Suplemento Economia

24-11-2002
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Segunda-feira, 18 de Novembro de 2002

Ia a discussão parlamentar do Orçamento do Estado 2003, na especialidade, em velocidade cruzeiro, quando todo o hemiciclo foi surpreendido por um apagão. Ficaram acesas apenas algumas luzes e o dia enevoado pouco ajudava. Não se sabe se a causa esteve no temporal que se abateu sobre o hemiciclo ou se no tema em debate - a polémica revisão do regime de aposentação da função pública, feita à boleia da discussão orçamental. De qualquer forma, serviu para provar se as luzes de emergência da Assembleia funcionavam. O sistema é algo complicado que, antes de ligar, tem de arrefecer para voltar a aquecer. Mas a verdade é que as cinco intervenções seguintes foram feitas à média luz, até que chegada a vez de Marques Mendes falar, a corrente voltou, dando-lhe a oportunidade de gracejar com a situação e ser ele a proferir: "E fez-se luz...". Quem gostou mesmo daquele bocado foi o presidente da Assembleia da República, Mota Amaral. Inspirado, disse: "Estamos à media luz: é melhor para o tango"... presume-se do que para debater o Orçamento de Estado.

João Líbano Monteiro, responsável da JLM & Associados é, desde há alguns dias, o homem de quem se fala, havendo já quem o trate por "o sr. PSI-20". Tudo em resultado dos contratos para assessoria de comunicação que vem alcançando nos últimos anos, junto das maiores empresas cotadas em bolsa. O contrato mais antigo é o da PT, durante a presidência de Murteira Nabo, a que se seguiu o da Galpenergia, quando António Mexia passou a presidente da comissão executiva da "holding". A mais recente conquista é a EDP. E, assim, por junto, "trata" da estratégia de comunicação das maiores empresas do índice bolsista. O segredo de Líbano Monteiro para tal procura não é conhecido, mas sugere algumas dúvidas: a gestão de informação entre empresas com negócios concorrentes, telecomunicações, por exemplo, e a aparente dificuldade das maiores empresas portuguesas em constituir os seus próprios gabinetes de comunicação, fomentando o "outsourcing" para uma parte vital da sua imagem.

Na passada quinta-feira, a greve geral da administração pública teve o condão de unir as duas centrais sindicais - União Geral de Trabalhadores (UGT) e Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) - e, segundo estas últimas, meio milhão de funcionários públicos. Não sabemos, de facto, se este número correspondeu à realidade, mas garantimos que Baco - a divindade romana que trouxe o vinho para os comuns humanos - "picou o ponto" no dia da greve, através do responsável máximo da Frente Comum, Paulo Trindade. A adesão massiva dos trabalhadores ao protesto era, com certeza, um bom motivo para fazer um brinde, mas Trindade, ao comparecer "endeusado" por Baco, na conferência de imprensa de balanço da paralisação nacional - uma conferência conjunta com as duas estruturas sindicais da UGT - descredibilizou a luta dos 500 mil trabalhadores, que naquele dia disseram "não" ao Governo, pagando essa resposta com um dia dos seus salários.

Segunda-feira, 18 de Novembro de 2002

Ia a discussão parlamentar do Orçamento do Estado 2003, na especialidade, em velocidade cruzeiro, quando todo o hemiciclo foi surpreendido por um apagão. Ficaram acesas apenas algumas luzes e o dia enevoado pouco ajudava. Não se sabe se a causa esteve no temporal que se abateu sobre o hemiciclo ou se no tema em debate - a polémica revisão do regime de aposentação da função pública, feita à boleia da discussão orçamental. De qualquer forma, serviu para provar se as luzes de emergência da Assembleia funcionavam. O sistema é algo complicado que, antes de ligar, tem de arrefecer para voltar a aquecer. Mas a verdade é que as cinco intervenções seguintes foram feitas à média luz, até que chegada a vez de Marques Mendes falar, a corrente voltou, dando-lhe a oportunidade de gracejar com a situação e ser ele a proferir: "E fez-se luz...". Quem gostou mesmo daquele bocado foi o presidente da Assembleia da República, Mota Amaral. Inspirado, disse: "Estamos à media luz: é melhor para o tango"... presume-se do que para debater o Orçamento de Estado.

João Líbano Monteiro, responsável da JLM & Associados é, desde há alguns dias, o homem de quem se fala, havendo já quem o trate por "o sr. PSI-20". Tudo em resultado dos contratos para assessoria de comunicação que vem alcançando nos últimos anos, junto das maiores empresas cotadas em bolsa. O contrato mais antigo é o da PT, durante a presidência de Murteira Nabo, a que se seguiu o da Galpenergia, quando António Mexia passou a presidente da comissão executiva da "holding". A mais recente conquista é a EDP. E, assim, por junto, "trata" da estratégia de comunicação das maiores empresas do índice bolsista. O segredo de Líbano Monteiro para tal procura não é conhecido, mas sugere algumas dúvidas: a gestão de informação entre empresas com negócios concorrentes, telecomunicações, por exemplo, e a aparente dificuldade das maiores empresas portuguesas em constituir os seus próprios gabinetes de comunicação, fomentando o "outsourcing" para uma parte vital da sua imagem.

Na passada quinta-feira, a greve geral da administração pública teve o condão de unir as duas centrais sindicais - União Geral de Trabalhadores (UGT) e Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) - e, segundo estas últimas, meio milhão de funcionários públicos. Não sabemos, de facto, se este número correspondeu à realidade, mas garantimos que Baco - a divindade romana que trouxe o vinho para os comuns humanos - "picou o ponto" no dia da greve, através do responsável máximo da Frente Comum, Paulo Trindade. A adesão massiva dos trabalhadores ao protesto era, com certeza, um bom motivo para fazer um brinde, mas Trindade, ao comparecer "endeusado" por Baco, na conferência de imprensa de balanço da paralisação nacional - uma conferência conjunta com as duas estruturas sindicais da UGT - descredibilizou a luta dos 500 mil trabalhadores, que naquele dia disseram "não" ao Governo, pagando essa resposta com um dia dos seus salários.

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