Taxistas contestam serviço de transporte gratuito da Câmara da Póvoa de Varzim

30-08-2003
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Taxistas Contestam Serviço de Transporte Gratuito da Câmara da Póvoa de Varzim

Por ÂNGELO TEIXEIRA MARQUES

Terça-feira, 26 de Agosto de 2003

A criação, pela Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, de um serviço de transporte gratuito de banhistas, entre os parques de estacionamento situados à entrada da cidade e a zona balnear, desagradou ao representante dos taxistas locais que qualifica a medida autárquica como "mais uma machadada" num negócio "em crise". Manuel Oliveira, delegado da Antral- Associação Nacional de Transportes Rodoviários de Aluguer, disse ontem ao PÚBLICO que já transmitiu a sua insatisfação ao vereador do Turismo, Luís Diamantino, manifestando ao mesmo tempo a disponibilidade dos taxistas para prestarem o serviço efectuado actualmente por dois autocarros.

A edilidade alugou, por 2500 euros, duas viaturas com 17 e 30 lugares que partem junto da Central de Camionagem e dos parques de estacionamento, param em frente à Praça de Touros, Praça de 5 de Outubro e Largo do Passeio Alegre. Os utentes viajam gratuitamente e os autocarros estão sempre em movimento entre as 7h00 e as 19h00, não havendo horários pré-definidos para a sua passagem nos pontos de recolha ou saída de passageiros.

Luís Diamantino explicou ao PÚBLICO que a medida camarária "tem, este ano, carácter experimental", inclusive no tipo de autocarros em circulação. Caso a medida seja para concretizar no futuro, o vereador preconiza o recurso a veículos "não poluentes e acessíveis a pessoas com deficiência".

A "experiência" vai durar até ao final deste mês e só depois de feita a contabilidade do número de passageiros transportados é que a Câmara vai ponderar o prolongamento do sistema. Para já, o "balanço é positivo", adiantou Luís Diamantino, que contabilizou, no segundo dia de utilização (passado dia 15), "mais de 500 pessoas".

Este dado contradiz a argumentação dos taxistas. "Os autocarros andam com poucas pessoas no interior e esse poderia ser um serviço feito pelos táxis", salienta Manuel de Oliveira. Aliás, no discurso das duas partes encontram-se vários pontos de divergência. O delegado da Antral refere que os taxistas manifestaram disponibilidade para serem contratados pela câmara, mas Diamantino assegura que Manuel Oliveira transmitiu-lhe que não estavam em condições de satisfazer o tipo de serviço proporcionado pelos autocarros.

Outra diferença está no percurso dos autocarros. À imagem de anos anteriores, a câmara corta o tráfego na Avenida dos Banhos (marginal mais frequentada) às sextas-feiras à noite, sábados e domingos. Só entram nessa via, os moradores, viaturas de emergência e os dois autocarros.

"Quando aparece um cliente a dizer-nos que quer ir para a Avenida dos Banhos temos de deixá-lo longe e vamos perdendo clientela", clama Manuel Oliveira. "Passarem os autocarros e não deixarem entrar os táxis, é uma afronta", diz. Luís Diamantino prometeu levar o problema ao executivo camarário, mas recordou que o objectivo é "dar primazia aos peões" e teme que os "mais de 30 táxis existentes na Póvoa", para fugir ao tráfego, comecem a utilizar a avenida e "lá se vai a tranquilidade pretendida à beira-mar".

Por outro lado, o vereador diz não entender a reclamação dos taxistas, pois, junto à central de camionagem, há lugares destinados a táxis "quase sempre vazios". Manuel Oliveira reconheceu a situação, mas justificou a ausência dos táxis com a localização da praça - "deveria estar no interior da central" - e com a "concorrência desleal dos autocarros ao serviço do metropolitano" que substituíram o trajecto para o Porto que era efectuado em comboio.

"Estes autocarros deviam apenas fazer o percurso anterior do comboio, deixando ou apanhando utentes junto à estação do caminho-de-ferro. Mas saem da central e vão recolher passageiros por vários lados, antes de seguirem para Vila do Conde. Isso já gerou uma guerra com as empresas de camionagem que se atrapalham para serem as primeiras a recolher passageiros e, para os taxistas, torna pouco rentável a presença junto à Central", acrescenta Manuel Oliveira.

