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24-11-2003
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Terça-feira, 11 de Novembro de 2003 Arménio Matias, presidente da ADFER: Uma decisão ousada A Associação para o Desenvolvimento do Transporte Ferroviário (ADFER) "congratulou-se" com a configuração da rede consagrada na Cimeira ibérica, mas lamentou o tempo e o financiamento perdido. "Este era o traçado que temos vindo a defender publicamente há mais de 15 anos", lembrou, depois de felicitar o governo português "pela ousadia da decisão tomada", Arménio Matias deixa, mesmo assim, transparecer algumas dúvidas quanto à priorização dada aos traçados. "Os eixos internacionais que têm de facto importância, são os corredores atlântico e, sobretudo, o ibérico. Espero que com o tempo ainda se possa aperfeiçoar este cronograma e se possa antecipar a sua abertura", defendeu. O presidente da ADFER sublinhou ainda a necessidade de o governo impor que o novo eixo Lisboa-Porto se vá concretizando, construindo primeiro os troços de um eixo concebido de raiz que sejam compatíveis com a Linha do Norte e não empolando o projecto de modernização que está em curso e defendeu que seja revisto o projecto da nova linha de mercadorias Sines-Évora-Badajoz "para evitar que o país, mais uma vez, desperdice recursos". Crisóstomo Teixeira, ex-presidente da CP: Ligação prioritária devia ser Porto-Lisboa O ex-presidente da CP, Crisóstomo Teixeira, disse ao PÚBLICO não entender o facto de ter sido relegada para segundo plano aquela que entende ser a ligação prioritária em termos de alta velocidade e que entende ser a de Porto-Lisboa. "Não se entende como o Governo quer fazer essa ligação. Construir uma linha nova de raiz era altamente preferível. Preocupa-me a sucessão de equívocos a que se tem assistido, dando preferência a modernizar a linha do Norte, como se isso fosse mais barato", argumenta. Crisóstomo Teixeira mostrou-se também céptico quanto à procura das ligações em velocidade elevada entre Porto e Vigo e entre Faro e Huelva. Mesmo assim, o ex-presidente da CP não se mostra contra a construção destas vias, no sentido de que podem potenciar os aeroportos de Pedras Rubras e de Faro, e também os portos de Sines e Leixões. O projecto que considera mais frágil é o do chamado corredor ibérico, que liga Aveiro a Salamanca, via Viseu. "Não tem procura para passageiros, como, aliás, nem a própria Área Metropolitana do Porto o reclamou. Se se trata de dar resposta ao transporte de mercadorias, penso que seria preferível mexer em alguns troços de Linha da Beira Baixa, que foi modernizada em 1997, e potenciar esse corredor. Fazer um novo traçado em velocidade elevada parece-me uma aventura complicada", argumentou. Fernando Ruas, presidente da Associação Nacional de Municípios: Paragem em Viseu deve ser irreversível A Câmara Municipal de Viseu aprovou ontem por unanimidade um voto de congratulação pelo traçado do comboio de alta velocidade incluir o concelho, mas o seu presidente, Fernando Ruas, que é também o presidente da Associação Nacional de Municípios defende que esta linha seja considerada prioritária. "Justifica-se em nome da unidade e da coesão nacional que eventualmente se desse uma prioridade diferente a esta linha. Até porque ela figura no projecto das transeuropeias [rede transeuropeia de transportes]", afirmou o autarca. Para o líder da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) "aquilo que se deve discutir é a prioridade" da linha, apesar de estar satisfeito com o anúncio feito na cimeira ibérica que terminou sábado na Figueira da Foz. Na proposta hoje aprovada, a Câmara refere que "confia que tal decisão seja definitivamente irreversível", bem como "na decisão de uma paragem em Viseu, como sempre tem sido referido pelos responsáveis governamentais". Carlos Encarnação, Presidente da Câmara de Coimbra: Por uma eficaz ligação à Europa O presidente da Câmara de Coimbra defendia, a título pessoal e em prol da região, uma solução "do chamado 'T' deitado". "Penso que ela servia melhor os interesse da região. A nós interessa-nos ter uma boa ligação Porto-Lisboa, ou Vigo-Faro, mas também uma eficaz ligação à Europa. A solução apresentada na Cimeira Ibérica contempla tudo isso, apresenta é prazos mais dilatados. O importante é que seja concretizada", afirmou o autarca. Com o cronograma apresentado pelo governo, essa ligação à Europa terá de ser