O Comércio do Porto

27-01-2005
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Morais Sarmento e director do Mediaparque em contradição SERVIÇOS Imprimir esta página Contactar Anterior Voltar Seguinte

ANDRÉ BAPTISTA

Nuno Morais Sarmento, ministro de Estado e da Presidência, afirmou ontem ao COMÉRCIO que o Mediaparque tem tudo para se auto-sustentar e que "não custará aos contribuintes nem mais um euro do que está previsto no orçamento da RTP". Luís Augusto Azevedo, director do projecto, não deixou de referir, no entanto, que apesar da auto-rentabilidade do Mediaparque estar prevista e ser viável "é ainda impossível saber-se ao certo quanto dinheiro sairá dos cofres do Estado" para suprir os 80 milhões de euros que representam o custo total do projecto.

A contradição aflorou-se após a formalização do acordo, nas instalações da RTP-Porto, no Monte da Virgem, em Gaia, entre a Câmara de Gaia e a RTP que permitirá o arranque do Mediaparque, nomeadamente no que concerne a negociações com parceiros e clientes. O protocolo foi assinado por Luís Filipe Menezes, presidente da autarquia, e Almerindo Marques, presidente do Conselho de Administração da RTP, tendo contado com a presença de Morais Sarmento.

Apresentado no Verão de 2003, o Mediaparque pretende configurar-se como um centro tecnológico e empresarial na área da comunicação, dos media e da sociedade de informação em geral, dotando-se de infraestruturas edificadas, tecnológicas e de suporte necessárias ao alojamento, actividade, crescimento, investimento, criação de emprego e inovação das empresas deste sector industrial no Norte do país.

Antes de se proceder à formalização entre os outorgantes, Almerindo Marques manifestou agrado em assistir à concretização de um projecto "que nunca teria chegado a este ponto sem a participação das entidades aqui representadas" (Câmara de Gaia e o Ministério). Marques sublinhou o interesse da RTP em "oferecer ao Norte uma relevante estrutura de desenvolvimento no âmbito do melhoramento da indústria do sector e do potenciamento de universidades e empresas de investigação". Manifestou ainda crença na contribuição que o projecto encerra relativamente ao desenvolvimento do concelho de de Gaia.

Augusto Azevedo explicou os principais passos dados no levantamento do projecto bem como os objectivos a médio e a longo prazo. Referiu ainda a forma como os extensos recursos em terrenos, edifícios, equipamento, pessoas e "know-how" que as instalações da RTP no Monte da Virgem dispõem serão redimensionados: "No início do século XXI, a RTP quer ir mais longe e este projecto poderá estar a velocidade de cruzeiro por volta de 2010".

Azevedo acrescentou que, dada a sustentatibilidade em que o Mediaparque assenta, a actual instabilidade do país não comprometerá o projecto.

Menezes defende estabilidade

Luís Filipe Menezes confessou que teve inicialmente dúvidas quanto à renovação da RTP levada a cabo por Sarmento mas actualmente só podia louvar o que já tinha sido alcançado pelo ministro. Disse também que não havia em Portugal ninguém, do governo ou oposição, que pudesse pôr em causa a independência da RTP e que, como espectador, a qualidade oferecida pela estação pública era inequivocamente superior à de há dois anos e meio.

Menezes referiu a questão do "binómio governabilida-de/estabilidade" pois, segundo ele, um projecto deste âmbito não pode desenvolver-se sem estabilidade política apontando o facto de Portugal ter sido, nos últimos 25 anos, liderado por uma dezena de primeiro-ministros e de uma vintena de conselhos de administração terem passado pela RTP.

Sarmento pintou um quadro negro do estado em encontrou a RTP e sublinhou que toda a transformação a que a estação pública esteve sujeita desde 2002 constitui a prova inequívoca de que "quando há vontade, correcta afectação de recursos e se assume que o dinheiro dos contribuintes é sempre um bem escasso, novos projectos são concretizados".

Vereadores do PS reclamam esclarecimentos

Em comunicado enviado ao COMÉRCIO, os vereadores do Partido Socialista de Vila Nova de Gaia afirmam que o protocolo de cooperação entre o município e a RTP lhes suscita dúvidas no que concerne à forma como o referido acordo respeitará "os superiores intereses de Gaia, nomeadamente na área do Urbanismo e do Ambiente".

Os socialistas referem não lhes terem sido facultadas informações sobre "qualquer diligência efectuada entre a Administração da RTP e a Presidência da Câmara de Gaia", pelo que não se encontram "em condições para produzir uma posição sólida, fundamentada e consciente sobre tão importante matéria". Os vereadores requerem que o Processo de Obras Particulares para a ampliação das instalações lhes seja disponibilizado e apontam dúvidas quanto aos precedentes que a Câmara pode abrir ao viabilizar este tipo de construção, especialmente no que se refere a uma quinta contígua pertencente à TVI.

