Duplicação provisória do IP5 em Viseu preocupa Comissão Parlamentar

25-06-2004
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Duplicação Provisória do IP5 em Viseu Preocupa Comissão Parlamentar

Por MARIA ALBUQUERQUE

Quinta-feira, 06 de Maio de 2004

A Comissão das Obras Públicas da Assembleia da República quer conhecer quais os estudos técnicos e ambientais que sustentam a duplicação do Itinerário Principal (IP) 5 na zona do Caçador, em Viseu. As obras de transformação do IP5 em auto-estrada (A25) já deveriam ter começado no Verão de 2003, mas há uma declaração de impacte ambiental que aprovou um traçado, a norte da cidade, que é contrário à vontade da câmara e do actual Governo. A validade da declaração, que é vinculativa, termina no próximo Verão e até lá a obra não arranca.

Em Outubro de 2003, o ministro das Obras Públicas, Carmona Rodrigues, garantiu em Viseu que a duplicação seria feita a Sul, com uma passagem pelo parque industrial, como reivindicado pelo autarca viseense Fernando Ruas. A solução provisória na zona do Caçador, enquanto decorrem estudos sobre o traçado definitivo da futura A25, inclui uma curva "em forma de cotovelo", conhecida como "bossa de camelo", onde a velocidade máxima de circulação será 80 quilómetros por hora.

Apesar de defenderem a solução a sul da cidade, uma comissão de habitantes de Barbeita e Caçador e o presidente da junta de freguesia de Rio de Loba, João Almeida Santos, manifestaram ontem aos deputados na Assembleia da República a sua oposição e preocupação face à solução provisória."Estão preocupados porque sendo uma solução provisória, vão-se destruir definitivamente algumas casas e logradouros. Vão ser construídos muros definitivos de suporte de terras junto a outras casas. Além disso, os habitantes e a junta de freguesia querem saber quem se vai responsabilizar pelos acidentes que ali aconteçam, porque a curva em cotovelo será perigosíssima e, esperemos que não, fatídica", alertou Miguel Ginestal, deputado do PS, coordenador do grupo de trabalho da comissão parlamentar.

Sensibilizados pelas preocupações dos moradores e junta, os deputados que constituem a Comissão Parlamentar das Obras Públicas decidiram "elaborar um relatório com carácter de urgência" onde irão transmitir ao Governo as posições dos diferentes grupos parlamentares. "Foi ainda decidido, por unanimidade, tomar as seguintes diligências: escrever ao ministro das Obras Públicas solicitando uma cópia do protocolo feito com a câmara de Viseu e perguntando se foi feito um estudo de impacto ambiental que viabilize a solução provisória [entre a ponte de Fagilde até à ligação IP3/IP5]. Além disso, queremos saber se o ministério elaborou algum estudo sobre as condições de circulação rodoviária naquele ponto", afirmou o socialista.

Dúvidas quanto à

realização de estudos prévios

Segundo Miguel Ginestal, o grupo de trabalho constituído pela Comissão de Obras Públicas para analisar a solução provisória, que integra também os deputados Melchior Moreira (PSD), Manuel Cambra (PP) e Rodeia Machado (PCP), "tem muitas dúvidas que os estudos ambiental e de segurança rodoviária tenham sido feitos, porque de certeza resultariam em pareceres negativos". Apesar disso, o deputado do PS quer acreditar que não se faça "um troço tão perigoso, de ânimo leve".

"A solução é tão irracional, que é necessário que as entidades competentes digam com clareza por que é que vai ser feito. A solução não interessa nem ao concelho, nem ao país, nem a nenhuma auto-estrada moderna, porque não há nenhuma no mundo onde se tenha de circular a 80 quilómetros por hora", realçou o socialista, sublinhando ainda que os habitantes se sentem "profundamente defraudados" com Carmona Rodrigues que, em Outubro de 2003, "afirmou que a solução não iria prejudicar nem pessoas nem bens, não o tendo cumprido".

Miguel Ginestal, eleito pelo círculo de Viseu para a Assembleia da República, acrescentou que é preciso lembrar que "o país está cheio de exemplos de soluções provisórias definitivas". Além disso, caso o troço definitivo da A25 se concretize "a freguesia será um inferno, dado que ficará entalada entre a [solução] provisória e a definitiva".

Apesar de várias tentativas feitas pelo PÚBLICO ao longo da tarde de ontem, não foi possível obter uma reacção do presidente da junta de freguesia de Rio de Loba, João Almeida Santos. O deputado do PSD eleito pelo círculo de Viseu Melchior Moreira, que integra o grupo de trabalho, também não se mostrou disponível para prestar declarações.

