EXPRESSO: País

21-05-2002
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Processo de Renovação em Curso no PS Ferro quer nova Declaração de Princípios do PS e Mário Soares avisa: o caminho é à esquerda João Carlos Santos O líder socialista vai abrir o processo de refiliação e pôr o congresso a debater novos estatutos. Quanto à ideologia, aguarda que alguns silêncios se quebrem FERRO Rodrigues vai extinguir a Comissão Permanente do PS. A reorganização do partido prometida pelo novo líder socialista dá o pontapé de saída já na terça-feira, numa reunião do Secretariado Nacional onde Ferro confirmará as suas quatro prioridades internas: preparar o Congresso, a revisão dos estatutos, a refiliação interna e a revisão da declaração de princípios do Partido Socialista, datada de 86, antes da queda do muro de Berlim. A proposta de extinção da Comissão Permanente partiu de António José Seguro, o seu actual coordenador, e agradou ao secretário-geral. FERRO Rodrigues vai extinguir a Comissão Permanente do PS. A reorganização do partido prometida pelo novo líder socialista dá o pontapé de saída já na terça-feira, numa reunião do Secretariado Nacional onde Ferro confirmará as suas quatro prioridades internas: preparar o Congresso, a revisão dos estatutos, a refiliação interna e a revisão da declaração de princípios do Partido Socialista, datada de 86, antes da queda do muro de Berlim. A proposta de extinção da Comissão Permanente partiu de António José Seguro, o seu actual coordenador, e agradou ao secretário-geral. Seguro começou por sugerir que se extinguisse a cúpula daquele órgão, argumentando com o facto de o PS estar agora na oposição e de o líder do partido dispor de condições - ao contrário do que sucedia até aqui -, para poder ele próprio assegurar a coordenação. Mas a sua proposta acabou por ir mais longe, ao encontro, aliás, das intenções de Ferro Rodrigues: acabar pura e simplesmente com a Comissão Permanente - que tem 22 elementos, o que a torna muito pouco ágil para «núcleo duro» - e recorrer, em seu lugar, a grupos de trabalho mais restritos. À extinção da Comissão Permanente seguir-se-á o emagrecimento dos restantes órgãos dirigentes do partido – um Secretariado de 50 pessoas, uma Comissão Política de 70, e uma Comissão Nacional de 200. No que toca à revisão estatutária e à preparação do Congresso, o Secretariado deverá produzir propostas a levar à Comissão Nacional no dia 20, sendo certo que Ferro quer rever os estatutos a duas velocidades. Antes do Congresso será alterado o método de eleição do secretário-geral e serão revistos os direitos estatutários dos novos militantes; e para o Congresso ficará a revisão estatutária de fundo. «Tralha» avança A justificação para este protelamento da revisão dos estatutos é que é vantajoso não a restringir à lógica aparelhística da Comissão Nacional, além de que a sua discussão em Congresso evitará que este resulte numa «missa». Conceder aos novos militantes pleno direito de intervenção no Congresso é um ponto de honra para Ferro Rodrigues, embora esta tarefa prometa dar-lhe mais trabalho do que se previa. A necessidade de limpar o partido da «tralha guterrista», proclamada por Vicente Jorge Silva mal aderiu ao PS após as eleições, foi mal recebida no interior do partido, incluindo na direcção, que vislumbrou nas palavras do ex-director do «Público» um rastilho para relançar alguns militantes contra os independentes. Esquerda, volver! Nada que faça recuar Ferro, que quer mesmo ver os novos militantes em pé de igualdade com a velha militância no Congresso do próximo Outono. Convicto como está de que essa participação será essencial para ajudar a repensar a revitalização de um partido que saiu amorfo dos últimos anos de poder guterrista. A revisão da Declaração de Princípios do partido ajudará a animar a redefinição ideológica desejada pelo secretário-geral. E nos últimos dias choveram vários artigos de opinião indicando claramente que o caminho é para a esquerda. Paulo Pedroso, Manuel Alegre, Vicente Jorge Silva, Mário Soares, escreveram nesse sentido, tendo o «pai» fundador defendido o regresso do PS «a um partido de esquerda, como sempre foi, e não do centro». João Soares marcou, entretanto, um dos seus almoços de tendência para 24 de Abril, em Lisboa, a pretxto das comemorações do 25 de Abril. Quanto à «tralha», o velho Soares parece concordar com o estreante Vicente, sobretudo ao colocar o epicentro da barrela necessária nos procedimentos e não tanto nas pessoas. Segundo o ex-Presidente, é preciso acabar «com um certo oportunismo negocista que atacou o PS como um musgo viscoso». O regresso às causas e valores da esquerda é o grande desafio que Ferro Rodrigues tem pela frente. Sendo que alguns guterristas, agora ao seu lado, ainda não quebraram o silêncio sobre a forma como encaram - ou sequer se encaram - esta história das redefinições ideológicas.

