Frente Norte: Curdos e americanos a menos de 30 quilómetros de Mossul

02-05-2003
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Frente Norte: Curdos e Americanos a Menos de 30 Quilómetros de Mossul

Por ALEXANDRA LUCAS COELHO

Sábado, 05 de Abril de 2003

Apoiadas pelas forças especiais e pelos bombardeiros B 52 dos Estados Unidos, as forças curdas reforçaram ontem o seu avanço para Mossul, um dos importantes centros petrolíferos do Norte do Iraque sob controle de Bagdad. A meio da tarde, os "peshemerga" (combatentes) curdos estavam a pouco menos de 30 quilómetros a leste de Mossul, depois de terem conquistado às tropas iraquianas a estratégica ponte de Khazer.

"Vamos continuar a avançar, a tomada de Mossul é uma questão de dias, não de meses", anunciou o comandante curdo Serbast Babili à AFP. A repórter da agência francesa descreveu os dois dias de combates e bombardeamentos que culminaram com a tomada da ponte como "uma das primeiras verdadeiras batalhas no Norte do Iraque".

Depois de perderem a ponte, os soldados fiéis a Saddam concentraram uma barreira de artilharia pesada e pelo menos quatro tanques à volta da população de Khazer - que foi abandonada pelos habitantes, segundo o comandante curdo disse à AP. Do ponto onde os "peshemerga" e os jornalistas estavam, avistava-se fumo branco subindo de Khazer. "A batalha ainda continuava ao pôr-do-sol, com os B 52 americanos a bombardearem posições iraquianas", escreveu a AP.

Entretanto, os Estados Unidos anunciaram ontem que controlam as estradas entre Tikrit - a terra natal de Saddam Hussein - e Bagdad, a 175 quilómetros. "As nossas forças de operações especiais mantêm um controlo efectivo das estradas que conduzem ao Iraque, e das estradas entre Bagdad e Tikrit", afirmou o general Vincent Brooks, citado pela Reuters, numa conferência de imprensa no Comando Central americano, no Qatar.

O princípio de um jogo final?

Os ataques da aviação americana, ao longo da semana passada, obrigaram as forças de Saddam a recuarem em vários pontos da linha de demarcação do Norte, entre o território controlado por Bagdad e a região autónoma curda. Enquanto isso, os "peshemerga" e as forças especiais americanas no solo, foram tomando conta dos territórios abandonados, ganhando caminho para os importantes centros petrolíferos de Mossul e Kirkuk. Mas o avanço de ontem até aos arredores de Khazer, povoação a 25 quilómetros de Mossul, "reflecte uma estratégia mais agressiva", interpretava a AP: "Pode significar o princípio de um jogo final decisivo no Norte."

Os combates pela ponte de Khazer começaram quinta-feira de manhã, envolvendo 200 a 250 "peshermerga", apoiados pelos aviões americanos, contra 800 soldados iraquianos, segundo números fornecidos pelas forças curdas.

Numa primeira fase, os soldados de Saddam recuaram para Kalak, a 10 quilómetros de Khazer. Depois começaram a contra-atacar com golpes de morteiros e tiros de "rockets". Após uma resposta dos "peshemerga", as forças especias americanas e os combatentes curdos apelaram à aviação. "Numerosas crateras, pequenas e grandes, algumas muito próximas das trincheiras iraquianas junto a Khazer, testemunhavam a intensidade e a precisão dos bombardeamentos", relatou a AFP. À noite, sete iraquianos renderam-se. Um dos desertores contou à AFP: "Era horrível, os aviões atacavam-nos, era evidente que íamos morrer, mas os soldados foram obrigados a continuar nas suas posições por causa dos comités de castigo."

Os bombardeamentos prolongaram-se pela noite e madrugada, até que os iraquianos começaram a recuar. Na manhã de ontem, chegou um reforço de soldados das forças especiais americanas, uma dezena de veículos, de acordo com a AFP.

Ao meio-dia, o 17º Batalhão do Partido Democrático Curdo (PDK) - um dos dois movimentos políticos que administram a região autónoma curda, no Norte do Iraque - avistava Khazer de uma colina antes dominada pelas forças iraquianas. A AP conta que vários batedores foram enviados para verificar a posição dos iraquianos: "'Bunkers' de sacos de areia protegendo soldados com Ak-47, morteiros, mas nem artilharia pesada nem tanques." Um dos comandantes curdos ainda assim decretou um avanço lento: "Talvez eles tenham armadilhado a ponte para explodir."

Bombardeiros B 52 começaram a atacar as trincehiras dos iraquianos, que responderam com tiros de metralhadora e morteiros, forçando os curdos a procurar abrigo nas partes baixas da margem do rio. Nenhuma baixa registada. Os aviões continuaram a bombardear as colinas junto a Khazer, onde os iraquianos se tinham reagrupado até que os curdos avançaram, tomando a ponte.

