CDS-PP quer falar para a classe média

08-02-2005
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CDS-PP Quer Falar para a Classe Média

Sábado, 05 de Fevereiro de 2005

Acabou o tempo das franjas do eleitorado: o CDS agora quer falar para todo

Ana Sá Lope

Mostrar "obra feita" (as bondades dos ministros centristas no Governo de Santana Lopes), demarcar-se do PSD e do PS pela "serenidade", e abandonar a estratégia de falar para "nichos de eleitorado", privilegiando agora a classe média - é assim que o CDS espera chegar aos dez por cento, objectivo apontado para as eleições do dia 20 de Fevereiro.

A passagem pelo Governo trouxe "gravitas" ao partido que, primeiro Manuel Monteiro, e depois, Paulo Portas, fizeram sair do "táxi" [termo usado quando o CDS em 1987 elegeu só quatro deputados, que cabiam num táxi]. A recuperação do eleitorado tinha sido feita à custa de franjas: Monteiro começara com o anti-europeísmo, as crises na agricultura e pescas, o discurso securitário; Portas prosseguiu com a segurança, os imigrantes, o combate à despenalização do aborto, os ex-combatentes e os "espoliados do Ultramar".

Agora, depois da passagem pelo Governo, o CDS faz um "up-grade" nesta campanha: falar para a classe média que o CDS considera que tanto PS como PSD estão a esquecer de nomear nesta campanha eleitoral. Os temas centrais da campanha vão ser a economia e as finanças, o combate à evasão fiscal, a educação, a família, a solidariedade social e a segurança. Os governantes do CDS que ocuparam pastas no Governo vão ser exaltados como símbolos de competência - com destaque para Bagão Félix com quem ontem, num comício em Portimão, Portas disse ir "contar" no dia 21 de Fevereiro (depois de, horas antes, Santana ter "rejeitado" Bagão).

O CDS, que neste momento tem deputados eleitos pelo Porto, Lisboa, Leiria, Santarém, Setúbal, Aveiro, Braga e Viseu, aposta agora em conquistar deputados em Coimbra (Nobre Guedes é o número um); Bragança (Portas passará lá dois dias); Viana do Castelo (Abel Baptista, director distrital da Segurança Social, tentará capitalizar o papel do ministro da Defesa nos Estaleiros de Viana); Faro (o histórico Narana Coissoró tentará recuperar os mil votos que faltaram para eleger um parlamentar nas últimas eleições); trabalhar para o segundo deputado em Braga; aguentar o resultado de Santarém onde o deputado foi eleito "à pele" e a aposta inédita de conquistar um deputado pelo círculo da Madeira.

Assim, a volta de campanha de Paulo Portas está desenhada segundo estes objectivos: vai passar a terça-feira de Carnaval à Madeira, faz comícios em Bragança, Braga, Aveiro, Castelo Branco, Santarém, Coimbra, Guarda, Viseu, Setúbal, Viana do Castelo e Leiria. O Alentejo ficou posto de lado e ao Algarve foi dedicada a noite de ontem. Hoje, é o arranque simbólico no Palácio de Cristal (onde decorreu o congresso fundador do CDS, cercado por uma multidão em protesto) é uma aposta de alto risco: o Palácio é enorme.

"Nervos de aço", diz o líder do CDS quando confrontado com a turbulência que já marca a relação de campanha entre os parceiros de coligação. O partido responderá taco-a-taco ao que chama "provocações" do PSD (Nuno Melo está "destacado" para responder a Luís Filipe Menezes, por exemplo) mas Paulo Portas fará o possível para não responder, convencido que é essa atitude que o faz ganhar mais votos.

Os números do CDS

Resultado 2002 8,75 por cento 14 deputados

Melhor resultado 1976 16 por cento 42 deputados

Piorresultado 1987 4,44 por cento 4 deputados

Meta eleitoal: 10 por cento

CDS-PP Quer Falar para a Classe Média

Sábado, 05 de Fevereiro de 2005

Acabou o tempo das franjas do eleitorado: o CDS agora quer falar para todo

Ana Sá Lope

Mostrar "obra feita" (as bondades dos ministros centristas no Governo de Santana Lopes), demarcar-se do PSD e do PS pela "serenidade", e abandonar a estratégia de falar para "nichos de eleitorado", privilegiando agora a classe média - é assim que o CDS espera chegar aos dez por cento, objectivo apontado para as eleições do dia 20 de Fevereiro.

A passagem pelo Governo trouxe "gravitas" ao partido que, primeiro Manuel Monteiro, e depois, Paulo Portas, fizeram sair do "táxi" [termo usado quando o CDS em 1987 elegeu só quatro deputados, que cabiam num táxi]. A recuperação do eleitorado tinha sido feita à custa de franjas: Monteiro começara com o anti-europeísmo, as crises na agricultura e pescas, o discurso securitário; Portas prosseguiu com a segurança, os imigrantes, o combate à despenalização do aborto, os ex-combatentes e os "espoliados do Ultramar".

Agora, depois da passagem pelo Governo, o CDS faz um "up-grade" nesta campanha: falar para a classe média que o CDS considera que tanto PS como PSD estão a esquecer de nomear nesta campanha eleitoral. Os temas centrais da campanha vão ser a economia e as finanças, o combate à evasão fiscal, a educação, a família, a solidariedade social e a segurança. Os governantes do CDS que ocuparam pastas no Governo vão ser exaltados como símbolos de competência - com destaque para Bagão Félix com quem ontem, num comício em Portimão, Portas disse ir "contar" no dia 21 de Fevereiro (depois de, horas antes, Santana ter "rejeitado" Bagão).

O CDS, que neste momento tem deputados eleitos pelo Porto, Lisboa, Leiria, Santarém, Setúbal, Aveiro, Braga e Viseu, aposta agora em conquistar deputados em Coimbra (Nobre Guedes é o número um); Bragança (Portas passará lá dois dias); Viana do Castelo (Abel Baptista, director distrital da Segurança Social, tentará capitalizar o papel do ministro da Defesa nos Estaleiros de Viana); Faro (o histórico Narana Coissoró tentará recuperar os mil votos que faltaram para eleger um parlamentar nas últimas eleições); trabalhar para o segundo deputado em Braga; aguentar o resultado de Santarém onde o deputado foi eleito "à pele" e a aposta inédita de conquistar um deputado pelo círculo da Madeira.

Assim, a volta de campanha de Paulo Portas está desenhada segundo estes objectivos: vai passar a terça-feira de Carnaval à Madeira, faz comícios em Bragança, Braga, Aveiro, Castelo Branco, Santarém, Coimbra, Guarda, Viseu, Setúbal, Viana do Castelo e Leiria. O Alentejo ficou posto de lado e ao Algarve foi dedicada a noite de ontem. Hoje, é o arranque simbólico no Palácio de Cristal (onde decorreu o congresso fundador do CDS, cercado por uma multidão em protesto) é uma aposta de alto risco: o Palácio é enorme.

"Nervos de aço", diz o líder do CDS quando confrontado com a turbulência que já marca a relação de campanha entre os parceiros de coligação. O partido responderá taco-a-taco ao que chama "provocações" do PSD (Nuno Melo está "destacado" para responder a Luís Filipe Menezes, por exemplo) mas Paulo Portas fará o possível para não responder, convencido que é essa atitude que o faz ganhar mais votos.

Os números do CDS

Resultado 2002 8,75 por cento 14 deputados

Melhor resultado 1976 16 por cento 42 deputados

Piorresultado 1987 4,44 por cento 4 deputados

Meta eleitoal: 10 por cento

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