha distrital do PSD, com um hino a Mendes que faz inveja aos melhores cânticos revolucionários do nosso (e de outros) PRECs. Não só pela cristalina voz de Isabel Simões Pinto, uma jovem aveirense da JSD, mas sobretudo pelo refrão galvanizador:. Mendes é ainda descrito comoque. Tudo a fazer lembrar o culto de outros «grandes timoneiros». Neste caso, será um pequeno-grande timoneiro. Que até tem um grupo de fãs de Ílhavo, auto-intituladas «As Nóias», a acompanhá-lo nas suas navegações políticas distritais.

Mas isto pega-se? No «Diário de Notícias» de sábado passado, surge com destaque uma entrevista da escritora e jornalista Maria Teresa Horta à escritora e ex-jornalista Margarida Rebelo Pinto. Teresa conduz a entrevista com o objectivo de apurar se Margarida faz parte da corrente «light» da literatura e se - ao fim e ao cabo - escreve escorreitamente em português. O problema é que a escrita é como a moeda: a má expulsa a boa e parece contagiosa. Por exemplo, Margarida fala de «instrospecção»; Teresa pergunta-lhe pela «imponidade»; Margarida acha que os críticos não devem «jugar»; Teresa adverte-a para uma «roptura» na escrita. E por aí adiante, num autêntico festival macarrónico, onde se descobrem mais de 20 erros e incongruências. Obviamente, tanto Teresa como Margarida sabem escrever bastante melhor do que isto, pelo que vamos convenientemente admitir que a culpa... é do revisor!

Evidências... No jornalismo, aprende-se que os factos devem ser confirmados. Ora, por vezes, os jornalistas seguem com tal cegueira esta regra que publicam evidências crassas e brindam os leitores com preciosas asneiras - umas mais subtis do que outras. Foi o caso de uma breve na secção «Passeio das Estrelas», na última edição da revista «VIP». A notícia destinava-se a desmentir o «desagradável boato» segundo o qual Marco Paulo teria morrido de «overdose». Num impulso de zelo, a «VIP» quis verificar os factos e contactou o cantor. Este, simpaticamente, segundo a revista, «negou a veracidade deste rumor». E assim, após o desmentido em pessoa, se ficou a saber que Marco Paulo não tinha, felizmente, morrido. GENTE, como é óbvio, adorou a notícia. No jornalismo, aprende-se que os factos devem ser confirmados. Ora, por vezes, os jornalistas seguem com tal cegueira esta regra que publicam evidências crassas e brindam os leitores com preciosas asneiras - umas mais subtis do que outras. Foi o caso de uma breve na secção «Passeio das Estrelas», na última edição da revista «VIP». A notícia destinava-se a desmentir osegundo o qualteria morrido de «overdose». Num impulso de zelo, a «VIP» quis verificar os factos e contactou o cantor. Este, simpaticamente, segundo a revista,. E assim, após o desmentido em pessoa, se ficou a saber que Marco Paulo não tinha, felizmente, morrido. GENTE, como é óbvio, adorou a notícia.

A «guerra» dos Nobel José Saramago provocou uma tempestade em Israel, e não só, ao comparar o bloqueio israelita da cidade palestiniana de Ramallah aos campos de morte nazis. O Nobel da Literatura de 1998 fazia uma visita aos territórios palestinianos integrado numa delegação do Parlamento Internacional de Escritores. Na segunda-feira, Saramago disse que «o que está a acontecer na Palestina é um crime que pode ser colocado ao mesmo nível do que aconteceu em Auschwitz e Buchenwald, é a mesma coisa». Diante das observações dos jornalistas israelitas de que os nazis tentaram aniquilar todo um povo, que exterminaram seis milhões de judeus e que não há câmaras de gás na Cisjordânia, Saramago respondeu: «Não há câmaras de gás ainda, mas isso não significa que nunca haverá câmaras de gás». Os protestos começaram a chover contra estas declarações e um dos mais veementes foi feito pelo escritor israelita Amos Oz, também ele um Nobel da Literatura. Oz, que é um pacifista contrário à ocupação, referindo-se ao autor de «Ensaio sobre a Cegueira», afirmou: «José Saramago dá mostras de uma terrível cegueira moral. Quem não distingue os diversos graus do mal torna-se num servidor do mal». Reconhecendo que «a ocupação israelita é injusta», Oz entende que compará-la aos crimes nazis «equivale a comparar Saramago a Estaline», aludindo ao facto de o escritor ser militante do PCP. Oz, que defende uma paz negociada, acrescentou: «A comparação dos males da ocupação aos crimes nazis é, de facto, um apelo à destruição de Israel, tal como os Aliados destruíram os nazis».

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