As mulheres no androceu PSD

09-08-2002
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As Mulheres no Androceu PSD

Segunda-feira, 15 de Julho de 2002

Estranham a pergunta. "Há falta de mulheres nos órgãos dirigentes do PSD? Fico muito admirada", reage Isabel Damasceno. "Nas autarquias, por exemplo, há cada vez mais mulheres. Quando fui eleita para a câmara de Leiria havia quatro. Depois passámos a 12. E agora somos 16. Não consigo justificar a ausência de mulheres nos órgãos do partido. É um problema cultural que não se resolve de um momento para o outro. Mas há cada vez mais mulheres nos cursos superiores".

Manuela Ferreira Leite, que partilhou com Durão Barroso os maiores aplausos de todo o Congresso, pede que repita, quando o PÚBLICO lhe comunica que ela foi a sexta oradora feminina num mar de vozes masculinas que ocuparam a tribuna durante horas e horas. "Não tinha reparado. Tem toda a razão. Hoje, por acaso falaram poucas".

Mas mostra a mesma conformação ("é um problema cultural, vai levar tempo") com que Ivone Santos, 31 anos, solteira, delegada da concelhia de Gaia reage à mesma "provocação" jornalística: "A tendência com o tempo irá desvanecer-se".

Economista como a ministra das Finanças (que aponta como prova provada do que defende), Ivone pensa mesmo que a culpa pode ser das mulheres, "que não se disponibilizam". E declara-se frontalmente contra qualquer intervenção paritarista que tente resolver por via administrativa o défice de mulheres no seu partido. "As pessoas têm que se afirmar pelas suas competências e qualidades, e não pelas quotas".

Dos 933 delegados ao XXIV Congresso do PSD, apenas 96 eram mulheres, uma percentagem que mal ultrapassa os dez por cento. "Nós no PSD não temos preconceitos sexistas", reage o secretário-geral, José Luís Arnaut. "Têm família. Queria que viessem para Lisboa com os miúdos?"

Arnaut faz notar que o congresso deste fim de semana "trouxe uma renovação significativa", e que havia nas listas "mais 50 por cento de nomes de mulheres". A contabilização da presença feminina nos órgãos de decisão do PSD, contudo, mostra só por si o abismo que separa a representação dos dois géneros em cada um deles: quatro mulheres entre os 18 membros da comissão política nacional; quatro entre os 55 membros do conselho nacional; uma entre os seis membros da mesa do congresso; e duas entre os os nove membros do conselho de jurisdição. A.G.

As Mulheres no Androceu PSD

Segunda-feira, 15 de Julho de 2002

Estranham a pergunta. "Há falta de mulheres nos órgãos dirigentes do PSD? Fico muito admirada", reage Isabel Damasceno. "Nas autarquias, por exemplo, há cada vez mais mulheres. Quando fui eleita para a câmara de Leiria havia quatro. Depois passámos a 12. E agora somos 16. Não consigo justificar a ausência de mulheres nos órgãos do partido. É um problema cultural que não se resolve de um momento para o outro. Mas há cada vez mais mulheres nos cursos superiores".

Manuela Ferreira Leite, que partilhou com Durão Barroso os maiores aplausos de todo o Congresso, pede que repita, quando o PÚBLICO lhe comunica que ela foi a sexta oradora feminina num mar de vozes masculinas que ocuparam a tribuna durante horas e horas. "Não tinha reparado. Tem toda a razão. Hoje, por acaso falaram poucas".

Mas mostra a mesma conformação ("é um problema cultural, vai levar tempo") com que Ivone Santos, 31 anos, solteira, delegada da concelhia de Gaia reage à mesma "provocação" jornalística: "A tendência com o tempo irá desvanecer-se".

Economista como a ministra das Finanças (que aponta como prova provada do que defende), Ivone pensa mesmo que a culpa pode ser das mulheres, "que não se disponibilizam". E declara-se frontalmente contra qualquer intervenção paritarista que tente resolver por via administrativa o défice de mulheres no seu partido. "As pessoas têm que se afirmar pelas suas competências e qualidades, e não pelas quotas".

Dos 933 delegados ao XXIV Congresso do PSD, apenas 96 eram mulheres, uma percentagem que mal ultrapassa os dez por cento. "Nós no PSD não temos preconceitos sexistas", reage o secretário-geral, José Luís Arnaut. "Têm família. Queria que viessem para Lisboa com os miúdos?"

Arnaut faz notar que o congresso deste fim de semana "trouxe uma renovação significativa", e que havia nas listas "mais 50 por cento de nomes de mulheres". A contabilização da presença feminina nos órgãos de decisão do PSD, contudo, mostra só por si o abismo que separa a representação dos dois géneros em cada um deles: quatro mulheres entre os 18 membros da comissão política nacional; quatro entre os 55 membros do conselho nacional; uma entre os seis membros da mesa do congresso; e duas entre os os nove membros do conselho de jurisdição. A.G.

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