Novo Matadouro de Viseu Vai Ser Construído em Santos Evos
Por NUNO AMARAL
Quinta-feira, 17 de Junho de 2004
A Associação de Criadores de Gado da Beira Alta (ACGBA) acredita que em breve vai ter concluído o processo de candidatura à construção de um novo Matadouro em Viseu. "O processo está a andar e já não recua, julgamos que no máximo em Novembro estamos em condições de o entregar no Ministério da Agricultura", afiançou ao PÚBLICO António Lopes, presidente da ACGBA. A nova estrutura vai surgir em Santos Evos, entre Viseu e Sátão, e conta com o apoio da Câmara de Viseu - na componente burocrática - e com o investimento de alguns privados.
O antigo Matadouro de Viseu encerrou faz amanhã um ano, a 18 de Junho de 2003, por não cumprir "exigências comunitárias". Com o fecho do centro de abate, por deliberação do Ministério da Agricultura, cerca de 26 mil produtores e criadores de gado viram-se obrigados a recorrer aos matadouros de Aveiro e Oliveira do Hospital. A Balflora - Secretariado dos Baldios do Distrito de Viseu, que terça-feira foi recebida pela Comissão Parlamentar de Agricultura, sempre defendeu que muitos agricultores não conseguiam suportar os custos que as deslocações aos matadouros mais próximos acarretam.
"É urgente criar um novo matadouro, há pessoas que estão a ser despojadas dos seus meios de subsistência", afirmou o deputado socialista Miguel Ginestal depois de ouvir os argumentos expostos pela Balflora. "Sempre apoiámos as reivindicações justas dos criadores de gado de Viseu. Há, aliás, um certo unanimismo em todos os grupos parlamentares", expôs a social-democrata Elvira Bernardino.
A Balflora entregou também aos deputados uma petição com mais de cinco mil assinaturas, um número suficiente para obrigar o Parlamento a aceitar a discussão de um caso com origem exterior. "Vamos fazer todos os possíveis para levar a questão a plenário ainda antes de terminar esta legislatura", realçou Miguel Ginestal, relator da Comissão Parlamentar de Agricultura.
Elvira Bernardino sublinhou ainda que a proprietária do antigo matadouro de Viseu (a PEC-Lusa - Sociedade de Matadouros das Beiras) não está a cumprir com o que prometeu aos agentes da região. "Foi-lhes garantido que o facto de terem de recorrer a centros de abate mais distantes não iria acarretar custos acrescidos. Ora, isso não se está a verificar", argumentou a deputada do PSD. "Temos informações de que muitas famílias não estão a aguentar, há casos de pessoas que ponderam abandonar a actividade. Esta questão tem de ser resolvida urgentememte", enfatizou, por sua vez, Miguel Ginestal.
"Pode ser uma luz ao fundo do túnel, gostei de sentir o apoio dos deputados. As nossas intenções foram apoiadas unanimemente", vincou Manuel Rodrigues, líder da Balflora, no final do encontro com a Comissão Parlamentar de Agricultura.
O processo de privatização do matadouro de Viseu, em Março de 1999, foi alvo de um inquérito realizado pela Inspecção-Geral de Agricultura (IGA). "A IGA detectou indícios com gravidade suficiente para serem analisados pelo Ministério Público", disse ao PÚBLICO Frazão Gomes, secretário de Estado Adjunto e das Pescas. Na altura, o governante confirmou que o processo de alienação do matadouro de Viseu, realizado em Março de 1999, estava a ser investigado pelo Ministério Público. Em causa estão os sucessivos atrasos na decisão de encerrar a estrutura - a primeira inspecção que apontava nesse sentido data de 1999. Ou seja, o matadouro de Viseu esteve a laborar durante esse período tempo sem respeitar a legislação vigente para a produção de carnes frescas.
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Novo Matadouro de Viseu Vai Ser Construído em Santos Evos
Por NUNO AMARAL
Quinta-feira, 17 de Junho de 2004
A Associação de Criadores de Gado da Beira Alta (ACGBA) acredita que em breve vai ter concluído o processo de candidatura à construção de um novo Matadouro em Viseu. "O processo está a andar e já não recua, julgamos que no máximo em Novembro estamos em condições de o entregar no Ministério da Agricultura", afiançou ao PÚBLICO António Lopes, presidente da ACGBA. A nova estrutura vai surgir em Santos Evos, entre Viseu e Sátão, e conta com o apoio da Câmara de Viseu - na componente burocrática - e com o investimento de alguns privados.
O antigo Matadouro de Viseu encerrou faz amanhã um ano, a 18 de Junho de 2003, por não cumprir "exigências comunitárias". Com o fecho do centro de abate, por deliberação do Ministério da Agricultura, cerca de 26 mil produtores e criadores de gado viram-se obrigados a recorrer aos matadouros de Aveiro e Oliveira do Hospital. A Balflora - Secretariado dos Baldios do Distrito de Viseu, que terça-feira foi recebida pela Comissão Parlamentar de Agricultura, sempre defendeu que muitos agricultores não conseguiam suportar os custos que as deslocações aos matadouros mais próximos acarretam.
"É urgente criar um novo matadouro, há pessoas que estão a ser despojadas dos seus meios de subsistência", afirmou o deputado socialista Miguel Ginestal depois de ouvir os argumentos expostos pela Balflora. "Sempre apoiámos as reivindicações justas dos criadores de gado de Viseu. Há, aliás, um certo unanimismo em todos os grupos parlamentares", expôs a social-democrata Elvira Bernardino.
A Balflora entregou também aos deputados uma petição com mais de cinco mil assinaturas, um número suficiente para obrigar o Parlamento a aceitar a discussão de um caso com origem exterior. "Vamos fazer todos os possíveis para levar a questão a plenário ainda antes de terminar esta legislatura", realçou Miguel Ginestal, relator da Comissão Parlamentar de Agricultura.
Elvira Bernardino sublinhou ainda que a proprietária do antigo matadouro de Viseu (a PEC-Lusa - Sociedade de Matadouros das Beiras) não está a cumprir com o que prometeu aos agentes da região. "Foi-lhes garantido que o facto de terem de recorrer a centros de abate mais distantes não iria acarretar custos acrescidos. Ora, isso não se está a verificar", argumentou a deputada do PSD. "Temos informações de que muitas famílias não estão a aguentar, há casos de pessoas que ponderam abandonar a actividade. Esta questão tem de ser resolvida urgentememte", enfatizou, por sua vez, Miguel Ginestal.
"Pode ser uma luz ao fundo do túnel, gostei de sentir o apoio dos deputados. As nossas intenções foram apoiadas unanimemente", vincou Manuel Rodrigues, líder da Balflora, no final do encontro com a Comissão Parlamentar de Agricultura.
O processo de privatização do matadouro de Viseu, em Março de 1999, foi alvo de um inquérito realizado pela Inspecção-Geral de Agricultura (IGA). "A IGA detectou indícios com gravidade suficiente para serem analisados pelo Ministério Público", disse ao PÚBLICO Frazão Gomes, secretário de Estado Adjunto e das Pescas. Na altura, o governante confirmou que o processo de alienação do matadouro de Viseu, realizado em Março de 1999, estava a ser investigado pelo Ministério Público. Em causa estão os sucessivos atrasos na decisão de encerrar a estrutura - a primeira inspecção que apontava nesse sentido data de 1999. Ou seja, o matadouro de Viseu esteve a laborar durante esse período tempo sem respeitar a legislação vigente para a produção de carnes frescas.