Falta realismo à estratégia de crescimento

23-11-2002
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Dois terços cépticos quanto ao forte crescimento das exportações

Falta Realismo à Estratégia de Crescimento

Segunda-feira, 18 de Novembro de 2002

%Rita Siza

Os empresários mostram-se apreensivos quanto à aposta adoptada no Orçamento do Estado para 2003 pela ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite, para dinamizar o crescimento da economia nacional. Para mais de 65 por cento dos que responderam, não é realista basear nas exportações o crescimento económico do país no próximo ano.

De resto, as respostas indicam que a discussão do orçamento na generalidade pouco interesse terá para os dirigentes empresariais portugueses. A actualização dos escalões, deduções e abatimentos de IRS abaixo da inflação é uma medida adequada para cerca de um terço dos inquiridos. Entre as medidas que agradaram bastante ao painel, está a redução da tributação das mais-valias realizadas por SGPS na venda de participações sociais.

E, finalmente, a polémica que estalou por causa das propostas do Governo relativas aos adiantamentos dos pagamentos especiais por conta (recorde-se que, na semana passada, o Governo recuou na taxa a aplicar, baixando o seu valor para um por cento) não teve grande repercussão no restrito "clube" dos administradores de empresas: uma ténue maioria de 54 por cento não se mostrou favorável à medida, que afectava sobretudo as pequenas e médias empresas, mas 40 por cento dos inquiridos manifestaram a sua concordância.

Por outro lado, os administradores de empresas não acreditam que o novo Código do Trabalho traga grandes alterações à vida económica e social do país: grande parte está convicta de que as alterações propostas pelo Governo não vão contribuir para aumentar a competitividade e não vão afectar a vida dos trabalhadores. O Código será, assim, uma espécie de promessa de "mudança" que serve para que as coisas fiquem na mesma mas que, apesar de tudo, não belisca a imagem de Bagão Félix junto deste universo. Sessenta por cento dos inquiridos no Observatório acham o trabalho do ministro bom, e os votos somados dos que classificaram Bagão Félix como suficiente, fraco ou mau são metade dos que entendem a sua actividade como excelente.

Celeste Cardona fortemente penalizada

Na avaliação do desempenho dos políticos, o destaque vai para o autêntico "trambolhão" de Celeste Cardona, que é o membro do Governo que sai mais penalizado nos últimos três meses (em Julho, a ministra da Justiça era, com Bagão Félix, o governante mais considerado pelos administradores de empresas). A crise das demissões na Polícia Judiciária, ou ainda das cadeias, fizeram com que uma maioria de 54 por cento dos inquiridos distinguisse a actividade de Celeste Cardona como fraca ou má. Quem também não escapou às crises foi o ministro da Defesa, Paulo Portas. O painel aparenta reunir um claro consenso sobre a forma desastrosa como se comportou nos casos do julgamento da Moderna ou da demissão do Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas.

A apreciação dos vários elementos do Governo só em casos raros escapa da média "suficiente" - as excepções que confirmam a regra são o ministro da Saúde e a ministra das Finanças. Em clara tendência de alta está o primeiro-ministro, Durão Barroso, que começa a distanciar-se de forma significativa de Ferro Rodrigues. O líder do PS não consegue convencer os empresários, que consideram o seu desempenho fraco.

DESTAQUE:

Celeste Cardona, que é o membro do Governo que sai mais penalizado nos últimos três meses. O ministro da Defesa, Paulo Portas, também sai mal desta avaliação.

Dois terços cépticos quanto ao forte crescimento das exportações

Falta Realismo à Estratégia de Crescimento

Segunda-feira, 18 de Novembro de 2002

%Rita Siza

Os empresários mostram-se apreensivos quanto à aposta adoptada no Orçamento do Estado para 2003 pela ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite, para dinamizar o crescimento da economia nacional. Para mais de 65 por cento dos que responderam, não é realista basear nas exportações o crescimento económico do país no próximo ano.

De resto, as respostas indicam que a discussão do orçamento na generalidade pouco interesse terá para os dirigentes empresariais portugueses. A actualização dos escalões, deduções e abatimentos de IRS abaixo da inflação é uma medida adequada para cerca de um terço dos inquiridos. Entre as medidas que agradaram bastante ao painel, está a redução da tributação das mais-valias realizadas por SGPS na venda de participações sociais.

E, finalmente, a polémica que estalou por causa das propostas do Governo relativas aos adiantamentos dos pagamentos especiais por conta (recorde-se que, na semana passada, o Governo recuou na taxa a aplicar, baixando o seu valor para um por cento) não teve grande repercussão no restrito "clube" dos administradores de empresas: uma ténue maioria de 54 por cento não se mostrou favorável à medida, que afectava sobretudo as pequenas e médias empresas, mas 40 por cento dos inquiridos manifestaram a sua concordância.

Por outro lado, os administradores de empresas não acreditam que o novo Código do Trabalho traga grandes alterações à vida económica e social do país: grande parte está convicta de que as alterações propostas pelo Governo não vão contribuir para aumentar a competitividade e não vão afectar a vida dos trabalhadores. O Código será, assim, uma espécie de promessa de "mudança" que serve para que as coisas fiquem na mesma mas que, apesar de tudo, não belisca a imagem de Bagão Félix junto deste universo. Sessenta por cento dos inquiridos no Observatório acham o trabalho do ministro bom, e os votos somados dos que classificaram Bagão Félix como suficiente, fraco ou mau são metade dos que entendem a sua actividade como excelente.

Celeste Cardona fortemente penalizada

Na avaliação do desempenho dos políticos, o destaque vai para o autêntico "trambolhão" de Celeste Cardona, que é o membro do Governo que sai mais penalizado nos últimos três meses (em Julho, a ministra da Justiça era, com Bagão Félix, o governante mais considerado pelos administradores de empresas). A crise das demissões na Polícia Judiciária, ou ainda das cadeias, fizeram com que uma maioria de 54 por cento dos inquiridos distinguisse a actividade de Celeste Cardona como fraca ou má. Quem também não escapou às crises foi o ministro da Defesa, Paulo Portas. O painel aparenta reunir um claro consenso sobre a forma desastrosa como se comportou nos casos do julgamento da Moderna ou da demissão do Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas.

A apreciação dos vários elementos do Governo só em casos raros escapa da média "suficiente" - as excepções que confirmam a regra são o ministro da Saúde e a ministra das Finanças. Em clara tendência de alta está o primeiro-ministro, Durão Barroso, que começa a distanciar-se de forma significativa de Ferro Rodrigues. O líder do PS não consegue convencer os empresários, que consideram o seu desempenho fraco.

DESTAQUE:

Celeste Cardona, que é o membro do Governo que sai mais penalizado nos últimos três meses. O ministro da Defesa, Paulo Portas, também sai mal desta avaliação.

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