A FRASE

"O país está cheio de exemplos de soluções provisórias definitivas"

Miguel Ginestal,

Deputado do PS na Assembleia da República

Duplicação Provisória do IP5 em Viseu Preocupa Comissão Parlamentar

Por MARIA ALBUQUERQUE

Quinta-feira, 06 de Maio de 2004

A Comissão das Obras Públicas da Assembleia da República quer conhecer quais os estudos técnicos e ambientais que sustentam a duplicação do Itinerário Principal (IP) 5 na zona do Caçador, em Viseu. As obras de transformação do IP5 em auto-estrada (A25) já deveriam ter começado no Verão de 2003, mas há uma declaração de impacte ambiental que aprovou um traçado, a norte da cidade, que é contrário à vontade da câmara e do actual Governo. A validade da declaração, que é vinculativa, termina no próximo Verão e até lá a obra não arranca.

Em Outubro de 2003, o ministro das Obras Públicas, Carmona Rodrigues, garantiu em Viseu que a duplicação seria feita a Sul, com uma passagem pelo parque industrial, como reivindicado pelo autarca viseense Fernando Ruas. A solução provisória na zona do Caçador, enquanto decorrem estudos sobre o traçado definitivo da futura A25, inclui uma curva "em forma de cotovelo", conhecida como "bossa de camelo", onde a velocidade máxima de circulação será 80 quilómetros por hora.

Apesar de defenderem a solução a sul da cidade, uma comissão de habitantes de Barbeita e Caçador e o presidente da junta de freguesia de Rio de Loba, João Almeida Santos, manifestaram ontem aos deputados na Assembleia da República a sua oposição e preocupação face à solução provisória."Estão preocupados porque sendo uma solução provisória, vão-se destruir definitivamente algumas casas e logradouros. Vão ser construídos muros definitivos de suporte de terras junto a outras casas. Além disso, os habitantes e a junta de freguesia querem saber quem se vai responsabilizar pelos acidentes que ali aconteçam, porque a curva em cotovelo será perigosíssima e, esperemos que não, fatídica", alertou Miguel Ginestal, deputado do PS, coordenador do grupo de trabalho da comissão parlamentar.

Sensibilizados pelas preocupações dos moradores e junta, os deputados que constituem a Comissão Parlamentar das Obras Públicas decidiram "elaborar um relatório com carácter de urgência" onde irão transmitir ao Governo as posições dos diferentes grupos parlamentares. "Foi ainda decidido, por unanimidade, tomar as seguintes diligências: escrever ao ministro das Obras Públicas solicitando uma cópia do protocolo feito com a câmara de Viseu e perguntando se foi feito um estudo de impacto ambiental que viabilize a solução provisória [entre a ponte de Fagilde até à ligação IP3/IP5]. Além disso, queremos saber se o ministério elaborou algum estudo sobre as condições de circulação rodoviária naquele ponto", afirmou o socialista.

Dúvidas quanto à

realização de estudos prévios

Segundo Miguel Ginestal, o grupo de trabalho constituído pela Comissão de Obras Públicas para analisar a solução provisória, que integra também os deputados Melchior Moreira (PSD), Manuel Cambra (PP) e Rodeia Machado (PCP), "tem muitas dúvidas que os estudos ambiental e de segurança rodoviária tenham sido feitos, porque de certeza resultariam em pareceres negativos". Apesar disso, o deputado do PS quer acreditar que não se faça "um troço tão perigoso, de ânimo leve".

"A solução é tão irracional, que é necessário que as entidades competentes digam com clareza por que é que vai ser feito. A solução não interessa nem ao concelho, nem ao país, nem a nenhuma auto-estrada moderna, porque não há nenhuma no mundo onde se tenha de circular a 80 quilómetros por hora", realçou o socialista, sublinhando ainda que os habitantes se sentem "profundamente defraudados" com Carmona Rodrigues que, em Outubro de 2003, "afirmou que a solução não iria prejudicar nem pessoas nem bens, não o tendo cumprido".

Miguel Ginestal, eleito pelo círculo de Viseu para a Assembleia da República, acrescentou que é preciso lembrar que "o país está cheio de exemplos de soluções provisórias definitivas". Além disso, caso o troço definitivo da A25 se concretize "a freguesia será um inferno, dado que ficará entalada entre a [solução] provisória e a definitiva".

Apesar de várias tentativas feitas pelo PÚBLICO ao longo da tarde de ontem, não foi possível obter uma reacção do presidente da junta de freguesia de Rio de Loba, João Almeida Santos. O deputado do PSD eleito pelo círculo de Viseu Melchior Moreira, que integra o grupo de trabalho, também não se mostrou disponível para prestar declarações.

A FRASE

"O país está cheio de exemplos de soluções provisórias definitivas"

Miguel Ginestal,

Deputado do PS na Assembleia da República

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