EXPRESSO

23-06-2004
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Desenhos desanimados A Casa da Animação está sem dinheiro e com programação suspensa

Alterar tamanho FOTOGRAFIAS DE SÉRGIO GRANADEIRO

Entre os diversos intervenientes no processo surgem múltiplas acusações, com responsabilidades distribuídas em todas as direcções. Abi Feijó — director desta estrutura criada no âmbito do Porto 2001 e responsável por um investimento global 1 milhão e 600 mil euros (320 mil contos) — acusa antes de mais o Instituto do Cinema Audiovisual e Multimédia (ICAM) por não honrar compromissos assumidos. O presidente do Instituto, Ilídio Cabral de Oliveira, garante a não existência de qualquer compromisso formal. Marcelo Mendes Pinto, vereador do pelouro da Cultura da Câmara Municipal do Porto, proprietária da Casa da Animação, cuja exploração cede através de um contrato de comodato, sublinha que tem de haver uma estrutura mais profissional para a gestão de um equipamento daquele tipo. Jorge Campos, um dos responsáveis pela aprovação do projecto no âmbito da Capital da Cultura, considera «quase suicida deixar cair a Casa da Animação, um equipamento de excelência, decisivo para o cinema de animação que se faz no Porto, tido como um dos melhores do Mundo».

Um espaço para formação, divulgação e criação Há indicações de que a situação é preocupante, ao ponto de alguns custos já estarem a ser suportados por responsáveis da CA. Tudo porque poderá ter havido alguma ligeireza no modo como se desenvolveram as relações com a anterior direcção do ICAM. Abi Feijó frisa que estaria negociada uma verba de 37400 euros (7500 contos) para apoio a actividades. Com base nesse pressuposto, mas sem que qualquer documento tivesse sido elaborado, foram desenvolvidas várias actividades ao longo do último ano. A atribuição efectiva daquela verba teve vários adiamentos, até que mudou a direcção do Instituto. Os novos responsáveis escudam-se precisamente na inexistência formal de qualquer acordo e sublinham que só em Setembro último foi recebido um pedido de subsídio.

