Gaspar Desconhece Frente Urbana do Parque
Por MARGARIDA GOMES
Quarta-feira, 27 de Junho de 2001
Oposição na câmara do porto questiona vereador
PSD e CDU não desistem de um debate público sobre as construções junto à Circunvalação
O vereador Orlando Gaspar assumiu ontem, por indisponibilidade de agenda do presidente Nuno Cardoso e de Manuela Melo, a condução da reunião pública do executivo camarário portuense. Aparentemente bem disposto, Gaspar tentou ser diferente e quis dar de imediato a voz aos munícipes que enchiam a parte que lhes é reservada na sala, cerceando deste modo a palavra aos vereadores que aproveitam sempre o período antes da ordem do dia para colocar as suas questões.
"Comigo, o povo da cidade vai ter prioridade", atirou Gaspar. Face a esta inesperada determinação do presidente em exercício, o vereador e candidato a presidente da câmara pela CDU, Rui Sá, contra-atacou e conseguiu levar a água ao seu moinho. Começou pela polémica em torno do Parque da Cidade, um tema muito caro a Gaspar, no âmbito de cujo pelouro foi desbravada a referida zona verde. "Sobre esse assunto, tenho legitimidade para falar, mas, neste momento, não tenho conhecimento suficiente. E, como o senhor engenheiro [Rui Sá] sabe, eu sou uma pessoa de rigor e, por isso, não vou engendrar aqui uma daquelas respostas... Isso não é comigo, como sabe", afirmou.
"Em relação ao Parque da Cidade, sei a história toda até há dois anos; sei os pormenores todos, mas agora do que anda nos jornais sobre a chamada especulação das torres não sei de nada, não vi nenhum projecto, nem nenhum desenvolvimento na questão do urbanismo", referiu.
O vereador do Ambiente recuou no tempo para lembrar que "a frente urbana de Aldoar foi alvo de um concurso público nacional e, cá em baixo [junto à frente marítima do parque], os estudos desenvolvidos também apontavam para que as vivendas acompanhassem a Avenida da Boavista. E, em relação à zona norte do parque, ou seja, do lado da Circunvalação, aparecia também construção".
Segundo o relato de Gaspar, os estudos defendiam do lado da Circunvalação "uma construção vasada em que os edifícios não constituíam a chamada 'frente ameaçadora', mas faziam grandes penetrações para dentro do parque. O máximo de pisos permitido ia até seis". "A partir dessa altura, perdi o controlo do projecto", desabafou o autarca, dirigindo indirectamente a farpa a Nuno Cardoso, que o afastou do projecto do Parque da Cidade, pouco tempo depois de ter assumido a presidência da autarquia.
As questões levantadas pela oposição à volta do Parque da Cidade fizeram Gaspar desenterrar a polémica gerada em torno do viaduto sobre o maior "pulmão" da cidade, desenhado pelo catalão Manuel Solà-Morales. E, nessa altura, o vereador lembrou ao executivo que fizera, sem êxito, "um apelo para um levantamento da cidade contra a construção de um viaduto". Embora não o tenha dito abertamente.
Sem esboçar qualquer amargura, Gaspar lamentou, no entanto, o comportamento que a maioria socialista na altura assumiu e disse que havia outras soluções em vez da construção do viaduto, uma infra-estrutura que "vai obrigar as pessoas a entrarem e saírem de Matosinhos através da mesma ponte".
Os problemas da habitação
Rui Sá colocou de imediato algumas questões relacionadas com habitação. Abordou os realojamentos do Bairro de Parceria e Antunes: "Gostaria de saber se o bairro novo da Pasteleira se destina a realojar os moradores do Bairro da Rainha D. Leonor, tendo em conta a eventualidade de uma demolição". Outra questão que o autarca-candidato levantou prendia-se com uma informação que o presidente Nuno Cardoso prestou em relação à construção de um conjunto de habitações no Largo da Maternidade - Bairro do Alexandre - e que se destinariam a servir de volante para as situações de emergência do ponto de vista habitacional. Sá questionou também o executivo sobre o facto de ainda não terem sido feitas as vistorias aos prédios na Rua do Heroísmo relacionados com o problema das derrocadas provocadas pelas obras do metro.
Sá alertou ainda para o facto de o Porto, "a cidade mais importante do Norte do país", passar a ser a terceira cidade de Portugal em termos populacionais, ultrapassada por Vila Nova de Gaia, de acordo com os Censos de 2001. "Isto relaciona-se com uma efectiva perda de influência da cidade do Porto e carece, por isso, de uma reflexão alargada", sublinhou.
A vereadora Maria José Azevedo respondeu às questões relacionadas com a habitação, mas recusou-se a dar detalhes sobre o Bairro da Rainha D. Leonor; quanto ao do Alexandre, disse que é para construir, embora não para já.
O PSD seguiu as pisadas da CDU e colocou sete questões, reclamando um debate público sobre o Parque da Cidade à cabeça. Quis saber onde é que vai ser instalado o futuro heliporto de que se fala e se é verdade ou não que vão nascer torres de mais de 15 andares junto à Ponte da Arrábida, ao lado da cimenteira existente na marginal do Porto.