feita pelo corredor Aveiro-Salamanca, que, na opinião de Carlos Encarnação, vai ter "uma dificuldade comercial razoável". "Independentemente da solução-base, o que interessa para Coimbra é que todo este programa seja construído, e a cidade fique à mesma distância temporal do Porto e de Lisboa", exortou. Marco António Costa, presidente do PSD/Porto: Reforço decisivo do papel do noroeste "Estamos convictos de que a solução que acaba de ser anunciada vai contribuir de forma decisiva para o reforço do papel do noroeste peninsular no contexto da península e da Europa", afirmou em comunicado o PSD/Porto, No entanto, são apontados dois aspectos "menos positivos": por um lado, a diferença temporal de três anos entre a conclusão da linha Madrid/Lisboa e a ligação Porto /Lisboa e por outro, o facto de a ligação Porto/Madrid só estar concluída em 2015. Preocupações que se prendem com a "urgente necessidade", sentida pelo sector exportador do Norte, de vir a dispor de uma via rápida que permita escoar, com eficácia, as suas mercadorias para a Europa. A concelhia apelou ao governo para que avalie o impacto "seguramente negativo" que resulta do facto de só em 2015 estar concluída a ligação entre Porto/Valladolid. José Luís de Almeida e Silva, Investigador, Doutorado em Economia e Prospectiva: "Repentismo" de uns quantos responsáveis "Espanta-me que as decisões agora anunciadas de forma enviesada, e aproveitando uma reunião bilateral entre os dois países vizinhos, não parecem ter atrás de si qualquer estudo profundo e que antecipe o que se quer para o país a 10 ou 20 anos, mais parecendo o resultado duma qualquer "repentismo" duns quantos responsáveis que decidem no fundo dos gabinetes. Espero que não se venha a concluir a curto/médio prazo que o previsto e adiado aeroporto da Ota, poderá ser substituído, com argumentos de peso, pela localização do Rio Frio, uma vez que fica a dois passos da nova configuração do TGV Lisboa-Madrid. É evidente que este tipo de actuação política e de planeamento "estratégico" (que é comum no nosso país desde há muito) demonstra uma enorme falta de respeito pelos actores (neste caso pelos que estão no final da linha - os cidadãos) ou, ainda pior, constitui talvez mesmo uma desconsideração pela sua (nossa) capacidade de pensar e decidir sobre o seu (nosso) futuro." Manuel Margarido Tão, doutorado em Economia de Transportes pela University of Leeds (GB)": Perda de influência da região Centro "A configuração das linhas de alta velocidade propostas sugere uma nítida perda de influência da região Centro, face à emergência de um corredor Porto-Vigo, e outro, de Lisboa a Madrid. A inclusão de uma travessia Chelas-Barreiro para a penetração do eixo Madrid-Lisboa na capital portuguesa é susceptível, pelo seu custo (quase equivalente ao do trajecto entre a margem Sul e a fronteira do Caia), de fazer baixar significativamente, o retorno financeiro e socio-económico do investimento no seu todo, embora haja que deduzir do custo, os benefícios locais para a Península de Setúbal, caso a nova ponte agora anunciada, comporte quatro vias (duas das quais de via larga, e para tráfego suburbano). É também problemático verificar-se que o ramo de 'alta velocidade' Lisboa-Madrid, não servirá directamente um futuro aeroporto a Norte de Lisboa, reduzindo o 'hinterland' potencial dessa hipotética infra-estrutura aeroportuária." Nelson Oliveira, Presidente da Associação Portuguesa dos Amigos dos Caminhos de Ferro: Viabilidade económica duvidosa "Deve ser bem clarificado à população e aos agentes económicos que no grande chavão do TGV está-se a falar de linhas com velocidades máximas desde 250 a 350 km/h, com custos de construção e exploração completamente diferentes. Os 350 km/h são caros, muito caros, especialmente na fase de exploração, quer em consumo energético, quer em manutenção da infra-estrutura e material circulante. A rede ferroviária existente não pode ficar refém de linhas de alta velocidade de viabilidade económica extremamente duvidosa, cuja concretização pode correr o risco de poder vir a ser adiada ao sabor das disponibilidades financeiras e políticas do momento. Há que evitar o que está a acontecer na França e em Espanha, que é a canalização de todos os fundos disponíveis para a rede de alta velocidade, deixando degradar a rede clássica até pôr em causa a segurança e os níveis de serviço." OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE 12 mil milhões de euros para a alta velocidade

