Ana João Sepúlveda, socióloga, 34 anos

26-02-2003
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Ana João Sepúlveda, Socióloga, 34 Anos

Segunda-feira, 24 de Fevereiro de 2003

%Texto de Helena Viegas, foto de David Clifford

Evitar dores de cabeça, má-vontade, arrelias e excesso de custos; diminuir riscos. É esse o papel de Ana João Sepúlveda, socióloga com extenso currículo no "marketing", agora a braços com a "usabilidade" de programas de computador e "sites" na Internet. Pedem-lhe que avalie a forma como a aplicação é apresentada, se é fácil trabalhar com ela, se está pensada de modo a exigir um esforço razoável de adaptação - que vista a pele do utilizador.

Parece fácil. Mas não é. Harmonizar interesses de técnicos, trabalhadores e clientes exige um esforço de antecipação. Para isso, contribui a experiência de Ana João. Aos anos de estudo vai buscar a sensibilidade de socióloga; ao "marketing" o conhecimento dos consumidores: "Finalmente, encontrei algo que congrega tudo o que fui aprendendo ao longo dos anos."

Durante cinco anos, a seguir à faculdade, escalpelizou os hábitos de consumo e o perfil dos alvos dos produtores e anunciantes. Quando hoje entra num supermercado, sabe que o gato que lhe sorri de uma lata de comida está lá porque ela e a sua equipa inquiriram, estudaram e concluíram que deveria ser aquela raça, e não outra, a representar a marca.

Os computadores entraram na sua vida em 1997, quando a Euro-RSCG Consulting lhe "apresentou" a tão falada "sociedade de informação". Ana João participou no Observatório Digital 97: "Pedíamos às pessoas que navegassem connosco, que explicassem porque compravam na Net..."

A relação com os computadores - "um processo contínuo de sedução" - começou aí, pela Internet. Em 1999, meteu mãos à obra num outro projecto inovador: o Eleicoes.pt - experiência que descreveu no livro "O Marketing Político na Internet", editado pelo Centro Atlântico em 2000.

Entusiasmados com a experiência das presidenciais norte-americanas, animadas por uma activa participação dos políticos no debate com os cidadãos através da Internet, Ana João e Inácio Dias tentaram fazer o mesmo em Portugal. O objectivo era dar voz ao cidadão comum, que poderia conversar nos "chats" com os candidatos, sem mediação. E "dar espaço aos candidatos menos ouvidos pela comunicação social".

Mas revelar-se-ia um fracasso por falta do essencial: a participação dos políticos. Todos "garantiram a presença" mas, com excepção de Narana Coissoró (PP) e Natália Carrascalão (PSD), ninguém apareceu: "A classe política ainda leva muito tempo a adaptar-se." Gostava de repetir a experiência: "Temos hoje muito mais políticos tecnológicos (já não é só o José Magalhães) mas, mesmo assim..."

Para a foto, Ana João trouxe o seu assistente pessoal digital (PDA), um Palm 5x, que substituiu um velhinho "filofax" tão sobrecarregado que nunca cabia na carteira. Não consegue viver sem os alarmes de lembrança, o bloco de notas digital e os jogos para as horas de espera nos transportes. É uma pessoa "sempre ocupada com vários projectos", do "marketing" à política, da cidadania à cozinha.

Ana João é sócia de uma empresa de "catering" e comida a peso e está a desenvolver uma aplicação original, para que baste alterar o preço de um quilo de farinha e seja o computador a fazer o resto na actualização do preço de cada prato. A tecnologia, para Ana João, é isso mesmo: "Detesto perder tempo com coisas estúpidas."

Ana João Sepúlveda, Socióloga, 34 Anos

Segunda-feira, 24 de Fevereiro de 2003

%Texto de Helena Viegas, foto de David Clifford

Evitar dores de cabeça, má-vontade, arrelias e excesso de custos; diminuir riscos. É esse o papel de Ana João Sepúlveda, socióloga com extenso currículo no "marketing", agora a braços com a "usabilidade" de programas de computador e "sites" na Internet. Pedem-lhe que avalie a forma como a aplicação é apresentada, se é fácil trabalhar com ela, se está pensada de modo a exigir um esforço razoável de adaptação - que vista a pele do utilizador.

Parece fácil. Mas não é. Harmonizar interesses de técnicos, trabalhadores e clientes exige um esforço de antecipação. Para isso, contribui a experiência de Ana João. Aos anos de estudo vai buscar a sensibilidade de socióloga; ao "marketing" o conhecimento dos consumidores: "Finalmente, encontrei algo que congrega tudo o que fui aprendendo ao longo dos anos."

Durante cinco anos, a seguir à faculdade, escalpelizou os hábitos de consumo e o perfil dos alvos dos produtores e anunciantes. Quando hoje entra num supermercado, sabe que o gato que lhe sorri de uma lata de comida está lá porque ela e a sua equipa inquiriram, estudaram e concluíram que deveria ser aquela raça, e não outra, a representar a marca.

Os computadores entraram na sua vida em 1997, quando a Euro-RSCG Consulting lhe "apresentou" a tão falada "sociedade de informação". Ana João participou no Observatório Digital 97: "Pedíamos às pessoas que navegassem connosco, que explicassem porque compravam na Net..."

A relação com os computadores - "um processo contínuo de sedução" - começou aí, pela Internet. Em 1999, meteu mãos à obra num outro projecto inovador: o Eleicoes.pt - experiência que descreveu no livro "O Marketing Político na Internet", editado pelo Centro Atlântico em 2000.

Entusiasmados com a experiência das presidenciais norte-americanas, animadas por uma activa participação dos políticos no debate com os cidadãos através da Internet, Ana João e Inácio Dias tentaram fazer o mesmo em Portugal. O objectivo era dar voz ao cidadão comum, que poderia conversar nos "chats" com os candidatos, sem mediação. E "dar espaço aos candidatos menos ouvidos pela comunicação social".

Mas revelar-se-ia um fracasso por falta do essencial: a participação dos políticos. Todos "garantiram a presença" mas, com excepção de Narana Coissoró (PP) e Natália Carrascalão (PSD), ninguém apareceu: "A classe política ainda leva muito tempo a adaptar-se." Gostava de repetir a experiência: "Temos hoje muito mais políticos tecnológicos (já não é só o José Magalhães) mas, mesmo assim..."

Para a foto, Ana João trouxe o seu assistente pessoal digital (PDA), um Palm 5x, que substituiu um velhinho "filofax" tão sobrecarregado que nunca cabia na carteira. Não consegue viver sem os alarmes de lembrança, o bloco de notas digital e os jogos para as horas de espera nos transportes. É uma pessoa "sempre ocupada com vários projectos", do "marketing" à política, da cidadania à cozinha.

Ana João é sócia de uma empresa de "catering" e comida a peso e está a desenvolver uma aplicação original, para que baste alterar o preço de um quilo de farinha e seja o computador a fazer o resto na actualização do preço de cada prato. A tecnologia, para Ana João, é isso mesmo: "Detesto perder tempo com coisas estúpidas."

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