Ângela Silva e Cristina Figueiredo

COMENTÁRIOS

4 comentários 1 a 4

30 de Março de 2002 às 19:48

Sampa ( O escremento e as moscas... )

RENOVAÇÃO ?????

POIS, POIS...

O PIOR É QUE O ESCREMENTO É O MESMO E AS MOSCAS TAMBÉM !!!!!

29 de Março de 2002 às 23:57

arodrigues ( aruiz@mail.pt )

Na processo de renovação em curso não podem ser esquecidas as "distritais" onde uma série de carreiristas apoucam o Partido. Todo o Homem de esquerda sauda a intenção de Eduardo Ferro Rodrigues. O PS terá de ser de esquerda e Ferro Rodrigues pode ser o homem certo no lugar certo. Mas vir o Mário Soares dizer que o PS terá de ser um Partido de esquerda como sempre foi já deixa algumas dúvidas.

29 de Março de 2002 às 17:55

Jotaerre

O PS renova-se como o PCP, isto é:

comendo mais do mesmo socialismo xulo da nossa bolsa e assassinando o nosso futuro.

29 de Março de 2002 às 12:25

Zé Luiz

Ferro Rodrigues quer um partido "lean and mean": ou seja, um partido de combate. Eu por mim saúdo a intenção, ressalvando que a oposição frontal que daqui vai resultar tem de ser conciliada - tanto ao nível da realidade como ao da imagem pública - com uma oposição responsável e "de Estado".

Não vai ser fácil.

