Independentismo dos Açores "um devaneio romântico"

12-08-2002
marcar artigo

Independentismo dos Açores "Um Devaneio Romântico"

Sexta-feira, 19 de Julho de 2002 Na qualidade de dinossauro do poder regional nos Açores, Mota Amaral aceita que as finanças regionais sejam chamuscadas para fazer face à crise. Já sobre o seu passado a favor da independência dos Açores, em 1975, diz que "era um devaneio romântico". Já sobre o incidente de Rosal de La Frontera assume que só cordenou a sua acção com Durão Barroso na segunda-feira. O senhor é deputado desde 69... Já viu, já viu, não diga que não está a repetir insinuações... É o primeiro católico praticante que preside à AR? Isso tem algum significado especial para si? Não. A minha eleição corresponde a um mandato em função do percurso político e não em função das minhas opções religiosas. Tenho ideias muito claras sobre a separação dos dois campos, não os misturo, e julgo que a minha longa carreira política o demonstra. Alguma vez acreditou que os Açores pudessem ser independentes? R- Sim, numa fase muita curta, num período de semanas, no auge do Verão Quente de 1975. Mas percebi que era um devaneio romântico. Um devaneio romântico ou um devaneio radical? Romântico, romântico... Mas teve ligações à Frente de Libertação dos Açores (FLA), redigiu os seus estatutos... Não é verdade. Houve um período curtíssimo em que os nossos caminhos se cruzaram naquela fase mais aguerrida de 1975. E é óbvio que não tenho nenhuma responsabilidade na redacção dos documentos da FLA, que tinha os seus responsáveis e que mantiveram os seus projectos vivos durante muitos anos. Para mim, terminado o devaneio, sempre me pareceu que a questão da independência devia ser um tema aberto numa sociedade livre como são os Açores. Se alguns defendem a independência, pois estão no seu direito, mas como há eleições com regularidade o povo faz a sua escolha - e tem escolhido com toda a clareza um caminho distinto. Sempre me pareceu que é assim que se deve conviver numa sociedade como os Açores, onde se começamos a empurrar-nos uns aos outros caímos ao mar, não convém... Como é que um defensor, durante três décadas, da autonomia regional, olha para a Lei de Enquadramento Orçamental que vai ser votada? Como olha para os limites que aí são postos às regiões? Acho que a lei requer alguns aperfeiçoamentos, e estou certo que eles vão ser feitos para garantir a constitucionalidade do diploma. O mais importante é que a lei não revoga as regras da Lei das Finanças Regionais, apenas prevê, para um período de transição que se espera curto, uma suspensão da aplicação de alguns preceitos. Acho que está dentro da lógica solidária que, havendo um problema que toca todo o país, também seja partilhado pelos responsáveis regionais. Isto sem prejudicar o desenvolvimento das regiões e a correcção das disparidades existentes. A Lei de Enquadramento Orçamental não é pois uma lei de vida ou de morte para a autonomia, é antes uma lei de emergência para lograrmos continuar na moeda única europeia, por que se isso sucedesse seria o descalabro financeiro total. Houve aqui um período de descontrolo, vamos corrigi-lo... A autonomia é como um daqueles móveis que vai ser molhado para apagar o fogo, para utilizar a imagem de Manuela Ferreira Leite, mas que depois é recuperável? Sem dúvida nenhuma. Aliás achei essa imagem da casa a arder uma imagem muito feliz, bem pensada, da ministra das Finanças. Sentiu alguma tensão com o Governo no momento do episódio de Rosal de La Frontera? Muito ligeira. E completamente ultrapassada. Durão Barroso disse no plenário que tinha coordenado todas as posições com ele... A minha intervenção naquela segunda-feira foi conversada com ele. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Jovens vêem a Net como meio de diversão

Números

"Media" influenciam representação da Internet

Discurso Directo

É preciso contrariar a tendência para ser a primeira fila a tomar conta de tudo

Programa de Simoneta para o museu está adjudicado

"Prefiro mil vezes os círculos pequenos, como o meu círculo dos Açores"

"Legado de Maria Adelina será aprofundado por Isabel Corte-Real"