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Terça-feira, 11 de Novembro de 2003 Arménio Matias, presidente da ADFER: Uma decisão ousada A Associação para o Desenvolvimento do Transporte Ferroviário (ADFER) "congratulou-se" com a configuração da rede consagrada na Cimeira ibérica, mas lamentou o tempo e o financiamento perdido. "Este era o traçado que temos vindo a defender publicamente há mais de 15 anos", lembrou, depois de felicitar o governo português "pela ousadia da decisão tomada", Arménio Matias deixa, mesmo assim, transparecer algumas dúvidas quanto à priorização dada aos traçados. "Os eixos internacionais que têm de facto importância, são os corredores atlântico e, sobretudo, o ibérico. Espero que com o tempo ainda se possa aperfeiçoar este cronograma e se possa antecipar a sua abertura", defendeu. O presidente da ADFER sublinhou ainda a necessidade de o governo impor que o novo eixo Lisboa-Porto se vá concretizando, construindo primeiro os troços de um eixo concebido de raiz que sejam compatíveis com a Linha do Norte e não empolando o projecto de modernização que está em curso e defendeu que seja revisto o projecto da nova linha de mercadorias Sines-Évora-Badajoz "para evitar que o país, mais uma vez, desperdice recursos". Crisóstomo Teixeira, ex-presidente da CP: Ligação prioritária devia ser Porto-Lisboa O ex-presidente da CP, Crisóstomo Teixeira, disse ao PÚBLICO não entender o facto de ter sido relegada para segundo plano aquela que entende ser a ligação prioritária em termos de alta velocidade e que entende ser a de Porto-Lisboa. "Não se entende como o Governo quer fazer essa ligação. Construir uma linha nova de raiz era altamente preferível. Preocupa-me a sucessão de equívocos a que se tem assistido, dando preferência a modernizar a linha do Norte, como se isso fosse mais barato", argumenta. Crisóstomo Teixeira mostrou-se também céptico quanto à procura das ligações em velocidade elevada entre Porto e Vigo e entre Faro e Huelva. Mesmo assim, o ex-presidente da CP não se mostra contra a construção destas vias, no sentido de que podem potenciar os aeroportos de Pedras Rubras e de Faro, e também os portos de Sines e Leixões. O projecto que considera mais frágil é o do chamado corredor ibérico, que liga Aveiro a Salamanca, via Viseu. "Não tem procura para passageiros, como, aliás, nem a própria Área Metropolitana do Porto o reclamou. Se se trata de dar resposta ao transporte de mercadorias, penso que seria preferível mexer em alguns troços de Linha da Beira Baixa, que foi modernizada em 1997, e potenciar esse corredor. Fazer um novo traçado em velocidade elevada parece-me uma aventura complicada", argumentou. Fernando Ruas, presidente da Associação Nacional de Municípios: Paragem em Viseu deve ser irreversível A Câmara Municipal de Viseu aprovou ontem por unanimidade um voto de congratulação pelo traçado do comboio de alta velocidade incluir o concelho, mas o seu presidente, Fernando Ruas, que é também o presidente da Associação Nacional de Municípios defende que esta linha seja considerada prioritária. "Justifica-se em nome da unidade e da coesão nacional que eventualmente se desse uma prioridade diferente a esta linha. Até porque ela figura no projecto das transeuropeias [rede transeuropeia de transportes]", afirmou o autarca. Para o líder da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) "aquilo que se deve discutir é a prioridade" da linha, apesar de estar satisfeito com o anúncio feito na cimeira ibérica que terminou sábado na Figueira da Foz. Na proposta hoje aprovada, a Câmara refere que "confia que tal decisão seja definitivamente irreversível", bem como "na decisão de uma paragem em Viseu, como sempre tem sido referido pelos responsáveis governamentais". Carlos Encarnação, Presidente da Câmara de Coimbra: Por uma eficaz ligação à Europa O presidente da Câmara de Coimbra defendia, a título pessoal e em prol da região, uma solução "do chamado 'T' deitado". "Penso que ela servia melhor os interesse da região. A nós interessa-nos ter uma boa ligação Porto-Lisboa, ou Vigo-Faro, mas também uma eficaz ligação à Europa. A solução apresentada na Cimeira Ibérica contempla tudo isso, apresenta é prazos mais dilatados. O importante é que seja concretizada", afirmou o autarca. Com o cronograma apresentado pelo governo, essa ligação à Europa terá de ser feita