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Gaspar Desconhece Frente Urbana do Parque
Por MARGARIDA GOMES
Quarta-feira, 27 de Junho de 2001
Oposição na câmara do porto questiona vereador
PSD e CDU não desistem de um debate público sobre as construções junto à Circunvalação
O vereador Orlando Gaspar assumiu ontem, por indisponibilidade de agenda do presidente Nuno Cardoso e de Manuela Melo, a condução da reunião pública do executivo camarário portuense. Aparentemente bem disposto, Gaspar tentou ser diferente e quis dar de imediato a voz aos munícipes que enchiam a parte que lhes é reservada na sala, cerceando deste modo a palavra aos vereadores que aproveitam sempre o período antes da ordem do dia para colocar as suas questões.
"Comigo, o povo da cidade vai ter prioridade", atirou Gaspar. Face a esta inesperada determinação do presidente em exercício, o vereador e candidato a presidente da câmara pela CDU, Rui Sá, contra-atacou e conseguiu levar a água ao seu moinho. Começou pela polémica em torno do Parque da Cidade, um tema muito caro a Gaspar, no âmbito de cujo pelouro foi desbravada a referida zona verde. "Sobre esse assunto, tenho legitimidade para falar, mas, neste momento, não tenho conhecimento suficiente. E, como o senhor engenheiro [Rui Sá] sabe, eu sou uma pessoa de rigor e, por isso, não vou engendrar aqui uma daquelas respostas... Isso não é comigo, como sabe", afirmou.
"Em relação ao Parque da Cidade, sei a história toda até há dois anos; sei os pormenores todos, mas agora do que anda nos jornais sobre a chamada especulação das torres não sei de nada, não vi nenhum projecto, nem nenhum desenvolvimento na questão do urbanismo", referiu.
O vereador do Ambiente recuou no tempo para lembrar que "a frente urbana de Aldoar foi alvo de um concurso público nacional e, cá em baixo [junto à frente marítima do parque], os estudos desenvolvidos também apontavam para que as vivendas acompanhassem a Avenida da Boavista. E, em relação à zona norte do parque, ou seja, do lado da Circunvalação, aparecia também construção".
Segundo o relato de Gaspar, os estudos defendiam do lado da Circunvalação "uma construção vasada em que os edifícios não constituíam a chamada 'frente ameaçadora', mas faziam grandes penetrações para dentro do parque. O máximo de pisos permitido ia até seis". "A partir dessa altura, perdi o controlo do projecto", desabafou o autarca, dirigindo indirectamente a farpa a Nuno Cardoso, que o afastou do projecto do Parque da Cidade, pouco tempo depois de ter assumido a presidência da autarquia.
As questões levantadas pela oposição à volta do Parque da Cidade fizeram Gaspar desenterrar a polémica gerada em torno do viaduto sobre o maior "pulmão" da cidade, desenhado pelo catalão Manuel Solà-Morales. E, nessa altura, o vereador lembrou ao executivo que fizera, sem êxito, "um apelo para um levantamento da cidade contra a construção de um viaduto". Embora não o tenha dito abertamente.
Sem esboçar qualquer amargura, Gaspar lamentou, no entanto, o comportamento que a maioria socialista na altura assumiu e disse que havia outras soluções em vez da construção do viaduto, uma infra-estrutura que "vai obrigar as pessoas a entrarem e saírem de Matosinhos através da mesma ponte".
Os problemas da habitação
Rui Sá colocou de imediato algumas questões relacionadas com habitação. Abordou os realojamentos do Bairro de Parceria e Antunes: "Gostaria de saber se o bairro novo da Pasteleira se destina a realojar os moradores do Bairro da Rainha D. Leonor, tendo em conta a eventualidade de uma demolição". Outra questão que o autarca-candidato levantou prendia-se com uma informação que o presidente Nuno Cardoso prestou em relação à construção de um conjunto de habitações no Largo da Maternidade - Bairro do Alexandre - e que se destinariam a servir de volante para as situações de emergência do ponto de vista habitacional. Sá questionou também o executivo sobre o facto de ainda não terem sido feitas as vistorias aos prédios na Rua do Heroísmo relacionados com o problema das derrocadas provocadas pelas obras do metro.
Sá alertou ainda para o facto de o Porto, "a cidade mais importante do Norte do país", passar a ser a terceira cidade de Portugal em termos populacionais, ultrapassada por Vila Nova de Gaia, de acordo com os Censos de 2001. "Isto relaciona-se com uma efectiva perda de influência da cidade do Porto e carece, por isso, de uma reflexão alargada", sublinhou.
A vereadora Maria José Azevedo respondeu às questões relacionadas com a habitação, mas recusou-se a dar detalhes sobre o Bairro da Rainha D. Leonor; quanto ao do Alexandre, disse que é para construir, embora não para já.
O PSD seguiu as pisadas da CDU e colocou sete questões, reclamando um debate público sobre o Parque da Cidade à cabeça. Quis saber onde é que vai ser instalado o futuro heliporto de que se fala e se é verdade ou não que vão nascer torres de mais de 15 andares junto à Ponte da Arrábida, ao lado da cimenteira existente na marginal do Porto.