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29-02-2004
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Doentes com enxaqueca perdem em média 3,5 dias de trabalho por cada 100

Lisboa, 4 de Julho - As dores de cabeça são uma das queixas mais frequentes nas consultas médicas. Segundo um estudo realizado em 1999 pelo serviço de Neurologia dos Hospitais Universitários de Coimbra, em conjunto com o epidemiologista Massano Cardoso, com base nos funcionários da Portugal Telecom de todo o país, 40 por cento dos inquiridos revelou sofrer de cefaleia com alguma frequência.

Segundo Luís Cunha, neurologista e director do serviço de Neurologia dos Hospitais Universitários de Coimbra, “os resultados deste estudo são representativos daquilo que a dor de cabeça e a enxaqueca em especial representam em Portugal”.

Para a enxaqueca, os resultados do estudo epidemiológico indicam uma incidência de 7,5 por cento nos trabalhadores, sendo muito mais prevalente no sexo feminino: mais de 15 por cento das mulheres sofriam da doença enquanto nos homens a enxaqueca afectava apenas 3,1 por cento dos indivíduos.

Neste grupo de doentes, à semelhança do que ocorre com a maioria dos indivíduos com enxaqueca, a duração média da crise foi entre 2 a 3 horas. Uma grande parte dos inquiridos tinha uma crise por mês. Contudo, 30% destes doentes tinham mais do que três crises por mês.

O neurologista revela ainda que, em mais de 60 por cento dos casos, essas crises são impeditivas de trabalho. “Podemos afirmar que em cada 100 dias um indivíduo activo perde em média 3,5 dias de trabalho, o que é significativo”, esclarece. Curioso é o facto dos responsáveis deste estudo terem concluído que no homem a enxaqueca é mais incapacitante no trabalho do que na mulher.

Para além da cefaleia, o sintoma mais característico, a enxaqueca engloba um conjunto de situações que por vezes se tornam impeditivas para o doente. A fotofobia (intolerância à luz), a fonofobia (intolerância ao som), as náuseas e os vómitos são as mais frequentes.

“Na enxaqueca tudo se passa como se o cérebro ficasse sensível a tudo aquilo que normalmente não se apercebe; a pulsação das artérias torna-se dolorosa e qualquer barulho torna-se incomportável. É portanto uma situação de desprotecção”, explica Luís Cunha.

Contudo, e de acordo com o neurologista, “hoje em dia, é possível controlar em grande percentagem os sintomas da enxaqueca. A questão agora é que esse controlo não tenha grandes riscos de efeitos colaterais”.

Para o tratamento das crises de enxaqueca administrou-se durante muitos anos a ergotamina. “É uma terapêutica muito inespecífica, já que, por exemplo, provoca vasoconstrição das artérias coronárias e, muito mais grave, provoca habituação”. Segundo o especialista, “esta situação ainda é habitual no nosso país, por isso, convém alertar para esse problema uma vez que estes fármacos raramente devem constituir uma alternativa válida”.

A escolha terapêutica deve então incidir em fármacos mais específicos como os triptanos. No entanto, tornou-se necessário estabelecer uma comparação entre os vários medicamentos disponíveis nesta classe. “Era necessário ter alguns pontos de referência”, defende Luís Cunha. Por isso, a realização da meta-análise de Ferrari “permitiu avaliar os vários estudos que se realizaram para cada triptano”.

Dos vários parâmetros analisados, os resultados desta meta-análise indicam que “a diferença mais notória é estabelecida na tolerância, isto é, na ausência dos efeitos colateriais. O almotriptano tem um perfil de efeitos adversos nitidamente inferior aos outros, seja ao nível do sistema nervoso central, torácico ou cardíaco”.

A meta-análise conclui também que, com o almotriptano, um maior número de doentes fica sem dor duas horas depois da toma. Quanto à diminuição da recorrência à medicação, o almotriptano e o eletriptanos obtiveram os melhores resultados. Já na consistência (eficácia nas crises seguintes) o almotriptano e o rizatriptano mostraram superioridade em relação aos outros triptanos.

