Maria Celeste Cardona

04-04-2004
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Maria Celeste Cardona

Por E.L.

Quarta-feira, 17 de Março de 2004

Foi uma das maiores, senão mesmo a maior surpresa na constituição deste Governo e, quase desde a primeira hora, é dada como remodelável. Primeiro, foi a demissão da Maria José Morgado da direcção da Polícia Judiciária, mais recentemente o caso da retenção dos descontos para a Segurança Social dos funcionários eventuais. Pelo meio, apanhou com o mais grave caso judicial que o país enfrentou - o processo Casa Pia -, sobre o qual o mais que diz é que a justiça deve funcionar. Maria Celeste Cardona foi um erro de 'casting' e nunca se conseguiu livrar desse anátema.

Percebeu-se, rapidamente, que não ia ser uma ministra "política". Cardona não queria discutir equilíbrios de poderes, nem teorias sobre o sistema. Assumiu como batalha a luta contra a morosidade. "Atacar o coração da morosidade, respondendo às necessidades dos cidadãos, das empresas e das famílias, tinha apenas uma solução: colocar em prática as reformas há tantos anos adiadas, mas há muito tempo precisas", dizia ainda no início desta semana, na cerimónia de tomada de posse do colégio de especialidade dos solicitadores de execução.

Um dos problemas de Cardona é, precisamente, o cidadão comum não saber o que são "solicitadores de execução". Assim como não sabe o que é o contencioso administrativo, a acção executiva ou o código de insolvências. Podem ser medidas fantásticas para aliviar os tribunais e permitir que a justiça que diz respeito ao cidadão comum ande muito mais depressa daqui a três ou quatro anos, mas ninguém percebe do que a ministra está a falar.

Outro problema é a falta de segurança que perpassa das suas intervenções. Entre a deputada Cardona, que subia à tribuna para falar de impostos ou de orçamento e a ministra Cardona, que se pudesse desaparecia cada vez que ouve falar em Casa Pia, e que tem vindo a adiar a discussão de qualquer assunto que lhe seja relacionável, como o segredo de justiça, a prisão preventiva ou as escutas telefónicas, vai toda uma atitude.

Em Dezembro, foi o próprio primeiro-ministro a anunciar para este mês o início da discussão sobre a legislação penal e essa é a próxima prova da ministra da Justiça, que, no entanto, continua, como desde a primeira hora, a ser dada como remodelável. Até no seu próprio partido, há quem reconheça não há nada a fazer e que o problema é Maria Celeste Cardona não conseguir explicar o que está a fazer. Ou seja, o velho chavão da falha de comunicação já nem sequer é desculpa. É um problema em si.

Maria Celeste Cardona

Por E.L.

Quarta-feira, 17 de Março de 2004

Foi uma das maiores, senão mesmo a maior surpresa na constituição deste Governo e, quase desde a primeira hora, é dada como remodelável. Primeiro, foi a demissão da Maria José Morgado da direcção da Polícia Judiciária, mais recentemente o caso da retenção dos descontos para a Segurança Social dos funcionários eventuais. Pelo meio, apanhou com o mais grave caso judicial que o país enfrentou - o processo Casa Pia -, sobre o qual o mais que diz é que a justiça deve funcionar. Maria Celeste Cardona foi um erro de 'casting' e nunca se conseguiu livrar desse anátema.

Percebeu-se, rapidamente, que não ia ser uma ministra "política". Cardona não queria discutir equilíbrios de poderes, nem teorias sobre o sistema. Assumiu como batalha a luta contra a morosidade. "Atacar o coração da morosidade, respondendo às necessidades dos cidadãos, das empresas e das famílias, tinha apenas uma solução: colocar em prática as reformas há tantos anos adiadas, mas há muito tempo precisas", dizia ainda no início desta semana, na cerimónia de tomada de posse do colégio de especialidade dos solicitadores de execução.

Um dos problemas de Cardona é, precisamente, o cidadão comum não saber o que são "solicitadores de execução". Assim como não sabe o que é o contencioso administrativo, a acção executiva ou o código de insolvências. Podem ser medidas fantásticas para aliviar os tribunais e permitir que a justiça que diz respeito ao cidadão comum ande muito mais depressa daqui a três ou quatro anos, mas ninguém percebe do que a ministra está a falar.

Outro problema é a falta de segurança que perpassa das suas intervenções. Entre a deputada Cardona, que subia à tribuna para falar de impostos ou de orçamento e a ministra Cardona, que se pudesse desaparecia cada vez que ouve falar em Casa Pia, e que tem vindo a adiar a discussão de qualquer assunto que lhe seja relacionável, como o segredo de justiça, a prisão preventiva ou as escutas telefónicas, vai toda uma atitude.

Em Dezembro, foi o próprio primeiro-ministro a anunciar para este mês o início da discussão sobre a legislação penal e essa é a próxima prova da ministra da Justiça, que, no entanto, continua, como desde a primeira hora, a ser dada como remodelável. Até no seu próprio partido, há quem reconheça não há nada a fazer e que o problema é Maria Celeste Cardona não conseguir explicar o que está a fazer. Ou seja, o velho chavão da falha de comunicação já nem sequer é desculpa. É um problema em si.

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