Associação quer plano nacional contra as hepatites virais

31-05-2004
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Associação Quer Plano Nacional Contra as Hepatites Virais

Por BRUNO CONTREIRAS MATEUS

Quarta-feira, 28 de Abril de 2004

Com o propósito de alertar a sociedade civil para a dinâmica de crescimento das doenças hepáticas virais - por inflamação do fígado, podendo ser hepatites dos tipos A, B, C, D ou E - e o intento de defesa dos interesses dos indivíduos portadores deste tipo de patologia, surgiu a Associação de Apoio a Doentes com Hepatites Virais (Aadhvir). Os objectivos da primeira associação de ajuda a este tipo de doentes são prestar informação actualizada e completa e apoiar na intervenção junto de entidades competentes que possibilitem a melhoria das condições de vida dos pacientes.

Miguel Raimundo, médico do Hospital de Santa Maria e presidente da recém-instalada associação, apontou, ontem, em conferência de imprensa, o "erro de saúde pública", por omissão, no Plano Nacional de Saúde (PNS), que "contém apenas dois parágrafos sobre as hepatites virais". Afirmou ainda tornar-se imperativa a elaboração de um Plano Nacional de Luta contra as Hepatites Virais.

Miguel Raimundo assegurou que a Aadhvir irá empenhar-se na chamada de atenção para o tratamento eficaz que pode ser aplicado a cada caso, mesmo com os custos que possa acarretar. Referiu ainda que se devem enfrentar as administrações de alguns hospitais SA, que "atrasam o tratamento destes doentes", acrescentando que "cura é cura". Para mais, há que levar em conta as repercussões económicas, sociais e familiares da doença, que perduram por muitos anos e têm enorme impacto a nível nacional.

A deputada social-democrata Clara Carneiro, também presente na apresentação da Aadhvir, reagiu prontamente às acusações de Miguel Raimundo no que se refere ao PNS. Clara Carneiro lembrou que o PNS esteve aberto à discussão pública, durante mais de um ano, havendo ainda a possibilidade de uma adenda que o complete e a promoção de um plano nacional de combate às hepatites virais.

A apresentação da associação contou com a presença de várias caras conhecidas. Um dos presentes foi Jorge Palma. O músico estima que entre os anos de 1966 e 67, após ter experimentado ácidos, silenciou a juventude no contacto com a heroína e a cocaína. A partilha de seringas no seu ciclo de amigos constituía um ritual de vida. Um ano depois abandonou as drogas, mas o consumo de bebidas alcoólicas subsistiu sempre, desde muito novo, até lhe ser diagnosticada a doença.

"Sempre me senti bem. E este é o perigo das doenças hepáticas", frisou Jorge Palma, que apenas descobriu o vírus da hepatite C quando foi alertado por um dos amigos com quem partilhou seringas, também ele infectado com a doença. As análises ao sangue não deixavam sombra para dúvidas.

Durante seis meses foi submetido a injecções de Interferão e a cápsulas de Ribavirina - posologia aplicada em conjunto, na terapia da doença. "É um tratamento sobretudo desagradável e psicologicamente difícil. Mas, se a pessoa gosta de viver, tem mesmo que se submeter a este tratamento, que resulta."

A hepatite C afecta entre 120 mil e 150 mil portugueses e apenas cerca de 30 por cento dos casos estão diagnosticados. É a nona maior causa de morte em Portugal.

Associação Quer Plano Nacional Contra as Hepatites Virais

Por BRUNO CONTREIRAS MATEUS

Quarta-feira, 28 de Abril de 2004

Com o propósito de alertar a sociedade civil para a dinâmica de crescimento das doenças hepáticas virais - por inflamação do fígado, podendo ser hepatites dos tipos A, B, C, D ou E - e o intento de defesa dos interesses dos indivíduos portadores deste tipo de patologia, surgiu a Associação de Apoio a Doentes com Hepatites Virais (Aadhvir). Os objectivos da primeira associação de ajuda a este tipo de doentes são prestar informação actualizada e completa e apoiar na intervenção junto de entidades competentes que possibilitem a melhoria das condições de vida dos pacientes.

Miguel Raimundo, médico do Hospital de Santa Maria e presidente da recém-instalada associação, apontou, ontem, em conferência de imprensa, o "erro de saúde pública", por omissão, no Plano Nacional de Saúde (PNS), que "contém apenas dois parágrafos sobre as hepatites virais". Afirmou ainda tornar-se imperativa a elaboração de um Plano Nacional de Luta contra as Hepatites Virais.

Miguel Raimundo assegurou que a Aadhvir irá empenhar-se na chamada de atenção para o tratamento eficaz que pode ser aplicado a cada caso, mesmo com os custos que possa acarretar. Referiu ainda que se devem enfrentar as administrações de alguns hospitais SA, que "atrasam o tratamento destes doentes", acrescentando que "cura é cura". Para mais, há que levar em conta as repercussões económicas, sociais e familiares da doença, que perduram por muitos anos e têm enorme impacto a nível nacional.

A deputada social-democrata Clara Carneiro, também presente na apresentação da Aadhvir, reagiu prontamente às acusações de Miguel Raimundo no que se refere ao PNS. Clara Carneiro lembrou que o PNS esteve aberto à discussão pública, durante mais de um ano, havendo ainda a possibilidade de uma adenda que o complete e a promoção de um plano nacional de combate às hepatites virais.

A apresentação da associação contou com a presença de várias caras conhecidas. Um dos presentes foi Jorge Palma. O músico estima que entre os anos de 1966 e 67, após ter experimentado ácidos, silenciou a juventude no contacto com a heroína e a cocaína. A partilha de seringas no seu ciclo de amigos constituía um ritual de vida. Um ano depois abandonou as drogas, mas o consumo de bebidas alcoólicas subsistiu sempre, desde muito novo, até lhe ser diagnosticada a doença.

"Sempre me senti bem. E este é o perigo das doenças hepáticas", frisou Jorge Palma, que apenas descobriu o vírus da hepatite C quando foi alertado por um dos amigos com quem partilhou seringas, também ele infectado com a doença. As análises ao sangue não deixavam sombra para dúvidas.

Durante seis meses foi submetido a injecções de Interferão e a cápsulas de Ribavirina - posologia aplicada em conjunto, na terapia da doença. "É um tratamento sobretudo desagradável e psicologicamente difícil. Mas, se a pessoa gosta de viver, tem mesmo que se submeter a este tratamento, que resulta."

A hepatite C afecta entre 120 mil e 150 mil portugueses e apenas cerca de 30 por cento dos casos estão diagnosticados. É a nona maior causa de morte em Portugal.

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