Com toda a programação suspensa e dinamizada por uma mais que minguada estrutura que se resume, neste momento, a dois trabalhadores, a CA tem o crédito esgotado e está em dívida para com várias pessoas que ali trabalharam em 2002. É esse dinheiro que se torna cada vez mais difícil encontrar. Abi Feijó considera que a autarquia portuense também tem sido pouco activa neste processo, ao ponto de se ter limitado a dar «um subsídio simbólico de 10 mil euros» (2 mil contos). Segundo o director, para a Câmara «a CA foi um bom negócio, porque com ela desbloqueámos, junto da Porto 2001, uma verba de 160 mil euros (320 mil contos) que viabilizou o investimento» quando da implantação da estrutura de raiz. Logo, o apoio camarário, que se limitou «à cedência do espaço, é o mínimo». Mendes Pinto discorda desta leitura, apesar de afirmar que dificilmente o apoio para este ano será superior aos 10 mil euros anteriores. Recorda que a CMP fazia parte da administração da Porto 2001 e salienta que a simples cedência do espaço, «e com aquela localização, tem um valor muito grande». Além disso, encara a hipótese de compartilhar as despesas de condomínio. Na opinião de Mendes Pinto, a CA tem de se auto-sustentar. Feijó está em parte de acordo. De tal ordem que estão a ser estabelecidas parcerias com outras instituições, nomeadamente a Universidade do Porto, para que seja dado um uso diversificado àquele espaço. Apesar de todos esses esforços, Abi Feijó não deixa de frisar: «Era essencial que o ICAM honrasse o compromisso da anterior direcção.» Apenas três meses depois de ter sido inaugurada, a Casa da Animação (CA), no Porto, está já asfixiada pela falta de verbas. Começa a falar-se na eventualidade de encerrar aquele equipamento, pelo menos enquanto não forem tomadas medidas capazes de assegurar o seu normal funcionamento. Quarta-feira o assunto foi tema de uma audição na Assembleia da República; ontem, sexta-feira dia 7, terá havido um debate organizado pela APRIL – Associação Política de Intervenção Local — e um abaixo-assinado está a correr entre realizadores europeus, onde se manifesta perplexidade pela situação criada.Entre os diversos intervenientes no processo surgem múltiplas acusações, com responsabilidades distribuídas em todas as direcções. Abi Feijó — director desta estrutura criada no âmbito do Porto 2001 e responsável por um investimento global 1 milhão e 600 mil euros (320 mil contos) — acusa antes de mais o Instituto do Cinema Audiovisual e Multimédia (ICAM) por não honrar compromissos assumidos. O presidente do Instituto, Ilídio Cabral de Oliveira, garante a não existência de qualquer compromisso formal. Marcelo Mendes Pinto, vereador do pelouro da Cultura da Câmara Municipal do Porto, proprietária da Casa da Animação, cuja exploração cede através de um contrato de comodato, sublinha que tem de haver uma estrutura mais profissional para a gestão de um equipamento daquele tipo. Jorge Campos, um dos responsáveis pela aprovação do projecto no âmbito da Capital da Cultura, considera «quase suicida deixar cair a Casa da Animação, um equipamento de excelência, decisivo para o cinema de animação que se faz no Porto, tido como um dos melhores do Mundo».Há indicações de que a situação é preocupante, ao ponto de alguns custos já estarem a ser suportados por responsáveis da CA. Tudo porque poderá ter havido alguma ligeireza no modo como se desenvolveram as relações com a anterior direcção do ICAM. Abi Feijó frisa que estaria negociada uma verba de 37400 euros (7500 contos) para apoio a actividades. Com base nesse pressuposto, mas sem que qualquer documento tivesse sido elaborado, foram desenvolvidas várias actividades ao longo do último ano. A atribuição efectiva daquela verba teve vários adiamentos, até que mudou a direcção do Instituto. Os novos responsáveis escudam-se precisamente na inexistência formal de qualquer acordo e sublinham que só em Setembro último foi recebido um pedido de subsídio.Com toda a programação suspensa e dinamizada por uma mais que minguada estrutura que se resume, neste momento, a dois trabalhadores, a CA tem o crédito esgotado e está em dívida para com várias pessoas que ali trabalharam em 2002. É esse dinheiro que se torna cada vez mais difícil encontrar. Abi Feijó considera que a autarquia portuense também tem sido pouco activa neste processo, ao ponto de se ter limitado a dar «um subsídio simbólico de 10 mil euros» (2 mil contos). Segundo o director, para a Câmara «a CA foi um bom negócio, porque com ela desbloqueámos, junto da Porto 2001, uma verba de 160 mil euros (320 mil contos) que viabilizou o investimento» quando da implantação da estrutura de raiz. Logo, o apoio camarário, que se limitou «à cedência do espaço, é o mínimo». Mendes Pinto discorda desta leitura, apesar de afirmar que dificilmente o apoio para este ano será superior aos 10 mil euros anteriores. Recorda que a CMP fazia parte da administração da Porto 2001 e salienta que a simples cedência do espaço, «e com aquela localização, tem um valor muito grande». Além disso, encara a hipótese de compartilhar as despesas de condomínio. Na opinião de Mendes Pinto, a CA tem de se auto-sustentar. Feijó está em parte de acordo. De tal ordem que estão a ser estabelecidas parcerias com outras instituições, nomeadamente a Universidade do Porto, para que seja dado um uso diversificado àquele espaço. Apesar de todos esses esforços, Abi Feijó não deixa de frisar: «Era essencial que o ICAM honrasse o compromisso da anterior direcção.» VALDEMAR CRUZ

