EXPRESSO: País

15-12-2002
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Ferro «arruma a casa» no PS renovado

As alterações ao pacote laboral vão ocupar a direcção do PS na próxima semana. É o primeiro ensaio da estratégia de «ser oposição pela positiva»

Ana Baião Ferro com o «benjamim» do Secretariado, Adão e Silva: o PS aposta em deixar marcas no debate político

O PS VAI divulgar na próxima semana as linhas principais das suas propostas de alteração ao Código do Trabalho. Animados pelas últimas sondagens - que dão o PS à frente do PSD -, e aproveitando a tranquilidade interna do pós-Congresso, os socialistas apostam agora em afirmar-se como um partido de alternativa e com alternativas.

Sempre alerta

O pacote laboral é o primeiro balão de ensaio desta estratégia, que prosseguirá com a vigilância atenta dos passos do Governo em matéria de política económica. No Largo do Rato cresce a convicção de que o Executivo dificilmente cumprirá o défice orçamental e, embora garanta que não é partidária do «quanto pior, melhor», a direcção socialista garante que «não deixará de fazer pagar (ao Governo) o preço de todas as medidas erradas que vem tomando em matéria económica».

As propostas alternativas à Lei do Trabalho serão aprovadas pela nova Comissão Política do PS, que reúne pela primeira vez (depois de ter sido eleita há oito dias) na próxima quinta-feira. Este órgão, ao qual cabe agora as decisões políticas estratégicas - depois da revisão estatutária que transformou o Secretariado no núcleo de gestão quotidiana do partido -, vai passar a reunir de três em três semanas. Um sinal do reforço da sua importância, já que, até aqui, tinha uma periodicidade bimestral.

Já a Comissão Nacional do PS - o órgão máximo entre Congressos - vai reunir-se a 11 Janeiro, para finalizar a «arrumação» da casa iniciada há duas semanas nos trabalhos do Coliseu dos Recreios. O encontro - que pode prolongar-se para o dia seguinte, já vai avisando a direcção do partido - encerrará o processo de revisão dos Estatutos (com a votação das dezenas de artigos de cuja reforma o Congresso apenas aprovou as bases), fixará as datas e os regulamentos dos congressos federativos (previstos para meados de Março) e aprovará a redacção final da Declaração de Princípios do partido.

Foi com a definição deste calendário que o novo Secretariado de Ferro Rodrigues se estreou. Reunido ontem pela primeira vez (depois de ter sido eleito no último sábado), o «núcleo duro» de dirigentes socialistas aproveitou também para fixar os pelouros de cada um dos onze elementos.

Assim, Alberto Martins é o responsável pelas relações institucionais; Ana Benavente coordena as áreas da cultura e educação; Ana Gomes substituirá José Lamego nas relações internacionais - embora apenas quando regressar de Jacarta, em Janeiro; António Costa é o responsável pelos assuntos parlamentares - enquanto permanecer à frente da bancada; José Sócrates tutela a comunicação social; Luís Nazaré é o rosto da inovação e empresas; a Maria de Belém cabe a solidariedade e a economia social; Paulo Pedroso continua a ser o porta-voz do partido (embora esta seja «uma função que tende a perder importância», segundo admitiu ao EXPRESSO) e o homem da organização interna; ao «benjamim» Pedro Adão e Silva ficam acometidos os assuntos gerais (de actualidade); a Rui Cunha todos os relacionados com a área laboral; Vieira da Silva é, por fim, o titular da «pasta» dos assuntos políticos.

Augusto Santos Silva foi por sua vez eleito director do «Acção Socialista», enquanto José Leitão foi reconduzido à frente do «Portugal Socialista». Já Maria do Carmo Romão, presidente das Mulheres Socialistas,manifestou-se indisponível para continuar. A sua sucessora será conhecida no início do próximo ano, quando ocorrerem, pela primeira vez, eleições para aquela estrutura partidária já que, até aqui este era um lugar de nomeação do líder do partido.

JS volta ao aborto

Entretanto, a Juventude Socialista (JS) lançou anteontem uma campanha de esclarecimento sobre a despenalização do aborto. A campanha começou com anúncios em jornais e sairá em breve para a rua sob a forma de cartazes, autocolantes e um panfleto. Seguir-se-ão uma série de conferências e sessões de esclarecimento, «em colaboração com todas as entidades e organizações não-governamentais que queiram associar-se» à campanha, disse a líder da JS, Jamila Madeira, ao EXPRESSO.

Sem uma duração pré-estabelecida, a campanha decorrerá «enquanto houver um português por esclarecer». A iniciativa tem o apoio tácito da direcção do partido que, defendendo que a questão deve ser objecto de um novo referendo, acredita que este ainda não é «o momento adequado» para retomar a discussão. Os seniores socialistas não vêem, no entanto, qualquer inconveniente (até agradecem) no «trabalho de sapa» que a JS se propõe levar a cabo. «Se é para esclarecer, está bem», diz um elemento do Secretariado, enquanto outro elucida que sendo o aborto um problema para resolver de facto e não apenas para ostentar como bandeira política, todas as iniciativas que ajudem à criação de um ambiente favorável a uma nova consulta popular são bem-vindas.

