Nacional

04-06-2004
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Índia

Domingo, 16 de Maio de 2004

Declarações de Narana Coissoró provocam protestos em Goa

Declarações do vice-presidente da Assembleia da República Narana Coissoró sobre a invasão de Goa pela Índia em 1961 originaram protestos e levaram um ministro indiano a pedir que seja impedido de entrar na província. Na inauguração de uma exposição de pintura, em Goa, Narana Coissoró disse que o primeiro-ministro indiano em funções aquando das lutas pela liberdade, Jawaharlal Nehru, e outros membros do Congresso não apoiaram a acção militar da Índia naquela região. "O então ministro da Defesa Krishna Menon ordenou a invasão militar como um acção eleitoralista, poucos dias antes das eleições em Maharashtra", referiu Narana Coissoró. Se a acção militar não tivesse sido ordenada, o governo português da altura teria transferido pacificamente Goa para o seu povo num prazo de três anos, acrescentou.

O vice-presidente da Assembleia da República fez questão de salientar aos jornalistas presentes na inauguração que todos ficaram surpreendidos que um país baseado em princípios de não-violência e não-alinhamento como a Índia tivesse tomado uma atitude tão drástica.

Para justificar a sua posição, referiu-se a revelações encontradas em documentos secretos pertencentes ao regime ditatorial de Salazar, em vigor em Portugal em 1961, aquando das lutas de Goa pela liberdade.

A reacção do ministro das Obras Públicas indiano, Sudin Dhavlikar, às declarações de Narana Coissoró foi forte e um comunicado do seu gabinete avisa o político português acerca de "terríveis consequências" se continuar a ferir os sentimentos dos goeses ao divulgar propaganda anti-Índia. Ameaçando com uma acção directa no que apelidou de incómodo pró-português, o ministro pediu que se impedisse elementos "anti-Índia" como Coissoró de entrar em Goa.

O responsável governamental rejeitou verbas prometidas pela Fundação Oriente para o restauro do complexo do palácio Adil Shah. Nanara Coissoró salientou que sabia que o ministro Manohar Parrikar tinha procurado a intervenção da Fundação do Oriente para a restauração daquela estrutura, mas ironizou com a aversão que aquele responsável indiano tinha no passado pelos fundos portugueses. "Espero que não haja qualquer inconveniente causado por pessoas que não querem dinheiro vindo de Portugal, como aconteceu no passado", frisou.

Reagindo aos comentários de Narana Coissoró acerca da forma como decorreu a transferência de Goa para a Índia, o ministro defendeu que se Portugal pretendia deixar a região pacificamente não faria sentido ter destruído as infra-estruturas antes de se render às forças indianas.

Por seu lado, um combatente pela liberdade, Nagesh Karmali disse que as declarações "anti-Índia" de Narana Coissoró se destinam a fazer com que a sua presença em Goa não passasse despercebida, "habituado como está a causar controvérsia deliberadamente".

"Apesar de ser de Goa, Coissoró foi para Portugal em 1950 e desde então tem sido português. Aliás, a sua conversão de Narayan Kaissare para Narana Coissoró diz tudo", defendeu o combatente.

Índia

Domingo, 16 de Maio de 2004

Declarações de Narana Coissoró provocam protestos em Goa

Declarações do vice-presidente da Assembleia da República Narana Coissoró sobre a invasão de Goa pela Índia em 1961 originaram protestos e levaram um ministro indiano a pedir que seja impedido de entrar na província. Na inauguração de uma exposição de pintura, em Goa, Narana Coissoró disse que o primeiro-ministro indiano em funções aquando das lutas pela liberdade, Jawaharlal Nehru, e outros membros do Congresso não apoiaram a acção militar da Índia naquela região. "O então ministro da Defesa Krishna Menon ordenou a invasão militar como um acção eleitoralista, poucos dias antes das eleições em Maharashtra", referiu Narana Coissoró. Se a acção militar não tivesse sido ordenada, o governo português da altura teria transferido pacificamente Goa para o seu povo num prazo de três anos, acrescentou.

O vice-presidente da Assembleia da República fez questão de salientar aos jornalistas presentes na inauguração que todos ficaram surpreendidos que um país baseado em princípios de não-violência e não-alinhamento como a Índia tivesse tomado uma atitude tão drástica.

Para justificar a sua posição, referiu-se a revelações encontradas em documentos secretos pertencentes ao regime ditatorial de Salazar, em vigor em Portugal em 1961, aquando das lutas de Goa pela liberdade.

A reacção do ministro das Obras Públicas indiano, Sudin Dhavlikar, às declarações de Narana Coissoró foi forte e um comunicado do seu gabinete avisa o político português acerca de "terríveis consequências" se continuar a ferir os sentimentos dos goeses ao divulgar propaganda anti-Índia. Ameaçando com uma acção directa no que apelidou de incómodo pró-português, o ministro pediu que se impedisse elementos "anti-Índia" como Coissoró de entrar em Goa.

O responsável governamental rejeitou verbas prometidas pela Fundação Oriente para o restauro do complexo do palácio Adil Shah. Nanara Coissoró salientou que sabia que o ministro Manohar Parrikar tinha procurado a intervenção da Fundação do Oriente para a restauração daquela estrutura, mas ironizou com a aversão que aquele responsável indiano tinha no passado pelos fundos portugueses. "Espero que não haja qualquer inconveniente causado por pessoas que não querem dinheiro vindo de Portugal, como aconteceu no passado", frisou.

Reagindo aos comentários de Narana Coissoró acerca da forma como decorreu a transferência de Goa para a Índia, o ministro defendeu que se Portugal pretendia deixar a região pacificamente não faria sentido ter destruído as infra-estruturas antes de se render às forças indianas.

Por seu lado, um combatente pela liberdade, Nagesh Karmali disse que as declarações "anti-Índia" de Narana Coissoró se destinam a fazer com que a sua presença em Goa não passasse despercebida, "habituado como está a causar controvérsia deliberadamente".

"Apesar de ser de Goa, Coissoró foi para Portugal em 1950 e desde então tem sido português. Aliás, a sua conversão de Narayan Kaissare para Narana Coissoró diz tudo", defendeu o combatente.

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