pelo corredor Aveiro-Salamanca, que, na opinião de Carlos Encarnação, vai ter "uma dificuldade comercial razoável". "Independentemente da solução-base, o que interessa para Coimbra é que todo este programa seja construído, e a cidade fique à mesma distância temporal do Porto e de Lisboa", exortou. Marco António Costa, presidente do PSD/Porto: Reforço decisivo do papel do noroeste "Estamos convictos de que a solução que acaba de ser anunciada vai contribuir de forma decisiva para o reforço do papel do noroeste peninsular no contexto da península e da Europa", afirmou em comunicado o PSD/Porto, No entanto, são apontados dois aspectos "menos positivos": por um lado, a diferença temporal de três anos entre a conclusão da linha Madrid/Lisboa e a ligação Porto /Lisboa e por outro, o facto de a ligação Porto/Madrid só estar concluída em 2015. Preocupações que se prendem com a "urgente necessidade", sentida pelo sector exportador do Norte, de vir a dispor de uma via rápida que permita escoar, com eficácia, as suas mercadorias para a Europa. A concelhia apelou ao governo para que avalie o impacto "seguramente negativo" que resulta do facto de só em 2015 estar concluída a ligação entre Porto/Valladolid. José Luís de Almeida e Silva, Investigador, Doutorado em Economia e Prospectiva: "Repentismo" de uns quantos responsáveis "Espanta-me que as decisões agora anunciadas de forma enviesada, e aproveitando uma reunião bilateral entre os dois países vizinhos, não parecem ter atrás de si qualquer estudo profundo e que antecipe o que se quer para o país a 10 ou 20 anos, mais parecendo o resultado duma qualquer "repentismo" duns quantos responsáveis que decidem no fundo dos gabinetes. Espero que não se venha a concluir a curto/médio prazo que o previsto e adiado aeroporto da Ota, poderá ser substituído, com argumentos de peso, pela localização do Rio Frio, uma vez que fica a dois passos da nova configuração do TGV Lisboa-Madrid. É evidente que este tipo de actuação política e de planeamento "estratégico" (que é comum no nosso país desde há muito) demonstra uma enorme falta de respeito pelos actores (neste caso pelos que estão no final da linha - os cidadãos) ou, ainda pior, constitui talvez mesmo uma desconsideração pela sua (nossa) capacidade de pensar e decidir sobre o seu (nosso) futuro." Manuel Margarido Tão, doutorado em Economia de Transportes pela University of Leeds (GB)": Perda de influência da região Centro "A configuração das linhas de alta velocidade propostas sugere uma nítida perda de influência da região Centro, face à emergência de um corredor Porto-Vigo, e outro, de Lisboa a Madrid. A inclusão de uma travessia Chelas-Barreiro para a penetração do eixo Madrid-Lisboa na capital portuguesa é susceptível, pelo seu custo (quase equivalente ao do trajecto entre a margem Sul e a fronteira do Caia), de fazer baixar significativamente, o retorno financeiro e socio-económico do investimento no seu todo, embora haja que deduzir do custo, os benefícios locais para a Península de Setúbal, caso a nova ponte agora anunciada, comporte quatro vias (duas das quais de via larga, e para tráfego suburbano). É também problemático verificar-se que o ramo de 'alta velocidade' Lisboa-Madrid, não servirá directamente um futuro aeroporto a Norte de Lisboa, reduzindo o 'hinterland' potencial dessa hipotética infra-estrutura aeroportuária." Nelson Oliveira, Presidente da Associação Portuguesa dos Amigos dos Caminhos de Ferro: Viabilidade económica duvidosa "Deve ser bem clarificado à população e aos agentes económicos que no grande chavão do TGV está-se a falar de linhas com velocidades máximas desde 250 a 350 km/h, com custos de construção e exploração completamente diferentes. Os 350 km/h são caros, muito caros, especialmente na fase de exploração, quer em consumo energético, quer em manutenção da infra-estrutura e material circulante. A rede ferroviária existente não pode ficar refém de linhas de alta velocidade de viabilidade económica extremamente duvidosa, cuja concretização pode correr o risco de poder vir a ser adiada ao sabor das disponibilidades financeiras e políticas do momento. Há que evitar o que está a acontecer na França e em Espanha, que é a canalização de todos os fundos disponíveis para a rede de alta velocidade, deixando degradar a rede clássica até pôr em causa a segurança e os níveis de serviço." 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