Crise no Porto 2001

14-06-2002
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Crise no Porto 2001

As responsabilidades de Carrilho

Foi num ambiente de crítica generalizada à actuação do Ministro da Cultura que se realizou o debate parlamentar de urgência sobre a crise que levou à demissão de Artur Santos Silva e dos restantes membros responsáveis pelo Porto 2001.

Com António Guterres ausente do debate, facto considerado por João Amaral como «inaceitável», Manuel Carrilho invocou para justificar as suas discordâncias com o ex-presidente da sociedade «Porto 2001 - Capital Europeia da Cultura» os «salários milionários» e uma «administração em part-time». Num discurso particularmente violento, o ministro da Cultura acusou Santos Silva de procurar «esconder a ineficácia de uma administração em part-time, sôfrega de dinheiro mas carente de realismo». Pior ainda, de «ocultar a ausência de resultados», afirmando a este propósito que «não há uma só obra em curso e não se conhece um vislumbre da programação calendarizada e orçamentada».

Reagindo à intervenção do Ministro da Cultura, João Amaral, em nome do PCP, classificou-a como «um dos mais despudorados exercícios de arrogância política a que alguma vez a Assembleia da República assistiu». Também a alusão de Carrilho aos salários milionários não escapou ao comentário do parlamentar comunista, apelidando-a de «nível rasca de argumentação». «A Cultura que aqui praticamos é também a cultura democrática e essa vincula-nos a todos», sublinhou João Amaral, que não deixou de questionar ainda as responsabilidades do Manuel Maria Carrilho em tudo o que se passou nos últimos meses.

Esta foi, de resto, a principal questão em torno da qual a bancada comunista procurou centrar o debate.

É que, como foi referido, está por saber «se este Ministro da Cultura provou nestes meses oferecer garantias de efectivo apoio ao projecto tal como ele está desenhado». Mais ainda, disse-o João Amaral, «se com a sua subsistência como Ministro da Cultura o processo tem condições para prosseguir com êxito».

A questão das responsabilidades do titular da pasta em todo este processo levou mesmo João Amaral a pedir a demissão de Carrilho. Isto porque, explicou, não tendo aquele membro do Governo assumido as suas responsabilidades, e perante «todos os contenciosos e erros acumulados, a melhor saída para garantir condições de sucesso ao Porto 2001 seria a saída do Ministro da Cultura».

«Avante!» Nº 1356 - 25.Novembro.1999

Crise no Porto 2001

As responsabilidades de Carrilho

Foi num ambiente de crítica generalizada à actuação do Ministro da Cultura que se realizou o debate parlamentar de urgência sobre a crise que levou à demissão de Artur Santos Silva e dos restantes membros responsáveis pelo Porto 2001.

Com António Guterres ausente do debate, facto considerado por João Amaral como «inaceitável», Manuel Carrilho invocou para justificar as suas discordâncias com o ex-presidente da sociedade «Porto 2001 - Capital Europeia da Cultura» os «salários milionários» e uma «administração em part-time». Num discurso particularmente violento, o ministro da Cultura acusou Santos Silva de procurar «esconder a ineficácia de uma administração em part-time, sôfrega de dinheiro mas carente de realismo». Pior ainda, de «ocultar a ausência de resultados», afirmando a este propósito que «não há uma só obra em curso e não se conhece um vislumbre da programação calendarizada e orçamentada».

Reagindo à intervenção do Ministro da Cultura, João Amaral, em nome do PCP, classificou-a como «um dos mais despudorados exercícios de arrogância política a que alguma vez a Assembleia da República assistiu». Também a alusão de Carrilho aos salários milionários não escapou ao comentário do parlamentar comunista, apelidando-a de «nível rasca de argumentação». «A Cultura que aqui praticamos é também a cultura democrática e essa vincula-nos a todos», sublinhou João Amaral, que não deixou de questionar ainda as responsabilidades do Manuel Maria Carrilho em tudo o que se passou nos últimos meses.

Esta foi, de resto, a principal questão em torno da qual a bancada comunista procurou centrar o debate.

É que, como foi referido, está por saber «se este Ministro da Cultura provou nestes meses oferecer garantias de efectivo apoio ao projecto tal como ele está desenhado». Mais ainda, disse-o João Amaral, «se com a sua subsistência como Ministro da Cultura o processo tem condições para prosseguir com êxito».

A questão das responsabilidades do titular da pasta em todo este processo levou mesmo João Amaral a pedir a demissão de Carrilho. Isto porque, explicou, não tendo aquele membro do Governo assumido as suas responsabilidades, e perante «todos os contenciosos e erros acumulados, a melhor saída para garantir condições de sucesso ao Porto 2001 seria a saída do Ministro da Cultura».

«Avante!» Nº 1356 - 25.Novembro.1999

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