Sócrates consuma ruptura com Manuel Alegre

26-10-2004
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Sócrates Consuma Ruptura com Manuel Alegre

Terça-feira, 05 de Outubro de 2004

Novo líder vai romper tradição de fazer lista única para a comissão política nacional do PS

João Pedro Henriques

Se a candidatura de Manuel Alegre quiser ter representantes na comissão política nacional (CPN) do PS, então que apresente a sua lista e vá a votos. Esta é, para já, a tese dominante entre os "socráticos", segundo adiantou ontem ao PÚBLICO um dos mais próximos colaboradores do novo secretário-geral do PS.

A eleição da CPN (que é uma espécie de "parlamento" do partido) terá lugar no próximo sábado, na primeira reunião da comissão nacional eleita no congresso do passado fim de semana, em Guimarães. Para a comissão nacional, a lista de Sócrates elegeu 205 representantes e a de Alegre 46.

A tradição é que o secretário-geral eleito faça uma única lista para a CPN que inclua, proporcionalmente, representantes dos vencidos. Isso aconteceu em congressos muito disputados, como o de 1992, onde António Guterres derrotou Jorge Sampaio.

Agora, ao que tudo indica, José Sócrates parece disposto a romper com esse procedimento. Segundo o colaborador do novo líder ouvido pelo PÚBLICO, Manuel Alegre não deu "sinais suficientes" de estar disposto a ser colaborante com o novo líder do PS. Recorda-se, por exemplo, que Alegre fez questão de lembrar no congresso os seis mil votos que obteve na eleição para secretário-geral.

Já ontem, o fosso entre as duas candidaturas acentuou-se depois de ser conhecido um telex da Lusa em que Osvaldo de Castro, director da campanha de Manuel Alegre, "exigia" que a lista única a apresentar pelo líder socialista incluísse pelo menos onze "alegristas". "Estou convencido que o secretário-geral do PS nos fará uma proposta para que se forme uma lista única para a comissão política do PS, tendo em conta a representatividade dos apoiantes de Manuel Alegre na comissão nacional do partido", declarou Osvaldo Castro, que acrescentou que "o mínimo exigível é que se indiquem agora 11 elementos para a comissão política". Na opinião de um outro destacado apoiante de Sócrates, as palavras de Osvaldo de Castro acentuam o fosso porque Alegre "não pode exigir coisa nenhuma, quanto muito propõe".

Osvaldo de Castro invocou também "gestos de boa vontade" do seu grupo para com a corrente maioritária. Isso terá acontecido quando Alegre recusou tomar uma "atitude mais veemente" em relação à lista de Sócrates, acusada de ter violado várias normas estatutárias, nomeadamente a da quota de um terço de mulheres. Osvaldo de Castro comentou também à Lusa a hipótese de Sócrates recusar a lista única: "Teríamos de lembrar que se tratava de uma violação da lei dos partidos, legislação que é mais recente e que prevalece em relação aos estatutos."

Os estatutos do PS determinam que "a comissão política nacional é eleita pela Comissão Nacional, pelo sistema de listas completas e segundo o princípio da representação proporcional".

Fazendo uma lista própria, Alegre acabará por, de facto, consagrar o seu grupo como uma tendência do PS. Já na visão do líder, é preferível um "inimigo interno" devidamente identificado do que uma liderança assente numa falsa ideia de unidade.

Sócrates Consuma Ruptura com Manuel Alegre

Terça-feira, 05 de Outubro de 2004

Novo líder vai romper tradição de fazer lista única para a comissão política nacional do PS

João Pedro Henriques

Se a candidatura de Manuel Alegre quiser ter representantes na comissão política nacional (CPN) do PS, então que apresente a sua lista e vá a votos. Esta é, para já, a tese dominante entre os "socráticos", segundo adiantou ontem ao PÚBLICO um dos mais próximos colaboradores do novo secretário-geral do PS.

A eleição da CPN (que é uma espécie de "parlamento" do partido) terá lugar no próximo sábado, na primeira reunião da comissão nacional eleita no congresso do passado fim de semana, em Guimarães. Para a comissão nacional, a lista de Sócrates elegeu 205 representantes e a de Alegre 46.

A tradição é que o secretário-geral eleito faça uma única lista para a CPN que inclua, proporcionalmente, representantes dos vencidos. Isso aconteceu em congressos muito disputados, como o de 1992, onde António Guterres derrotou Jorge Sampaio.

Agora, ao que tudo indica, José Sócrates parece disposto a romper com esse procedimento. Segundo o colaborador do novo líder ouvido pelo PÚBLICO, Manuel Alegre não deu "sinais suficientes" de estar disposto a ser colaborante com o novo líder do PS. Recorda-se, por exemplo, que Alegre fez questão de lembrar no congresso os seis mil votos que obteve na eleição para secretário-geral.

Já ontem, o fosso entre as duas candidaturas acentuou-se depois de ser conhecido um telex da Lusa em que Osvaldo de Castro, director da campanha de Manuel Alegre, "exigia" que a lista única a apresentar pelo líder socialista incluísse pelo menos onze "alegristas". "Estou convencido que o secretário-geral do PS nos fará uma proposta para que se forme uma lista única para a comissão política do PS, tendo em conta a representatividade dos apoiantes de Manuel Alegre na comissão nacional do partido", declarou Osvaldo Castro, que acrescentou que "o mínimo exigível é que se indiquem agora 11 elementos para a comissão política". Na opinião de um outro destacado apoiante de Sócrates, as palavras de Osvaldo de Castro acentuam o fosso porque Alegre "não pode exigir coisa nenhuma, quanto muito propõe".

Osvaldo de Castro invocou também "gestos de boa vontade" do seu grupo para com a corrente maioritária. Isso terá acontecido quando Alegre recusou tomar uma "atitude mais veemente" em relação à lista de Sócrates, acusada de ter violado várias normas estatutárias, nomeadamente a da quota de um terço de mulheres. Osvaldo de Castro comentou também à Lusa a hipótese de Sócrates recusar a lista única: "Teríamos de lembrar que se tratava de uma violação da lei dos partidos, legislação que é mais recente e que prevalece em relação aos estatutos."

Os estatutos do PS determinam que "a comissão política nacional é eleita pela Comissão Nacional, pelo sistema de listas completas e segundo o princípio da representação proporcional".

Fazendo uma lista própria, Alegre acabará por, de facto, consagrar o seu grupo como uma tendência do PS. Já na visão do líder, é preferível um "inimigo interno" devidamente identificado do que uma liderança assente numa falsa ideia de unidade.

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