"A Presença dos Poetas" na Ausência

26-11-2002
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"A Presença dos Poetas" na Ausência

Sábado, 23 de Novembro de 2002

"Os Volúveis Diademas", livro de poemas inéditos de Ramos Rosa, numa jovem editora, a Ausência.

%Raquel Ribeiro

Foi com "Os Volúveis Diademas", de António Ramos Rosa, que a editora Ausência se lançou na comemoração do seu terceiro aniversário. A obra, primeiro volume da colecção "A Presença dos Poetas", representa uma forte aposta da jovem editora de Vila Nova de Gaia na poesia portuguesa que, segundo as palavras de Luís Machado, escritor e coordenador da colecção, "graças a uma singular pujança e criatividade, conquista, desde há muito tempo, um lugar cimeiro no panorama da arte poética universal".

Leitor apaixonado, Luís Machado tem dedicado muitos anos da sua vida à divulgação da poesia e realça a faceta empreendedora da Ausência como um desafio ao mercado da edição em Portugal, bem como à difusão do livro, através de iniciativas originais na promoção das obras. Por isso, a Ausência "não se limitará apenas ao acto de publicar", diz Luís Machado. Para colmatar o carácter efémero do livro e o seu rápido esquecimento, a editora pretende divulgar os seus autores através de recitais de poesia, edições de CD, debates e feiras do livro apoiadas por um singular autocarro intitulado "A Embaixada dos Livros". Trata-se de uma feira itinerante, que percorrerá o país, fomentando os livros e os debates em torno deles.

"A Presença dos Poetas", colecção que agora se apresenta, conta com nomes singulares da poesia portuguesa: António Ramos Rosa, Teresa Rita Lopes, Ernesto Mello e Castro, António Osório e Joaquim Pessoa. Todos os volumes apresentarão, além do texto, um prefácio, notas biográficas e pinturas originais de ilustração dos poemas.

Para Luís Machado, começar com Ramos Rosa é "uma grande responsabilidade" e, "acima de tudo, apostar na qualidade". "Os Volúveis Diademas", com prefácio de Paula Silva Costa, recorre a intensa e extensa criação de um poeta que iniciou a sua actividade há quase 50 anos, com "Grito Claro". Este novo livro, de poemas inéditos, relembra, nas palavras da autora do prefácio, "um poeta desajustado de uma multidão que se movimenta no sentido oposto ao seu". O "vigor do cavalo" enquanto vigor da escrita, a errância do poeta como "caminhante no deserto", o erotismo - o corpo da mulher e o corpo do poema -, a transparência do diadema como transparência da escrita, são temas que atravessam o imaginário poético do autor e que, nestes "Volúveis Diademas", Ramos Rosa volta a evocar.

Em breve, Teresa Rita Lopes, e "A Fímbria da Fala" (conjunto de poemas que a poetisa apelidou de "poesia minimalista"), e Ernesto Mello e Castro, com "Antologia para Inici-Antes" (que o autor revelou ser uma selecção das "mais de 1400 páginas de poesia que publicou nos últimos 50 anos"), serão os próximos volumes da colecção. Contudo, esta "editora em construção", como lhe chamou Manuel Reis, responsável editorial, não ficará por aqui no que diz respeito à poesia. Outras colecções espreitam: "As Duas Faces", vocacionada para o lançamento de livros da autoria de poetas que têm uma outra face, a de serem figuras públicas; "Revelações Poéticas", colecção destinada à descoberta de novos valores; e "Obras Completas", de Papiniano Carlos, uma compilação há muito adiada.

A editora lançou-se também na temerária aventura de publicar, em paralelo com "os livros", uma série de "maços poéticos", contendo pequenos cigarros feitos de poemas. Para Manuel Reis, trata-se de "uma campanha antitabagista" de promoção da poesia. "O maço poético é um apelo aos jovens. E é também uma prova de que eles compram e lêem poesia", diz. Poemas de Amor, Eróticos e de Resistência, Poetas de Língua Portuguesa e Inglesa, são algumas das temáticas que se podem "fumar".

A Ausência publicará ainda, no final do mês, a "Antologia de Poesia de Intervenção" seleccionada e lida por Odete Santos. O livro, acompanhado por um CD em que a deputada declama poesia, tem capa de Álvaro Cunhal e compila os nomes de Ary dos Santos, O'Neill, Gomes Ferreira, Carlos de Oliveira, entre outros. A partir do próximo ano, será a própria editora a fazer a distribuição das obras do seu catálogo.

