"Não falam dos políticos que estão ligados aos jesuítas"

07-10-2002
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"Não Falam dos Políticos Que Estão Ligados Aos Jesuítas"

Por EUNICE LOURENÇO

Sábado, 5 de Outubro de 2002 Portas, Mota Amaral, Eanes, Maria Barroso e Narana vão à canonização "Não tem sentido afirmar que alguém é membro da Opus Dei a propósito das suas ideias políticas ou das suas intervenções na política", lê-se no livro "O Opus Dei", escrito por Dominique Le Tourneau, um membro da Obra que, em pouco mais de cem páginas, explica a sua organização e tenta rebater algumas das criticas e ideias feitas sobre esta instituição.

Uma dessas ideias é que o vínculo à Opus condiciona as opções políticas. "As minhas ideias como político nada têm a ver com o facto de beneficiar da formação espiritual da Obra", disse ao PÚBLICO o deputado João Rebelo, do CDS-PP, um dos políticos portugueses que amanhã vai estar no Vaticano.

O presidente da Assembleia da República, João Bosco Mota Amaral, o ministro da Defesa, Paulo Portas, o vice-presidente da AR, Narana Coissoró, o ex-Presidente da República, Ramalho Eanes, a presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, Maria Barroso, a provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Maria José Nogueira Pinto, os ex-ministros Arlindo Cunha e Rui Machete, e o ex-secretário de Estado Paulo Teixeira Pinto são outros nomes ligados à política portuguesa que também lá vão estar. Nem todos, contudo, são membros da Obra. Alguns estarão em Roma como convidados oficiais.

Narana Coissoró, por exemplo, até é hindu, mas é cooperador da Opus Dei, uma categoria em que podem participar não católicos e até não cristãos. Os cooperadores não são membros desta instituição, mas "colaboram nas suas obras apostólicas" e "participam dos seus bens espirituais", como explica Dominique Le Tourneau. João Rebelo também é cooperador. Já Mota Amaral é "numerário", uma categoria que inclui sacerdotes e leigos "que receberam a chamada de Deus para viver o celibato apostólico e que colaboram com todas as suas forças e uma disponibilidade total nas tarefas apostólicas particulares da Opus Dei".

João Rebelo salienta que, em primeiro lugar, é católico. "Nos vários movimentos da Igreja, enquadro-me na Opus Dei. Mas, antes de mais, sou católico", afirma o deputado, acrescentando: "Ser católico influencia a minha actuação. Não a condiciona." Ex-secretário-geral do CDS-PP, João Rebelo refuta a ideia da Opus Dei como corporação, onde quer que os seus membros trabalhem: "Isto é como tudo, basta ter três ou quatro políticos ou empresários ligados a uma organização para serem tomados como um grupo de pressão." Se assim fosse, acrescenta, haveria uma concentração num só partido.

Essa mesma ideia é defendida por Dominique Le Tourneau, que dá como exemplo o facto de, em Espanha, três membros da obra terem sido ministros de Franco, enquanto "ao mesmo tempo, outros membros militavam na oposição, sendo por vezes vítimas da arbitrariedade desse mesmo governo". E cita Josemaría Escrivá: "Uma Opus Dei envolvida na política é um fantasma que não existiu nem nunca poderá existir."

João Rebelo também refuta qualquer ideia da Obra como fonte de poder. Diz que essa ideia só resulta de preconceitos e aponta: "Não falam dos políticos que estão ligados aos jesuítas ou às Equipas de Nossa Senhora."

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Uma dessas ideias é que o vínculo à Opus condiciona as opções políticas. "As minhas ideias como político nada têm a ver com o facto de beneficiar da formação espiritual da Obra", disse ao PÚBLICO o deputado João Rebelo, do CDS-PP, um dos políticos portugueses que amanhã vai estar no Vaticano.

O presidente da Assembleia da República, João Bosco Mota Amaral, o ministro da Defesa, Paulo Portas, o vice-presidente da AR, Narana Coissoró, o ex-Presidente da República, Ramalho Eanes, a presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, Maria Barroso, a provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Maria José Nogueira Pinto, os ex-ministros Arlindo Cunha e Rui Machete, e o ex-secretário de Estado Paulo Teixeira Pinto são outros nomes ligados à política portuguesa que também lá vão estar. Nem todos, contudo, são membros da Obra. Alguns estarão em Roma como convidados oficiais.

Narana Coissoró, por exemplo, até é hindu, mas é cooperador da Opus Dei, uma categoria em que podem participar não católicos e até não cristãos. Os cooperadores não são membros desta instituição, mas "colaboram nas suas obras apostólicas" e "participam dos seus bens espirituais", como explica Dominique Le Tourneau. João Rebelo também é cooperador. Já Mota Amaral é "numerário", uma categoria que inclui sacerdotes e leigos "que receberam a chamada de Deus para viver o celibato apostólico e que colaboram com todas as suas forças e uma disponibilidade total nas tarefas apostólicas particulares da Opus Dei".

João Rebelo salienta que, em primeiro lugar, é católico. "Nos vários movimentos da Igreja, enquadro-me na Opus Dei. Mas, antes de mais, sou católico", afirma o deputado, acrescentando: "Ser católico influencia a minha actuação. Não a condiciona." Ex-secretário-geral do CDS-PP, João Rebelo refuta a ideia da Opus Dei como corporação, onde quer que os seus membros trabalhem: "Isto é como tudo, basta ter três ou quatro políticos ou empresários ligados a uma organização para serem tomados como um grupo de pressão." Se assim fosse, acrescenta, haveria uma concentração num só partido.

Essa mesma ideia é defendida por Dominique Le Tourneau, que dá como exemplo o facto de, em Espanha, três membros da obra terem sido ministros de Franco, enquanto "ao mesmo tempo, outros membros militavam na oposição, sendo por vezes vítimas da arbitrariedade desse mesmo governo". E cita Josemaría Escrivá: "Uma Opus Dei envolvida na política é um fantasma que não existiu nem nunca poderá existir."

João Rebelo também refuta qualquer ideia da Obra como fonte de poder. Diz que essa ideia só resulta de preconceitos e aponta: "Não falam dos políticos que estão ligados aos jesuítas ou às Equipas de Nossa Senhora."

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