Jovens advogados contra sistema de remuneração das oficiosas

11-04-2002
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Jovens Advogados Contra Sistema de Remuneração das Oficiosas

Sábado, 6 de Abril de 2002

Antecipando-se à tomada de posse da nova ministra da Justiça, Maria Celeste Cardona, a Associação de Jovens Advogados do Centro (AJAC) exigiu à governante, anteontem à noite, a "suspensão absoluta" da tabela de honorários dos advogados - estagiários ou não - e solicitadores pelos serviços prestados no âmbito do apoio judiciário.

Esta tabela consta de uma portaria publicada em Dezembro de 2000 que, em Fevereiro deste ano, sofreu correcções que a AJAC f+t-f-t em reunião realizada anteontem com apenas nove interessados - considerou "inconstitucionais". Caso não seja este o entendimento da ministra do CDS/PP que hoje toma posse, a direcção da AJAC promete apelar ao boicote do apoio judiciário.

Na referida reunião, o presidente da AJAC, Marcos Júlio, contestou, sobretudo, que os advogados possam fazer várias defesas oficiosas por dia e que, como estabelece a nova tabela, só recebam honorários por uma delas (a que corresponder ao processo mais caro). É uma determinação legal que, para Marcos Júlio, não respeita o princípio constitucional segundo o qual a remuneração de um trabalhador deve corresponder ao trabalho realizado; e que, segundo acrescentou, se torna mais injusta por "levar o Estado a enriquecer à custa do trabalhos dos advogados": "Os arguidos condenados são obrigados a pagar honorários correspondentes à sua defesa, que depois não são entregues aos advogados", explicou.

Neste contexto, Marcos Júlio disse que, para já, a AJAC vai "dar o benefício da dúvida" a Celeste Cardona. Mas garantiu que se, de futuro, a ministra não resolver o problema, a associação que dirige não se calará. E uma das medidas de protesto já em análise passará por convencer os seus 200 associados a não fazerem mais do que uma das defesas oficiosas que diariamente lhes forem atribuídas, "desde que isso não ponha em causa a defesa de todos os cidadãos".

Na reunião da AJAC estava também presente o presidente do conselho Distrital de Coimbra da Ordem dos Advogados, Ferreira da Silva, que prometeu sensibilizar Celeste Cardona da necessidade de revogar a referida portaria. Ferreira da Silva concorda que esta é injusta, mas, ao contrário da AJAC, que reivindica o pagamento de todas as defesas oficiosas feitas num mesmo dia, defende a criação de um "tecto": "É razoável que se discuta um limite, para que não se apontem situações de escândalo, como dizer que um advogado recebeu 300 contos de uma só vez."

Nelson Morais

Jovens Advogados Contra Sistema de Remuneração das Oficiosas

Sábado, 6 de Abril de 2002

Antecipando-se à tomada de posse da nova ministra da Justiça, Maria Celeste Cardona, a Associação de Jovens Advogados do Centro (AJAC) exigiu à governante, anteontem à noite, a "suspensão absoluta" da tabela de honorários dos advogados - estagiários ou não - e solicitadores pelos serviços prestados no âmbito do apoio judiciário.

Esta tabela consta de uma portaria publicada em Dezembro de 2000 que, em Fevereiro deste ano, sofreu correcções que a AJAC f+t-f-t em reunião realizada anteontem com apenas nove interessados - considerou "inconstitucionais". Caso não seja este o entendimento da ministra do CDS/PP que hoje toma posse, a direcção da AJAC promete apelar ao boicote do apoio judiciário.

Na referida reunião, o presidente da AJAC, Marcos Júlio, contestou, sobretudo, que os advogados possam fazer várias defesas oficiosas por dia e que, como estabelece a nova tabela, só recebam honorários por uma delas (a que corresponder ao processo mais caro). É uma determinação legal que, para Marcos Júlio, não respeita o princípio constitucional segundo o qual a remuneração de um trabalhador deve corresponder ao trabalho realizado; e que, segundo acrescentou, se torna mais injusta por "levar o Estado a enriquecer à custa do trabalhos dos advogados": "Os arguidos condenados são obrigados a pagar honorários correspondentes à sua defesa, que depois não são entregues aos advogados", explicou.

Neste contexto, Marcos Júlio disse que, para já, a AJAC vai "dar o benefício da dúvida" a Celeste Cardona. Mas garantiu que se, de futuro, a ministra não resolver o problema, a associação que dirige não se calará. E uma das medidas de protesto já em análise passará por convencer os seus 200 associados a não fazerem mais do que uma das defesas oficiosas que diariamente lhes forem atribuídas, "desde que isso não ponha em causa a defesa de todos os cidadãos".

Na reunião da AJAC estava também presente o presidente do conselho Distrital de Coimbra da Ordem dos Advogados, Ferreira da Silva, que prometeu sensibilizar Celeste Cardona da necessidade de revogar a referida portaria. Ferreira da Silva concorda que esta é injusta, mas, ao contrário da AJAC, que reivindica o pagamento de todas as defesas oficiosas feitas num mesmo dia, defende a criação de um "tecto": "É razoável que se discuta um limite, para que não se apontem situações de escândalo, como dizer que um advogado recebeu 300 contos de uma só vez."

Nelson Morais

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