"O encerramento dos 'hiper' não protegeu coisa nenhuma"

11-04-2002
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"O Encerramento dos 'Hiper' Não Protegeu Coisa Nenhuma"

Segunda-feira, 8 de Abril de 2002 PÚBLICO - Qual foi o efeito do encerramento dos "hiper" ao domingo?

M.M. LEITÃO MARQUES - Os consumidores deslocaram-se para outro horário, e a seguir para outros estabelecimentos que se parecessem com os que estavam encerrados. Quem beneficiou foram os que continuaram abertos ao domingo à tarde, e houve uma concentração de compras no sábado e na sexta-feira à noite. Os mais prejudicados foram os consumidores. Os horários comerciais são uma das áreas que deveriam ser liberalizadas na União Europeia, salvo por fortes razões culturais de uma ou outra comunidade. Em Portugal, sinceramente, não estou a ver razões para excepções dessa ordem. O motivo principal pelo qual se obrigou os hipermercados a fecharem ao domingo, que foi a protecção do pequeno comércio, não protegeu coisa nenhuma.

P. - O tempo que foi dado ao pequeno comércio para se adaptar aos novos tempos já acabou, ou deve continuar?

R. - Compreendo que, no princípio, fosse necessário, do ponto de vista político, dar um sinal de moderação, um tempo de modernização ao pequeno comércio. Mas esse tempo não pode ser infinito. As associações do pequeno comércio devem, hoje, enveredar mais por uma lógica positiva; em vez do choradinho e da lamúria, devem obedecer à lógica da auto-estima e da competitividade. Os consumidores, hoje, são muito infiéis, não se fidelizam pelas lamúrias dos comerciantes, mas sim pelo bom serviço que lhes prestam. Isso exige uma lógica de competitividade e organização. Definitivamente, o tempo do comércio desorganizado acabou.

P. - Isso quer dizer que o pequeno comércio independente tem os dias contados?

R. - Não, a organização não significa a integração numa grande empresa distribuidora. Há outras formas de organização, cooperativas, associativas. Mas, sem organização, não teremos mais comércio independente. Porque a lógica de serviço ao cliente, por exemplo, exige estudos sobre os perfis e os estilos de vida dos consumidores, e um comerciante sozinho dificilmente tem recursos para fazer isso; precisa de economias de escala que lhe podem ser dadas por esquemas de cooperação ou de associação.

"O Encerramento dos 'Hiper' Não Protegeu Coisa Nenhuma"

Segunda-feira, 8 de Abril de 2002 PÚBLICO - Qual foi o efeito do encerramento dos "hiper" ao domingo?

M.M. LEITÃO MARQUES - Os consumidores deslocaram-se para outro horário, e a seguir para outros estabelecimentos que se parecessem com os que estavam encerrados. Quem beneficiou foram os que continuaram abertos ao domingo à tarde, e houve uma concentração de compras no sábado e na sexta-feira à noite. Os mais prejudicados foram os consumidores. Os horários comerciais são uma das áreas que deveriam ser liberalizadas na União Europeia, salvo por fortes razões culturais de uma ou outra comunidade. Em Portugal, sinceramente, não estou a ver razões para excepções dessa ordem. O motivo principal pelo qual se obrigou os hipermercados a fecharem ao domingo, que foi a protecção do pequeno comércio, não protegeu coisa nenhuma.

P. - O tempo que foi dado ao pequeno comércio para se adaptar aos novos tempos já acabou, ou deve continuar?

R. - Compreendo que, no princípio, fosse necessário, do ponto de vista político, dar um sinal de moderação, um tempo de modernização ao pequeno comércio. Mas esse tempo não pode ser infinito. As associações do pequeno comércio devem, hoje, enveredar mais por uma lógica positiva; em vez do choradinho e da lamúria, devem obedecer à lógica da auto-estima e da competitividade. Os consumidores, hoje, são muito infiéis, não se fidelizam pelas lamúrias dos comerciantes, mas sim pelo bom serviço que lhes prestam. Isso exige uma lógica de competitividade e organização. Definitivamente, o tempo do comércio desorganizado acabou.

P. - Isso quer dizer que o pequeno comércio independente tem os dias contados?

R. - Não, a organização não significa a integração numa grande empresa distribuidora. Há outras formas de organização, cooperativas, associativas. Mas, sem organização, não teremos mais comércio independente. Porque a lógica de serviço ao cliente, por exemplo, exige estudos sobre os perfis e os estilos de vida dos consumidores, e um comerciante sozinho dificilmente tem recursos para fazer isso; precisa de economias de escala que lhe podem ser dadas por esquemas de cooperação ou de associação.

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