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O Comércio do Porto é um produto da Editorial Prensa Ibérica.

Fica expressamente proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos oferecidos através deste meio, salvo autorização expressa de O Comércio do Porto

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ANDRÉ BAPTISTA

Nuno Morais Sarmento, ministro de Estado e da Presidência, afirmou ontem ao COMÉRCIO que o Mediaparque tem tudo para se auto-sustentar e que "não custará aos contribuintes nem mais um euro do que está previsto no orçamento da RTP". Luís Augusto Azevedo, director do projecto, não deixou de referir, no entanto, que apesar da auto-rentabilidade do Mediaparque estar prevista e ser viável "é ainda impossível saber-se ao certo quanto dinheiro sairá dos cofres do Estado" para suprir os 80 milhões de euros que representam o custo total do projecto.

A contradição aflorou-se após a formalização do acordo, nas instalações da RTP-Porto, no Monte da Virgem, em Gaia, entre a Câmara de Gaia e a RTP que permitirá o arranque do Mediaparque, nomeadamente no que concerne a negociações com parceiros e clientes. O protocolo foi assinado por Luís Filipe Menezes, presidente da autarquia, e Almerindo Marques, presidente do Conselho de Administração da RTP, tendo contado com a presença de Morais Sarmento.

Apresentado no Verão de 2003, o Mediaparque pretende configurar-se como um centro tecnológico e empresarial na área da comunicação, dos media e da sociedade de informação em geral, dotando-se de infraestruturas edificadas, tecnológicas e de suporte necessárias ao alojamento, actividade, crescimento, investimento, criação de emprego e inovação das empresas deste sector industrial no Norte do país.

Antes de se proceder à formalização entre os outorgantes, Almerindo Marques manifestou agrado em assistir à concretização de um projecto "que nunca teria chegado a este ponto sem a participação das entidades aqui representadas" (Câmara de Gaia e o Ministério). Marques sublinhou o interesse da RTP em "oferecer ao Norte uma relevante estrutura de desenvolvimento no âmbito do melhoramento da indústria do sector e do potenciamento de universidades e empresas de investigação". Manifestou ainda crença na contribuição que o projecto encerra relativamente ao desenvolvimento do concelho de de Gaia.

Augusto Azevedo explicou os principais passos dados no levantamento do projecto bem como os objectivos a médio e a longo prazo. Referiu ainda a forma como os extensos recursos em terrenos, edifícios, equipamento, pessoas e "know-how" que as instalações da RTP no Monte da Virgem dispõem serão redimensionados: "No início do século XXI, a RTP quer ir mais longe e este projecto poderá estar a velocidade de cruzeiro por volta de 2010".

Azevedo acrescentou que, dada a sustentatibilidade em que o Mediaparque assenta, a actual instabilidade do país não comprometerá o projecto.

Menezes defende estabilidade

Luís Filipe Menezes confessou que teve inicialmente dúvidas quanto à renovação da RTP levada a cabo por Sarmento mas actualmente só podia louvar o que já tinha sido alcançado pelo ministro. Disse também que não havia em Portugal ninguém, do governo ou oposição, que pudesse pôr em causa a independência da RTP e que, como espectador, a qualidade oferecida pela estação pública era inequivocamente superior à de há dois anos e meio.

Menezes referiu a questão do "binómio governabilida-de/estabilidade" pois, segundo ele, um projecto deste âmbito não pode desenvolver-se sem estabilidade política apontando o facto de Portugal ter sido, nos últimos 25 anos, liderado por uma dezena de primeiro-ministros e de uma vintena de conselhos de administração terem passado pela RTP.

Sarmento pintou um quadro negro do estado em encontrou a RTP e sublinhou que toda a transformação a que a estação pública esteve sujeita desde 2002 constitui a prova inequívoca de que "quando há vontade, correcta afectação de recursos e se assume que o dinheiro dos contribuintes é sempre um bem escasso, novos projectos são concretizados".

Vereadores do PS reclamam esclarecimentos

Em comunicado enviado ao COMÉRCIO, os vereadores do Partido Socialista de Vila Nova de Gaia afirmam que o protocolo de cooperação entre o município e a RTP lhes suscita dúvidas no que concerne à forma como o referido acordo respeitará "os superiores intereses de Gaia, nomeadamente na área do Urbanismo e do Ambiente".

Os socialistas referem não lhes terem sido facultadas informações sobre "qualquer diligência efectuada entre a Administração da RTP e a Presidência da Câmara de Gaia", pelo que não se encontram "em condições para produzir uma posição sólida, fundamentada e consciente sobre tão importante matéria". Os vereadores requerem que o Processo de Obras Particulares para a ampliação das instalações lhes seja disponibilizado e apontam dúvidas quanto aos precedentes que a Câmara pode abrir ao viabilizar este tipo de construção, especialmente no que se refere a uma quinta contígua pertencente à TVI.

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