Comunistas saúdam resultado "muito encorajador"

25-06-2004
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Comunistas Saúdam Resultado "Muito Encorajador"

Por NUNO SÁ LOURENÇO

Segunda-feira, 14 de Junho de 2004

O PCP atravessou ontem a noite eleitoral sem grandes festejos e num aparente ambiente calmo, apesar de, nos discursos, os seus dirigentes terem considerado os dois mandatos atingidos como uma "vitória" e um resultado "muito encorajador".

Na rua Soeiro Pereira Gomes compareceram menos militantes, com menos bandeiras, celebrando de uma forma muito menos ruidosa do que noutras alturas. A frase que resumiu a forma como o PCP esperou pelos resultados foi mesmo uma tirada bem disposta da terceira candidata não eleita, Odete Santos. Quando um jornalista a questionou sobre a sua não eleição, a deputada comunista afirmou-se "absolutamente calma" e ofereceu-se para cantar a música "Que sera, sera", do filme "O homem que sabia demais".

A maior parte das reacções sobre os resultados eleitorais não deixaram, no entanto, de assinalar o facto de a CDU (PCP-PEV) ter conseguido um resultado superior ao que se estimava no início. "Apesar de a sua campanha eleitoral ter sido predominantemente acompanhada pela difusão de perspectivas muito pessimistas e confinadas à eleição de um único deputado, a CDU, alcançando cerca de 9,5 por cento, regista um resultado bastante positivo e muito encorajador", diria Carvalhas, pelas 22 horas. A cabeça de lista, Ilda Figueiredo, classificava já como "um bom resultado" as previsões avançadas às vinte horas.

Foi também assim que os comunistas se escudaram às perguntas sobre a não eleição do terceiro deputado. Essa meta tinha sido proposta tanto pela cabeça de lista como pelo secretário-geral durante a campanha. Sérgio Ribeiro, o segundo da lista e último eleito, afirmou até que "seria uma surpresa, como foi em 1999 não ter sido eleito [quando era o terceiro candidato]." Os dirigentes Agostinho Lopes e Jorge Cordeiro também não quiseram deixar passar em claro a discrepância entre as eleições e as sondagens que não davam mais de cinco por cento à CDU.

Cartão "mais vermelho não há!"

A segunda conclusão retirada pela CDU foi que o cartão mostrado ao Governo foi o vermelho: "Mais vermelho não há!", assegurou Carlos Carvalhas, exigindo ao Governo que saiba "retirar conclusões". "Dá mais força à exigência democrática de que, o mais cedo possível, o país seja poupado à continuação da acção destruidora deste governo até 2006", afirmou antes de defender que estas eleições não podiam "ficar sem relevantes consequências políticas, que os partidos que hoje desgovernam o país, apesar de coligados, tenham obtido o seu pior resultado eleitoral desde há 28 anos".

Carvalhas assinalou o facto de a esquerda ter atingido, "nestas eleições cerca de 60 por cento dos votos para cerca de 34 por cento dos partidos do Governo". Já antes, logo após a revelação das sondagens à boca das urnas , Vítor Dias assinalava a "enorme derrota" da direita.

O secretário-geral do PCP aproveitou ainda a conferência de imprensa final para comentar as declarações socialistas sobre a vitória. Carvalhas afirmou que os socialistas iriam por "mau caminho" caso insistissem em sublinhar que sozinhos haviam derrotado a coligação de direita.

Estas eleições europeias ficam também marcadas pela não comparência na mesa de voto do histórico líder, Álvaro Cunhal, que não foi votar por motivos de saúde.

Comunistas Saúdam Resultado "Muito Encorajador"

Por NUNO SÁ LOURENÇO

Segunda-feira, 14 de Junho de 2004

O PCP atravessou ontem a noite eleitoral sem grandes festejos e num aparente ambiente calmo, apesar de, nos discursos, os seus dirigentes terem considerado os dois mandatos atingidos como uma "vitória" e um resultado "muito encorajador".

Na rua Soeiro Pereira Gomes compareceram menos militantes, com menos bandeiras, celebrando de uma forma muito menos ruidosa do que noutras alturas. A frase que resumiu a forma como o PCP esperou pelos resultados foi mesmo uma tirada bem disposta da terceira candidata não eleita, Odete Santos. Quando um jornalista a questionou sobre a sua não eleição, a deputada comunista afirmou-se "absolutamente calma" e ofereceu-se para cantar a música "Que sera, sera", do filme "O homem que sabia demais".

A maior parte das reacções sobre os resultados eleitorais não deixaram, no entanto, de assinalar o facto de a CDU (PCP-PEV) ter conseguido um resultado superior ao que se estimava no início. "Apesar de a sua campanha eleitoral ter sido predominantemente acompanhada pela difusão de perspectivas muito pessimistas e confinadas à eleição de um único deputado, a CDU, alcançando cerca de 9,5 por cento, regista um resultado bastante positivo e muito encorajador", diria Carvalhas, pelas 22 horas. A cabeça de lista, Ilda Figueiredo, classificava já como "um bom resultado" as previsões avançadas às vinte horas.

Foi também assim que os comunistas se escudaram às perguntas sobre a não eleição do terceiro deputado. Essa meta tinha sido proposta tanto pela cabeça de lista como pelo secretário-geral durante a campanha. Sérgio Ribeiro, o segundo da lista e último eleito, afirmou até que "seria uma surpresa, como foi em 1999 não ter sido eleito [quando era o terceiro candidato]." Os dirigentes Agostinho Lopes e Jorge Cordeiro também não quiseram deixar passar em claro a discrepância entre as eleições e as sondagens que não davam mais de cinco por cento à CDU.

Cartão "mais vermelho não há!"

A segunda conclusão retirada pela CDU foi que o cartão mostrado ao Governo foi o vermelho: "Mais vermelho não há!", assegurou Carlos Carvalhas, exigindo ao Governo que saiba "retirar conclusões". "Dá mais força à exigência democrática de que, o mais cedo possível, o país seja poupado à continuação da acção destruidora deste governo até 2006", afirmou antes de defender que estas eleições não podiam "ficar sem relevantes consequências políticas, que os partidos que hoje desgovernam o país, apesar de coligados, tenham obtido o seu pior resultado eleitoral desde há 28 anos".

Carvalhas assinalou o facto de a esquerda ter atingido, "nestas eleições cerca de 60 por cento dos votos para cerca de 34 por cento dos partidos do Governo". Já antes, logo após a revelação das sondagens à boca das urnas , Vítor Dias assinalava a "enorme derrota" da direita.

O secretário-geral do PCP aproveitou ainda a conferência de imprensa final para comentar as declarações socialistas sobre a vitória. Carvalhas afirmou que os socialistas iriam por "mau caminho" caso insistissem em sublinhar que sozinhos haviam derrotado a coligação de direita.

Estas eleições europeias ficam também marcadas pela não comparência na mesa de voto do histórico líder, Álvaro Cunhal, que não foi votar por motivos de saúde.

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