EXPRESSO: País

31-08-2002
marcar artigo

As «cinzas» de Pedro Santana Lopes

O autarca da Figueira da Foz adiou para depois do Carnaval a confirmação da candidatura à Câmara de Lisboa

Luiz Carvalho Durão Barroso e Santana Lopes: com o apoio da direcção nacional para Lisboa, Santana quer «arrumar» primeiro o que está pendente na Figueira e em Coimbra

SANTANA Lopes adiou para depois do Carnaval o anúncio da sua candidatura à presidência da Câmara de Lisboa. O actual presidente da Câmara da Figueira da Foz ainda não conseguiu reunir as condições políticas imprescindíveis para avançar e que passam por arranjar uma forma de entendimento com o PP de Paulo Portas de forma a que nem este, nem a distrital do PSD de Lisboa percam a face.

Ao adiar a sua decisão para «quarta-feira de Cinzas» - o primeiro dia de penitência da Quaresma -, o actual presidente da Câmara da Figueira da Foz está a introduzir um compasso de espera para que se resolvam os dilemas em relação ao PP de Paulo Portas.

Viver ou morrer... em Dezembro

Recorde-se que o autarca da Figueira da Foz tinha prometido para esta semana uma resposta definitiva sobre a sua candidatura a Lisboa. E revelou que esta, «a concretizar-se, terá uma forma original, tendo por base uma convergência política entre o PSD e o PP que sirva de exemplo, até, para outras situações».

O problema é que o PSD-Lisboa, liderado por Manuela Ferreira Leite, aprovou no Verão passado, por unanimidade e aclamação, uma moção em que se determinava que o partido iria concorrer sozinho nas eleições para a Câmara da capital - o que constituiu um gesto óbvio de recusa de entendimento com a candidatura do líder do PP.

Por seu turno, Paulo Portas tem reiterado publicamente que irá até ao fim «sem olhar para o lado», assumindo o risco de pôr em jogo a sua liderança no partido se as eleições de Dezembro lhe correrem de forma desastrosa. Em privado, o líder do PP tem mesmo afirmado «vivo ou morro em Dezembro».

Apesar disso, Paulo Portas está irredutível: só admite rever a sua posição num cenário de coligação formal e acordo pré-eleitoral.

Já do lado do PSD, é certo que o anúncio da disponibilidade de Santana Lopes teve o efeito positivo de travar a candidatura de Paulo Portas, colocando-o numa situação embaraçosa - pois Santana era o único candidato que o PSD dispunha na actual conjuntura, à altura do líder do PP e do actual presidente da Câmara, João Soares. Mas também é certo que o PSD precisa do PP, se quiser verdadeiramente ter hipóteses de derrotar a coligação de esquerda em Lisboa. Só que, neste ponto, esbarra na moção de estratégia que o PSD-Lisboa aprovou, rejeitando coligações.

Todos empurram Santana

O avanço de Santana também satisfez a direcção de Durão Barroso - embora o líder do PSD só queira pronunciar-se quando Santana anunciar a sua decisão.Mas a convicção geral na direcção do PSD é a de que a candidatura de Santana Lopes colocou Paulo Portas numa situação muito crítica, que este já não conhecia desde o fim da AD, com Marcelo Rebelo de Sousa, há quase dois anos.

Para a direcção social-democrata, Portas «pôs-se a jeito» e está a braços com um problema que ele próprio criou, depois de ter avançado de forma intempestiva e prematura com a sua candidatura a Lisboa, sem falar com o PSD e agindo desde então publicamente num autêntico braço-de-ferro com os sociais-democratas. Na direcção de Barroso considera-se mesmo que Paulo Portas ainda será obrigado a demitir-se da liderança do PP: se desistir a favor do PSD o partido não lhe perdoará, o mesmo acontecendo se chegar a um entendimento com Santana que não salvaguarde a sua imagem e a dos populares.

Impossível recuar

Chegado a este ponto, Pedro Santana Lopes já não tem grande margem de recuo dentro do partido para vir agora recusar candidatar-se às eleições autárquicas por Lisboa. Se o fizer, juntará à imagem de alguém que nunca leva as coisas até ao fim (que de alguma forma conseguira contrariar, conquistando a Câmara da Figueira da Foz e levando até ao fim o seu mandato) a ideia de que teve medo de dar a cara pelo partido num confronto muito difícil mas decisivo.

Pior ainda: a hipótese da sua candidatura criou em muitas estruturas locais do PSD a ideia de que a Câmara da capital afinal pode ser conquistada. Se voltar atrás, Santana desiludirá o partido e comprometerá de forma irremediável as aspirações que tem de chegar à liderança do PSD.

Solução para Figueira e Coimbra

Mas além da problemática forma de entendimento com o PP e Paulo Portas, Santana tem também que resolver os problemas criados na distrital do PSD de Coimbra e a escolha de candidatos que assegurem um bom resultado ao partido nas Câmaras desta cidade e da Figueira da Foz.

Para suceder a Santana na Figueira estão a ser ponderados os nomes de Paulo Pereira Coelho (líder do PSD-Coimbra) e de Duarte Silva (ex-ministro da Agricultura no Governo de Cavaco Silva e actual administrador dos estaleiros de Viana do Castelo). E para Coimbra é apontado o ex-governador civil Jaime Ramos.