"A Presença dos Poetas" na Ausência

Sábado, 23 de Novembro de 2002

"Os Volúveis Diademas", livro de poemas inéditos de Ramos Rosa, numa jovem editora, a Ausência.

%Raquel Ribeiro

Foi com "Os Volúveis Diademas", de António Ramos Rosa, que a editora Ausência se lançou na comemoração do seu terceiro aniversário. A obra, primeiro volume da colecção "A Presença dos Poetas", representa uma forte aposta da jovem editora de Vila Nova de Gaia na poesia portuguesa que, segundo as palavras de Luís Machado, escritor e coordenador da colecção, "graças a uma singular pujança e criatividade, conquista, desde há muito tempo, um lugar cimeiro no panorama da arte poética universal".

Leitor apaixonado, Luís Machado tem dedicado muitos anos da sua vida à divulgação da poesia e realça a faceta empreendedora da Ausência como um desafio ao mercado da edição em Portugal, bem como à difusão do livro, através de iniciativas originais na promoção das obras. Por isso, a Ausência "não se limitará apenas ao acto de publicar", diz Luís Machado. Para colmatar o carácter efémero do livro e o seu rápido esquecimento, a editora pretende divulgar os seus autores através de recitais de poesia, edições de CD, debates e feiras do livro apoiadas por um singular autocarro intitulado "A Embaixada dos Livros". Trata-se de uma feira itinerante, que percorrerá o país, fomentando os livros e os debates em torno deles.

"A Presença dos Poetas", colecção que agora se apresenta, conta com nomes singulares da poesia portuguesa: António Ramos Rosa, Teresa Rita Lopes, Ernesto Mello e Castro, António Osório e Joaquim Pessoa. Todos os volumes apresentarão, além do texto, um prefácio, notas biográficas e pinturas originais de ilustração dos poemas.

Para Luís Machado, começar com Ramos Rosa é "uma grande responsabilidade" e, "acima de tudo, apostar na qualidade". "Os Volúveis Diademas", com prefácio de Paula Silva Costa, recorre a intensa e extensa criação de um poeta que iniciou a sua actividade há quase 50 anos, com "Grito Claro". Este novo livro, de poemas inéditos, relembra, nas palavras da autora do prefácio, "um poeta desajustado de uma multidão que se movimenta no sentido oposto ao seu". O "vigor do cavalo" enquanto vigor da escrita, a errância do poeta como "caminhante no deserto", o erotismo - o corpo da mulher e o corpo do poema -, a transparência do diadema como transparência da escrita, são temas que atravessam o imaginário poético do autor e que, nestes "Volúveis Diademas", Ramos Rosa volta a evocar.

Em breve, Teresa Rita Lopes, e "A Fímbria da Fala" (conjunto de poemas que a poetisa apelidou de "poesia minimalista"), e Ernesto Mello e Castro, com "Antologia para Inici-Antes" (que o autor revelou ser uma selecção das "mais de 1400 páginas de poesia que publicou nos últimos 50 anos"), serão os próximos volumes da colecção. Contudo, esta "editora em construção", como lhe chamou Manuel Reis, responsável editorial, não ficará por aqui no que diz respeito à poesia. Outras colecções espreitam: "As Duas Faces", vocacionada para o lançamento de livros da autoria de poetas que têm uma outra face, a de serem figuras públicas; "Revelações Poéticas", colecção destinada à descoberta de novos valores; e "Obras Completas", de Papiniano Carlos, uma compilação há muito adiada.

A editora lançou-se também na temerária aventura de publicar, em paralelo com "os livros", uma série de "maços poéticos", contendo pequenos cigarros feitos de poemas. Para Manuel Reis, trata-se de "uma campanha antitabagista" de promoção da poesia. "O maço poético é um apelo aos jovens. E é também uma prova de que eles compram e lêem poesia", diz. Poemas de Amor, Eróticos e de Resistência, Poetas de Língua Portuguesa e Inglesa, são algumas das temáticas que se podem "fumar".

A Ausência publicará ainda, no final do mês, a "Antologia de Poesia de Intervenção" seleccionada e lida por Odete Santos. O livro, acompanhado por um CD em que a deputada declama poesia, tem capa de Álvaro Cunhal e compila os nomes de Ary dos Santos, O'Neill, Gomes Ferreira, Carlos de Oliveira, entre outros. A partir do próximo ano, será a própria editora a fazer a distribuição das obras do seu catálogo.

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