Edições promovidas pela Porto 2001 correm o risco de não ser publicadas

08-07-2002
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Edições Promovidas pela Porto 2001 Correm o Risco de Não Ser Publicadas

Por LUÍS MIGUEL QUEIRÓS

Domingo, 30 de Junho de 2002 "Double Face" e "Tráfico", duas gigantescas antologias organizadas pelo poeta e crítico Jorge Gomes Miranda, podem ficar nas gavetas da futura Casa da Música, SA Duas das obras mais ambiciosas da programação editorial da Porto 2001, anunciadas desde muito antes do arranque efectivo da Capital da Cultura, correm o risco de não ver a luz do dia, ainda que ambas estejam concluídas e prontas a editar há vários meses. A primeira, intitulada "Double Face", é uma vastíssima antologia, com cerca de um milhar de páginas, que selecciona textos de autores portugueses que escreveram sobre a Holanda e de escritores holandeses que se interessaram por Portugal. Desde o século XVI até ao presente. A segunda, com dimensões semelhantes, é uma escolha de novos autores portugueses - poetas, ficcionistas, dramaturgos e ensaístas -, revelados desde o início dos anos 90. Chama-se "Tráfico" e foi sempre apresentada como fazendo dupla com a antologia "Tráfego", entretanto já publicada, que inventaria a nova visualidade portuguesa. O coordenador das duas obras encalhadas é o poeta e crítico literário Jorge Gomes Miranda, que insiste em as ver editadas, até porque, argumenta, foi pago com dinheiros públicos e quer ser avaliado pelo uso que lhes deu. Refira-se que nem o responsável pelo sector editorial da Porto 2001, Paulo Cunha e Silva, nem a coordenadora-geral da programação, Manuela Melo, questionam a seriedade do trabalho de Miranda. Mas ambos alegam que foi o facto de este não ter cumprido os prazos acordados que inviabilizou a saída das duas obras em tempo útil. Uma acusação que o autor contesta, assegurando que só há dias teve conhecimento de que a publicação dos livros estava ameaçada. E nem sequer o soube pela Porto 2001, mas pelas entidades que, segundo o que estava previsto, deveriam assumir estas edições: a ASA, no caso de "Double Face", e o "Jornal de Notícias", no que respeita a "Tráfico". Com a Asa nunca chegou, de facto, a existir nenhum contrato assinado, embora tenha sido várias vezes noticiado na imprensa que "Double Face" iria ser uma co-edição da Porto 2001 e desta chancela. Manuel Alberto Valente, responsável da editora, não descarta a possibilidade de que a ASA venha ainda a publicar a obra, desde que a Porto 2001 assegure a questão dos direitos de autor. E acrescenta que esteve vários meses à espera que a sociedade cumprisse este requisito. "Como nunca mais disseram nada, presumi que se tinham desinteressado do projecto", diz o editor. "Tráfico" ainda à procura de editora Já a publicação de "Tráfico" pelo "Jornal de Notícias" ("JN") está definitivamente afastada. O contrato assinado com o diário portuense previa que a obra fosse editada durante o ano de 2001, e, uma vez que esse prazo não foi respeitado, a administração do "JN" já fez saber à Porto 2001 que não editará o livro. Uma vez que a generalidade dos programadores, e designadamente Paulo Cunha e Silva, já cessou funções na sociedade, é Manuela Melo que está agora a tentar encontrar soluções para este e outros "dossiers" ainda em aberto. A responsável da Porto 2001 contactou já a Sociedade Portuguesa de Autores, bem como uma instituição holandesa, no sentido de resolver os problemas de direitos de autor relativos à antologia "Double Face". Quanto a "Tráfico", adianta apenas que está a tentar arranjar um editor alternativo. Jorge Gomes Miranda, num recente encontro com Manuela Melo, já propôs colaborar ele próprio na procura de uma editora que aceite publicar "Tráfico", mas foi-lhe explicado que não é política da Porto 2001 envolver os autores nos processos administrativos. Garantiram-lhe, nessa reunião, que a Porto 2001 continua interessada em publicar as duas obras, tanto mais que a sociedade já pagou não apenas o seu trabalho - que implicou duas deslocações à Holanda -, mas também honorários a autores, tradutores e gráficos. Mas, segundo afirma Gomes Miranda, também não lhe esconderam que não lhe podiam ser dadas quaisquer garantias de que os livros virão a ser publicados. Aliás, uma vez que a existência oficial da própria Porto 2001 termina hoje, a Manuela Melo resta-lhe apenas passar a informação necessária à administração da futura Casa da Música, SA. OUTROS TÍTULOS EM CULTURA Manifestos contemporâneos em Frankfurt

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