Frente Norte: Curdos e Americanos a Menos de 30 Quilómetros de Mossul

Por ALEXANDRA LUCAS COELHO

Sábado, 05 de Abril de 2003

Apoiadas pelas forças especiais e pelos bombardeiros B 52 dos Estados Unidos, as forças curdas reforçaram ontem o seu avanço para Mossul, um dos importantes centros petrolíferos do Norte do Iraque sob controle de Bagdad. A meio da tarde, os "peshemerga" (combatentes) curdos estavam a pouco menos de 30 quilómetros a leste de Mossul, depois de terem conquistado às tropas iraquianas a estratégica ponte de Khazer.

"Vamos continuar a avançar, a tomada de Mossul é uma questão de dias, não de meses", anunciou o comandante curdo Serbast Babili à AFP. A repórter da agência francesa descreveu os dois dias de combates e bombardeamentos que culminaram com a tomada da ponte como "uma das primeiras verdadeiras batalhas no Norte do Iraque".

Depois de perderem a ponte, os soldados fiéis a Saddam concentraram uma barreira de artilharia pesada e pelo menos quatro tanques à volta da população de Khazer - que foi abandonada pelos habitantes, segundo o comandante curdo disse à AP. Do ponto onde os "peshemerga" e os jornalistas estavam, avistava-se fumo branco subindo de Khazer. "A batalha ainda continuava ao pôr-do-sol, com os B 52 americanos a bombardearem posições iraquianas", escreveu a AP.

Entretanto, os Estados Unidos anunciaram ontem que controlam as estradas entre Tikrit - a terra natal de Saddam Hussein - e Bagdad, a 175 quilómetros. "As nossas forças de operações especiais mantêm um controlo efectivo das estradas que conduzem ao Iraque, e das estradas entre Bagdad e Tikrit", afirmou o general Vincent Brooks, citado pela Reuters, numa conferência de imprensa no Comando Central americano, no Qatar.

O princípio de um jogo final?

Os ataques da aviação americana, ao longo da semana passada, obrigaram as forças de Saddam a recuarem em vários pontos da linha de demarcação do Norte, entre o território controlado por Bagdad e a região autónoma curda. Enquanto isso, os "peshemerga" e as forças especiais americanas no solo, foram tomando conta dos territórios abandonados, ganhando caminho para os importantes centros petrolíferos de Mossul e Kirkuk. Mas o avanço de ontem até aos arredores de Khazer, povoação a 25 quilómetros de Mossul, "reflecte uma estratégia mais agressiva", interpretava a AP: "Pode significar o princípio de um jogo final decisivo no Norte."

Os combates pela ponte de Khazer começaram quinta-feira de manhã, envolvendo 200 a 250 "peshermerga", apoiados pelos aviões americanos, contra 800 soldados iraquianos, segundo números fornecidos pelas forças curdas.

Numa primeira fase, os soldados de Saddam recuaram para Kalak, a 10 quilómetros de Khazer. Depois começaram a contra-atacar com golpes de morteiros e tiros de "rockets". Após uma resposta dos "peshemerga", as forças especias americanas e os combatentes curdos apelaram à aviação. "Numerosas crateras, pequenas e grandes, algumas muito próximas das trincheiras iraquianas junto a Khazer, testemunhavam a intensidade e a precisão dos bombardeamentos", relatou a AFP. À noite, sete iraquianos renderam-se. Um dos desertores contou à AFP: "Era horrível, os aviões atacavam-nos, era evidente que íamos morrer, mas os soldados foram obrigados a continuar nas suas posições por causa dos comités de castigo."

Os bombardeamentos prolongaram-se pela noite e madrugada, até que os iraquianos começaram a recuar. Na manhã de ontem, chegou um reforço de soldados das forças especiais americanas, uma dezena de veículos, de acordo com a AFP.

Ao meio-dia, o 17º Batalhão do Partido Democrático Curdo (PDK) - um dos dois movimentos políticos que administram a região autónoma curda, no Norte do Iraque - avistava Khazer de uma colina antes dominada pelas forças iraquianas. A AP conta que vários batedores foram enviados para verificar a posição dos iraquianos: "'Bunkers' de sacos de areia protegendo soldados com Ak-47, morteiros, mas nem artilharia pesada nem tanques." Um dos comandantes curdos ainda assim decretou um avanço lento: "Talvez eles tenham armadilhado a ponte para explodir."

Bombardeiros B 52 começaram a atacar as trincehiras dos iraquianos, que responderam com tiros de metralhadora e morteiros, forçando os curdos a procurar abrigo nas partes baixas da margem do rio. Nenhuma baixa registada. Os aviões continuaram a bombardear as colinas junto a Khazer, onde os iraquianos se tinham reagrupado até que os curdos avançaram, tomando a ponte.

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