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Doentes com enxaqueca perdem em média 3,5 dias de trabalho por cada 100

Lisboa, 4 de Julho - As dores de cabeça são uma das queixas mais frequentes nas consultas médicas. Segundo um estudo realizado em 1999 pelo serviço de Neurologia dos Hospitais Universitários de Coimbra, em conjunto com o epidemiologista Massano Cardoso, com base nos funcionários da Portugal Telecom de todo o país, 40 por cento dos inquiridos revelou sofrer de cefaleia com alguma frequência.

Segundo Luís Cunha, neurologista e director do serviço de Neurologia dos Hospitais Universitários de Coimbra, “os resultados deste estudo são representativos daquilo que a dor de cabeça e a enxaqueca em especial representam em Portugal”.

Para a enxaqueca, os resultados do estudo epidemiológico indicam uma incidência de 7,5 por cento nos trabalhadores, sendo muito mais prevalente no sexo feminino: mais de 15 por cento das mulheres sofriam da doença enquanto nos homens a enxaqueca afectava apenas 3,1 por cento dos indivíduos.

Neste grupo de doentes, à semelhança do que ocorre com a maioria dos indivíduos com enxaqueca, a duração média da crise foi entre 2 a 3 horas. Uma grande parte dos inquiridos tinha uma crise por mês. Contudo, 30% destes doentes tinham mais do que três crises por mês.

O neurologista revela ainda que, em mais de 60 por cento dos casos, essas crises são impeditivas de trabalho. “Podemos afirmar que em cada 100 dias um indivíduo activo perde em média 3,5 dias de trabalho, o que é significativo”, esclarece. Curioso é o facto dos responsáveis deste estudo terem concluído que no homem a enxaqueca é mais incapacitante no trabalho do que na mulher.

Para além da cefaleia, o sintoma mais característico, a enxaqueca engloba um conjunto de situações que por vezes se tornam impeditivas para o doente. A fotofobia (intolerância à luz), a fonofobia (intolerância ao som), as náuseas e os vómitos são as mais frequentes.

“Na enxaqueca tudo se passa como se o cérebro ficasse sensível a tudo aquilo que normalmente não se apercebe; a pulsação das artérias torna-se dolorosa e qualquer barulho torna-se incomportável. É portanto uma situação de desprotecção”, explica Luís Cunha.

Contudo, e de acordo com o neurologista, “hoje em dia, é possível controlar em grande percentagem os sintomas da enxaqueca. A questão agora é que esse controlo não tenha grandes riscos de efeitos colaterais”.

Para o tratamento das crises de enxaqueca administrou-se durante muitos anos a ergotamina. “É uma terapêutica muito inespecífica, já que, por exemplo, provoca vasoconstrição das artérias coronárias e, muito mais grave, provoca habituação”. Segundo o especialista, “esta situação ainda é habitual no nosso país, por isso, convém alertar para esse problema uma vez que estes fármacos raramente devem constituir uma alternativa válida”.

A escolha terapêutica deve então incidir em fármacos mais específicos como os triptanos. No entanto, tornou-se necessário estabelecer uma comparação entre os vários medicamentos disponíveis nesta classe. “Era necessário ter alguns pontos de referência”, defende Luís Cunha. Por isso, a realização da meta-análise de Ferrari “permitiu avaliar os vários estudos que se realizaram para cada triptano”.

Dos vários parâmetros analisados, os resultados desta meta-análise indicam que “a diferença mais notória é estabelecida na tolerância, isto é, na ausência dos efeitos colateriais. O almotriptano tem um perfil de efeitos adversos nitidamente inferior aos outros, seja ao nível do sistema nervoso central, torácico ou cardíaco”.

A meta-análise conclui também que, com o almotriptano, um maior número de doentes fica sem dor duas horas depois da toma. Quanto à diminuição da recorrência à medicação, o almotriptano e o eletriptanos obtiveram os melhores resultados. Já na consistência (eficácia nas crises seguintes) o almotriptano e o rizatriptano mostraram superioridade em relação aos outros triptanos.

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