Independentismo dos Açores "um devaneio romântico"

Independentismo dos Açores "Um Devaneio Romântico"

Sexta-feira, 19 de Julho de 2002 Na qualidade de dinossauro do poder regional nos Açores, Mota Amaral aceita que as finanças regionais sejam chamuscadas para fazer face à crise. Já sobre o seu passado a favor da independência dos Açores, em 1975, diz que "era um devaneio romântico". Já sobre o incidente de Rosal de La Frontera assume que só cordenou a sua acção com Durão Barroso na segunda-feira. O senhor é deputado desde 69... Já viu, já viu, não diga que não está a repetir insinuações... É o primeiro católico praticante que preside à AR? Isso tem algum significado especial para si? Não. A minha eleição corresponde a um mandato em função do percurso político e não em função das minhas opções religiosas. Tenho ideias muito claras sobre a separação dos dois campos, não os misturo, e julgo que a minha longa carreira política o demonstra. Alguma vez acreditou que os Açores pudessem ser independentes? R- Sim, numa fase muita curta, num período de semanas, no auge do Verão Quente de 1975. Mas percebi que era um devaneio romântico. Um devaneio romântico ou um devaneio radical? Romântico, romântico... Mas teve ligações à Frente de Libertação dos Açores (FLA), redigiu os seus estatutos... Não é verdade. Houve um período curtíssimo em que os nossos caminhos se cruzaram naquela fase mais aguerrida de 1975. E é óbvio que não tenho nenhuma responsabilidade na redacção dos documentos da FLA, que tinha os seus responsáveis e que mantiveram os seus projectos vivos durante muitos anos. Para mim, terminado o devaneio, sempre me pareceu que a questão da independência devia ser um tema aberto numa sociedade livre como são os Açores. Se alguns defendem a independência, pois estão no seu direito, mas como há eleições com regularidade o povo faz a sua escolha - e tem escolhido com toda a clareza um caminho distinto. Sempre me pareceu que é assim que se deve conviver numa sociedade como os Açores, onde se começamos a empurrar-nos uns aos outros caímos ao mar, não convém... Como é que um defensor, durante três décadas, da autonomia regional, olha para a Lei de Enquadramento Orçamental que vai ser votada? Como olha para os limites que aí são postos às regiões? Acho que a lei requer alguns aperfeiçoamentos, e estou certo que eles vão ser feitos para garantir a constitucionalidade do diploma. O mais importante é que a lei não revoga as regras da Lei das Finanças Regionais, apenas prevê, para um período de transição que se espera curto, uma suspensão da aplicação de alguns preceitos. Acho que está dentro da lógica solidária que, havendo um problema que toca todo o país, também seja partilhado pelos responsáveis regionais. Isto sem prejudicar o desenvolvimento das regiões e a correcção das disparidades existentes. A Lei de Enquadramento Orçamental não é pois uma lei de vida ou de morte para a autonomia, é antes uma lei de emergência para lograrmos continuar na moeda única europeia, por que se isso sucedesse seria o descalabro financeiro total. Houve aqui um período de descontrolo, vamos corrigi-lo... A autonomia é como um daqueles móveis que vai ser molhado para apagar o fogo, para utilizar a imagem de Manuela Ferreira Leite, mas que depois é recuperável? Sem dúvida nenhuma. Aliás achei essa imagem da casa a arder uma imagem muito feliz, bem pensada, da ministra das Finanças. Sentiu alguma tensão com o Governo no momento do episódio de Rosal de La Frontera? Muito ligeira. E completamente ultrapassada. Durão Barroso disse no plenário que tinha coordenado todas as posições com ele... A minha intervenção naquela segunda-feira foi conversada com ele. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Jovens vêem a Net como meio de diversão

Números

"Media" influenciam representação da Internet

Discurso Directo

É preciso contrariar a tendência para ser a primeira fila a tomar conta de tudo

Programa de Simoneta para o museu está adjudicado

"Prefiro mil vezes os círculos pequenos, como o meu círculo dos Açores"

"Legado de Maria Adelina será aprofundado por Isabel Corte-Real"

Independentismo dos Açores "um devaneio romântico"

marcar artigo