Governo quer Portugal "na primeira linha da liberdade e da reconstrução da ordem internacional"

23-06-2003
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Governo Quer Portugal "na Primeira Linha da Liberdade e da Reconstrução da Ordem Internacional"

Por HELENA PEREIRA

Sexta-feira, 09 de Maio de 2003 Uma companhia de cerca de 120 voluntários da GNR é a participação de Portugal na força de estabilização no Iraque. O anúncio foi feito ontem pelo primeiro-ministro na Assembleia da República, que enfrentou uma oposição que considera que, segundo a Convenção de Genebra, na falta de um mandato internacional, o dever de manter a paz no território pertence às forças anglo-americanas que fizeram a guerra. O Governo, contudo, não explicou qual a duração da missão portuguesa, quais os custos financeiros, em que sector do Iraque e sob que comando operacional vai actuar, questões que foram colocadas pelo deputado do PS, Marques Júnior, no final do debate. "Estão a decorrer ainda trabalhos de geração de forças", justificou o primeiro-ministro, classificando de excelente" o trabalho da GNR em Timor-Leste. Sobre os alegados riscos à segurança da GNR pelo facto do Iraque estar ainda em clima de guerra, respondeu que "é precisamente por a situação não estar estabilizada que vai haver uma força de estabilização". Já esta semana, um dos responsáveis associativos da GNR admitia em declarações ao PÚBLICO que esta força terá riscos acrescidos pelo facto de não ir numa missão da ONU e da situação no terreno ser mais próxima da de guerra do que de distúrbios da ordem pública. O envio de forças militares só será equacionado pelo Executivo, caso seja obtido "um enquadramento apropriado em termos internacionais". Uma das questões que tambem pesará na decisão são os custos financeiros, numa altura em que o Exército está à espera de ser ressarcido de cerca de 90 milhões de euros devidos a missões no estrangeiro. Para além da presença da GNR, o Governo apoiará a reconstrução do Iraque através de empresas portuguesas (a embaixada portuguesa em Bagdad poderá abrir ainda esta semana) e do reforço financeiro a algumas organizações não-governamentais. O Ministério dos Negócios Estrangeiros já disponibilizou cerca de 100 mil dólares para a Assistência Médica Internacional e está disponível a ajudar as organizações que solicitem. "O Iraque é, actualmente, a mais relevante questão da agenda internacional. Portugal não pode passar ao lado desta questão. Sob pena de ser, no plano político e diplomático, um país periférico, marginal ou irrelevante", afirmou Durão Barroso, acrescentando: "A nossa visão é a de um país na primeira linha da liberdade e da reconstrução da ordem internacional". Os partidos de esquerda criticaram as "forças invasoras" que "ocupam" o Iraque e reafirmaram que, na ausência de mandato internacional, estas é que devem garantir a estabilidade do território. O secretário-geral do PS, Ferro Rodrigues, foi claro ao dizer que não quer que "a ligação de Portugal a acções ilegítimas ainda se intensifique mais", reafirmou a necessidade de ser respeitado o direito internacional e acusou Durão de só se preocupar em "estar com os senhores da guerra". Na resposta, Durão Barroso afirmou que a ajuda humanitária só chega ao seu destino se houver "segurança e forças de estabilização". O secretário-geral do PCP, Carlos Carvalhas, lembrou ao primeiro-ministro os mortos e feridos da guerra do Iraque e acusou Durão de "querer colaborar na ocupação do Iraque" em troca de petróleo. O primeiro-ministro viu-se na obrigação de justificar o seu primeiro apoio (político) às forças anglo-americanas e fê-lo com os argumentos de que o Iraque invadiu países vizinhos, apoiava actividades terroristas e desrespeitou o direito internacional, esquecendo o primeiro factor utilizado pela coligação: as armas de destruição maciça. Luís Fazenda, deputado do Bloco de Esquerda (BE), alertou para essa omissão, denunciando o que disse ser "o cinismo da política internacional" e o "embaraço" de Bush e Blair por ainda não terem encontrado as tais armas no Iraque. O BE, que não concorda com a colaboração portuguesa mesmo que houvesse mandato internacional, considera que a decisão de envio da GNR é "um cheque em branco" pois Portugal não sabe ainda o que é que acontecerá no Iraque. O Presidente da República e sua posição nesta questão do envio de forças para o Iraque nunca foi invocado ao longo do debate, onde também se discutiu a posição de Portugal face à Europa e aos EUA. Pelo PS e já na segunda ronda de debate, António José Seguro, acusou Durão de ter "os pés na Europa e o coração na administração Bush", enquanto que o primeiro-ministro reagiu ao assunto, dizendo que a esquerda procura unir-se através de um "certo anti-americanismo", que está a tornar-se na "doença senil do socialismo". OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Sampaio esvazia exigências sobre Iraque

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