Hipótese de nova AD ameaça liderança de Santana Lopes

17-11-2004
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Hipótese de Nova AD Ameaça Liderança de Santana Lopes

Por HELENA PEREIRA

Segunda-feira, 15 de Novembro de 2004 Pedro Santana Lopes foi ontem eleito presidente do PSD com 86 por cento dos votos, no XXVI Congresso social-democrata, mas o partido ameaça afrontar o líder se este quiser uma coligação pré-eleitoral com o CDS. Tal como sucedeu com Durão Barroso no congresso de Oliveira de Azeméis, Santana não conseguiu obter 50 por cento dos votos na lista que apresentou ao conselho nacional. A do deputado Bruno Vitorino, que apresentou uma moção sectorial sobre despenalização do aborto ao congresso, voltou a ser no conselho nacional a segunda mais votada, entre oito listas. Isto significa que as bases querem ter uma palavra a dizer no órgão máximo entre congressos e que será determinante para a definição da estratégia eleitoral, uma vez que Santana não pretende fazer mais nenhum congresso até às eleições legislativas de 2006. Os próximos tempos são de um calendário eleitoral intenso. O último resultado das autárquicas, em 2001, foi o melhor de sempre na história do PSD e será muito difícil ser igualado. Estas eleições serão mais um teste à coligação e ao entendimento entre as bases dos dois partidos que se adivinha com alguns problemas. Na primeira reunião da direcção do PSD com as distritais, há cerca de duas semanas, por exemplo, Bragança tratou logo de avisar que algumas concelhias não querem ter nada a ver com o CDS. O presidente do PSD sabe disso. Na noite de sábado, Santana disse "compreender que o partido esteja cansado de, por vezes, não respirar sozinho" e admitiu que a coligação no Governo e também no terreno tem "problemas e disfuncionalidades". "Eu não deixarei nunca ninguém pôr o pé em cima deste partido", garantiu. O clima é de tal efervescência no PSD que a mesa do congresso nem sequer leu a carta que o líder do CDS, Paulo Portas, enviou, ao contrário do que sucedeu, na situação inversa, no último congresso do CDS, em Setembro do ano passado. O texto, em que Portas diz que existe "um projecto de médio prazo que não prejudica a identidade de nenhum dos dois partidos", foi distribuído mais tarde aos jornalistas. A facilidade com que os congressistas reagiram, ao longo do congresso, contra qualquer menção sobre uma coligação pré-eleitoral surpreendeu vários membros da direcção do PSD, pela sua dimensão. No entanto, a preocupação da direcção do PSD para o futuro próximo é não hostilizar o CDS. Os sociais-democratas não querem definir já uma estratégia para as legislativas para não dar espaço a Paulo Portas. Dizer não a uma coligação pré-eleitoral agora poderia, no limite, levar o CDS a sair do Governo ou, no mínimo, a intensificar o seu discurso de autonomia e a sua campanha eleitoral para 2006. Na estratégia para as legislativas, pesam ainda as presidenciais de Janeiro de 2005. Apesar das divergências com Cavaco Silva, o presidente do PSD tem como único objectivo ganhar as presidenciais e, se Cavaco é o melhor colocado nas sondagens, é esse que a direcção quer sem reservas. Dirigentes nacionais do PSD consideram que uma derrota nas presidenciais pode ser decisiva para inverter o ciclo político, que se o PSD não ganhar essas eleições muito mais dificilmente conseguirá ter êxito nas legislativas. Mudanças ligeiras na direcção Durante o congresso, vários militantes pediram uma direcção refrescada e pronta para o combate, mas as alterações feitas por Santana foram muito ligeiras. Confirmou-se a subida às vice-presidências de Victor Cruz e de um santanista de longa data, Pedro Pinto. Na comissão política, registaram-se apenas as saídas dos membros do Governo Henrique Chaves, José Eduardo Martins e Paulo Pereira Coelho, do presidente da comissão de coordenação e desenvolvimento regional do Norte, João Sá, e de Adriana Aguiar Branco para dar lugar ao autarca de Sintra, Fernando Seara, a Aires Pereira e Guilhermina Rego, do PSD-Porto, e a um outro santanista Miguel Almeida, ex-chefe de gabinete de Santana na Câmara de Lisboa e também seu colaborador na Figueira da Foz, que é um desconhecido para o partido. José Eduardo Martins, secretário de Estado do Desenvolvimento Regional e um dos colaboradores da moção que Santana levou ao congresso, vai ficar à frente do gabinete de estudos do PSD, cargo que estava vago e cujo último responsável foi Mira Amaral. A maior surpresa nas listas apresentadas pelo líder social-democrata foi Joaquim Ferreira do Amaral, como cabeça de lista ao conselho nacional. O presidente da Galp foi ministro de Cavaco Silva, vice-presidente do PSD com Marcelo Rebelo de Sousa, candidato à Presidência da República com Durão Barroso e é amigo pessoal de Marques Mendes. O presidente do PSD não fez nenhumas rupturas, aliás, porque não tinha condições para as fazer. Apesar de ser um líder consensual, Santana sabe que o partido está em clima de quase revolta por causa da coligação com o CDS e todas as forças são precisas ao presidente do PSD para serenar os ânimos internos (não abrindo mais fracturas) e manter o seu objectivo de negociar um acordo com o CDS para tentar ganhar as próximas eleições legislativas. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Hipótese de nova AD ameaça liderança de Santana Lopes