Os comentários constituem um espaço aberto à participação dos leitores. O EXPRESSO reserva-se, no entanto, o direito de não publicar opiniões ofensivas da dignidade dos visados ou que contenham expressões obscenas. E-mail:

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Desenhos desanimados A Casa da Animação está sem dinheiro e com programação suspensa

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Entre os diversos intervenientes no processo surgem múltiplas acusações, com responsabilidades distribuídas em todas as direcções. Abi Feijó — director desta estrutura criada no âmbito do Porto 2001 e responsável por um investimento global 1 milhão e 600 mil euros (320 mil contos) — acusa antes de mais o Instituto do Cinema Audiovisual e Multimédia (ICAM) por não honrar compromissos assumidos. O presidente do Instituto, Ilídio Cabral de Oliveira, garante a não existência de qualquer compromisso formal. Marcelo Mendes Pinto, vereador do pelouro da Cultura da Câmara Municipal do Porto, proprietária da Casa da Animação, cuja exploração cede através de um contrato de comodato, sublinha que tem de haver uma estrutura mais profissional para a gestão de um equipamento daquele tipo. Jorge Campos, um dos responsáveis pela aprovação do projecto no âmbito da Capital da Cultura, considera «quase suicida deixar cair a Casa da Animação, um equipamento de excelência, decisivo para o cinema de animação que se faz no Porto, tido como um dos melhores do Mundo».

Um espaço para formação, divulgação e criação Há indicações de que a situação é preocupante, ao ponto de alguns custos já estarem a ser suportados por responsáveis da CA. Tudo porque poderá ter havido alguma ligeireza no modo como se desenvolveram as relações com a anterior direcção do ICAM. Abi Feijó frisa que estaria negociada uma verba de 37400 euros (7500 contos) para apoio a actividades. Com base nesse pressuposto, mas sem que qualquer documento tivesse sido elaborado, foram desenvolvidas várias actividades ao longo do último ano. A atribuição efectiva daquela verba teve vários adiamentos, até que mudou a direcção do Instituto. Os novos responsáveis escudam-se precisamente na inexistência formal de qualquer acordo e sublinham que só em Setembro último foi recebido um pedido de subsídio.

