Suplemento Pública

12-12-2004
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O Homem do Saco

Domingo, 05 de Dezembro de 2004

O coco fomos nós, portugueses, que assim o baptizámos há séculos, diz-se. Parece que os marinheiros de Vasco da Gama, na primeira viagem à Índia, quando o avistaram no cocuruto das palmeiras, lhe encontraram semelhanças com a cabeça da "Côca", que era assim que antigamente se chamava ao "Catanula", ao "Homem do saco", ou seja, o "Papão", entidade com que era costume assustar as criancinhas. Coisas ancestrais. Agora não se pode dizer nada aos inocentinhos, por causa de possíveis traumatismos emocionais.

Há referências a indicar que, por volta de 1545, o coco, conhecido como noz-da-Índia, já tinha chegado à ilha de Santiago, em Cabo Verde. Nessa época, os portugueses já teriam aprendido com os orientais a usar o coco como alimento fresco e fonte de água nas embarcações, capaz de se conservar por períodos dilatados. Descoberto o recurso, passaram a fazer pequenas plantações em lugares estratégicos, de forma a facilitar o aprovisionamento futuro. Foi assim que o coco chegou à África ocidental e ao Brasil. Em 1587, o cronista português Gabriel Soares de Souza registou a origem dos cocos e a facilidade com que se adaptaram no Brasil: "As palmeiras que dão cocos dão-se tão bem na Bahia, melhor que na Índia... bastou chegarem os primeiros cocos à Bahia, de Cabo Verde, e logo encheram a terra".

Não restam muitas dúvidas aos estudiosos de que o coco é originário da Malásia tropical e sub espontâneo no sudeste asiático, onde terá chegado por flutuação. Embora haja quem defenda que o coco é natural de dois continentes - Ásia e América -, não existem provas bastantes para sustentar tal hipótese. A riqueza da Amazónia em palmeiras é apresentada como justificação para a confusão estabelecida pelo cronista de Cristóvão Colombo, que descreve uma planta que se lhe assemelha nos seus relatos de viagem. O mais provável é que os actuais coqueirais brasileiros tenham lá chegado, no século XVI, levados por portugueses, sendo os espanhóis responsáveis pelos de Porto Rico.

Há, como já se disse, uma grande variedade de coqueiros no mundo, que podem ser reunidos em dois grupos: coqueiros-gigantes e coqueiros-anões. Os gigantes atingem até 30 metros de altura, são pouco produtivos e de difícil manejo. Por isso, estão a substitui-los por coqueiros-anões, mais produtivos e que alcançam uma altura máxima de 12 metros, o que facilita a colheita. No Brasil, as variedades anãs mais frequentes são: o coqueiro verde, cuja fruta é utilizada para o consumo da água-de-coco natural. Foi importado da Malásia em 1925; o coqueiro-amarelo ou amarelo-marfim, que é muito apreciado por razões ornamentais e por dar cocos maiores. A sua polpa e água são mais doces. Importado da Malásia em 1938; o coqueiro-vermelho, de que existem dois tipos. Foi importado, em 1939, da República dos Camarões e da Malásia; e o coqueiro-anão precoce. É um híbrido resultante do cruzamento das espécies anão e gigante. Muito produtivo.

A amêndoa de coco maduro é altamente energética (350 calorias/100 g). O nutriente de maior proporção é a gordura (30 a 40 por cento), principalmente do tipo saturado, como o ácido láurico (45 por cento das gorduras). Essa gordura é sensível ao ranço hidrolítico e dá um cheiro característico quando aquecida em preparações culinárias. A fruta contém ainda uma boa quantidade de proteínas, potássio e ácido fólico. Apesar de conter um teor de potássio mais alto, a água-de-coco tem composição e valor energético semelhantes ao das bebidas isotónicas.

David Lopes Ramos

Fonte: http://www.cocoverderj:com.br/cache/beba.htm

O Homem do Saco

Domingo, 05 de Dezembro de 2004

O coco fomos nós, portugueses, que assim o baptizámos há séculos, diz-se. Parece que os marinheiros de Vasco da Gama, na primeira viagem à Índia, quando o avistaram no cocuruto das palmeiras, lhe encontraram semelhanças com a cabeça da "Côca", que era assim que antigamente se chamava ao "Catanula", ao "Homem do saco", ou seja, o "Papão", entidade com que era costume assustar as criancinhas. Coisas ancestrais. Agora não se pode dizer nada aos inocentinhos, por causa de possíveis traumatismos emocionais.

Há referências a indicar que, por volta de 1545, o coco, conhecido como noz-da-Índia, já tinha chegado à ilha de Santiago, em Cabo Verde. Nessa época, os portugueses já teriam aprendido com os orientais a usar o coco como alimento fresco e fonte de água nas embarcações, capaz de se conservar por períodos dilatados. Descoberto o recurso, passaram a fazer pequenas plantações em lugares estratégicos, de forma a facilitar o aprovisionamento futuro. Foi assim que o coco chegou à África ocidental e ao Brasil. Em 1587, o cronista português Gabriel Soares de Souza registou a origem dos cocos e a facilidade com que se adaptaram no Brasil: "As palmeiras que dão cocos dão-se tão bem na Bahia, melhor que na Índia... bastou chegarem os primeiros cocos à Bahia, de Cabo Verde, e logo encheram a terra".

Não restam muitas dúvidas aos estudiosos de que o coco é originário da Malásia tropical e sub espontâneo no sudeste asiático, onde terá chegado por flutuação. Embora haja quem defenda que o coco é natural de dois continentes - Ásia e América -, não existem provas bastantes para sustentar tal hipótese. A riqueza da Amazónia em palmeiras é apresentada como justificação para a confusão estabelecida pelo cronista de Cristóvão Colombo, que descreve uma planta que se lhe assemelha nos seus relatos de viagem. O mais provável é que os actuais coqueirais brasileiros tenham lá chegado, no século XVI, levados por portugueses, sendo os espanhóis responsáveis pelos de Porto Rico.

Há, como já se disse, uma grande variedade de coqueiros no mundo, que podem ser reunidos em dois grupos: coqueiros-gigantes e coqueiros-anões. Os gigantes atingem até 30 metros de altura, são pouco produtivos e de difícil manejo. Por isso, estão a substitui-los por coqueiros-anões, mais produtivos e que alcançam uma altura máxima de 12 metros, o que facilita a colheita. No Brasil, as variedades anãs mais frequentes são: o coqueiro verde, cuja fruta é utilizada para o consumo da água-de-coco natural. Foi importado da Malásia em 1925; o coqueiro-amarelo ou amarelo-marfim, que é muito apreciado por razões ornamentais e por dar cocos maiores. A sua polpa e água são mais doces. Importado da Malásia em 1938; o coqueiro-vermelho, de que existem dois tipos. Foi importado, em 1939, da República dos Camarões e da Malásia; e o coqueiro-anão precoce. É um híbrido resultante do cruzamento das espécies anão e gigante. Muito produtivo.

A amêndoa de coco maduro é altamente energética (350 calorias/100 g). O nutriente de maior proporção é a gordura (30 a 40 por cento), principalmente do tipo saturado, como o ácido láurico (45 por cento das gorduras). Essa gordura é sensível ao ranço hidrolítico e dá um cheiro característico quando aquecida em preparações culinárias. A fruta contém ainda uma boa quantidade de proteínas, potássio e ácido fólico. Apesar de conter um teor de potássio mais alto, a água-de-coco tem composição e valor energético semelhantes ao das bebidas isotónicas.

David Lopes Ramos

Fonte: http://www.cocoverderj:com.br/cache/beba.htm

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