"Quero um país que vá subindo no seu astral"

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Comissão política nacional

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O último resultado das autárquicas, em 2001, foi o melhor de sempre na história do PSD e será muito difícil ser igualado. Estas eleições serão mais um teste à coligação e ao entendimento entre as bases dos dois partidos que se adivinha com alguns problemas. Na primeira reunião da direcção do PSD com as distritais, há cerca de duas semanas, por exemplo, Bragança tratou logo de avisar que algumas concelhias não querem ter nada a ver com o CDS. O presidente do PSD sabe disso. Na noite de sábado, Santana disse "compreender que o partido esteja cansado de, por vezes, não respirar sozinho" e admitiu que a coligação no Governo e também no terreno tem "problemas e disfuncionalidades". "Eu não deixarei nunca ninguém pôr o pé em cima deste partido", garantiu. O clima é de tal efervescência no PSD que a mesa do congresso nem sequer leu a carta que o líder do CDS, Paulo Portas, enviou, ao contrário do que sucedeu, na situação inversa, no último congresso do CDS, em Setembro do ano passado. O texto, em que Portas diz que existe "um projecto de médio prazo que não prejudica a identidade de nenhum dos dois partidos", foi distribuído mais tarde aos jornalistas. A facilidade com que os congressistas reagiram, ao longo do congresso, contra qualquer menção sobre uma coligação pré-eleitoral surpreendeu vários membros da direcção do PSD, pela sua dimensão. No entanto, a preocupação da direcção do PSD para o futuro próximo é não hostilizar o CDS. Os sociais-democratas não querem definir já uma estratégia para as legislativas para não dar espaço a Paulo Portas. Dizer não a uma coligação pré-eleitoral agora poderia, no limite, levar o CDS a sair do Governo ou, no mínimo, a intensificar o seu discurso de autonomia e a sua campanha eleitoral para 2006. Na estratégia para as legislativas, pesam ainda as presidenciais de Janeiro de 2005. Apesar das divergências com Cavaco Silva, o presidente do PSD tem como único objectivo ganhar as presidenciais e, se Cavaco é o melhor colocado nas sondagens, é esse que a direcção quer sem reservas. Dirigentes nacionais do PSD consideram que uma derrota nas presidenciais pode ser decisiva para inverter o ciclo político, que se o PSD não ganhar essas eleições muito mais dificilmente conseguirá ter êxito nas legislativas. Mudanças ligeiras na direcção Durante o congresso, vários militantes pediram uma direcção refrescada e pronta para o combate, mas as alterações feitas por Santana foram muito ligeiras. Confirmou-se a subida às vice-presidências de Victor Cruz e de um santanista de longa data, Pedro Pinto. Na comissão política, registaram-se apenas as saídas dos membros do Governo Henrique Chaves, José Eduardo Martins e Paulo Pereira Coelho, do presidente da comissão de coordenação e desenvolvimento regional do Norte, João Sá, e de Adriana Aguiar Branco para dar lugar ao autarca de Sintra, Fernando Seara, a Aires Pereira e Guilhermina Rego, do PSD-Porto, e a um outro santanista Miguel Almeida, ex-chefe de gabinete de Santana na Câmara de Lisboa e também seu colaborador na Figueira da Foz, que é um desconhecido para o partido. José Eduardo Martins, secretário de Estado do Desenvolvimento Regional e um dos colaboradores da moção que Santana levou ao congresso, vai ficar à frente do gabinete de estudos do PSD, cargo que estava vago e cujo último responsável foi Mira Amaral. A maior surpresa nas listas apresentadas pelo líder social-democrata foi Joaquim Ferreira do Amaral, como cabeça de lista ao conselho nacional. O presidente da Galp foi ministro de Cavaco Silva, vice-presidente do PSD com Marcelo Rebelo de Sousa, candidato à Presidência da República com Durão Barroso e é amigo pessoal de Marques Mendes. O presidente do PSD não fez nenhumas rupturas, aliás, porque não tinha condições para as fazer. Apesar de ser um líder consensual, Santana sabe que o partido está em clima de quase revolta por causa da coligação com o CDS e todas as forças são precisas ao presidente do PSD para serenar os ânimos internos (não abrindo mais fracturas) e manter o seu objectivo de negociar um acordo com o CDS para tentar ganhar as próximas eleições legislativas. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Hipótese de nova AD ameaça liderança de Santana Lopes

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