Governo evita politizar caso Paulo Pedroso

09-06-2003
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Governo Evita Politizar Caso Paulo Pedroso

Por HELENA PEREIRA, em Rabat

Sexta-feira, 23 de Maio de 2003

O Governo quer evitar qualquer tipo de abordagem política do caso do alegado envolvimento do porta-voz do PS, Paulo Pedroso, em actos de pedofilia e vários elementos reconhecem que esta situação não atinge apenas o maior partido da oposição, mas toda a classe política.

O primeiro-ministro Durão Barroso deixou, ontem, claro em Rabat que não quer politizar o caso. Questionado pelos jornalistas, Durão foi breve nas respostas e no fim justificou essa atitude: "Eu não quero precisamente politizar."

O primeiro-ministro acrescentou que "a justiça em Portugal funciona com total independência" e que "vigora o princípio da separação de poderes". Tal como tinha feito anteontem, reiterou que o primeiro-ministro deve "dar um exemplo de serenidade ao país". Por parte de outros membros do Governo, não há comentários, mas o sentimento instalado é o de que este caso vem afectar não só Paulo Pedroso, mas toda a classe política.

Na hipótese de a investigação do Ministério Público sobre Paulo Pedroso estar assente em fundamentos frágeis, alguns elementos do Governo ouvidos pelo PÚBLICO consideram que se poderá vir a estar perante o fim da credibilidade da justiça em Portugal.

A notícia causou surpresa entre os elementos do executivo de Durão Barroso. O próprio primeiro-ministro não teve conhecimento prévio do caso, só o ficando a conhecer pela comunicação social. Ontem, a expectativa era a de que pudesse haver outros nomes da política relacionados com o escândalo da pedofilia.

A tese da "cabala" contra o PS é rejeitada entre a maioria que apoia o Governo e que sustenta que o Ministério Público permanece com as mesmas pessoas do tempo do anterior Governo do PS, incluindo o procurador-geral da República, indicado pelo Governo quando António Costa era ministro da Justiça. A declaração de Durão Barroso com o apelo à serenidade segue-se às declarações do secretário-geral do PS, Ferro Rodrigues, que foram vistas como exageradas. O primeiro-ministro deu mesmo ordens expressas para Lisboa no sentido de que a maioria não contribuísse para a politização deste caso.

O porta-voz do PSD, Pedro Duarte, afirmou ontem que "ninguém está acima da lei" e que "não se deve esquecer" que toda a gente é inocente até transitado em julgado. Quanto às declarações de Ferro Rodrigues, diz não ter visto nelas qualquer ataque indirecto ao Governo. "Devemos todos perceber que não é oportuno fazer uma análise política" das afirmações do líder socialista, que, a seu ver, "foram condicionadas por uma carga emocional muito forte".

Por outro lado, o PSD receia que a politização deste caso possa provocar ainda o crescimento de um discurso mais extremista no espectro partidário e de crítica contra o sistema.

Quando estalou o caso da alegada rede de pedofilia na Casa Pia, Durão Barroso conversou com o procurador-geral da República e deixou claro que este teria todos os meios à disposição para se ocupar desta investigação.

Governo Evita Politizar Caso Paulo Pedroso

Por HELENA PEREIRA, em Rabat

Sexta-feira, 23 de Maio de 2003

O Governo quer evitar qualquer tipo de abordagem política do caso do alegado envolvimento do porta-voz do PS, Paulo Pedroso, em actos de pedofilia e vários elementos reconhecem que esta situação não atinge apenas o maior partido da oposição, mas toda a classe política.

O primeiro-ministro Durão Barroso deixou, ontem, claro em Rabat que não quer politizar o caso. Questionado pelos jornalistas, Durão foi breve nas respostas e no fim justificou essa atitude: "Eu não quero precisamente politizar."

O primeiro-ministro acrescentou que "a justiça em Portugal funciona com total independência" e que "vigora o princípio da separação de poderes". Tal como tinha feito anteontem, reiterou que o primeiro-ministro deve "dar um exemplo de serenidade ao país". Por parte de outros membros do Governo, não há comentários, mas o sentimento instalado é o de que este caso vem afectar não só Paulo Pedroso, mas toda a classe política.

Na hipótese de a investigação do Ministério Público sobre Paulo Pedroso estar assente em fundamentos frágeis, alguns elementos do Governo ouvidos pelo PÚBLICO consideram que se poderá vir a estar perante o fim da credibilidade da justiça em Portugal.

A notícia causou surpresa entre os elementos do executivo de Durão Barroso. O próprio primeiro-ministro não teve conhecimento prévio do caso, só o ficando a conhecer pela comunicação social. Ontem, a expectativa era a de que pudesse haver outros nomes da política relacionados com o escândalo da pedofilia.

A tese da "cabala" contra o PS é rejeitada entre a maioria que apoia o Governo e que sustenta que o Ministério Público permanece com as mesmas pessoas do tempo do anterior Governo do PS, incluindo o procurador-geral da República, indicado pelo Governo quando António Costa era ministro da Justiça. A declaração de Durão Barroso com o apelo à serenidade segue-se às declarações do secretário-geral do PS, Ferro Rodrigues, que foram vistas como exageradas. O primeiro-ministro deu mesmo ordens expressas para Lisboa no sentido de que a maioria não contribuísse para a politização deste caso.

O porta-voz do PSD, Pedro Duarte, afirmou ontem que "ninguém está acima da lei" e que "não se deve esquecer" que toda a gente é inocente até transitado em julgado. Quanto às declarações de Ferro Rodrigues, diz não ter visto nelas qualquer ataque indirecto ao Governo. "Devemos todos perceber que não é oportuno fazer uma análise política" das afirmações do líder socialista, que, a seu ver, "foram condicionadas por uma carga emocional muito forte".

Por outro lado, o PSD receia que a politização deste caso possa provocar ainda o crescimento de um discurso mais extremista no espectro partidário e de crítica contra o sistema.

Quando estalou o caso da alegada rede de pedofilia na Casa Pia, Durão Barroso conversou com o procurador-geral da República e deixou claro que este teria todos os meios à disposição para se ocupar desta investigação.

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