Com toda a programação suspensa e dinamizada por uma mais que minguada estrutura que se resume, neste momento, a dois trabalhadores, a CA tem o crédito esgotado e está em dívida para com várias pessoas que ali trabalharam em 2002. É esse dinheiro que se torna cada vez mais difícil encontrar. Abi Feijó considera que a autarquia portuense também tem sido pouco activa neste processo, ao ponto de se ter limitado a dar «um subsídio simbólico de 10 mil euros» (2 mil contos). Segundo o director, para a Câmara «a CA foi um bom negócio, porque com ela desbloqueámos, junto da Porto 2001, uma verba de 160 mil euros (320 mil contos) que viabilizou o investimento» quando da implantação da estrutura de raiz. Logo, o apoio camarário, que se limitou «à cedência do espaço, é o mínimo». Mendes Pinto discorda desta leitura, apesar de afirmar que dificilmente o apoio para este ano será superior aos 10 mil euros anteriores. Recorda que a CMP fazia parte da administração da Porto 2001 e salienta que a simples cedência do espaço, «e com aquela localização, tem um valor muito grande». Além disso, encara a hipótese de compartilhar as despesas de condomínio. Na opinião de Mendes Pinto, a CA tem de se auto-sustentar. Feijó está em parte de acordo. De tal ordem que estão a ser estabelecidas parcerias com outras instituições, nomeadamente a Universidade do Porto, para que seja dado um uso diversificado àquele espaço. Apesar de todos esses esforços, Abi Feijó não deixa de frisar: «Era essencial que o ICAM honrasse o compromisso da anterior direcção.» Apenas três meses depois de ter sido inaugurada, a Casa da Animação (CA), no Porto, está já asfixiada pela falta de verbas. Começa a falar-se na eventualidade de encerrar aquele equipamento, pelo menos enquanto não forem tomadas medidas capazes de assegurar o seu normal funcionamento. Quarta-feira o assunto foi tema de uma audição na Assembleia da República; ontem, sexta-feira dia 7, terá havido um debate organizado pela APRIL – Associação Política de Intervenção Local — e um abaixo-assinado está a correr entre realizadores europeus, onde se manifesta perplexidade pela situação criada.Entre os diversos intervenientes no processo surgem múltiplas acusações, com responsabilidades distribuídas em todas as direcções. Abi Feijó — director desta estrutura criada no âmbito do Porto 2001 e responsável por um investimento global 1 milhão e 600 mil euros (320 mil contos) — acusa antes de mais o Instituto do Cinema Audiovisual e Multimédia (ICAM) por não honrar compromissos assumidos. O presidente do Instituto, Ilídio Cabral de Oliveira, garante a não existência de qualquer compromisso formal. Marcelo Mendes Pinto, vereador do pelouro da Cultura da Câmara Municipal do Porto, proprietária da Casa da Animação, cuja exploração cede através de um contrato de comodato, sublinha que tem de haver uma estrutura mais profissional para a gestão de um equipamento daquele tipo. Jorge Campos, um dos responsáveis pela aprovação do projecto no âmbito da Capital da Cultura, considera «quase suicida deixar cair a Casa da Animação, um equipamento de excelência, decisivo para o cinema de animação que se faz no Porto, tido como um dos melhores do Mundo».Há indicações de que a situação é preocupante, ao ponto de alguns custos já estarem a ser suportados por responsáveis da CA. Tudo porque poderá ter havido alguma ligeireza no modo como se desenvolveram as relações com a anterior direcção do ICAM. Abi Feijó frisa que estaria negociada uma verba de 37400 euros (7500 contos) para apoio a actividades. Com base nesse pressuposto, mas sem que qualquer documento tivesse sido elaborado, foram desenvolvidas várias actividades ao longo do último ano. A atribuição efectiva daquela verba teve vários adiamentos, até que mudou a direcção do Instituto. Os novos responsáveis escudam-se precisamente na inexistência formal de qualquer acordo e sublinham que só em Setembro último foi recebido um pedido de subsídio.Com toda a programação suspensa e dinamizada por uma mais que minguada estrutura que se resume, neste momento, a dois trabalhadores, a CA tem o crédito esgotado e está em dívida para com várias pessoas que ali trabalharam em 2002. É esse dinheiro que se torna cada vez mais difícil encontrar. Abi Feijó considera que a autarquia portuense também tem sido pouco activa neste processo, ao ponto de se ter limitado a dar «um subsídio simbólico de 10 mil euros» (2 mil contos). Segundo o director, para a Câmara «a CA foi um bom negócio, porque com ela desbloqueámos, junto da Porto 2001, uma verba de 160 mil euros (320 mil contos) que viabilizou o investimento» quando da implantação da estrutura de raiz. Logo, o apoio camarário, que se limitou «à cedência do espaço, é o mínimo». Mendes Pinto discorda desta leitura, apesar de afirmar que dificilmente o apoio para este ano será superior aos 10 mil euros anteriores. Recorda que a CMP fazia parte da administração da Porto 2001 e salienta que a simples cedência do espaço, «e com aquela localização, tem um valor muito grande». Além disso, encara a hipótese de compartilhar as despesas de condomínio. Na opinião de Mendes Pinto, a CA tem de se auto-sustentar. Feijó está em parte de acordo. De tal ordem que estão a ser estabelecidas parcerias com outras instituições, nomeadamente a Universidade do Porto, para que seja dado um uso diversificado àquele espaço. Apesar de todos esses esforços, Abi Feijó não deixa de frisar: «Era essencial que o ICAM honrasse o compromisso da anterior direcção.» VALDEMAR CRUZ

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