Empresários entre a revolta e o apoio

08-08-2003
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51 por cento contra o PEC, 49 por cento a favor

Empresários Entre a Revolta e o Apoio

Segunda-feira, 28 de Julho de 2003

Os que declararam guerra à "colecta mínima", a começar pelos taxistas e a acabar na cúpula das associações empresariais, podem fazer mais barulho, mas não são em muito maior número do que os que concordam com a medida do Governo.

Rosa Soares

As alterações ao pagamento especial por conta (PEC) de IRC introduzidas pela ministra Manuela Ferreira Leite, estão a dividir a comunidade de negócios portuguesa. Os que declararam guerra ao PEC, a começar pelos taxistas e a acabar na cúpula das associações empresariais, podem fazer mais barulho, mas não são em muito maior número do que os que concordam com as modificações. Pelo menos é isso que sugerem os resultados do Barómetro PÚBLICO/Ideias & Negócios/ Antena 1 de Julho.

Questionados sobre se concordam com o PEC, 49 por cento dos membros do Barómetro PÚBLICO/Ideias & Negócios/ Antena 1 responderam favoravelmente. O número de empresários a manifestar-se contra o pagamento do PEC é, no entanto, superior, atingindo os 51 por cento. A disputa "renhida" entre o "não" e o "sim" significa que a ministra das Finanças pode ter uma base de apoio não desprezível. Um dos entrevistados deste mês, Henrique Telhado, presidente da Ensitel, é um dos indefectíveis da medida tendo-se confessado "desiludido" por apenas 49 por cento dos inquiridos ter votado sim (ver texto na página ao lado). "É óbvio que não é a melhor solução, mas tinham de ser tomadas medidas drásticas contra a evasão fiscal e esta é uma medida eficaz", justifica. Já Pedro Pinheiro, Administrador do Grupo Hozar, está contra o PEC, mas compreende, porque "tem que passar a haver uma maior moralidade".

O conformismo deste empresário com uma medida com que não concorda, não deve ser caso único. É que apesar dos anti-PEC serem maioritários, o painel manteve a nota "12" atribuída no mês passado ao Governo. A nota média corresponde também à nota mais votada, o que pode ser um sinal positivo. A nota máxima foi de 17 pontos, enquanto a mínima foi de cinco.

Outra explicação possível para a popularidade relativa do executivo de Durão Barroso entre os inquiridos é percepção de que o Governo está a avançar com reformas estruturais importantes. É o caso da reforma da administração pública, em que 62 por cento dos membros do barómetro dizem acreditar. Ao contrário de 39 por cento, que respondem não acreditar nesta medida. A reforma da administração pública é uma velha reivindicação da comunidade empresarial e uma das batalhas que o actual Governo pretende ganhar.

Mais de 60 por cento confiam na saída da crise em 2004

Em relação à conjuntura económica, também se verifica uma estabilização da avaliação do mês anterior, permanecendo pelo segundo mês consecutivo a média nos 9 pontos. Esta avaliação fica ligeiramente acima da nota mais votada, que foi de 8. Entre o universo de empresários, gestores e académicos que respondeu há apenas um nota máxima de 14, enquanto a nota mínima, de 4, reuniu três votos. Tal como na avaliação do Governo, os inquiridos sustentaram a votação anterior, o que cria condições para uma subida na próxima sondagem, desde que o Governo siga em frente com as reformas que se propôs executar e não surjam indicadores económicos inesperados.

De facto, a questão do inquérito sobre se 2004 será o ano da retoma económica revela um resultado surpreendente, com a percentagem de respostas positivas a distanciar-se das negativas. Do total de gestores inquiridos, 61 por cento dizem acreditar que 2004 será um ano de retoma, enquanto 39 por cento ainda estão pessimistas.

Ao aumento de confiança em relação ao próximo ano poderá também não ser alheia a recente mudança do discurso do Governo, que tem tentado passar a ideia de que há sinais de recuperação económica, um optimismo que tem sido refreado pelos alertas do governador do Banco de Portugal. A recuperação dos mercados de capitais, a melhoria de resultados de grandes empresas, especialmente no sector financeiro, e a recuperação do movimento de aquisições e de fusões, começa a reforçar a ideia de que o pior já passou.