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Processo de Renovação em Curso no PS Ferro quer nova Declaração de Princípios do PS e Mário Soares avisa: o caminho é à esquerda João Carlos Santos O líder socialista vai abrir o processo de refiliação e pôr o congresso a debater novos estatutos. Quanto à ideologia, aguarda que alguns silêncios se quebrem FERRO Rodrigues vai extinguir a Comissão Permanente do PS. A reorganização do partido prometida pelo novo líder socialista dá o pontapé de saída já na terça-feira, numa reunião do Secretariado Nacional onde Ferro confirmará as suas quatro prioridades internas: preparar o Congresso, a revisão dos estatutos, a refiliação interna e a revisão da declaração de princípios do Partido Socialista, datada de 86, antes da queda do muro de Berlim. A proposta de extinção da Comissão Permanente partiu de António José Seguro, o seu actual coordenador, e agradou ao secretário-geral. FERRO Rodrigues vai extinguir a Comissão Permanente do PS. A reorganização do partido prometida pelo novo líder socialista dá o pontapé de saída já na terça-feira, numa reunião do Secretariado Nacional onde Ferro confirmará as suas quatro prioridades internas: preparar o Congresso, a revisão dos estatutos, a refiliação interna e a revisão da declaração de princípios do Partido Socialista, datada de 86, antes da queda do muro de Berlim. A proposta de extinção da Comissão Permanente partiu de António José Seguro, o seu actual coordenador, e agradou ao secretário-geral. Seguro começou por sugerir que se extinguisse a cúpula daquele órgão, argumentando com o facto de o PS estar agora na oposição e de o líder do partido dispor de condições - ao contrário do que sucedia até aqui -, para poder ele próprio assegurar a coordenação. Mas a sua proposta acabou por ir mais longe, ao encontro, aliás, das intenções de Ferro Rodrigues: acabar pura e simplesmente com a Comissão Permanente - que tem 22 elementos, o que a torna muito pouco ágil para «núcleo duro» - e recorrer, em seu lugar, a grupos de trabalho mais restritos. À extinção da Comissão Permanente seguir-se-á o emagrecimento dos restantes órgãos dirigentes do partido – um Secretariado de 50 pessoas, uma Comissão Política de 70, e uma Comissão Nacional de 200. No que toca à revisão estatutária e à preparação do Congresso, o Secretariado deverá produzir propostas a levar à Comissão Nacional no dia 20, sendo certo que Ferro quer rever os estatutos a duas velocidades. Antes do Congresso será alterado o método de eleição do secretário-geral e serão revistos os direitos estatutários dos novos militantes; e para o Congresso ficará a revisão estatutária de fundo. «Tralha» avança A justificação para este protelamento da revisão dos estatutos é que é vantajoso não a restringir à lógica aparelhística da Comissão Nacional, além de que a sua discussão em Congresso evitará que este resulte numa «missa». Conceder aos novos militantes pleno direito de intervenção no Congresso é um ponto de honra para Ferro Rodrigues, embora esta tarefa prometa dar-lhe mais trabalho do que se previa. A necessidade de limpar o partido da «tralha guterrista», proclamada por Vicente Jorge Silva mal aderiu ao PS após as eleições, foi mal recebida no interior do partido, incluindo na direcção, que vislumbrou nas palavras do ex-director do «Público» um rastilho para relançar alguns militantes contra os independentes. Esquerda, volver! Nada que faça recuar Ferro, que quer mesmo ver os novos militantes em pé de igualdade com a velha militância no Congresso do próximo Outono. Convicto como está de que essa participação será essencial para ajudar a repensar a revitalização de um partido que saiu amorfo dos últimos anos de poder guterrista. A revisão da Declaração de Princípios do partido ajudará a animar a redefinição ideológica desejada pelo secretário-geral. E nos últimos dias choveram vários artigos de opinião indicando claramente que o caminho é para a esquerda. Paulo Pedroso, Manuel Alegre, Vicente Jorge Silva, Mário Soares, escreveram nesse sentido, tendo o «pai» fundador defendido o regresso do PS «a um partido de esquerda, como sempre foi, e não do centro». João Soares marcou, entretanto, um dos seus almoços de tendência para 24 de Abril, em Lisboa, a pretxto das comemorações do 25 de Abril. Quanto à «tralha», o velho Soares parece concordar com o estreante Vicente, sobretudo ao colocar o epicentro da barrela necessária nos procedimentos e não tanto nas pessoas. Segundo o ex-Presidente, é preciso acabar «com um certo oportunismo negocista que atacou o PS como um musgo viscoso». O regresso às causas e valores da esquerda é o grande desafio que Ferro Rodrigues tem pela frente. Sendo que alguns guterristas, agora ao seu lado, ainda não quebraram o silêncio sobre a forma como encaram - ou sequer se encaram - esta história das redefinições ideológicas.

Ângela Silva e Cristina Figueiredo

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4 comentários 1 a 4

30 de Março de 2002 às 19:48

Sampa ( O escremento e as moscas... )

RENOVAÇÃO ?????

POIS, POIS...

O PIOR É QUE O ESCREMENTO É O MESMO E AS MOSCAS TAMBÉM !!!!!

29 de Março de 2002 às 23:57

arodrigues ( aruiz@mail.pt )

Na processo de renovação em curso não podem ser esquecidas as "distritais" onde uma série de carreiristas apoucam o Partido. Todo o Homem de esquerda sauda a intenção de Eduardo Ferro Rodrigues. O PS terá de ser de esquerda e Ferro Rodrigues pode ser o homem certo no lugar certo. Mas vir o Mário Soares dizer que o PS terá de ser um Partido de esquerda como sempre foi já deixa algumas dúvidas.

29 de Março de 2002 às 17:55

Jotaerre

O PS renova-se como o PCP, isto é:

comendo mais do mesmo socialismo xulo da nossa bolsa e assassinando o nosso futuro.

29 de Março de 2002 às 12:25

Zé Luiz

Ferro Rodrigues quer um partido "lean and mean": ou seja, um partido de combate. Eu por mim saúdo a intenção, ressalvando que a oposição frontal que daqui vai resultar tem de ser conciliada - tanto ao nível da realidade como ao da imagem pública - com uma oposição responsável e "de Estado".

Não vai ser fácil.

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