Ferro «arruma a casa» no PS renovado

As alterações ao pacote laboral vão ocupar a direcção do PS na próxima semana. É o primeiro ensaio da estratégia de «ser oposição pela positiva»

Ana Baião Ferro com o «benjamim» do Secretariado, Adão e Silva: o PS aposta em deixar marcas no debate político

O PS VAI divulgar na próxima semana as linhas principais das suas propostas de alteração ao Código do Trabalho. Animados pelas últimas sondagens - que dão o PS à frente do PSD -, e aproveitando a tranquilidade interna do pós-Congresso, os socialistas apostam agora em afirmar-se como um partido de alternativa e com alternativas.

Sempre alerta

O pacote laboral é o primeiro balão de ensaio desta estratégia, que prosseguirá com a vigilância atenta dos passos do Governo em matéria de política económica. No Largo do Rato cresce a convicção de que o Executivo dificilmente cumprirá o défice orçamental e, embora garanta que não é partidária do «quanto pior, melhor», a direcção socialista garante que «não deixará de fazer pagar (ao Governo) o preço de todas as medidas erradas que vem tomando em matéria económica».

As propostas alternativas à Lei do Trabalho serão aprovadas pela nova Comissão Política do PS, que reúne pela primeira vez (depois de ter sido eleita há oito dias) na próxima quinta-feira. Este órgão, ao qual cabe agora as decisões políticas estratégicas - depois da revisão estatutária que transformou o Secretariado no núcleo de gestão quotidiana do partido -, vai passar a reunir de três em três semanas. Um sinal do reforço da sua importância, já que, até aqui, tinha uma periodicidade bimestral.

Já a Comissão Nacional do PS - o órgão máximo entre Congressos - vai reunir-se a 11 Janeiro, para finalizar a «arrumação» da casa iniciada há duas semanas nos trabalhos do Coliseu dos Recreios. O encontro - que pode prolongar-se para o dia seguinte, já vai avisando a direcção do partido - encerrará o processo de revisão dos Estatutos (com a votação das dezenas de artigos de cuja reforma o Congresso apenas aprovou as bases), fixará as datas e os regulamentos dos congressos federativos (previstos para meados de Março) e aprovará a redacção final da Declaração de Princípios do partido.

Foi com a definição deste calendário que o novo Secretariado de Ferro Rodrigues se estreou. Reunido ontem pela primeira vez (depois de ter sido eleito no último sábado), o «núcleo duro» de dirigentes socialistas aproveitou também para fixar os pelouros de cada um dos onze elementos.

Assim, Alberto Martins é o responsável pelas relações institucionais; Ana Benavente coordena as áreas da cultura e educação; Ana Gomes substituirá José Lamego nas relações internacionais - embora apenas quando regressar de Jacarta, em Janeiro; António Costa é o responsável pelos assuntos parlamentares - enquanto permanecer à frente da bancada; José Sócrates tutela a comunicação social; Luís Nazaré é o rosto da inovação e empresas; a Maria de Belém cabe a solidariedade e a economia social; Paulo Pedroso continua a ser o porta-voz do partido (embora esta seja «uma função que tende a perder importância», segundo admitiu ao EXPRESSO) e o homem da organização interna; ao «benjamim» Pedro Adão e Silva ficam acometidos os assuntos gerais (de actualidade); a Rui Cunha todos os relacionados com a área laboral; Vieira da Silva é, por fim, o titular da «pasta» dos assuntos políticos.

Augusto Santos Silva foi por sua vez eleito director do «Acção Socialista», enquanto José Leitão foi reconduzido à frente do «Portugal Socialista». Já Maria do Carmo Romão, presidente das Mulheres Socialistas,manifestou-se indisponível para continuar. A sua sucessora será conhecida no início do próximo ano, quando ocorrerem, pela primeira vez, eleições para aquela estrutura partidária já que, até aqui este era um lugar de nomeação do líder do partido.

JS volta ao aborto

Entretanto, a Juventude Socialista (JS) lançou anteontem uma campanha de esclarecimento sobre a despenalização do aborto. A campanha começou com anúncios em jornais e sairá em breve para a rua sob a forma de cartazes, autocolantes e um panfleto. Seguir-se-ão uma série de conferências e sessões de esclarecimento, «em colaboração com todas as entidades e organizações não-governamentais que queiram associar-se» à campanha, disse a líder da JS, Jamila Madeira, ao EXPRESSO.

Sem uma duração pré-estabelecida, a campanha decorrerá «enquanto houver um português por esclarecer». A iniciativa tem o apoio tácito da direcção do partido que, defendendo que a questão deve ser objecto de um novo referendo, acredita que este ainda não é «o momento adequado» para retomar a discussão. Os seniores socialistas não vêem, no entanto, qualquer inconveniente (até agradecem) no «trabalho de sapa» que a JS se propõe levar a cabo. «Se é para esclarecer, está bem», diz um elemento do Secretariado, enquanto outro elucida que sendo o aborto um problema para resolver de facto e não apenas para ostentar como bandeira política, todas as iniciativas que ajudem à criação de um ambiente favorável a uma nova consulta popular são bem-vindas.

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