Governo recuperou discurso da "herança" socialista

26-10-2004
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Governo Recuperou Discurso da "Herança" Socialista

Quinta-feira, 21 de Outubro de 2004 Nuno Morais Sarmento foi ontem ao Parlamento responder aos ataques de que o Governo tem sido alvo por causa de alegadas tentativas de controlo dos 'media'. O discurso da "herança" socialista regressou em força. Por João Pedro Henriques O ataque cerrado das oposições a supostas tentativas de controlo governamental da Comunicação Social levou ontem o executivo a contra-atacar, tendo para isso escolhido o ministro que tutela o sector, Nuno Morais Sarmento. O argumentário usado foi o usado nos primeiros dois anos deste Governo: recordar a "herança" socialista. E a isto contrapor "obra feita". Ontem, face às críticas cerradas de que estava a ser alvo, Morais Sarmento decidiu ir ao Parlamento enfrentar, em plenário, a oposição. O pretexto foi esclarecer afirmações suas feitas anteontem num colóquio em Lisboa onde defendeu a necessidade de "limites à independência" do operador público de televisão (isto é, a RTP) porque a independência levada "ao extremo" pode gerar um "modelo perverso" - sendo que "não são os jornalistas nem as administrações que vão responder perante o povo". No plenário - tendo a seu lado Rui Gomes da Silva, ministro dos Assuntos Parlamentares, que também ontem sugeriu uma cabala Expresso/PÚBLICO/Marcelo Rebelo de Sousa para atacar o Governo - Nuno Morais Sarmento insistiu na ideia de que o Governo tem a "responsabilidade" de "definir o modelo de serviço público" de televisão. Essa "reforma", disse, era "tão necessária quanto inadiável" porque até a coligação PSD-CDS assumir o poder o que havia, por parte do anterior executivo do PS, era um "incumprimento do serviço público" e uma "programação mimética" em relação aos canais comerciais, o que implicava da RTP, nomeadamente, a exibição de "violência gratuita", a "exclusão das minorias" e a não-protecção dos "públicos vulneráveis". "Nós definimos um modelo e assumimos que definimos um modelo", reafirmou. Na resposta, as oposições encaminharam o debate para onde se esperava: uma suposta operação governamental em curso de controlo da comunicação social. Neste capítulo, o deputado que se revelou mais preciso foi Augusto Santos Silva, do PS (e ex-ministro com a tutela da RTP). O deputado disse que esta operação de "condicionamento" tem duas vertentes: uma virada para os 'media' estatais, sendo o responsável Morais Sarmento; e outro virada para os privados, sob o controlo de Rui Gomes da Silva. Enquadrou depois, no caso do "condicionamento" dos 'media' estatais, uma notícia da última edição do "Expresso" segundo a qual o Governo estaria a "avaliar" o desempenho de José Rodrigues dos Santos, director de informação da RTP. E pelo meio disse que "não honra" o Governo que o responsável pelo novo Gabinete de Informação e Comunicação do executivo seja o mesmo ministro com a tutela dos 'media' estatais - Nuno Morais Sarmento. Já António Filipe, do PCP, considerou que "não é o Governo que regula a comunicação social", afirmando ainda que os jornalistas dos 'media' públicos não só "não respondem" perante o povo (como Morais Sarmento disse) como também "não respondem perante o Governo". Morais Sarmento - a quem coube, pelo regimento, abrir e fechar o debate - rebateu dizendo que não alinharia na "manobra de diversão" que para si representava centrar-se o debate em supostas operações de condicionamento governamental da comunicação social. "O que interessa - disse - são os resultados [da RTP, no caso]. E os resultados são mais qualidade e mais independência." Para o ministro, o que se passa é que os deputados do PS "não são capazes de distinguir a discussão sobre o modelo do serviço de intervenções na redacção". Porque - acrescentou - foi isso que o PS fez no Governo, tendo para tal dado o exemplo do jornalista Mário Crespo, que ontem ligou para o fórum matinal da TSF acusando o governo do PS de o ter afastado da RTP. Morais Sarmento comentou ainda a notícia do "Expresso" sobre a suposta "avaliação" governamental do desempenho de José Rodrigues dos Santos garantindo que "não fez, não faz e não fará" qualquer "interferência" nos poderes do conselho de administração da estação pública, que é de quem Rodrigues dos Santos depende. O debate acabou pouco depois. Arons de Carvalho, ex-secretário de Estado da Comunicação Social durante os seis anos dos governos de António Guterres, manteve-se em rigoroso silêncio apesar dos vários ataques de que foi alvo por parte da maioria (Morais Sarmento incluído). E o mesmo aconteceu - mas às avessas - com Rui Gomes da Silva. "O que interessa - disse - são os resultados [da RTP, no caso]. E os resultados são mais qualidade e mais independência." Morais Sarmento OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Governo recuperou discurso da "herança" socialista

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