Taxistas Contestam Serviço de Transporte Gratuito da Câmara da Póvoa de Varzim

Por ÂNGELO TEIXEIRA MARQUES

Terça-feira, 26 de Agosto de 2003

A criação, pela Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, de um serviço de transporte gratuito de banhistas, entre os parques de estacionamento situados à entrada da cidade e a zona balnear, desagradou ao representante dos taxistas locais que qualifica a medida autárquica como "mais uma machadada" num negócio "em crise". Manuel Oliveira, delegado da Antral- Associação Nacional de Transportes Rodoviários de Aluguer, disse ontem ao PÚBLICO que já transmitiu a sua insatisfação ao vereador do Turismo, Luís Diamantino, manifestando ao mesmo tempo a disponibilidade dos taxistas para prestarem o serviço efectuado actualmente por dois autocarros.

A edilidade alugou, por 2500 euros, duas viaturas com 17 e 30 lugares que partem junto da Central de Camionagem e dos parques de estacionamento, param em frente à Praça de Touros, Praça de 5 de Outubro e Largo do Passeio Alegre. Os utentes viajam gratuitamente e os autocarros estão sempre em movimento entre as 7h00 e as 19h00, não havendo horários pré-definidos para a sua passagem nos pontos de recolha ou saída de passageiros.

Luís Diamantino explicou ao PÚBLICO que a medida camarária "tem, este ano, carácter experimental", inclusive no tipo de autocarros em circulação. Caso a medida seja para concretizar no futuro, o vereador preconiza o recurso a veículos "não poluentes e acessíveis a pessoas com deficiência".

A "experiência" vai durar até ao final deste mês e só depois de feita a contabilidade do número de passageiros transportados é que a Câmara vai ponderar o prolongamento do sistema. Para já, o "balanço é positivo", adiantou Luís Diamantino, que contabilizou, no segundo dia de utilização (passado dia 15), "mais de 500 pessoas".

Este dado contradiz a argumentação dos taxistas. "Os autocarros andam com poucas pessoas no interior e esse poderia ser um serviço feito pelos táxis", salienta Manuel de Oliveira. Aliás, no discurso das duas partes encontram-se vários pontos de divergência. O delegado da Antral refere que os taxistas manifestaram disponibilidade para serem contratados pela câmara, mas Diamantino assegura que Manuel Oliveira transmitiu-lhe que não estavam em condições de satisfazer o tipo de serviço proporcionado pelos autocarros.

Outra diferença está no percurso dos autocarros. À imagem de anos anteriores, a câmara corta o tráfego na Avenida dos Banhos (marginal mais frequentada) às sextas-feiras à noite, sábados e domingos. Só entram nessa via, os moradores, viaturas de emergência e os dois autocarros.

"Quando aparece um cliente a dizer-nos que quer ir para a Avenida dos Banhos temos de deixá-lo longe e vamos perdendo clientela", clama Manuel Oliveira. "Passarem os autocarros e não deixarem entrar os táxis, é uma afronta", diz. Luís Diamantino prometeu levar o problema ao executivo camarário, mas recordou que o objectivo é "dar primazia aos peões" e teme que os "mais de 30 táxis existentes na Póvoa", para fugir ao tráfego, comecem a utilizar a avenida e "lá se vai a tranquilidade pretendida à beira-mar".

Por outro lado, o vereador diz não entender a reclamação dos taxistas, pois, junto à central de camionagem, há lugares destinados a táxis "quase sempre vazios". Manuel Oliveira reconheceu a situação, mas justificou a ausência dos táxis com a localização da praça - "deveria estar no interior da central" - e com a "concorrência desleal dos autocarros ao serviço do metropolitano" que substituíram o trajecto para o Porto que era efectuado em comboio.

"Estes autocarros deviam apenas fazer o percurso anterior do comboio, deixando ou apanhando utentes junto à estação do caminho-de-ferro. Mas saem da central e vão recolher passageiros por vários lados, antes de seguirem para Vila do Conde. Isso já gerou uma guerra com as empresas de camionagem que se atrapalham para serem as primeiras a recolher passageiros e, para os taxistas, torna pouco rentável a presença junto à Central", acrescenta Manuel Oliveira.

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