As «cinzas» de Pedro Santana Lopes

O autarca da Figueira da Foz adiou para depois do Carnaval a confirmação da candidatura à Câmara de Lisboa

Luiz Carvalho Durão Barroso e Santana Lopes: com o apoio da direcção nacional para Lisboa, Santana quer «arrumar» primeiro o que está pendente na Figueira e em Coimbra

SANTANA Lopes adiou para depois do Carnaval o anúncio da sua candidatura à presidência da Câmara de Lisboa. O actual presidente da Câmara da Figueira da Foz ainda não conseguiu reunir as condições políticas imprescindíveis para avançar e que passam por arranjar uma forma de entendimento com o PP de Paulo Portas de forma a que nem este, nem a distrital do PSD de Lisboa percam a face.

Ao adiar a sua decisão para «quarta-feira de Cinzas» - o primeiro dia de penitência da Quaresma -, o actual presidente da Câmara da Figueira da Foz está a introduzir um compasso de espera para que se resolvam os dilemas em relação ao PP de Paulo Portas.

Viver ou morrer... em Dezembro

Recorde-se que o autarca da Figueira da Foz tinha prometido para esta semana uma resposta definitiva sobre a sua candidatura a Lisboa. E revelou que esta, «a concretizar-se, terá uma forma original, tendo por base uma convergência política entre o PSD e o PP que sirva de exemplo, até, para outras situações».

O problema é que o PSD-Lisboa, liderado por Manuela Ferreira Leite, aprovou no Verão passado, por unanimidade e aclamação, uma moção em que se determinava que o partido iria concorrer sozinho nas eleições para a Câmara da capital - o que constituiu um gesto óbvio de recusa de entendimento com a candidatura do líder do PP.

Por seu turno, Paulo Portas tem reiterado publicamente que irá até ao fim «sem olhar para o lado», assumindo o risco de pôr em jogo a sua liderança no partido se as eleições de Dezembro lhe correrem de forma desastrosa. Em privado, o líder do PP tem mesmo afirmado «vivo ou morro em Dezembro».

Apesar disso, Paulo Portas está irredutível: só admite rever a sua posição num cenário de coligação formal e acordo pré-eleitoral.

Já do lado do PSD, é certo que o anúncio da disponibilidade de Santana Lopes teve o efeito positivo de travar a candidatura de Paulo Portas, colocando-o numa situação embaraçosa - pois Santana era o único candidato que o PSD dispunha na actual conjuntura, à altura do líder do PP e do actual presidente da Câmara, João Soares. Mas também é certo que o PSD precisa do PP, se quiser verdadeiramente ter hipóteses de derrotar a coligação de esquerda em Lisboa. Só que, neste ponto, esbarra na moção de estratégia que o PSD-Lisboa aprovou, rejeitando coligações.

Todos empurram Santana

O avanço de Santana também satisfez a direcção de Durão Barroso - embora o líder do PSD só queira pronunciar-se quando Santana anunciar a sua decisão.Mas a convicção geral na direcção do PSD é a de que a candidatura de Santana Lopes colocou Paulo Portas numa situação muito crítica, que este já não conhecia desde o fim da AD, com Marcelo Rebelo de Sousa, há quase dois anos.

Para a direcção social-democrata, Portas «pôs-se a jeito» e está a braços com um problema que ele próprio criou, depois de ter avançado de forma intempestiva e prematura com a sua candidatura a Lisboa, sem falar com o PSD e agindo desde então publicamente num autêntico braço-de-ferro com os sociais-democratas. Na direcção de Barroso considera-se mesmo que Paulo Portas ainda será obrigado a demitir-se da liderança do PP: se desistir a favor do PSD o partido não lhe perdoará, o mesmo acontecendo se chegar a um entendimento com Santana que não salvaguarde a sua imagem e a dos populares.

Impossível recuar

Chegado a este ponto, Pedro Santana Lopes já não tem grande margem de recuo dentro do partido para vir agora recusar candidatar-se às eleições autárquicas por Lisboa. Se o fizer, juntará à imagem de alguém que nunca leva as coisas até ao fim (que de alguma forma conseguira contrariar, conquistando a Câmara da Figueira da Foz e levando até ao fim o seu mandato) a ideia de que teve medo de dar a cara pelo partido num confronto muito difícil mas decisivo.

Pior ainda: a hipótese da sua candidatura criou em muitas estruturas locais do PSD a ideia de que a Câmara da capital afinal pode ser conquistada. Se voltar atrás, Santana desiludirá o partido e comprometerá de forma irremediável as aspirações que tem de chegar à liderança do PSD.

Solução para Figueira e Coimbra

Mas além da problemática forma de entendimento com o PP e Paulo Portas, Santana tem também que resolver os problemas criados na distrital do PSD de Coimbra e a escolha de candidatos que assegurem um bom resultado ao partido nas Câmaras desta cidade e da Figueira da Foz.

Para suceder a Santana na Figueira estão a ser ponderados os nomes de Paulo Pereira Coelho (líder do PSD-Coimbra) e de Duarte Silva (ex-ministro da Agricultura no Governo de Cavaco Silva e actual administrador dos estaleiros de Viana do Castelo). E para Coimbra é apontado o ex-governador civil Jaime Ramos.

marcar artigo