51 por cento contra o PEC, 49 por cento a favor

Empresários Entre a Revolta e o Apoio

Segunda-feira, 28 de Julho de 2003

Os que declararam guerra à "colecta mínima", a começar pelos taxistas e a acabar na cúpula das associações empresariais, podem fazer mais barulho, mas não são em muito maior número do que os que concordam com a medida do Governo.

Rosa Soares

As alterações ao pagamento especial por conta (PEC) de IRC introduzidas pela ministra Manuela Ferreira Leite, estão a dividir a comunidade de negócios portuguesa. Os que declararam guerra ao PEC, a começar pelos taxistas e a acabar na cúpula das associações empresariais, podem fazer mais barulho, mas não são em muito maior número do que os que concordam com as modificações. Pelo menos é isso que sugerem os resultados do Barómetro PÚBLICO/Ideias & Negócios/ Antena 1 de Julho.

Questionados sobre se concordam com o PEC, 49 por cento dos membros do Barómetro PÚBLICO/Ideias & Negócios/ Antena 1 responderam favoravelmente. O número de empresários a manifestar-se contra o pagamento do PEC é, no entanto, superior, atingindo os 51 por cento. A disputa "renhida" entre o "não" e o "sim" significa que a ministra das Finanças pode ter uma base de apoio não desprezível. Um dos entrevistados deste mês, Henrique Telhado, presidente da Ensitel, é um dos indefectíveis da medida tendo-se confessado "desiludido" por apenas 49 por cento dos inquiridos ter votado sim (ver texto na página ao lado). "É óbvio que não é a melhor solução, mas tinham de ser tomadas medidas drásticas contra a evasão fiscal e esta é uma medida eficaz", justifica. Já Pedro Pinheiro, Administrador do Grupo Hozar, está contra o PEC, mas compreende, porque "tem que passar a haver uma maior moralidade".

O conformismo deste empresário com uma medida com que não concorda, não deve ser caso único. É que apesar dos anti-PEC serem maioritários, o painel manteve a nota "12" atribuída no mês passado ao Governo. A nota média corresponde também à nota mais votada, o que pode ser um sinal positivo. A nota máxima foi de 17 pontos, enquanto a mínima foi de cinco.

Outra explicação possível para a popularidade relativa do executivo de Durão Barroso entre os inquiridos é percepção de que o Governo está a avançar com reformas estruturais importantes. É o caso da reforma da administração pública, em que 62 por cento dos membros do barómetro dizem acreditar. Ao contrário de 39 por cento, que respondem não acreditar nesta medida. A reforma da administração pública é uma velha reivindicação da comunidade empresarial e uma das batalhas que o actual Governo pretende ganhar.

Mais de 60 por cento confiam na saída da crise em 2004

Em relação à conjuntura económica, também se verifica uma estabilização da avaliação do mês anterior, permanecendo pelo segundo mês consecutivo a média nos 9 pontos. Esta avaliação fica ligeiramente acima da nota mais votada, que foi de 8. Entre o universo de empresários, gestores e académicos que respondeu há apenas um nota máxima de 14, enquanto a nota mínima, de 4, reuniu três votos. Tal como na avaliação do Governo, os inquiridos sustentaram a votação anterior, o que cria condições para uma subida na próxima sondagem, desde que o Governo siga em frente com as reformas que se propôs executar e não surjam indicadores económicos inesperados.

De facto, a questão do inquérito sobre se 2004 será o ano da retoma económica revela um resultado surpreendente, com a percentagem de respostas positivas a distanciar-se das negativas. Do total de gestores inquiridos, 61 por cento dizem acreditar que 2004 será um ano de retoma, enquanto 39 por cento ainda estão pessimistas.

Ao aumento de confiança em relação ao próximo ano poderá também não ser alheia a recente mudança do discurso do Governo, que tem tentado passar a ideia de que há sinais de recuperação económica, um optimismo que tem sido refreado pelos alertas do governador do Banco de Portugal. A recuperação dos mercados de capitais, a melhoria de resultados de grandes empresas, especialmente no sector financeiro, e a recuperação do movimento de aquisições e de fusões, começa a reforçar a ideia de que o pior já passou.

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